sexta-feira, 21 de março de 2025

Álcool não ajuda a dormir bem e aumenta a chance de roncar, explica médico

Durante a Semana Mundial do Sono, o pneumologista Geraldo Lorenzi Filho, diretor do Laboratório do Sono do InCor, conversou em entrevista à CNN sobre como o vinho, e outras bebidas alcoólicas, pode até induzir o sono, mas isso não significa que será uma noite de qualidade.

Isso porque o álcool reduz o sono REM, que uma das fases mais importantes do sono, em que sonhamos. Ele ainda indica que pessoas que “tomam um porre” podem até acordar mais cedo, por terem inibido uma fase do sono. “Então, tomar álcool para ajudar a dormir não é uma boa ideia”, considera o especialista.

<><> Álcool aumenta risco de roncos durante a noite

Muitas pessoas acham que é mito, mas realmente pessoas que bebem antes de dormir roncam mais. “O álcool também relaxa a musculatura da garganta, [então] a pessoa ronca mais e tem mais apneia do sono”, explica o pneumologista. Apneia do sono é um quadro de saúde que consiste em microdespertares ao longo da noite — momentos em que o sono é interrompido pela falta de ar, mas a pessoa não percebe. Isso impede que a pessoa com apneia atinja todas as fases necessárias do sono.

Lorenzi reforça que a apneia é uma verdadeira pandemia: uma em cada três pessoas na cidade de São Paulo possuem esse distúrbio do sono e algum grau. “E hoje sabemos que metade das pessoas que têm insônia, têm apneia”, expõe.

•        Veja como adaptar a rotina para dormir melhor

De acordo com dados da Fundação Oswaldo Cruz, 7 em cada 10 brasileiros enfrentam algum problema relacionado ao sono, como insônia ou dificuldade para dormir. O especialista destaca que a pandemia agravou essa situação, e muitas pessoas ainda não conseguiram retomar padrões saudáveis de sono.

<><> Tipos de insônia e necessidades de sono

Lorenzi Filho explica que existem três tipos principais de insônia: dificuldade para iniciar o sono, dificuldade para mantê-lo e acordar mais cedo do que o desejado. Ele ressalta que a quantidade ideal de sono varia de pessoa para pessoa, mas em média, um adulto precisa de pelo menos seis horas de sono por noite, sendo sete horas considerado o ideal.

O médico alerta sobre os perigos da restrição crônica de sono, especialmente entre adolescentes. “Se eu te tirar 15 minutos de sono todos os dias, você não percebe. E aí você começa a ficar cansado, começa a ficar mal humorado, e isso vai se acumulando”, afirma.

<><> Hábitos que afetam o sono

O especialista abordou diversos fatores que podem impactar negativamente o sono, como o consumo de álcool e cafeína, e o uso de dispositivos eletrônicos antes de dormir. Sobre exercícios físicos, Lorenzi Filho recomenda evitar atividades intensas próximo ao horário de dormir, pois podem aumentar a temperatura corporal e a excitação, dificultando o início do sono.

“O sono é como pular uma corda. Se você entra no horário errado, a corda bate na tua cabeça”, compara o médico, enfatizando a importância de manter uma rotina consistente.

Para melhorar a qualidade do sono, Lorenzi Filho sugere desligar dispositivos eletrônicos pelo menos uma hora antes de dormir e buscar atividades relaxantes, como leitura. Ele também alerta sobre a relação entre apneia do sono e insônia, ressaltando que metade das pessoas com insônia também sofrem de apneia.

Ao final, o especialista deixa um desafio aos ouvintes: desligar o celular uma hora antes de dormir e tentar desconectar-se da rede digital, buscando assim uma melhor qualidade de sono e, consequentemente, uma melhor saúde mental e qualidade de vida.

•        Médico explica ação da melatonina na qualidade do sono

De acordo com o Lorenzi, uma das principais vantagens da melatonina é sua segurança. “A grande vantagem é que melatonina não faz mal”, afirmou o especialista, tranquilizando aqueles que consideram seu uso. No entanto, ele ressaltou que, apesar de ser segura, a eficácia da melatonina como indutor do sono não é tão significativa quanto muitos acreditam.

<><> Função e limitações da melatonina

O especialista explicou que a melatonina é um hormônio naturalmente produzido pelo corpo à noite, quando há menos luminosidade, sinalizando que é hora de dormir. Contudo, Lorenzi alertou que tomar melatonina enquanto se mantém exposto à luz de dispositivos eletrônicos pode anular seus efeitos: “Você tomar melatonina e ficar no celular, ligadão com aquela luz, não vai funcionar, não vai ajudar”.

Quanto à eficácia, o médico indicou que, em geral, a melatonina tem um efeito pequeno na indução do sono. Ele mencionou que pode ser mais benéfica para idosos com pouca exposição à luz, mas não deve ser considerada uma solução milagrosa para problemas de sono.

Lorenzi enfatizou que a melatonina “pode ajudar a manter um ambiente interno favorável para o sono”, mas não é um indutor direto. Ele também alertou sobre o efeito placebo, sugerindo que muitas pessoas podem sentir benefícios simplesmente por acreditar na eficácia do suplemento.

Por fim, o especialista ressaltou a importância de considerar os hábitos diários e o estilo de vida ao abordar problemas de sono, em vez de depender exclusivamente de suplementos. “A gente precisa falar muito mais do teu dia, dos teus hábitos, do que chegar lá e falar ‘agora eu vou desligar a chave’. Em geral, isso não funciona”, concluiu Lorenzi, destacando a necessidade de uma abordagem mais holística para melhorar a qualidade do sono.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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