sábado, 3 de junho de 2023


 A cena de extrema esquerda na Alemanha

Agência de inteligência interna alemã vê "alto nível de radicalização" na esquerda. O exemplo da estudante Lina E., condenada à prisão nesta semana, parece confirmar essa avaliação.

Lesões corporais graves e envolvimento em organização criminosa – por essas acusações, a estudante Lina E., de 28 anos, foi condenada a cinco anos e três meses de prisão por um tribunal da cidade alemã de Dresden nesta quarta-feira (31/06). Outros três cúmplices receberam sentenças de cerca de três anos. As vítimas agredidas eram extremistas de direita.

O juiz que os condenou, Hans Schlüter-Staats, citou em sua sentença o ataque a um suposto neonazista, que foi severamente espancado e "ficou com cicatrizes para sempre" por causa de um boné com um logotipo da extrema direita. Esse ato mostra até que ponto a militância antifascista pode chegar.

O que o Departamento Federal de Proteção da Constituição (BfV), o órgão de inteligência interna alemão, escreveu em seu relatório de 2022 sobre o extremismo de esquerda na Alemanha se aplica bem a esse caso. O potencial de perigo continua "alto". O número de extremistas de esquerda orientados para a violência aumentou de cerca de 700 para 10.300. "Os atos de violência são realizados de forma planejada e direcionada por pequenos grupos, que agem de forma conspiratória e profissional."

De acordo com o BfV, o alvo da violência é "sobretudo a polícia e os extremistas de direita identificados como tal, mas também empresas, especialmente do setor imobiliário, continuam a ser alvo". Além disso, alguns desses extremistas tentam influenciar os protestos sobre as políticas climáticas.

Do ponto de vista puramente estatístico, no entanto, o extremismo de esquerda está em declínio acentuado, pelo menos quando se considera os crimes registrados. De 2022 para o 2021, houve uma queda de 31% no número de crimes com motivação política de esquerda.

No entanto, eles se referem principalmente a delitos de propaganda e danos à propriedade. O número de lesões corporais registradas caiu apenas 9%, de 438 para 399. Nesse ponto, a tendência é oposta no extremismo de direita: aumento de mais de 16%, de 869 para 1013 no período.

·         Preocupação no Departamento Federal de Investigações

O presidente do Departamento Federal de Investigações (BKA), Holger Münch, leva esses desenvolvimentos a sério: "Eles são direcionados contra nossa ordem básica democrática e livre e colocam em risco nossa paz social". Ele refere-se, em particular, ao extremismo de direita e aos crimes de ódio, amplamente difundidos na internet.

Mas o BfV também atesta um "alto nível de radicalização" do extremismo de esquerda voltado à violência. A disposição de usar a violência é tão pronunciada em alguns membros dessa cena "que eles se separam do resto do espectro orientado para a violência e cometem seus próprios atos, meticulosamente planejados e muitas vezes extremamente brutais, em pequenos grupos".

As cidades de Berlim, Hamburgo e Leipzig são descritas como locais críticos. Lina E., que foi condenada à prisão, é natural de Leipzig. A ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, comentou a decisão do juiz: "Não devemos permitir que essa espiral de radicalização e violência continue." Aparentemente, os limites de inibição foram reduzidos, suspeita a política social-democrata.

As sentenças contra Lina E. e seus cúmplices tiveram grande repercussão no cenário extremista de esquerda, segundo Faeser. Portanto, as autoridades de segurança "ficariam de olho neles", e estavam tomando medidas tão decisivas contra o extremismo de esquerda como contra o extremismo de direita ou o terrorismo islâmico.

·         Sem motivo para baixar a guarda

Embora o número de crimes e de violência de extremistas de esquerda tenha diminuído no último ano, o BfV não vê motivo para baixar a guarda: depois do forte aumento nos anos anteriores, isso deve ser visto como uma "estabilização em um nível alto".

