Presidente
de Timor-Leste compara papel da China no Sul Global com o da URSS no século XX
José Manuel Ramos-Horta, presidente de Timor-Leste,
comparou o papel da China no mundo atual, um Estado com o qual os países do Sul
Global sempre podem contar, ao da URSS no século XX.
O líder de Timor-Leste falou no domingo (4) no fórum
de segurança da região da Ásia-Pacífico, Diálogo de Shangri-La, em Cingapura.
"No início dos anos 90, conheci [...] um jovem
diplomata da Somália. Conversamos muito sobre os problemas que estavam
preocupando o mundo na época. Ele me disse: 'Olha, a União Soviética entrou em
colapso e não temos ninguém a quem recorrer para obter ajuda real agora'",
contou Ramos-Horta na cúpula.
Ele disse que, durante a época da União Soviética,
os países ocidentais apenas "davam palestras sobre direitos humanos e se
recusavam a ajudar", mas eles podiam se dirigir a Moscou e conseguir
ajuda.
"'Agora estamos sozinhos, não temos ninguém a
quem recorrer, ninguém para nos ajudar', disse-me esse diplomata na
época", continuou ele, observando que isso não se referia apenas à
Somália, mas ao Sul Global, cujo desenvolvimento foi muito afetado pelo colapso
da URSS.
Avaliando a situação atual do Sul Global como pobre,
Ramos-Horta observou que, sem assistência externa, muitos países da região
correm o risco de cair na pobreza e no caos, enquanto os países do Norte
continuam a enriquecer, mas não fornecem assistência suficiente ao Sul Global
em questões cruciais, como a garantia de acesso à água potável, a crise de
segurança alimentar nesses países, a saúde e a educação, para as quais o Sul
Global não tem recursos próprios.
"Se voltarmos a 2023, veremos que a China é agora
uma potência mundial e um ímã para o Sul Global. Não vejo meu amigo somali há
muito tempo, mas ele provavelmente diria o seguinte hoje: 'Agora não estamos
sozinhos. Agora estamos indo [pedir ajuda] à China'", disse o presidente
de Timor-Leste.
Os países que agora ocupam assentos no Conselho de
Segurança da ONU, no Grupo dos Sete (G7) e no G20, de que o Brasil faz parte,
não demonstram grande sabedoria e liderança ao lidar com questões globais,
muitas das quais são mais graves no Sul Global, aponta Ramos-Horta.
"É claro que a ajuda é alocada, mas grande
parte dela não chega aos beneficiários", disse ele, explicando que enormes
quantias de dinheiro destinadas à ajuda real são gastas com especialistas e
analistas que realizam estudos intermináveis para avaliar a situação e as áreas
do Sul Global que mais precisam de ajuda.
"Bilhões de dólares estão sendo investidos no
conflito na Ucrânia e gastos para atender a milhões de refugiados ucranianos na
Europa, mas não vemos nenhuma mobilização semelhante de compaixão pelas pessoas
dos países em desenvolvimento que sofrem com a enorme dívida externa, as
terríveis consequências da pandemia da COVID-19, a inflação, as quedas do
mercado de ações, a disparada dos custos de transporte e assim por
diante", afirma Ramos-Horta.
Delineando uma situação em que os governos dos
países ricos não estão fazendo o suficiente para resolver os terríveis
problemas dos países em desenvolvimento, ele conclamou as pessoas mais ricas do
Norte Global e do Sul Global a reunirem seus esforços e capital para ajudar as
pessoas dos países em dificuldades.
A República Democrática de Timor-Leste, que era uma
antiga colônia portuguesa e depois uma província da Indonésia, conquistou a
independência em 2002, se tornando a primeira nova nação do mundo a surgir no
século XXI.
Ø Há 20 anos, Países Baixos não respondem às ameaças à segurança
decorrentes da extração de gás
O Ministério de Assuntos Econômicos e Política
Climática dos Países Baixos está ciente, há 20 anos, da ameaça à segurança das
residências devido a terremotos causados pela extração de gás no norte do país,
em Groningen, mas não tomou nenhuma medida, escreve o jornal Dagblad van het
Noorden.
