A luta de classes e a miséria do capital
No período pós-experiências socialistas do
século XX, se desenvolveram tenazes e contínuas oposições da burguesia
internacional e do imperialismo, capitaneado pelos EUA para derrotar esses
regimes que, mesmo com suas contradições políticas internas, representavam um
forte pavor e medo para os interesses das classes dominantes, como diria Marx,
o fantasma do comunismo que ronda [a Europa] o mundo capitalista.
Por outro lado, as contradições políticas e
econômicas internas ao modelo de socialismo instaurado, principalmente, na
União Soviética e China, os quais se supunha ser pós-capitalistas, fizeram
desmoronar essas experiências, representando um profundo desafio para o
marxismo demonstrar quais as possibilidades do socialismo num mundo em que a
crise do capital e da hegemonia imperialista ameaçam não só a classe
trabalhadora, mas toda a humanidade.
A partir desse momento, a burguesia, o
capital e o imperialismo abriram uma ofensiva diante do descenso das lutas da
classe trabalhadora e do desgaste em escala mundial do projeto civilizatório do
socialismo. Paralelamente a essa realidade, notadamente a partir das décadas de
1970-80-90 até aos dias atuais, o capitalismo vem operando mudanças estruturais
que permitem o fortalecimento vertiginoso do poder burguês e da sua ordem
social em escala mundial. E, na medida que se processa a destruição das formas
históricas, institucionais e políticas do controle do capital sobre o trabalho
no interior do processo de produção, emerge um enfraquecimento dramático da
capacidade de a classe trabalhadora resistir ou agir ofensivamente contra a
burguesia e suas reformas reacionárias e conservadoras.
Assim, emerge uma realidade em que a
burguesia e o capital forjaram um salto qualitativo na estrutura produtiva e na
sua própria lógica de reprodução. Esse fenômeno pode ser constatado na medida
que se observa a integração que vem tendo lugar na estrutura produtiva e no
sistema de máquinas dos meios de produção e sua operatividade.
Isso vem ocorrendo com a introdução de
sensores, fluxos de informações e codificações, em tempo real, através de
computadores, softwares, algoritmos e inteligência artificial que permitem
comandos para as máquinas, potencializando a automação e a robotização dos
processos produtivos centrais do sistema capitalista que, por conseguinte, permite
o aumento da produtividade, ao libertar por completo o sistema produtivo das
amarras institucionais e das relações de trabalho em que o capital estava
imerso.
Agora, ele se encontra diante de sua própria
negatividade, ou seja, ao mesmo tempo que se potencializa para aprofundar a
automatização de suas condições históricas de reprodução, engendra, por outro
lado, a própria destruição relativa da força social do trabalho, que é a
essência da fonte geradora de valor social das mercadorias e que garante a reprodução
do sistema e do poder burguês.
Trata-se de uma contradição que aponta para
os limites históricos do próprio capital pois, apesar de o trabalho e a classe
trabalhadora serem estruturalmente insubstituíveis no seio das relações sociais
que geram a produção de valor, tanto no setor fabril como no de serviços (esse
enquanto parte auxiliar da construção do valor) acaba por sofrer – uma relativa
diminuição, desprotegida socialmente e removida de seu lócus fixo
e regular de trabalho.
Antes, utilizado pelos trabalhadores como
lugar para articulação, arregimentação de militância, formação política e
sindical e com a dispersão das unidades de produção e do trabalho, aparecimento
de diversas formas de relação de trabalho: terceirização e precarização em geral,
com impactos sociais e culturais profundos na base do desenvolvimento social e
material dos trabalhadores enquanto classe. A partir daí, nota-se uma dispersão
e enfraquecimento subjetivo no sentido do pertencimento coletivo, obstruindo o
desenvolvimento de consciência de classe e de subjetividades solidárias,
comunitárias, necessárias para uma atuação ofensiva contra o capital.
O pano de fundo crescente dessa dinâmica se
encontra na substituição massiva de trabalho vivo por trabalho morto, para uma
mudança relativa e crescente da subsunção real do trabalho nas indústrias
tradicionais e ascensão de uma indústria dominada por novas tecnologias e
informações. Sem significar, como pensam alguns, o fim do trabalho e da classe
trabalhadora, o que se observa em verdade é um novo patamar de intensificação
do trabalho como uma dinâmica aprofundada de produtividade e uma forma
específica de expropriação da força social de trabalho.