O chefe do órgão, Thomas Haldenwang, vê o caso de Lina E. como parte de um fenômeno de longo prazo: "Se a espiral de radicalização continuar e os atos se tornarem cada vez mais brutais e desenfreados, ficaremos mais próximos do momento em que devemos falar também de terrorismo de esquerda", diz uma declaração dele na página do BfV.

O aumento da frequência dos protestos sobre a política climática está no radar das autoridades de segurança há algum tempo. Os extremistas de esquerda tentam justificar seu método de ação, incluindo a prática de atos criminosos e violentos, como um meio legítimo na batalha política para influenciar o debate, diz o relatório do BfV.

·         Para onde vai o Letzte Generation?

A desobediência civil foi reinterpretada, e a resistência deliberada e às vezes violenta foi equiparada aos movimentos de direitos humanos e civis que protestam de forma não violenta contra a injustiça. No entanto, quando essa análise era feita, não havia bloqueios de rua sistemáticos na Alemanha pelo grupo ambientalista que se autodenomina Letzte Generation (última geração).

Desde então, são presos cada vez mais membros do grupo, que colam suas mãos nas ruas e avenidas, paralisando o tráfego. Em maio, foram realizadas operações policiais em todo o país dentro de uma investigação sobre suspeita de apoio a organização criminosa. As ações das autoridades de segurança provocaram um debate acalorado sobre a sua proporcionalidade.

Antes de ter chegado a esse ponto, o cientista político e pesquisador de extremismo Armin Pfahl-Traughber defendeu os ativistas do Letzte Generation contra a acusação de extremismo de esquerda em um podcast do Centro Federal sobre Militância de Esquerda. "Eles se deixam ser presos pela polícia. Eles não resistem a isso. Eles não usam violência contra policiais", disse.

Todas essas são características distintas em comparação com as ações dos extremistas de esquerda. No entanto, Pfahl-Traughber não quer legitimar as ações. Ele as considera "estrategicamente equivocadas" por causa do descontentamento generalizado entre a população. E se preocupa com outros desdobramentos: "Se houver grandes experiências de frustração no movimento climático, um pequeno grupo poderá se radicalizar cada vez mais."

 

Ø  Ultradireita alemã avança em pesquisas eleitorais

 

Inflação, afluxo de imigrantes, disputas sobre custos de medidas climáticas e especialmente uma crescente insatisfação com a atual coalizão de governo têm turbinado a ultradireita alemã na preferência do eleitorado.

Uma pesquisa divulgada na noite de quinta-feira (01/06) mostrou que, se a nova eleição parlamentar alemã ocorresse hoje, o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) poderia contar com apoio de 18% do eleitorado, aparecendo empatado na segunda posição com o Partido Social-Democrata (SPD) do atual chanceler federal Olaf Scholz, que também registrou 18%.

Apenas o bloco conservador da ex-chanceler Angela Merkel, formado pela União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã (CSU), que formam bancada única no Parlamento alemão, aparecem à frente da ultradireita, registrando 29% das intenções na pesquisa divulgada pela emissora ARD. Já o Partido Verde, que compõe a atual coalizão de governo junto com o SPD, registraram 15%. O Partido Liberal Democrático (FDP), terceiro membro da coalizão, obteve 7%. O partido A Esquerda (Die Linke), apareceu com apenas 4%, abaixo da cláusula de barreira para ocupar cadeiras no Bundestag (Parlamento alemão).

A última vez que a AfD havia registrado tal preferência entre o eleitorado havia sido numa pesquisa em 2018, quando a aprovação do então governo Merkel estava em queda em meio a disputas internas. No momento, a situação de Scholz também é delicada. Segundo a pesquisa, apenas 20% do eleitorado afirmou estar satisfeito ou muito satisfeito com a atual coalizão tríplice de governo. Outros 79% afirmaram estarem menos satisfeitos ou nada satisfeitos.

Diante desse quadro, a ultradireita voltou a ser beneficiada com o desencanto do eleitorado com o governo da vez, crescendo dois pontos percentuais em relação ao último levantamento de maio. Mas nos últimos dois anos o crescimento foi maior entre o eleitorado. Nas últimas eleições federais de 2021, a AfD havia ficado em quinto lugar, atrás dos conservadores, social-democratas, verdes e liberais, com 10,3% dos votos.

Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência mais liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam na imprensa por falas incendiárias ou racistas, a legenda é rotineiramente acusada de abrigar neonazistas e já teve uma de suas alas colocada sob vigilância policial por suspeita de extremismo.

A AfD é especialmente forte nos estados do leste, que compunham a antiga Alemanha Oriental comunista. No último ano, políticos da sigla que têm seus redutos nessa área adotaram posições pró-Rússia, anti-sanções e contra ajuda militar ocidental à Ucrânia. O partido também tem conexões com a extrema-direita mundial. Em 2021, uma de suas deputadas, Beatrix von Storch, foi recebida pelo então presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

·         Termômetro

A próxima eleição federal alemã só está prevista para ocorrer em 2025, mas a atual pesquisa é encarada como um termômetro para importantes disputas estaduais que devem ocorrer em 2023 e 2024.

Em dois estados ocidentais que terão eleições em 2023, Baviera e Hesse, a AfD aparece estagnada nas pesquisas, com porcentagens similares aos resultados eleitorais obtidos em 2018.

No entanto, em três estados orientais que terão pleitos em 2024 – Brandemburgo, Saxônia e Turíngia –, a AfD registra um avanço entre o eleitorado. Na Turíngia, o partido aparece desbancando A Esquerda – sigla em parte formada por remanescentes do antigo partido comunista da Alemanha Oriental – na preferência do eleitorado. Em um levantamento divulgado em abril, a AfD registrou 28% da preferência local, contra 22% do A Esquerda, que havia ficado à frente na última eleição, em 2019.

Na Saxônia, uma pesquisa divulgada no final de maio também mostrou a AfD no topo, com 32%, à frente dos conservadores da CDU, que registraram 31%.

Já em Brandemburgo, o partido apareceu tecnicamente empatado com a CDU num levantamento em abril, com 23%, e à frente do SPD, que registrou 22%. No pleito de 2019, o SPD havia ficado na primeira posição, com 26,2%.

Eventuais triunfos eleitorais da AfD nesses três estados orientais podem levar a dificuldades de governabilidade, com outros partidos tradicionais sendo obrigados a costurar coalizões complexas para tentar barrar a influência da ultradireita nos parlamentos estaduais.

Na Turíngia, em 2020, o crescimento da AfD já havia provocado uma crise política e a consequente formação de uma tríplice coalizão entre A Esquerda, SPD e o Partido Verde, que mesmo assim não conseguiu maioria no Parlamento local. Desde então, essa coalizão, majoritariamente de esquerda, passou a depender de uma cooperação informal com os conservadores da CDU para garantir governabilidade e assegurar o isolamento da AfD. No entanto, a ultradireita alimenta a esperança de que um novo crescimento possa eventualmente levar a CDU a cooperar com a AfD.

·         Verdes sofrem desgaste, SPD em queda

Apontados como uma das sensações das eleições federais de 2021, os verdes alemães parecem distantes do entusiasmo que provocaram há dois anos ou das marcas acima dos 20% de preferência que registraram em algumas pesquisas em 2022.

Atualmente com 15% das intenções, o Partido Verde se tornou um dos principais alvos da insatisfação com a atual coalização de governo. Outra pesquisa divulgada nesta sexta-feira pelo jornal Die Welt mostrou que o co-líder da legenda, o atual ministro da Economia, Robert Habeck, é considerado um dos políticos mais impopulares da coalizão pelo eleitorado.

Habeck, que recentemente teve que lidar com o desgaste político após um de seus principais assessores acabar demitido devido a um escândalo de nepotismo, tem seu desempenho aprovado por apenas 23% do eleitorado. Ele aparece distante dos 53% do ministro da Defesa, Boris Pistorius (SPD), e até da verde Annalena Baerbock, que ocupa a pasta das Relações Exteriores e que registrou 39% no levantamento.

