Brics
se reúnem com "amigos" em busca de laços mais estreitos para expandir
bloco
Autoridades de alto escalão de mais de uma dezena de
países, incluindo Arábia Saudita e Irã, se reuniram nesta sexta-feira com os
membros dos Brics para estreitar os laços e buscar se posicionar como um
contrapeso para o Ocidente.
Abrindo as discussões, a ministra das Relações
Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, falou do bloco como uma voz do
mundo em desenvolvimento, que ela disse ter sido abandonado por Estados ricos e
instituições globais durante a pandemia.
"O mundo falhou na cooperação. Os países
desenvolvidos nunca cumpriram seus compromissos com o mundo em desenvolvimento
e estão tentando transferir toda a responsabilidade para o Sul global",
disse Pandor.
Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Cuba,
República Democrática do Congo, Comores, Gabão e Cazaquistão enviaram
representantes à Cidade do Cabo para as chamadas conversas "Amigos dos
Brics", de acordo com um programa oficial.
Egito, Argentina, Bangladesh, Guiné-Bissau e
Indonésia participaram virtualmente.
"O Brics é uma história de sucesso", disse
o chanceler brasileiro, Mauro Vieira. "O grupo também é uma marca e um
ativo, então temos que cuidar disso."
O ministro das Relações Exteriores da Índia,
Subrahmanyam Jaishankar, disse que as conversas de quinta-feira incluíram
deliberações sobre os princípios orientadores, padrões, critérios e
procedimentos de como seria um bloco expandido do Brics.
"Ainda é um trabalho em andamento",
acrescentou.
O Ministério das Relações Exteriores da Índia
enfatizou anteriormente a necessidade de uma política comum para tal expansão,
em vez da consideração de candidaturas individualmente.
Pandor, da África do Sul, disse que os ministros das
Relações Exteriores pretendem concluir o trabalho em uma estrutura para a
admissão de novos membros antes que os líderes do Brics se reúnam em uma cúpula
em Johanesburgo em agosto.
Os preparativos para essa cúpula seguem sob uma
polêmica devido à possível presença do presidente russo, Vladimir Putin, que é
alvo de um mandado emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).
Como membro do TPI, a África do Sul enfrenta pressão
para prender Putin se ele viajar para a cúpula.
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BRICS são um 'sucesso' e Brasil trabalha para sua
expansão, diz chanceler Mauro Vieira
Os ministros de Relações Exteriores dos cinco países
dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) discutiram a entrada
de novos membros em encontro na cidade do Cabo, na África do Sul.
O chanceler, Mauro Vieira, participou do encontro
que reuniu os ministros de Relações Exteriores do grupo e termina nesta
sexta-feira (2), uma prévia da próxima cúpula dos BRICS prevista para agosto,
também na África do Sul.
Segundo a Agência Brasil, o chanceler brasileiro
alegou que devido à história de sucesso do bloco, muitos países estão
interessados em aderir ao grupo.
"Talvez por causa desse grande sucesso dos
BRICS, o [grupo] atraiu a atenção de muitos outros países em 15 anos. Estamos
trabalhando nessa questão da expansão. Temos que assessorar nossos presidentes
para o próximo encontro da cúpula dos BRICS, em agosto".
O bloco tem se debruçado sobre os desafios
político-econômicos que se apresentam no cenário global. Um de seus principais
ativos é Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), agora
presidido pela ex-presidente, Dilma Rousseff (2011–2016), cujo objetivo é
estimular o desenvolvimento no Sul Global através de acesso ao crédito.
Na última terça-feira (30), Dilma destacou que uma
das questões prioritárias para o NDB é o papel das moedas no cenário econômico
internacional e afirmou que o empréstimo financeiro em moedas locais é outra
das prioridades do banco, uma vez que as moedas do bloco não são conversíveis e
a economia global enfrenta uma forte tendência de desdolarização.
O embaixador da África do Sul no BRICS, Anil
Sooklal, afirmou que "vemos uma erosão da arquitetura multilateral global,
medidas unilaterais e sanções unilaterais estão se tornando a norma diária
[...] e os países querendo ter mais influência sobre como a nova ordem global
se desenvolve".
Em entrevista a um canal de televisão indiano em
abril, o embaixador informou que 19 países pretendiam ingressar na associação
econômico-comercial, dos quais 13 já haviam se candidatado.
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Mauro Vieira se encontra com Lavrov na África do Sul
para discutir pauta russo-brasileira
Os chanceleres do Brasil e da Rússia falaram de
temas na área política, comercial e econômica na Cidade do Cabo, incluindo o
posicionamento do Brasil quanto ao conflito ucraniano.