Tudo isso representa um alto impacto
socioeconômico que transforma as crises do capitalismo e da sociedade burguesa
como um fenômeno cada vez mais permanente e diário, conforme a própria forma de
produção de valor total (direto e indireto) incorporado nas mercadorias
materiais e imateriais; afinal, o que importa é saber se determinados bens e
serviços são produzidos ou não com fins lucrativos e de acumulação. Esta é a
forma por excelência de como o capital existe e se reproduz socialmente.
A classe burguesa e o imperialismo, diante
dessas transformações estruturais e materiais, vão reagir de diversas maneiras
– política, social, cultural e ideológica, em nível nacional e mundial –,
recorrendo a tudo para a manutenção da ordem do capital; o Estado e o seu
aparelho jurídico e coercitivo como meios de intensificação e manutenção do seu
poder e hegemonia a qualquer custo humano, social e de devastação da natureza.
Com efeito, abandonam as pretensões de
positividade civilizatórias que tiveram lugar desde as revoluções burguesas no
século XVIII e XIX, ampliando e aprofundando, em todas esferas da sociedade, o
seu caráter contrarrevolucionário e destrutivo. De forma objetiva, o que se
busca, nesse contexto, é a necessidade de reabilitar a taxa de lucro e a
acumulação, onde o capitalismo se revela sem freios e em toda a crueza de sua
lógica e tendência classistas.
Em consequência, a desregulamentação da
economia, privatizações de todos os bens públicos e quebra das legislações de
proteção do ambiente natural, bem como o incremento da austeridade fiscal,
monetária, industrial e financeira das políticas econômicas, longe de expressar
ou significar decisões irracionais das políticas neoliberais, fazem parte dos
elementos constitutivos dos imperativos do capital como uma contraofensiva para
disciplinar e controlar o trabalho, proteger o capitalismo e suas relações de
produção em mutações permanentes.
O objetivo posto por tais políticas
macroeconômicas, desde a década de 1970, foi reordenar as forças produtivas na
luta de classes, através das formas de dominação burguesa mediadas, de maneira
direta e indireta, seja através do poder ideológico, político ou subjetivo, com
base na subsunção real e tecnológica do trabalho ou, quando se fizer
necessário, com o uso da força bruta e impiedosa da repressão ou eliminação
física, propriamente dita.
A ordem do capital sobre os trabalhadores se
impõe de forma seletiva, fria e objetiva, de modo que sua grande maioria estão
submetidos ao desespero, desalento, desemprego, subemprego e corte de proteção
social quanto à saúde, educação, moradia e alimentação. E aqui se instala o
grande paradoxo dessa realidade da sociedade capitalista: ao mesmo tempo que
propagandeia o seu triunfo, expressa também a sua falência e limites da sua
forma de reprodução social, tornando-se cada vez mais uma sociedade inviável,
injusta e profundamente desigual. Configura-se como uma sociedade em que a
superexploração desenfreada se converte em normalidade, um procedimento natural
e aceitável. Desta maneira, o capital produz uma sociedade onde sua lógica
termina por devorar os seres sociais que vivem do trabalho e nela existem.
Nesse quadro da dinâmica destrutiva, cumpre
também assinalar que a devastação da natureza se torna impossível de ser
superada ou contida nos marcos do modo de produção capitalista e do Estado
burguês, submetido aos imperativos incontornáveis do capital. Ao contrário,
portanto, das ideias de “decrescimento” de certos segmentos da esquerda, bem
como de veleidades liberais e até keynesianas do “capitalismo verde” e do
“desenvolvimento sustentável”, estes deixam de considerar – por razões
políticas e ideológicas – que o capitalismo é essencialmente produtivista e
existe através da produção e reprodução incessante das mercadorias, responsável
pela geração de valores que expressam a totalidade do trabalho abstrato, do
lucro e acumulação.
A esquerda social-democrata e mesmo algumas
correntes que anunciam serem revolucionárias parecem buscar caminhos que possam
contornar um embate direto com o capitalismo, evitar o confronto com sua
própria lógica e o Estado que salvaguarda a ordem social, política e econômica.
