Álcool não ajuda a dormir bem e aumenta a
chance de roncar, explica médico
Durante a Semana Mundial do Sono, o
pneumologista Geraldo Lorenzi Filho, diretor do Laboratório do Sono do InCor,
conversou em entrevista à CNN sobre como o vinho, e outras bebidas alcoólicas,
pode até induzir o sono, mas isso não significa que será uma noite de
qualidade.
Isso porque o álcool reduz o sono REM, que
uma das fases mais importantes do sono, em que sonhamos. Ele ainda indica que
pessoas que “tomam um porre” podem até acordar mais cedo, por terem inibido uma
fase do sono. “Então, tomar álcool para ajudar a dormir não é uma boa ideia”,
considera o especialista.
<><> Álcool aumenta risco de
roncos durante a noite
Muitas pessoas acham que é mito, mas
realmente pessoas que bebem antes de dormir roncam mais. “O álcool também
relaxa a musculatura da garganta, [então] a pessoa ronca mais e tem mais apneia
do sono”, explica o pneumologista. Apneia do sono é um quadro de saúde que
consiste em microdespertares ao longo da noite — momentos em que o sono é
interrompido pela falta de ar, mas a pessoa não percebe. Isso impede que a
pessoa com apneia atinja todas as fases necessárias do sono.
Lorenzi reforça que a apneia é uma verdadeira
pandemia: uma em cada três pessoas na cidade de São Paulo possuem esse
distúrbio do sono e algum grau. “E hoje sabemos que metade das pessoas que têm
insônia, têm apneia”, expõe.
• Veja
como adaptar a rotina para dormir melhor
De acordo com dados da Fundação Oswaldo Cruz,
7 em cada 10 brasileiros enfrentam algum problema relacionado ao sono, como
insônia ou dificuldade para dormir. O especialista destaca que a pandemia
agravou essa situação, e muitas pessoas ainda não conseguiram retomar padrões
saudáveis de sono.
<><> Tipos de insônia e
necessidades de sono
Lorenzi Filho explica que existem três tipos
principais de insônia: dificuldade para iniciar o sono, dificuldade para
mantê-lo e acordar mais cedo do que o desejado. Ele ressalta que a quantidade
ideal de sono varia de pessoa para pessoa, mas em média, um adulto precisa de
pelo menos seis horas de sono por noite, sendo sete horas considerado o ideal.
O médico alerta sobre os perigos da restrição
crônica de sono, especialmente entre adolescentes. “Se eu te tirar 15 minutos
de sono todos os dias, você não percebe. E aí você começa a ficar cansado,
começa a ficar mal humorado, e isso vai se acumulando”, afirma.
<><> Hábitos que afetam o sono
O especialista abordou diversos fatores que
podem impactar negativamente o sono, como o consumo de álcool e cafeína, e o
uso de dispositivos eletrônicos antes de dormir. Sobre exercícios físicos,
Lorenzi Filho recomenda evitar atividades intensas próximo ao horário de
dormir, pois podem aumentar a temperatura corporal e a excitação, dificultando
o início do sono.
“O sono é como pular uma corda. Se você entra
no horário errado, a corda bate na tua cabeça”, compara o médico, enfatizando a
importância de manter uma rotina consistente.
Para melhorar a qualidade do sono, Lorenzi
Filho sugere desligar dispositivos eletrônicos pelo menos uma hora antes de
dormir e buscar atividades relaxantes, como leitura. Ele também alerta sobre a
relação entre apneia do sono e insônia, ressaltando que metade das pessoas com
insônia também sofrem de apneia.
Ao final, o especialista deixa um desafio aos
ouvintes: desligar o celular uma hora antes de dormir e tentar desconectar-se
da rede digital, buscando assim uma melhor qualidade de sono e,
consequentemente, uma melhor saúde mental e qualidade de vida.
• Médico
explica ação da melatonina na qualidade do sono
De acordo com o Lorenzi, uma das principais
vantagens da melatonina é sua segurança. “A grande vantagem é que melatonina
não faz mal”, afirmou o especialista, tranquilizando aqueles que consideram seu
uso. No entanto, ele ressaltou que, apesar de ser segura, a eficácia da
melatonina como indutor do sono não é tão significativa quanto muitos
acreditam.
<><> Função e limitações da
melatonina
O especialista explicou que a melatonina é um
hormônio naturalmente produzido pelo corpo à noite, quando há menos
luminosidade, sinalizando que é hora de dormir. Contudo, Lorenzi alertou que
tomar melatonina enquanto se mantém exposto à luz de dispositivos eletrônicos
pode anular seus efeitos: “Você tomar melatonina e ficar no celular, ligadão
com aquela luz, não vai funcionar, não vai ajudar”.
Quanto à eficácia, o médico indicou que, em
geral, a melatonina tem um efeito pequeno na indução do sono. Ele mencionou que
pode ser mais benéfica para idosos com pouca exposição à luz, mas não deve ser
considerada uma solução milagrosa para problemas de sono.
Lorenzi enfatizou que a melatonina “pode
ajudar a manter um ambiente interno favorável para o sono”, mas não é um
indutor direto. Ele também alertou sobre o efeito placebo, sugerindo que muitas
pessoas podem sentir benefícios simplesmente por acreditar na eficácia do
suplemento.
Por fim, o especialista ressaltou a
importância de considerar os hábitos diários e o estilo de vida ao abordar
problemas de sono, em vez de depender exclusivamente de suplementos. “A gente
precisa falar muito mais do teu dia, dos teus hábitos, do que chegar lá e falar
‘agora eu vou desligar a chave’. Em geral, isso não funciona”, concluiu
Lorenzi, destacando a necessidade de uma abordagem mais holística para melhorar
a qualidade do sono.
Fonte: CNN Brasil

Nenhum comentário:
Postar um comentário