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do
Brasil, se reuniu nesta sexta-feira (2) na Cidade do Cabo, África do Sul, com
Sergei Lavrov, seu homólogo da Rússia, à margem da reunião dos ministros das
Relações Exteriores do BRICS, informou a chancelaria russa.
Durante a reunião, que foi descrita como
"amigável e construtiva", foram discutidas questões de âmbito
político, comercial e econômico, como a interação entre a Rússia e o Brasil em
fóruns multilaterais, principalmente na ONU e seu Conselho de Segurança, no
BRICS e no G20.
O ministério russo sublinhou que foi dada
considerável atenção aos esforços do Brasil para encontrar uma solução para a
situação na Ucrânia.
O Brasil e a Rússia integram o BRICS, uma
organização que inclui alguns dos principais países em desenvolvimento. Ele foi
criado em 2006 como BRIC, integrando na época ainda a China e a Índia. Em 2009
foi realizada a primeira cúpula anual em Ekaterinburgo, Rússia, e em 2010 a
África do Sul se juntou ao grupo. Ele tem como objetivo dar uma voz aos países
em desenvolvimento em meio ao domínio dos países ocidentais, sendo um dos
objetivos de longo prazo a criação de uma moeda única.
Mais recentemente, após os países ocidentais terem
imposto sanções unilaterais e abrangentes contra a Rússia em resposta à
operação militar especial na Ucrânia, incluindo o congelamento de reservas em
dólares e euros, vários países, incluindo a Argentina, Arábia Saudita, Irã e
Indonésia, propuseram se juntar ao grupo para se protegerem do efeito de tais
medidas restritivas.
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China e Argentina assinam acordo de cooperação
A China assinou um acordo de cooperação com a
Argentina para promover a construção conjunta da "Nova Rota da Seda",
disse o órgão de planejamento estatal chinês nesta sexta-feira.
O acordo aprofundará a cooperação entre China e
Argentina em áreas como infraestrutura, energia, economia e comércio, bem como
finanças, disse a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma em um
comunicado.
Ø Ministros do BRICS
discutem necessidade de nova moeda única em meio à desdolarização
Uma série de países, incluindo Irã, Venezuela e
Arábia Saudita, já manifestaram interesse em ingressar no BRICS, que atualmente
é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Os Estados-membros do BRICS foram informados sobre o
uso potencial de moedas alternativas para proteger o Novo Banco de
Desenvolvimento (NBD) do grupo do impacto das sanções.
A questão encabeçou a agenda da reunião ministerial
do BRICS na Cidade do Cabo, na África do Sul, na quinta-feira (1º), quando os
participantes discutiram como o bloco poderia ganhar maior influência global e
desafiar os Estados Unidos.
Os chanceleres do Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul também discutiram os planos de admissão de novos integrantes na
organização. A mais alta diplomata sul-africana, Naledi Pandor, destacou que é
preciso mais trabalho para viabilizar essa admissão, manifestando esperança de
que um relatório relevante esteja pronto até agosto, quando vai ocorrer a
cúpula do BRICS.
O vice-ministro das Relações Exteriores da China, Ma
Zhaoxu, por sua vez, deixou claro que seu país estava feliz com a possibilidade
de mais países ingressarem no BRICS, pois isso expandiria a influência do bloco
e lhe daria mais poder para servir aos interesses dos países em desenvolvimento.
Para o ministro das Relações Exteriores da Rússia,
Sergei Lavrov, o BRICS é uma nova organização baseada nos princípios da Carta
da ONU em todos os seus aspectos e relações, e que isto "simboliza a
evolução do mundo multipolar, que está sendo discutida cada vez com mais
frequência" diante dos interesses de uma série de países em ingressar no
bloco.
·
BRICS e a desdolarização
A ministra das Relações Exteriores da África do Sul,
Naledi Pandor, dizendo no início deste mês que em meio a um crescente coro de vozes
levantando a necessidade de usar alternativas ao dólar no comércio global, os
Estados-membros do BRICS devem continuar a discutir a introdução de uma moeda
comum.
O vice-presidente da Duma da Rússia, Aleksandr
Babakov, disse que no caso de uma moeda única emergir no BRICS, ela poderia ser
lastreada não apenas pelo ouro, mas também por outros grupos de produtos, como
elementos e terras raras.