Ao fim e ao cabo, o entendimento dos mesmos sobre a relação do capital com a
natureza deixa de considerar que hoje todos os setores da economia e as
diversas frações burguesas estão subsumidas ao capital financeiro, conformando
uma estrutura hierárquica de poder e domínio sobre todas as formas de bens,
materiais ou não, produzidos pelos homens.
Essa relação de subordinação das frações da
burguesia industrial, agrícolas, tecnológica e de comunicação têm que pagar
tributos, ou seja, fortes parcelas destinadas a juros ao capital especulativo e
financeiro. Por essa razão, as empresas que disputam os mercados procuram
responder essa contradição defensivamente, através da redução de custos da
força do trabalho e aumentando a descartabilidade das mercadorias, ou seja,
programando de forma acelerada a obsolescência das mesmas para permitir maior
rotação orgânica na realização do capital, a fim de reduzir suas perdas e
aumentar suas vantagens lucrativas de forma mais acelerada, com o aumento do consumo.
Fica mais ou menos clara a decorrência lógica
e catastrófica que esse imperativo objetivo do capital, movendo-se sobre uma
dinâmica incontrolável do desenvolvimento da economia, passa a ter sobre os
recursos do meio ambiente e de todas as espécies da natureza. Com a elevação do
processo destrutivo das demandas de matérias-primas, energia, disputas
acirradas de troca das mercadorias em escala mundial, nada mais escapa à
necessidade da conversão de qualquer bem, inclusive o próprio ser social e
humano, com suas múltiplas caraterísticas, em mercadorias descartáveis. Dessa
maneira, sob tais condições históricas, o capital e a burguesia empurram não só
a classe trabalhadora, mas também toda a humanidade para um processo
autodestrutivo, face à supressão de determinados pré-requisitos naturais para
sua existência.
O mais intrigante e dramático é que, diante
de tal realidade e horizonte para a existência humana, a burguesia – mesmo
fazendo parte da humanidade – se encontra em uma sinuca de bico, nada pode fazer
a não ser prosseguir com o seu papel de agente político e estrutural de classe
para atender a essa lógica autodestrutiva. Primeiro, enquanto classe, a
burguesia e suas frações subordinadas ao capital financeiro são impelidas a
atender às necessidades de produção e reprodução do capital em sua fase de
crise estrutural, com desdobramentos em múltiplas dimensões sobre a sociedade
humana e sua dependência histórica com a natureza.
A segunda contradição, de alguma forma já
assinalada anteriormente nesse texto, tem origem também na necessidade
intrínseca e irreversível que o capital possui na história do capitalismo, de
dominar e ter controle absoluto sobre o trabalho, garantindo maior poder sobre
o seu tempo e ritmo de realização, com a finalidade de reduzir custos, através
da introdução de novas tecnologias durante o incessante processo de
revolucionarização das forças produtivas; sempre com a finalidade de converter
o trabalho em um objeto descartável e manipulável.
Mas, contraditoriamente, essa mesma burguesia
continua – nos marcos da sociedade capitalista – a necessitar do trabalho, é
claro, na sua forma mais precarizada possível e com legislações que atendam aos
novos ditames da reprodução e lucro do capital. Pois a burguesia depende do
trabalhador, porque ele é ainda a fonte social da criação de valores, seja na
sua forma viva (capital variável), seja na forma morta (instrumentos de
produção: máquinas, ferramentas, tecnologias e conhecimento). E, sobretudo,
porque o trabalhador é um elemento fundante mesmo das relações sociais de
produção do capital, logo, a sua eliminação seria a negação e superação desse
mesmo modo de produção.
Todavia, sem solução para esse impasse
contraditório da lógica das relações sociais de produção capitalista, somado a
sua tendencial baixa média de lucro em nível mundial, a resposta encontrada
pela burguesia tem sido a de contornar o objeto explosivo da contradição,
seguir por atalhos, como um paciente que necessita permanentemente de balões de
oxigênio para respirar e continuar com meia vida até o fim.
