sábado, 3 de junho de 2023

Brics se reúnem com "amigos" em busca de laços mais estreitos para expandir bloco

Autoridades de alto escalão de mais de uma dezena de países, incluindo Arábia Saudita e Irã, se reuniram nesta sexta-feira com os membros dos Brics para estreitar os laços e buscar se posicionar como um contrapeso para o Ocidente.

Abrindo as discussões, a ministra das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, falou do bloco como uma voz do mundo em desenvolvimento, que ela disse ter sido abandonado por Estados ricos e instituições globais durante a pandemia.

"O mundo falhou na cooperação. Os países desenvolvidos nunca cumpriram seus compromissos com o mundo em desenvolvimento e estão tentando transferir toda a responsabilidade para o Sul global", disse Pandor.

Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Cuba, República Democrática do Congo, Comores, Gabão e Cazaquistão enviaram representantes à Cidade do Cabo para as chamadas conversas "Amigos dos Brics", de acordo com um programa oficial.

Egito, Argentina, Bangladesh, Guiné-Bissau e Indonésia participaram virtualmente.

"O Brics é uma história de sucesso", disse o chanceler brasileiro, Mauro Vieira. "O grupo também é uma marca e um ativo, então temos que cuidar disso."

O ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, disse que as conversas de quinta-feira incluíram deliberações sobre os princípios orientadores, padrões, critérios e procedimentos de como seria um bloco expandido do Brics.

"Ainda é um trabalho em andamento", acrescentou.

O Ministério das Relações Exteriores da Índia enfatizou anteriormente a necessidade de uma política comum para tal expansão, em vez da consideração de candidaturas individualmente.

Pandor, da África do Sul, disse que os ministros das Relações Exteriores pretendem concluir o trabalho em uma estrutura para a admissão de novos membros antes que os líderes do Brics se reúnam em uma cúpula em Johanesburgo em agosto.

Os preparativos para essa cúpula seguem sob uma polêmica devido à possível presença do presidente russo, Vladimir Putin, que é alvo de um mandado emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).

Como membro do TPI, a África do Sul enfrenta pressão para prender Putin se ele viajar para a cúpula.

·         BRICS são um 'sucesso' e Brasil trabalha para sua expansão, diz chanceler Mauro Vieira

Os ministros de Relações Exteriores dos cinco países dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) discutiram a entrada de novos membros em encontro na cidade do Cabo, na África do Sul.

O chanceler, Mauro Vieira, participou do encontro que reuniu os ministros de Relações Exteriores do grupo e termina nesta sexta-feira (2), uma prévia da próxima cúpula dos BRICS prevista para agosto, também na África do Sul.

Segundo a Agência Brasil, o chanceler brasileiro alegou que devido à história de sucesso do bloco, muitos países estão interessados em aderir ao grupo.

"Talvez por causa desse grande sucesso dos BRICS, o [grupo] atraiu a atenção de muitos outros países em 15 anos. Estamos trabalhando nessa questão da expansão. Temos que assessorar nossos presidentes para o próximo encontro da cúpula dos BRICS, em agosto".

O bloco tem se debruçado sobre os desafios político-econômicos que se apresentam no cenário global. Um de seus principais ativos é Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), agora presidido pela ex-presidente, Dilma Rousseff (2011–2016), cujo objetivo é estimular o desenvolvimento no Sul Global através de acesso ao crédito.

Na última terça-feira (30), Dilma destacou que uma das questões prioritárias para o NDB é o papel das moedas no cenário econômico internacional e afirmou que o empréstimo financeiro em moedas locais é outra das prioridades do banco, uma vez que as moedas do bloco não são conversíveis e a economia global enfrenta uma forte tendência de desdolarização.

O embaixador da África do Sul no BRICS, Anil Sooklal, afirmou que "vemos uma erosão da arquitetura multilateral global, medidas unilaterais e sanções unilaterais estão se tornando a norma diária [...] e os países querendo ter mais influência sobre como a nova ordem global se desenvolve".

Em entrevista a um canal de televisão indiano em abril, o embaixador informou que 19 países pretendiam ingressar na associação econômico-comercial, dos quais 13 já haviam se candidatado.

·         Mauro Vieira se encontra com Lavrov na África do Sul para discutir pauta russo-brasileira

Os chanceleres do Brasil e da Rússia falaram de temas na área política, comercial e econômica na Cidade do Cabo, incluindo o posicionamento do Brasil quanto ao conflito ucraniano.

Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil, se reuniu nesta sexta-feira (2) na Cidade do Cabo, África do Sul, com Sergei Lavrov, seu homólogo da Rússia, à margem da reunião dos ministros das Relações Exteriores do BRICS, informou a chancelaria russa.

Durante a reunião, que foi descrita como "amigável e construtiva", foram discutidas questões de âmbito político, comercial e econômico, como a interação entre a Rússia e o Brasil em fóruns multilaterais, principalmente na ONU e seu Conselho de Segurança, no BRICS e no G20.

O ministério russo sublinhou que foi dada considerável atenção aos esforços do Brasil para encontrar uma solução para a situação na Ucrânia.

O Brasil e a Rússia integram o BRICS, uma organização que inclui alguns dos principais países em desenvolvimento. Ele foi criado em 2006 como BRIC, integrando na época ainda a China e a Índia. Em 2009 foi realizada a primeira cúpula anual em Ekaterinburgo, Rússia, e em 2010 a África do Sul se juntou ao grupo. Ele tem como objetivo dar uma voz aos países em desenvolvimento em meio ao domínio dos países ocidentais, sendo um dos objetivos de longo prazo a criação de uma moeda única.

Mais recentemente, após os países ocidentais terem imposto sanções unilaterais e abrangentes contra a Rússia em resposta à operação militar especial na Ucrânia, incluindo o congelamento de reservas em dólares e euros, vários países, incluindo a Argentina, Arábia Saudita, Irã e Indonésia, propuseram se juntar ao grupo para se protegerem do efeito de tais medidas restritivas.

·         China e Argentina assinam acordo de cooperação

A China assinou um acordo de cooperação com a Argentina para promover a construção conjunta da "Nova Rota da Seda", disse o órgão de planejamento estatal chinês nesta sexta-feira.

O acordo aprofundará a cooperação entre China e Argentina em áreas como infraestrutura, energia, economia e comércio, bem como finanças, disse a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma em um comunicado.

 

Ø  Ministros do BRICS discutem necessidade de nova moeda única em meio à desdolarização

 

Uma série de países, incluindo Irã, Venezuela e Arábia Saudita, já manifestaram interesse em ingressar no BRICS, que atualmente é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Os Estados-membros do BRICS foram informados sobre o uso potencial de moedas alternativas para proteger o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do grupo do impacto das sanções.

A questão encabeçou a agenda da reunião ministerial do BRICS na Cidade do Cabo, na África do Sul, na quinta-feira (1º), quando os participantes discutiram como o bloco poderia ganhar maior influência global e desafiar os Estados Unidos.

Os chanceleres do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul também discutiram os planos de admissão de novos integrantes na organização. A mais alta diplomata sul-africana, Naledi Pandor, destacou que é preciso mais trabalho para viabilizar essa admissão, manifestando esperança de que um relatório relevante esteja pronto até agosto, quando vai ocorrer a cúpula do BRICS.

O vice-ministro das Relações Exteriores da China, Ma Zhaoxu, por sua vez, deixou claro que seu país estava feliz com a possibilidade de mais países ingressarem no BRICS, pois isso expandiria a influência do bloco e lhe daria mais poder para servir aos interesses dos países em desenvolvimento.

Para o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, o BRICS é uma nova organização baseada nos princípios da Carta da ONU em todos os seus aspectos e relações, e que isto "simboliza a evolução do mundo multipolar, que está sendo discutida cada vez com mais frequência" diante dos interesses de uma série de países em ingressar no bloco.

·         BRICS e a desdolarização

A ministra das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, dizendo no início deste mês que em meio a um crescente coro de vozes levantando a necessidade de usar alternativas ao dólar no comércio global, os Estados-membros do BRICS devem continuar a discutir a introdução de uma moeda comum.

O vice-presidente da Duma da Rússia, Aleksandr Babakov, disse que no caso de uma moeda única emergir no BRICS, ela poderia ser lastreada não apenas pelo ouro, mas também por outros grupos de produtos, como elementos e terras raras.

Diante das incertezas financeiras globais levantadas por Washington, quer seja pela adoção de sanções unilaterais à Rússia pelo conflito ucraniano — o que inclui o congelamento de ativos russos no exterior — quer seja pela fragilidade de seu sistema de crédito que novamente tem quebrado bancos nos EUA, ou ainda pelo tamanho de sua dívida pública e o risco de uma recessão econômica, Lavrov lembrou as palavras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a questão.

"Por que uma instituição como o banco do BRICS não pode ter uma moeda para financiar as relações comerciais entre o Brasil e a China, entre o Brasil e todos os outros países do BRICS?", questionou Lula durante uma visita ao NBD, com sede em Xangai.

"A participação das moedas nacionais nos acordos entre os países do BRICS já está crescendo rapidamente. Os países do BRICS têm iniciativas que atendem à necessidade de trabalhar na criação de sua própria moeda. A razão é muito simples: não podemos contar com mecanismos que estão nas mãos daqueles que podem trapacear a qualquer momento e se recusar a cumprir suas obrigações", disse Lavrov a repórteres.

Nesse sentido, o especialista russo Mikhail Khazin disse à Sputnik que o processo "inevitável" de desdolarização foi facilitado pelas amplas sanções de Washington contra os principais atores globais, incluindo a Rússia, e o uso do dólar como mecanismo de "punição".

Ao congelar os ativos do Banco Central da Rússia, separando a nação da Sociedade para as Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (SWIFT, na sigla em inglês) e proibindo as exportações de cédulas denominadas em dólares americanos para o país, Washington enviou um sinal sinistro a outros atores mundiais, destacou Khazin.

 

Ø  BRICS acelera perda da hegemonia global dos EUA, aponta mídia

 

Enquanto os Estados Unidos estão lutando para manter a influência no Sul Global, o bloco BRICS com a Rússia, China, Índia, Brasil e África do Sul está em ascensão, escreve a Newsweek.

"Vemos uma erosão da arquitetura multilateral global, medidas unilaterais e sanções unilaterais estão se tornando a norma diária [...] e os países querendo ter mais influência sobre como a nova ordem global se desenvolve", disse Anil Sooklal, o embaixador da África do Sul no BRICS.

O BRICS foi criado para representar os interesses dos países em desenvolvimento, e a erosão da hegemonia ocidental incentiva os Estados a se juntarem ao bloco, disse o secretário-geral do Conselho Econômico e Cultural Indiano-Chinês, Mohammed Saqib.

Os EUA ameaçam quebrar o BRICS de alguma forma, mas até agora essa estratégia está tendo o efeito oposto, já que o bloco está cada vez mais apelando à desdolarização, escreve o autor.

A política dos EUA em relação ao BRICS é inconsistente, e Washington não presta atenção suficiente ao bloco, diz o autor.

Enquanto a Índia mantém laços de segurança e econômicos com a Rússia, o Brasil e a China também buscam combater as tentativas dos EUA de isolar economicamente os oponentes.

A China afirmou anteriormente que apoiava a expansão do BRICS e a rápida adesão de países com ideias semelhantes.

 

Ø  Senado cria grupo parlamentar para os Brics

 

O Senado Federal criou, na 4ª feira (31.mai.2023), o GP (Grupo Parlamentar) de Relacionamento com os Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A decisão foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) nesta 6ª feira (2.jun) e passa a valer imediatamente. Eis a íntegra (PDF – 70 KB). 

A criação do grupo foi sugerida pelo senador Irajá Silvestre Filho (PSD-TO), que irá presidir o colegiado. Ele terá duração indeterminada e poderá ser integrado por senadores interessados em participar.

O objetivo do grupo é acompanhar a legislação, as políticas públicas e demais atividades oficiais que se relacionem ou envolvam a participação brasileira nos Brics, além de defender os interesses do país na sua participação na organização.

Em publicação em rede social, Silvestre Filho disse que o GP é uma iniciativa que visa “promover o aprimoramento da legislação federal e fortalecer os laços de amizade e cooperação em diversas áreas” entre o Brasil e os demais países dos Brics. 

De acordo com o texto, o grupo também pretende “promover o intercâmbio com entidades assemelhadas de parlamentos dos demais países membros do Brics”.

O senador Irajá diz estar pronto para “aproveitar as oportunidades de investimentos, geração de empregos e renda que esse novo momento proporcionará”.

As atas das reuniões realizadas pelo colegiado e os demais atos relativos às atividades do GP serão publicados no DOU.

 

Fonte: Reuters/Sputnik Brasil/Agencia Senado

 

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