Diante das incertezas financeiras globais levantadas
por Washington, quer seja pela adoção de sanções unilaterais à Rússia pelo
conflito ucraniano — o que inclui o congelamento de ativos russos no exterior —
quer seja pela fragilidade de seu sistema de crédito que novamente tem quebrado
bancos nos EUA, ou ainda pelo tamanho de sua dívida pública e o risco de uma recessão
econômica, Lavrov lembrou as palavras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
sobre a questão.
"Por que uma instituição como o banco do BRICS
não pode ter uma moeda para financiar as relações comerciais entre o Brasil e a
China, entre o Brasil e todos os outros países do BRICS?", questionou Lula
durante uma visita ao NBD, com sede em Xangai.
"A participação das moedas nacionais nos
acordos entre os países do BRICS já está crescendo rapidamente. Os países do
BRICS têm iniciativas que atendem à necessidade de trabalhar na criação de sua
própria moeda. A razão é muito simples: não podemos contar com mecanismos que
estão nas mãos daqueles que podem trapacear a qualquer momento e se recusar a
cumprir suas obrigações", disse Lavrov a repórteres.
Nesse sentido, o especialista russo Mikhail Khazin
disse à Sputnik que o processo "inevitável" de desdolarização foi
facilitado pelas amplas sanções de Washington contra os principais atores
globais, incluindo a Rússia, e o uso do dólar como mecanismo de "punição".
Ao congelar os ativos do Banco Central da Rússia,
separando a nação da Sociedade para as Telecomunicações Financeiras
Interbancárias Mundiais (SWIFT, na sigla em inglês) e proibindo as exportações
de cédulas denominadas em dólares americanos para o país, Washington enviou um
sinal sinistro a outros atores mundiais, destacou Khazin.
Ø BRICS acelera perda da hegemonia global dos EUA, aponta mídia
Enquanto os Estados Unidos estão lutando para manter
a influência no Sul Global, o bloco BRICS com a Rússia, China, Índia, Brasil e
África do Sul está em ascensão, escreve a Newsweek.
"Vemos uma erosão da arquitetura multilateral
global, medidas unilaterais e sanções unilaterais estão se tornando a norma
diária [...] e os países querendo ter mais influência sobre como a nova ordem
global se desenvolve", disse Anil Sooklal, o embaixador da África do Sul
no BRICS.
O BRICS foi criado para representar os interesses
dos países em desenvolvimento, e a erosão da hegemonia ocidental incentiva os
Estados a se juntarem ao bloco, disse o secretário-geral do Conselho Econômico
e Cultural Indiano-Chinês, Mohammed Saqib.
Os EUA ameaçam quebrar o BRICS de alguma forma, mas
até agora essa estratégia está tendo o efeito oposto, já que o bloco está cada
vez mais apelando à desdolarização, escreve o autor.
A política dos EUA em relação ao BRICS é
inconsistente, e Washington não presta atenção suficiente ao bloco, diz o
autor.
Enquanto a Índia mantém laços de segurança e
econômicos com a Rússia, o Brasil e a China também buscam combater as tentativas
dos EUA de isolar economicamente os oponentes.
A China afirmou anteriormente que apoiava a expansão
do BRICS e a rápida adesão de países com ideias semelhantes.
Ø Senado cria grupo parlamentar para os Brics
O Senado Federal criou, na 4ª feira (31.mai.2023), o
GP (Grupo Parlamentar) de Relacionamento com os Brics, grupo formado por
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A decisão foi publicada no DOU (Diário Oficial da União)
nesta 6ª feira (2.jun) e passa a valer imediatamente. Eis a íntegra (PDF – 70 KB).
A criação do grupo foi sugerida pelo senador Irajá
Silvestre Filho (PSD-TO), que irá presidir o colegiado. Ele
terá duração indeterminada e poderá ser integrado por senadores interessados em
participar.
O objetivo do grupo é acompanhar a legislação, as
políticas públicas e demais atividades oficiais que se relacionem ou envolvam a
participação brasileira nos Brics, além de defender os interesses do país na
sua participação na organização.
Em publicação em rede social, Silvestre Filho
disse que o GP é uma iniciativa que visa “promover
o aprimoramento da legislação federal e fortalecer os laços de amizade e
cooperação em diversas áreas” entre o Brasil e os demais países dos
Brics.
De acordo com o texto, o grupo também pretende “promover o intercâmbio com entidades
assemelhadas de parlamentos dos demais países membros do Brics”.
O senador Irajá diz estar pronto para “aproveitar as oportunidades de
investimentos, geração de empregos e renda que esse novo momento proporcionará”.
As atas das reuniões realizadas pelo colegiado e os
demais atos relativos às atividades do GP serão publicados no DOU.
Fonte: Reuters/Sputnik Brasil/Agencia Senado

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