É por esse motivo que o capital financeiro,
rentistas e grandes corporações empresariais pressionam, de forma clara e
direta, os governos e partidos políticos de “direita liberal”, extrema direita
ou de “esquerda” socialdemocrata para destruírem o arcabouço legal protetivo da
classe trabalhadora e bloquear, ou mesmo extinguir instituições e órgãos de
fiscalização das normas de proteção do trabalho, com o objetivo de ampliar
livremente a superexploração da força social do trabalho.
Para a burguesia e suas frações não está mais
em suas agendas econômicas e políticas amenizar o sofrimento ou até mesmo
superar os dramas maiores da classe trabalhadora e de todos aqueles
despossuídos dos meios de produção. Ao contrário, as posições políticas constituídas
das classes dominantes têm sido de forma brutal criar meios políticos, legais e
violentos para transferir fundos público-estatais para seus projetos, em maior
escala, bem como parcelas da riqueza nacional para os países imperialistas
hegemônicos. Nessa estratégia, as dívidas públicas aportam sistematicamente
para favorecer o capital financeiro e transferir, às vezes, mais da metade do
PIB para o bolso dos rentistas e das corporações financeiras.
Com efeito, fica evidente que as burguesias
não pensam mais em produzir mecanismos objetivos de integração ou proteção dos
que vivem do trabalho, para os despossuídos, desalentados, oprimidos e sem
qualquer perspectiva de trabalho e sobrevivência. Agora vivemos um tempo
brutal, em que as ações do Estado são defendidas de forma fria e cínica pelas
principais frações da burguesia; o capital impõe sua própria face sem maquiagem
ou meias palavras, o lema principal passa a ser o horror econômico para a
grande maioria e o terror repressivo para os que ousam resistir, naturalizando
e universalizando, como padrão de controle e domínio, a quadratura histórica da
crise estrutural do capital e do seu projeto civilizatório em crise.
É nesse contexto que a burguesia adere com
mais facilidade às forças políticas autoritárias e de extrema direita
protofascista ou, quando não, com posições políticas defensoras de uma
pseudodemocracia liberal, como garantia para estabilizar ou restaurar,
parcialmente, as quedas quantitativas das margens de valores relativamente
declinantes do capital. Trata-se da busca de uma tábua de salvação da burguesia
para enfrentar e responder a todas as formas possíveis de dificuldades que vêm
do interior do próprio sistema, com regressiva e acentuada prática de violência
como método e pedagogia de controle social e dominação política.
Dessa maneira, a coerção política e a
ascensão social das forças de extrema direita expressam dificuldades crescentes
das classes dominantes de construir – como no passado – maior consenso e
unidade em torno de sua universalidade social, política, cultural e moral
hegemônica. Assim se revela uma disruptiva nos padrões e conceitos de verdade,
ciência e nas referências racionais e universais de prática política dominante
na sociedade burguesa, dando lugar a referências irracionais pareadas com a
irracionalidade descontrolada das formas destrutivas atuais de reprodução
social e material da sociedade burguesa.
No âmbito do espectro político da luta entre
as classes, observa-se que as ações da classe trabalhadora e suas formas de
resistência se encontram na defensiva, desorganizadas e abatidas
ideologicamente diante da ofensiva das classes dominantes e do capital contra
seus meios de sobrevivência e proteção social. As explosões de revolta e
resistência que emergem em alguns casos isolados, e em outros de forma
ofensiva, não se mostram capazes de colocar a classe trabalhadora e os
movimentos sociais como protagonistas políticos com força para disputar o
espaço político conjuntural de forma efetiva.
As organizações dos movimentos sociais,
sindicais e políticas inclinam para uma visão política e prática conservadora,
conciliatória, presos à pequena política imediatista, corporativa e a dilemas
ideológicos que, em muitos casos, representam uma nítida capitulação de classe
que age com moderação para obtenção de miseráveis migalhas por parte do
patronato ou do Estado.