A publicação revela que a Oranjewoud, uma empresa de
pesquisa, investigou as condições de quatro edifícios localizados na zona
afetada pelo terremoto de 2003.
A empresa encontrou "mudanças estruturais"
após a inspeção e disse que é necessário tomar medidas urgentes.
O relatório observou que "a segurança dos
edifícios está seriamente comprometida". No entanto, um ano antes do
terremoto, estudos já haviam demonstrado que as casas não eram seguras.
Os resultados do estudo foram encaminhados ao
ministério, que disse na época que o relatório da empresa foi discutido em uma
reunião do Comitê Técnico sobre Processos de Movimentação do Solo, onde um
representante do ministério também estava presente.
Quando questionado, o ministério disse que não tinha
conhecimento de nenhuma solicitação de ação urgente.
O ministério pensava que o então ministro da
Economia foi informado sobre o relatório anual do comitê só em "termos
gerais". De qualquer forma, a investigação da Oranjewoud não levou a uma
ação mais abrangente em Groningen.
O campo gigantesco de gás na província de Groningen,
no norte dos Países Baixos, foi descoberto em 1959 e sua exploração começou em
1963.
O campo tinha reservas iniciais de gás de 2,9
trilhões de metros cúbicos. Por muitos anos, o campo foi a principal fonte de
suprimento de gás para o noroeste da Europa, mas, devido a vários terremotos na
província na década de 1990, as autoridades holandesas decidiram limitar
gradualmente a produção.
Esperava-se que o campo de gás fosse fechado entre
2025 e 2028, mas as autoridades anunciaram recentemente sua intenção de
fechá-lo permanentemente até 2024.
Ø Canadá aumentará a presença militar no Indo-Pacífico, diz ministra da
Defesa
Anita Anand prometeu que Ottawa terá uma presença
mais ampla na região, incluindo através de cooperação com países locais.
Atualmente, o Canadá tem dois navios no Indo-Pacífico.
O Canadá reforçará sua presença militar na região,
estando comprometido com o apoio a um Indo-Pacífico "livre, aberto e
inclusivo", anunciou neste sábado (3) Anita Anand, ministra da Defesa do
país norte-americano, segundo a agência canadense The Canadian Press.
Falando em Cingapura no Diálogo de Shangri-La, Anand
anunciou que o Canadá aumentará significativamente sua presença militar no
Indo-Pacífico por meio da Operação Horizon.
As atividades incluirão o envio anual de mais um
navio de guerra para a região, o aumento da participação canadense em
exercícios internacionais e o reforço das relações com os parceiros regionais
através de maior cooperação em segurança.
Anand disse que a nova operação substituirá a parte
do Indo-Pacífico da atual Operação Projeção do Canadá.
Atualmente, há dois navios militares canadenses na
região, a fragata HMCS Montreal e o navio de contêineres MV Asterix.
Ø Netanyahu acusa agência da ONU de se render à pressão do Irã: 'Mancha
negra em seu histórico'
Em uma reunião semanal de seu gabinete, o premiê
israelense afirmou que a República Islâmica "mente para AIEA" e
sugere que o órgão de vigilância nuclear da ONU pode se tornar uma
"organização política".
Neste domingo (4), o premiê israelense, Benjamin
Netanyahu, acusou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de policiar
ineficazmente as atividades nucleares do Irã, sugerindo que a agência corre o
risco de se tornar politizada e irrelevante.
"O Irã continua mentindo para a AIEA. A
capitulação da agência à pressão iraniana é uma mancha negra em seu histórico
[...]. Se a AIEA se tornar uma organização política, então sua atividade de
supervisão no Irã não terá importância, assim como seus relatórios sobre a
atividade nuclear iraniana", afirmou Netanyahu citado pela Reuters.