 O verde Habeck também sofreu recentemente uma forte reação negativa de parte do eleitorado após promover um projeto para banir a instalação de aquecedores domésticos a gás e óleo nas residências alemãs a partir de 2025 e permitir apenas equipamentos que tenham mais de 65% de sua energia produzida a partir de fontes renováveis. Essa agenda climática cara os verdes, no entanto, foi mal recebida por 49% do eleitorado. Pelo menos 67% manifestaram temor que a mudança cause impacto negativo em suas finanças.

O SPD do chanceler Scholz também apresenta queda na nova pesquisa. Além de aparecer empatado eleitoralmente com a AfD em 18%, o partido perdeu terreno em relação aos resultados do pleito de 2021, quando registrou 25,7% dos votos. Já o bloco conservador CDU/CSU, hoje na oposição, recuperou terreno ao registrar 29% da preferência do eleitorado – quase cinco pontos acima do seu resultado de 24,1% há dois anos.

·         Insatisfação com governo turbina ultradireita 

A nova pesquisa também mostra que a maior parte dos entrevistados que manifestaram apoio à AfD não o fizeram necessariamente por concordância com o programa da sigla. O levantamento mostra que 67% dos apoiadores da AfD pretendem optar pela sigla principalmente por desapontamento ou por se sentirem distantes de outros partidos. Apenas 32% dos apoiadores afirmaram que querem votar na ultradireita por convicção.

Ainda assim, a pesquisa revelou que a maior parte dos apoiadores da AfD são críticos à política migratória alemã, com o tema da entrada de estrangeiros encabeçando a lista de preocupações dessa fatia. Pelo menos 65% colocaram a imigração como tema mais importante.

Na sequência aparecem Política Energética e Climática (47%), Economia (43%), política externa (25%) e inflação (23%).

A pesquisa também mostrou que entre o eleitorado geral, que inclui apoiadores de todos os partidos, 67% se opõem a uma eventual entrega de caças de guerra pela Alemanha à Ucrânia. Apenas 28% são favoráveis a um plano nesse sentido. A oposição à proposta de envio de jatos é maioria em todo o espectro político, embora mais equilibrada entre o eleitorado verde. Já entre os apoiadores da AfD, a esmagadora maioria (90%) é contra o envio de aviões para ajudar Kiev em sua guerra defensiva contra a Rússia.

 

Ø  Ultradireitista impede palestra sobre Holocausto na Polônia

 

O Instituto Histórico Alemão em Varsóvia geralmente é um lugar de debates acadêmicos equilibrados baseados em fatos e argumentos pertinentes. Na noite de terça-feira (30/05), porém, o local foi palco de uma explosão política que se tornou violenta. Felizmente, ninguém ficou ferido – mas o equipamento técnico sofreu danos.

O incidente ocorreu durante uma palestra de Jan Grabowski, um renomado professor polonês-canadense de história e pesquisador do Holocausto.

Apenas alguns minutos após Grabowski ter começado a falar sobre o tópico anunciado, "Os problemas (crescentes) da Polônia com a história do Holocausto", o parlamentar de extrema direita Grzegorz Braun se levantou, gritou "basta" e invadiu o palco, tomando o microfone do palestrante e batendo com o aparelho várias vezes no púlpito.

O parlamentar, então, arrancou os cabos, derrubou o alto-falante e, dirigindo-se ao público chocado, disse que o evento havia terminado.

Nem o segurança da sala nem os policiais que foram chamados ao local conseguiram retirar Braun e seus apoiadores do recinto. O deputado evocou sua imunidade e alegou que a situação era de emergência.

Quando o diretor do instituto, Milos Reznik, censurou Braun por danificar a propriedade do instituto, o deputado assumiu um tom ainda mais agressivo:

"Um alemão em Varsóvia não vai me dizer que eu não devo danificar alguma coisa. Saia de Varsóvia, agora!", gritou.

·         Palestra cancelada

Apesar de ser vaiado pelo público e chamado, entre outras coisas, de "fascista" e "capacho russo", Braun se recusou a ceder. 