Forma-se um quadro em que as frações de
classe e as organizações políticas e sociais identificadas com a classe
trabalhadora não conseguem apresentar para a sociedade e o conjunto da classe
trabalhadora o seu projeto de transformação da sociedade, sua ideologia e sua
forma de interpretar o mundo, a vida e nossa existência; optam por seguir uma
linha, como assinala Mészaros, da “menor resistência” ou da simples
capitulação. O oposto, portanto, do objetivo de arregimentar forças sociais e
políticas para transformação radical da sociedade através de uma práxis revolucionária,
organizada, persistente, determinada e capaz de estabelecer uma relação de
interação sistemática e permanente com as diversas frações da classe
trabalhadora e os movimentos sociais.
Esse espaço vazio deixado pela esquerda,
frações de classe e movimentos sociais identificados com o projeto de
transformação da sociedade foi ocupado pela direita e extrema-direita, com seu
discurso populista radical oportunista, difundindo um negacionismo que procura
refazer a noção de verdade que se encontra referenciada na ciência e no
conhecimento racional e objetivo.
Ao mesmo tempo, mostrando-se como
“antissistema”, procura reconstruir os fatos e operar uma releitura da história
e da realidade, elevando sua prática política para um embate também cultural e
ideológico com a esquerda e qualquer perspectiva socialista. Operam como cães
de guarda do capital que, apesar do mau cheiro que exalam, a burguesia – como
sempre se comportou em outros momentos na história diante de ameaças profundas
aos seus interesses – aperta o nariz e, em certa medida, abre espaço e dá boas
vindas a essas forças políticas; sobretudo porque articulam uma ofensiva contra
os trabalhadores, diante das mudanças estruturais mencionadas anteriormente e
que precisam manter as rédeas e o controle na relação hierárquica do capital,
bem como sobre a classe trabalhadora e a maioria da população.
À guisa de conclusão, entendemos que a
dinâmica atual do capital requer a reestruturação, em profundidade, de sua base
produtiva e das relações sociais de trabalho; por isso, impõe-se uma pressão
recorrente através do Estado e da ação política para bloquear qualquer
tentativa de articulação e organização de lutas e perspectivas
contra-hegemônica que tenham um horizonte revolucionário para além do capital.
Assim, as forças de direita e extrema direita
são bem-vindas pela burguesia e pelo sistema, que não consegue mais se expandir
e aumentar exponencialmente suas taxas de lucro em escala global sem causar
incontroláveis catastróficas e consequências sociais ao trabalho e à natureza.
Por isso mesmo, a dinâmica produtiva do capital, com sua interface expressa na
criação de valores pelo trabalho social capitalista, só pode continuar sob pura
negatividade sobre a sociedade humana e a natureza.
E como não consegue solucionar suas
contradições, cada vez mais ampliadas, intensas e profundas, o sistema de
reprodução do capital, como base estrutural e material de sua configuração
civilizatória, gera realidades que expressam inequívocos processos de
esgotamento e caos.
Essa é a base estrutural e material do jogo
político atual para alimentar o sistema de poder do capital na pseudodemocracia
liberal e através do mundo virtual das redes, cuja regra, antes de qualquer
coisa, é confundir e semear o caos com a proliferação de suspeitas, informações
falsas e replicar ideias e fatos sem base real, como método para ampliar a
alienação e manipulação das massas.
O embassamento da verdade e a
pseudoconcreticidade que conforma a aparência do mundo real e a lógica de suas
relações e contradições no mundo capitalista atingem, nessa situação social e
histórica, um ponto máximo de realização, alcançando um patamar
institucionalizado da forma de pensar. O pensar crítico, criterioso parece
desvanecer, submergir, sair de moda para dar lugar a um sujeito que apenas
replica e segue informações falsas de uma sociedade que acelera e amplia a sua
própria autofagia.
Agem como a própria engrenagem que faz
funcionar o capitalismo, sob um meio e lógica de produção de valores sociais,
substrato da força social do trabalho que se oculta em suas relações sociais e
em seu mundo de aparências, acobertando sua essência e propósitos políticos de
classe. Para enfrentá-los, desvendar suas aparências, mentiras e desinformações
precisamos contribuir para a formação de sujeitos e programas políticos que
sejam capazes de abrir caminhos para um confronto com o mundo morto-vivo do
capital em sua totalidade, em seus fundamentos de classe e poder, em seus
artifícios de manipulação e alienação.
Fonte: Por Eliziário Andrade, em A Terra é
Redonda

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