segunda-feira, 5 de junho de 2023

Presidente de Timor-Leste compara papel da China no Sul Global com o da URSS no século XX

José Manuel Ramos-Horta, presidente de Timor-Leste, comparou o papel da China no mundo atual, um Estado com o qual os países do Sul Global sempre podem contar, ao da URSS no século XX.

O líder de Timor-Leste falou no domingo (4) no fórum de segurança da região da Ásia-Pacífico, Diálogo de Shangri-La, em Cingapura.

"No início dos anos 90, conheci [...] um jovem diplomata da Somália. Conversamos muito sobre os problemas que estavam preocupando o mundo na época. Ele me disse: 'Olha, a União Soviética entrou em colapso e não temos ninguém a quem recorrer para obter ajuda real agora'", contou Ramos-Horta na cúpula.

Ele disse que, durante a época da União Soviética, os países ocidentais apenas "davam palestras sobre direitos humanos e se recusavam a ajudar", mas eles podiam se dirigir a Moscou e conseguir ajuda.

"'Agora estamos sozinhos, não temos ninguém a quem recorrer, ninguém para nos ajudar', disse-me esse diplomata na época", continuou ele, observando que isso não se referia apenas à Somália, mas ao Sul Global, cujo desenvolvimento foi muito afetado pelo colapso da URSS.

Avaliando a situação atual do Sul Global como pobre, Ramos-Horta observou que, sem assistência externa, muitos países da região correm o risco de cair na pobreza e no caos, enquanto os países do Norte continuam a enriquecer, mas não fornecem assistência suficiente ao Sul Global em questões cruciais, como a garantia de acesso à água potável, a crise de segurança alimentar nesses países, a saúde e a educação, para as quais o Sul Global não tem recursos próprios.

"Se voltarmos a 2023, veremos que a China é agora uma potência mundial e um ímã para o Sul Global. Não vejo meu amigo somali há muito tempo, mas ele provavelmente diria o seguinte hoje: 'Agora não estamos sozinhos. Agora estamos indo [pedir ajuda] à China'", disse o presidente de Timor-Leste.

Os países que agora ocupam assentos no Conselho de Segurança da ONU, no Grupo dos Sete (G7) e no G20, de que o Brasil faz parte, não demonstram grande sabedoria e liderança ao lidar com questões globais, muitas das quais são mais graves no Sul Global, aponta Ramos-Horta.

"É claro que a ajuda é alocada, mas grande parte dela não chega aos beneficiários", disse ele, explicando que enormes quantias de dinheiro destinadas à ajuda real são gastas com especialistas e analistas que realizam estudos intermináveis para avaliar a situação e as áreas do Sul Global que mais precisam de ajuda.

"Bilhões de dólares estão sendo investidos no conflito na Ucrânia e gastos para atender a milhões de refugiados ucranianos na Europa, mas não vemos nenhuma mobilização semelhante de compaixão pelas pessoas dos países em desenvolvimento que sofrem com a enorme dívida externa, as terríveis consequências da pandemia da COVID-19, a inflação, as quedas do mercado de ações, a disparada dos custos de transporte e assim por diante", afirma Ramos-Horta.

Delineando uma situação em que os governos dos países ricos não estão fazendo o suficiente para resolver os terríveis problemas dos países em desenvolvimento, ele conclamou as pessoas mais ricas do Norte Global e do Sul Global a reunirem seus esforços e capital para ajudar as pessoas dos países em dificuldades.

A República Democrática de Timor-Leste, que era uma antiga colônia portuguesa e depois uma província da Indonésia, conquistou a independência em 2002, se tornando a primeira nova nação do mundo a surgir no século XXI.

 

Ø  Há 20 anos, Países Baixos não respondem às ameaças à segurança decorrentes da extração de gás

 

O Ministério de Assuntos Econômicos e Política Climática dos Países Baixos está ciente, há 20 anos, da ameaça à segurança das residências devido a terremotos causados pela extração de gás no norte do país, em Groningen, mas não tomou nenhuma medida, escreve o jornal Dagblad van het Noorden.

A publicação revela que a Oranjewoud, uma empresa de pesquisa, investigou as condições de quatro edifícios localizados na zona afetada pelo terremoto de 2003.

A empresa encontrou "mudanças estruturais" após a inspeção e disse que é necessário tomar medidas urgentes.

O relatório observou que "a segurança dos edifícios está seriamente comprometida". No entanto, um ano antes do terremoto, estudos já haviam demonstrado que as casas não eram seguras.

Os resultados do estudo foram encaminhados ao ministério, que disse na época que o relatório da empresa foi discutido em uma reunião do Comitê Técnico sobre Processos de Movimentação do Solo, onde um representante do ministério também estava presente.

Quando questionado, o ministério disse que não tinha conhecimento de nenhuma solicitação de ação urgente.

O ministério pensava que o então ministro da Economia foi informado sobre o relatório anual do comitê só em "termos gerais". De qualquer forma, a investigação da Oranjewoud não levou a uma ação mais abrangente em Groningen.

O campo gigantesco de gás na província de Groningen, no norte dos Países Baixos, foi descoberto em 1959 e sua exploração começou em 1963.

O campo tinha reservas iniciais de gás de 2,9 trilhões de metros cúbicos. Por muitos anos, o campo foi a principal fonte de suprimento de gás para o noroeste da Europa, mas, devido a vários terremotos na província na década de 1990, as autoridades holandesas decidiram limitar gradualmente a produção.

Esperava-se que o campo de gás fosse fechado entre 2025 e 2028, mas as autoridades anunciaram recentemente sua intenção de fechá-lo permanentemente até 2024.

 

Ø  Canadá aumentará a presença militar no Indo-Pacífico, diz ministra da Defesa

 

Anita Anand prometeu que Ottawa terá uma presença mais ampla na região, incluindo através de cooperação com países locais. Atualmente, o Canadá tem dois navios no Indo-Pacífico.

O Canadá reforçará sua presença militar na região, estando comprometido com o apoio a um Indo-Pacífico "livre, aberto e inclusivo", anunciou neste sábado (3) Anita Anand, ministra da Defesa do país norte-americano, segundo a agência canadense The Canadian Press.

Falando em Cingapura no Diálogo de Shangri-La, Anand anunciou que o Canadá aumentará significativamente sua presença militar no Indo-Pacífico por meio da Operação Horizon.

As atividades incluirão o envio anual de mais um navio de guerra para a região, o aumento da participação canadense em exercícios internacionais e o reforço das relações com os parceiros regionais através de maior cooperação em segurança.

Anand disse que a nova operação substituirá a parte do Indo-Pacífico da atual Operação Projeção do Canadá.

Atualmente, há dois navios militares canadenses na região, a fragata HMCS Montreal e o navio de contêineres MV Asterix.

 

Ø  Netanyahu acusa agência da ONU de se render à pressão do Irã: 'Mancha negra em seu histórico'

 

Em uma reunião semanal de seu gabinete, o premiê israelense afirmou que a República Islâmica "mente para AIEA" e sugere que o órgão de vigilância nuclear da ONU pode se tornar uma "organização política".

Neste domingo (4), o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, acusou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de policiar ineficazmente as atividades nucleares do Irã, sugerindo que a agência corre o risco de se tornar politizada e irrelevante.

"O Irã continua mentindo para a AIEA. A capitulação da agência à pressão iraniana é uma mancha negra em seu histórico [...]. Se a AIEA se tornar uma organização política, então sua atividade de supervisão no Irã não terá importância, assim como seus relatórios sobre a atividade nuclear iraniana", afirmou Netanyahu citado pela Reuters.

A crítica incomum do governo israelense ao órgão da ONU seguiu um relatório divulgado na semana passada no qual foi declarado que Teerã havia fornecido uma resposta satisfatória em um caso de suspeita de partículas de urânio e reinstalado alguns equipamentos de monitoramento originalmente implantados sob o acordo nuclear de 2015.

Em uma aparente referência a isso, Netanyahu também declarou que "as desculpas do Irã [...] em relação à descoberta de material nuclear em locais proibidos não são apenas não confiáveis, mas também tecnicamente impossíveis".

Em um discurso na ONU em 2012, Netanyahu considerou o enriquecimento de 90% pelo Irã uma "linha vermelha" que poderia desencadear ataques preventivos, relembra a mídia.

Entretanto, os especialistas estão divididos sobre se Israel – apesar de ter um Exército avançado que se acredita ter armas nucleares – pode causar danos duradouros às instalações distantes, dispersas e bem defendidas do Irã.

 

Ø  Irã planeja criar mega aliança naval para 'libertar região de qualquer força ilegítima’, diz mídia

 

O Irã e outros Estados do Golfo planejam formar uma aliança naval, que pode incluir a Índia e o Paquistão, para "libertar a região de qualquer força ilegítima", segundo o comandante da Marinha iraniana, Shahram Irani.

De acordo com o comandante, os países do norte do oceano Índico "concluíram que devem apoiar o Irã e garantir a segurança regional unindo suas forças".

Dessa forma, a aliança deverá ser formada pelo Irã, Omã, Paquistão, Índia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar, Bahrein e Iraque.

"Espera-se que, com a formação de novas coalizões regionais, a região seja libertada rapidamente de qualquer força ilegítima, e os povos da região dominem a segurança regional com a ajuda de seus militares", declarou.

Além disso, ele destacou que estão sendo estabelecidas novas coalizões regionais e extrarregionais, como uma aliança trilateral entre o Irã, a Rússia e a China.

O comandante também afirmou que o Irã recebeu solicitações de diversos países para receber formação e transferir conhecimento sobre a construção de navios de guerra e navios mercantes.

 

Ø  Relatório da Marinha dos EUA: condição material da frota continua piorando, diz mídia

 

A condição material geral da frota da Marinha dos EUA diminuiu ligeiramente no ano fiscal de 2022, "retomando uma tendência negativa leve, mas constante" que ocorre desde o ano fiscal de 2017, de acordo com o relatório anual do Conselho de Inspeção e Pesquisa da Marinha (INSURV, na sigla em inglês), divulgado pela Marinha na sexta-feira (2).

De acordo com o portal especializado o relatório observa que a tendência negativa "é mais notável" devido a mudanças nos cálculos do INSURV que aderem mais de perto às métricas do Manual de Manutenção da Frota Conjunta.

Ainda segundo o portal, o INSURV também removeu as principais demonstrações do sistema e as pontuações do programa administrativo dos cálculos da Figura de Mérito do relatório (IFOM, na sigla em inglês) fazendo com que seu cálculo gere uma medida ainda mais focada da condição geral do material.

Com as mudanças da política de isenção de inspeção de navios do conselho no ano fiscal de 2020, que passaram a exigir que os navios fossem inspecionados a cada três anos ou seriam considerados atrasados. No final do ano fiscal de 2022, cerca de 44% das embarcações estavam atrasadas para inspeção, de acordo com o relatório.

"O INSURV não possui boletos financiados suficientes para realizar todos os elementos de inspeção, especialmente os requisitos técnicos mais específicos", diz o relatório.

O documento constatou que o estado operacional dos navios de superfície, submarinos e porta-aviões "é ligeiramente pior em relação ao ano fiscal de 2021", mas que a maior queda em relação ao ano passado ocorreu na Frota de Comando de Transporte Marítimo Militar.

O INSURV realizou 80 inspeções de material de embarcações em serviço no ano fiscal de 2022, um aumento de 72% no total de inspeções em comparação com a média de seis anos. Para além disso, os inspetores também conduziram 23 testes de navios recém-construídos, juntamente com oito vistorias.

 

Ø  Coreia do Norte pode não avisar mais Organização Marítima Internacional sobre lançamentos de mísseis

 

A Coreia do Norte considera a resolução da Organização Marítima Internacional (OMI) condenando os lançamentos de mísseis norte-coreanos uma manifestação de que não há necessidade de avisar mais a organização sobre tais ações, informou a agência de notícias estatal norte-coreana (KCNA).

Anteriormente, a Coreia do Norte informou que o satélite de reconhecimento militar Malligyong-1 foi lançado ao espaço em 31 de maio às 6h27 (18h27 de 30 de maio, no horário de Brasília), mas no arranque do motor do segundo estágio do novo foguete propulsor Chollima-1 surgiu um problema, o que fez com que o foguete caísse no mar Amarelo.

"Como a OMI respondeu ao aviso prévio da Coreia do Norte sobre o lançamento de seu satélite com a adoção de uma 'resolução' contra a Coreia do Norte, consideraremos isso como a manifestação oficial de que o aviso prévio da Coreia do Norte não é mais necessário. No futuro, a OMI deve conhecer e tomar medidas por conta própria sobre as datas e horários de lançamento de satélites da Coreia do Norte, o ponto de impacto do foguete portador e estar preparada para assumir total responsabilidade por todas as consequências que isso possa acarretar", diz Kim Myong-chol, analista de assuntos internacionais norte-coreano.

Conforme relatado pelo Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul, em 31 de maio, a OMI adotou pela primeira vez uma resolução na 107ª sessão do Comitê de Segurança Marítima em Londres, condenando os lançamentos de mísseis norte-coreanos como uma séria ameaça à segurança da navegação internacional e exigindo regulamentações adequadas, inclusive um aviso prévio antes de qualquer teste de mísseis.

Essa foi a primeira vez que a IMO emitiu uma condenação especificamente na forma de resolução.

Kim Myong-chol disse que o fato de a "primeira" resolução da OMI condenar os lançamentos de mísseis de um determinado país mostra que a missão da organização de promover a cooperação internacional sobre segurança marítima foi manipulada e "completamente politizada".

Ele acrescentou que o fortalecimento da força de defesa nacional é um direito soberano da Coreia do Norte e era necessário para proteger o povo do país e a paz na região da ação militar dos EUA e de seus aliados.

"Esse é um direito legítimo de um Estado soberano claramente estipulado na Carta da ONU e nas leis internacionais relevantes, e uma organização internacional não tem autoridade nem qualificação para dizer isso ou aquilo a respeito", sublinha Kim Myong-chol.

Ele acrescentou que a Coreia do Norte também realiza seus lançamentos de mísseis "levando em conta" a segurança dos países vizinhos, e ainda não causou danos a ninguém.

A Coreia do Norte também avisou o Serviço de Segurança Marítima do Japão antes de lançar o satélite, de acordo com os regulamentos, e até mesmo informou a OMI sobre o horário de lançamento e os possíveis locais de queda dos estágios do veículo de lançamento, embora isso não seja obrigatório.

Kim Myong-chol expressou surpresa pelo fato de a IMO, após receber a notificação, falar de sua natureza não vinculativa, mas depois do lançamento mudou "despudoradamente" seu comportamento e alega "violação dos regulamentos".

Ele também perguntou retoricamente onde caem os destroços dos mísseis dos EUA e da Coreia do Sul, caso não representem uma ameaça à segurança marítima, ao contrário dos da Coreia do Norte, e se eles estão "flutuando ainda no céu".

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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