A crítica incomum do governo israelense ao órgão da
ONU seguiu um relatório divulgado na semana passada no qual foi declarado que
Teerã havia fornecido uma resposta satisfatória em um caso de suspeita de
partículas de urânio e reinstalado alguns equipamentos de monitoramento
originalmente implantados sob o acordo nuclear de 2015.
Em uma aparente referência a isso, Netanyahu também
declarou que "as desculpas do Irã [...] em relação à descoberta de
material nuclear em locais proibidos não são apenas não confiáveis, mas também
tecnicamente impossíveis".
Em um discurso na ONU em 2012, Netanyahu considerou
o enriquecimento de 90% pelo Irã uma "linha vermelha" que poderia
desencadear ataques preventivos, relembra a mídia.
Entretanto, os especialistas estão divididos sobre
se Israel – apesar de ter um Exército avançado que se acredita ter armas
nucleares – pode causar danos duradouros às instalações distantes, dispersas e
bem defendidas do Irã.
Ø Irã planeja criar mega aliança naval para 'libertar região de qualquer
força ilegítima’, diz mídia
O Irã e outros Estados do Golfo planejam formar uma
aliança naval, que pode incluir a Índia e o Paquistão, para "libertar a
região de qualquer força ilegítima", segundo o comandante da Marinha
iraniana, Shahram Irani.
De acordo com o comandante, os países do norte do
oceano Índico "concluíram que devem apoiar o Irã e garantir a segurança
regional unindo suas forças".
Dessa forma, a aliança deverá ser formada pelo Irã,
Omã, Paquistão, Índia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar, Bahrein e
Iraque.
"Espera-se que, com a formação de novas
coalizões regionais, a região seja libertada rapidamente de qualquer força
ilegítima, e os povos da região dominem a segurança regional com a ajuda de
seus militares", declarou.
Além disso, ele destacou que estão sendo
estabelecidas novas coalizões regionais e extrarregionais, como uma aliança
trilateral entre o Irã, a Rússia e a China.
O comandante também afirmou que o Irã recebeu
solicitações de diversos países para receber formação e transferir conhecimento
sobre a construção de navios de guerra e navios mercantes.
Ø Relatório da Marinha dos EUA: condição material da frota continua
piorando, diz mídia
A condição material geral da frota da Marinha dos
EUA diminuiu ligeiramente no ano fiscal de 2022, "retomando uma tendência
negativa leve, mas constante" que ocorre desde o ano fiscal de 2017, de
acordo com o relatório anual do Conselho de Inspeção e Pesquisa da Marinha
(INSURV, na sigla em inglês), divulgado pela Marinha na sexta-feira (2).
De acordo com o portal especializado o relatório
observa que a tendência negativa "é mais notável" devido a mudanças
nos cálculos do INSURV que aderem mais de perto às métricas do Manual de
Manutenção da Frota Conjunta.
Ainda segundo o portal, o INSURV também removeu as
principais demonstrações do sistema e as pontuações do programa administrativo
dos cálculos da Figura de Mérito do relatório (IFOM, na sigla em inglês)
fazendo com que seu cálculo gere uma medida ainda mais focada da condição geral
do material.
Com as mudanças da política de isenção de inspeção
de navios do conselho no ano fiscal de 2020, que passaram a exigir que os
navios fossem inspecionados a cada três anos ou seriam considerados atrasados.
No final do ano fiscal de 2022, cerca de 44% das embarcações estavam atrasadas
para inspeção, de acordo com o relatório.
"O INSURV não possui boletos financiados
suficientes para realizar todos os elementos de inspeção, especialmente os
requisitos técnicos mais específicos", diz o relatório.
O documento constatou que o estado operacional dos
navios de superfície, submarinos e porta-aviões "é ligeiramente pior em
relação ao ano fiscal de 2021", mas que a maior queda em relação ao ano
passado ocorreu na Frota de Comando de Transporte Marítimo Militar.
O INSURV realizou 80 inspeções de material de
embarcações em serviço no ano fiscal de 2022, um aumento de 72% no total de
inspeções em comparação com a média de seis anos. Para além disso, os
inspetores também conduziram 23 testes de navios recém-construídos, juntamente
com oito vistorias.
Ø Coreia do Norte pode não avisar mais Organização Marítima Internacional
sobre lançamentos de mísseis
A Coreia do Norte considera a resolução da
Organização Marítima Internacional (OMI) condenando os lançamentos de mísseis
norte-coreanos uma manifestação de que não há necessidade de avisar mais a
organização sobre tais ações, informou a agência de notícias estatal
norte-coreana (KCNA).
Anteriormente, a Coreia do Norte informou que o
satélite de reconhecimento militar Malligyong-1 foi lançado ao espaço em 31 de
maio às 6h27 (18h27 de 30 de maio, no horário de Brasília), mas no arranque do
motor do segundo estágio do novo foguete propulsor Chollima-1 surgiu um
problema, o que fez com que o foguete caísse no mar Amarelo.
"Como a OMI respondeu ao aviso prévio da Coreia
do Norte sobre o lançamento de seu satélite com a adoção de uma 'resolução'
contra a Coreia do Norte, consideraremos isso como a manifestação oficial de
que o aviso prévio da Coreia do Norte não é mais necessário. No futuro, a OMI
deve conhecer e tomar medidas por conta própria sobre as datas e horários de
lançamento de satélites da Coreia do Norte, o ponto de impacto do foguete
portador e estar preparada para assumir total responsabilidade por todas as
consequências que isso possa acarretar", diz Kim Myong-chol, analista de
assuntos internacionais norte-coreano.
Conforme relatado pelo Ministério das Relações
Exteriores da Coreia do Sul, em 31 de maio, a OMI adotou pela primeira vez uma
resolução na 107ª sessão do Comitê de Segurança Marítima em Londres, condenando
os lançamentos de mísseis norte-coreanos como uma séria ameaça à segurança da
navegação internacional e exigindo regulamentações adequadas, inclusive um
aviso prévio antes de qualquer teste de mísseis.
Essa foi a primeira vez que a IMO emitiu uma
condenação especificamente na forma de resolução.
Kim Myong-chol disse que o fato de a
"primeira" resolução da OMI condenar os lançamentos de mísseis de um
determinado país mostra que a missão da organização de promover a cooperação
internacional sobre segurança marítima foi manipulada e "completamente
politizada".
Ele acrescentou que o fortalecimento da força de
defesa nacional é um direito soberano da Coreia do Norte e era necessário para
proteger o povo do país e a paz na região da ação militar dos EUA e de seus
aliados.
"Esse é um direito legítimo de um Estado
soberano claramente estipulado na Carta da ONU e nas leis internacionais
relevantes, e uma organização internacional não tem autoridade nem qualificação
para dizer isso ou aquilo a respeito", sublinha Kim Myong-chol.
Ele acrescentou que a Coreia do Norte também realiza
seus lançamentos de mísseis "levando em conta" a segurança dos países
vizinhos, e ainda não causou danos a ninguém.
A Coreia do Norte também avisou o Serviço de
Segurança Marítima do Japão antes de lançar o satélite, de acordo com os
regulamentos, e até mesmo informou a OMI sobre o horário de lançamento e os
possíveis locais de queda dos estágios do veículo de lançamento, embora isso
não seja obrigatório.
Kim Myong-chol expressou surpresa pelo fato de a
IMO, após receber a notificação, falar de sua natureza não vinculativa, mas
depois do lançamento mudou "despudoradamente" seu comportamento e
alega "violação dos regulamentos".
Ele também perguntou retoricamente onde caem os
destroços dos mísseis dos EUA e da Coreia do Sul, caso não representem uma
ameaça à segurança marítima, ao contrário dos da Coreia do Norte, e se eles
estão "flutuando ainda no céu".
Fonte: Sputnik Brasil

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