"Estou defendendo a nação polonesa contra um ataque provocado à sensibilidade histórica", disse aos policiais.

Após tentativas sem sucesso dos agentes em acalmar os ânimos, a polícia pediu que os presentes no evento se retirassem da sala.

Somente após o cancelamento do evento é que Braun deixou o prédio, gabando-se de sua "vitória".

Braun pertence à Confederação Liberdade e Independência, um pequeno grupo parlamentar composto por nove deputados e que tem ligações com o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD).

Protestos provocativos são uma característica de Braun. Nos últimos anos, ele se declarou contra as restrições impostas em razão da covid-19 e ameaçou o ministro da saúde no Parlamento.

Braun também considera a mídia independente como sua inimiga. Em 2012, disse que um em cada 10 jornalistas do periódico Gazeta Wyborcza e do canal de televisão TVN deveria ser baleado.

·         Oposição antes da palestra

Mesmo antes do evento, a palestra de Grabowski causou revolta entre membros da direita polonesa. Em 25 de maio, Jakub Kumoch, ex-assessor-chefe de política externa do presidente Andrzej Duda, criticou no Twitter o fato de a palestra estar sendo realizada no Instituto Histórico Alemão em Varsóvia. Kumoch é apontado pela mídia como provável próximo embaixador da Polônia na China.

Para ele, os alemães não têm o direito de ensinar nada aos poloneses sobre o Holocausto. Kumoch também acusou o instituto de "provocar um escândalo" para que os jornais alemães tivessem o que escrever.

·         Regresso à década de 1930?

"Estamos alcançando um novo nível de violência contra os acadêmicos", disse Grabowski ao portal Wirtualna Polska. Para ele, a situação atual lembra o ocorrido entre 1937-1939, quando acadêmicos foram atacados e tiveram suas palestras interrompidas na Polônia.

A opinião de Grabowski é compartilhada pelo historiador Szymon Rudnicki, autor de numerosas publicações sobre a direita radical polonesa no período entre guerras de 1918 a 1939. 

"Sinto como se tivesse sido transportado de volta à década de 1930", disse à DW.

"O que posso dizer?", questionou o diretor do Instituto Histórico Alemão em Varsóvia. "A situação fala por si. Vimos quem tem medo do debate sobre importantes problemas atuais", destacou, prometendo que o instituto retomaria o tema da palestra posteriormente.

Questionado se a decisão de cancelar o evento não teria sido como uma "capitulação", Reznik respondeu:

"Se o acadêmico disser que não vê como continuar a palestra, temos que aceitar".

·         Críticas da direita

Grabowski leciona na Universidade de Ottawa, no Canadá – e duas publicações o renderam muitos inimigos na Polônia, especialmente dentro do atual governo de direita. 

Entre outras coisas, seu livro Noite Sem Fim: o Destino dos Judeus na Polônia Ocupada, publicado pela primeira vez em polonês em 2018 e coescrito por Barbara Engelking, desencadeou uma onda de protestos.

A obra destaca o problema da violência perpetrada por cristãos poloneses contra judeus, em especial após a liquidação dos guetos pelos alemães em 1942, quando os sobreviventes buscaram ajuda de famílias polonesas no país.

A pesquisa foi criticada pelo Instituto de Memória Nacional da Polônia. Mas Grabowski foi apoiado pelo memorial do Holocausto Yad Vashem e pelo Instituto de História da Academia de Ciências da Polônia.

Nos últimos tempos, o governo polonês aumentou sua pressão sobre acadêmicos independentes que investigam aspectos críticos das relações polonesas-judaicas durante a Segunda Guerra Mundial.

"Não financiarei nenhum trabalho de pesquisa que vise difamar o bom nome do Estado polonês", disse o ministro da Educação e Ciência, Przemyslaw Czarnek, em uma reunião com uma delegação do Parlamento Europeu em Varsóvia, em meados de maio. 

A declaração levou a relações tensas com o governo israelense e pesquisadores do Holocausto em todo o mundo.

 

Fonte: Deutsche Welle

Nenhum comentário: