sábado, 3 de junho de 2023

Diabéticos têm mais risco de desenvolver transtorno alimentar

Pessoas com diabetes têm de 2,5 a 3 vezes mais risco de desenvolver distúrbios alimentares comparado às que não têm a doença na mesma faixa etária. E o problema pode facilmente passar despercebido por médicos e familiares. O cenário é mais preocupante nos jovens portadores de diabetes tipo 1, que podem apresentar um quadro chamado de diabulimia – quando deixam de tomar insulina com o objetivo de perder peso.

Neste dia 2 de junho, Dia Mundial de Alerta para os Transtornos Alimentares, a Sociedade Brasileira de Diabetes reforça uma campanha lançada especialmente para chamar a atenção para esses casos, chamada #DiabulimiaNao.

Embora ainda bastante desconhecida, a diabulimia costuma surgir na pré-adolescência e adolescência e pode atingir até um terço das meninas diabéticas entre 16 e 22 anos. Além de deixar de tomar ou pular doses de insulina, esses pacientes também podem apresentar os chamados comportamentos compensatórios, como vômitos, uso de laxantes e diuréticos ou praticar atividade física em excesso.

“Nessa idade, costuma haver uma insatisfação com corpo e a própria natureza do diabetes, com mais atenção à alimentação, à contagem de carboidratos, ao planejamento da dieta, acaba deixando mais vulneráveis aqueles que têm predisposição”, explica a endocrinologista Claudia Pieper, coordenadora do Departamento de Psiquiatria, Psicologia e Transtornos Alimentares da Sociedade Brasileira de Diabetes e Membro da Academy for Eating Disorders. Ainda é mais grave nos casos em que há outros transtornos de saúde mental envolvidos, como ansiedade ou depressão.

Diabetes descompensado

A falta de insulina leva a um excesso de açúcar no sangue que causa alterações metabólicas e faz o organismo usar as reservas de gordura, promovendo uma perda de peso. A pessoa acaba eliminando glicose e calorias em excesso pela urina também. Mas o diabetes descompensado traz sérios riscos, potencialmente fatais, como desnutrição, comprometimento do crescimento, maior chance de complicações crônicas precoces (com apenas 4 ou 5 anos de doença) como retinopatia (complicação que ocorre quando o excesso de glicose no sangue danifica os vasos sanguíneos dentro da retina), danos aos rins, neuropatia diabética, entre outras.

O diagnóstico da diabulimia nem sempre é fácil. Deve-se prestar atenção aos sinais de alerta do paciente, como esquecer com frequência o glicosímetro (aparelho que mede a glicemia), não anotar corretamente os resultados das dosagens, não querer se pesar, pedir dietas com mais restrições, apresentar níveis altos de glicemia nos exames que mostram a média dos últimos meses, fazer atividade física em excesso, ter internações por cetoacidose diabética (glicemia alta), canetas ou frascos de insulina que demoram a terminar.

O tratamento deve ser conduzido por uma equipe multidisciplinar, incluindo médicos, psicólogos e psiquiatras. “São duas doenças muito estigmatizadas, mas elas têm tratamento e é possível se recuperar de um transtorno alimentar”, diz a especialista.

Embora o transtorno alimentar mais conhecido seja a anorexia – quando a pessoa tem pavor de engordar e passa a restringir cada vez mais alimentos – o mais prevalente no mundo é a compulsão alimentar, em que o indivíduo come descontroladamente, mas não apresenta comportamentos compensatórios. Isso favorece o ganho de peso e obesidade, com maior risco de desenvolver diabetes tipo 2. Já a anorexia é rara em diabéticos.

 

Ø  Um em cada 3 adultos com diabetes tem doença cardíaca sem sintomas

 

Uma pesquisa realizada com adultos com diabetes tipo 2 dos Estados Unidos revelou que 33,4% deles tinha sinais de alguma doença cardíaca que ainda não havia sido detectada. O índice é mais do que o dobro de pessoas sem diabetes que convive com uma doença cardíaca assintomática.

Os cientistas descobriram os problemas cardíacos sem diagnóstico ao avaliarem a presença de duas proteínas no sangue, a troponina T e N-Terminal, em amostras de sangue recolhidas de 10,3 mil pessoas com diabetes. Em um nível elevado no organismo, elas indicam algum tipo de dano na musculatura cardíaca. Os resultados foram publicados, na quarta-feira (31/5), no Journal of the American Heart Association.

“Nós observamos que muitas pessoas com diabetes tipo 2 e que não tinham histórico de ataques cardíacos ou de doenças cardiovasculares conhecidas estão com alto risco de complicações circulatórias indicadas pelas proteínas que observamos”, disse a epidemiologista Elizabeth Selvin, uma das autoras do trabalho, ao site da American Heart Association.

Os dados analisados mostraram que pessoas com diabetes tipo 2 têm o dobro de risco de morrer por consequência de uma doença cardiovascular. O risco também é maior se a pessoa estiver convivendo com a diabetes há mais de uma década ou se não tiver conseguido controlar seus níveis de açúcar no sangue apesar do diagnóstico.

O estudo, no entanto, não pode determinar o que leva uma pessoa com diabetes a manifestar essas doenças correlacionadas. Entretanto, os pesquisadores aconselham que se considere a diabetes um fator de risco cardíaco tão importante como o colesterol alto e a pressão alta.

Diabetes

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, no Brasil há mais de 13 milhões de pessoas convivendo com a doença, o que representa 6,9% da população nacional. Os principais sintomas da doença são:

  • Fome frequente;
  • Sede constante;
  • Formigamento nos pés e mãos;
  • Vontade de urinar diversas vezes;
  • Infecções frequentes na bexiga, rins, pele e infecções de pele;
  • Feridas que demoram para cicatrizar;
  • Visão embaçada.

 

Fonte: Agência Einstein/Metrópoles

 

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