A cena de extrema esquerda na Alemanha
Agência de inteligência interna alemã vê "alto
nível de radicalização" na esquerda. O exemplo da estudante Lina E.,
condenada à prisão nesta semana, parece confirmar essa avaliação.
Lesões corporais graves e envolvimento em
organização criminosa – por essas acusações, a estudante Lina E., de 28 anos, foi condenada a
cinco anos e três meses de prisão por um tribunal da cidade alemã de Dresden
nesta quarta-feira (31/06). Outros três cúmplices receberam sentenças de cerca
de três anos. As vítimas agredidas eram extremistas de direita.
O juiz que os condenou, Hans Schlüter-Staats, citou
em sua sentença o ataque a um suposto neonazista, que foi severamente espancado
e "ficou com cicatrizes para sempre" por causa de um boné com um
logotipo da extrema direita. Esse ato mostra até que ponto a militância
antifascista pode chegar.
O que o Departamento Federal de Proteção da
Constituição (BfV), o órgão de inteligência interna alemão, escreveu em seu
relatório de 2022 sobre o extremismo de esquerda na Alemanha se aplica bem a
esse caso. O potencial de perigo continua "alto". O número de extremistas
de esquerda orientados para a violência aumentou de cerca de 700 para 10.300.
"Os atos de violência são realizados de forma planejada e direcionada por
pequenos grupos, que agem de forma conspiratória e profissional."
De acordo com o BfV, o alvo da violência é
"sobretudo a polícia e os extremistas de direita identificados como tal,
mas também empresas, especialmente do setor imobiliário, continuam a ser
alvo". Além disso, alguns desses extremistas tentam influenciar os
protestos sobre as políticas climáticas.
Do ponto de vista puramente estatístico, no entanto,
o extremismo de esquerda está em declínio acentuado, pelo menos quando se
considera os crimes registrados. De 2022 para o 2021, houve uma queda de 31% no
número de crimes com motivação política de esquerda.
No entanto, eles se referem principalmente a delitos
de propaganda e danos à propriedade. O número de lesões corporais registradas
caiu apenas 9%, de 438 para 399. Nesse ponto, a tendência é oposta no
extremismo de direita: aumento de mais de 16%, de 869 para 1013 no período.
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Preocupação no Departamento Federal de Investigações
O presidente do Departamento Federal de
Investigações (BKA), Holger Münch, leva esses desenvolvimentos a sério:
"Eles são direcionados contra nossa ordem básica democrática e livre e
colocam em risco nossa paz social". Ele refere-se, em particular, ao
extremismo de direita e aos crimes de ódio, amplamente difundidos na internet.
Mas o BfV também atesta um "alto nível de
radicalização" do extremismo de esquerda voltado à violência. A disposição
de usar a violência é tão pronunciada em alguns membros dessa cena "que
eles se separam do resto do espectro orientado para a violência e cometem seus
próprios atos, meticulosamente planejados e muitas vezes extremamente brutais,
em pequenos grupos".
As cidades de Berlim, Hamburgo e Leipzig são
descritas como locais críticos. Lina E., que foi condenada à prisão, é natural
de Leipzig. A ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, comentou a
decisão do juiz: "Não devemos permitir que essa espiral de radicalização e
violência continue." Aparentemente, os limites de inibição foram
reduzidos, suspeita a política social-democrata.
As sentenças contra Lina E. e seus cúmplices tiveram
grande repercussão no cenário extremista de esquerda, segundo Faeser. Portanto,
as autoridades de segurança "ficariam de olho neles", e estavam
tomando medidas tão decisivas contra o extremismo de esquerda como contra o
extremismo de direita ou o terrorismo islâmico.
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Sem motivo para baixar a guarda
Embora o número de crimes e de violência de
extremistas de esquerda tenha diminuído no último ano, o BfV não vê motivo para
baixar a guarda: depois do forte aumento nos anos anteriores, isso deve ser
visto como uma "estabilização em um nível alto".
O chefe do órgão, Thomas Haldenwang, vê o caso de
Lina E. como parte de um fenômeno de longo prazo: "Se a espiral de
radicalização continuar e os atos se tornarem cada vez mais brutais e
desenfreados, ficaremos mais próximos do momento em que devemos falar também de
terrorismo de esquerda", diz uma declaração dele na página do BfV.
O aumento da frequência dos protestos sobre a
política climática está no radar das autoridades de segurança há algum tempo.
Os extremistas de esquerda tentam justificar seu método de ação, incluindo a
prática de atos criminosos e violentos, como um meio legítimo na batalha
política para influenciar o debate, diz o relatório do BfV.
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Para onde vai o Letzte Generation?
A desobediência civil foi reinterpretada, e a
resistência deliberada e às vezes violenta foi equiparada aos movimentos de
direitos humanos e civis que protestam de forma não violenta contra a
injustiça. No entanto, quando essa análise era feita, não havia bloqueios de
rua sistemáticos na Alemanha pelo grupo ambientalista que se autodenomina
Letzte Generation (última geração).
Desde então, são presos cada vez mais membros do
grupo, que colam suas mãos nas ruas e avenidas, paralisando
o tráfego. Em maio, foram realizadas operações policiais em todo o país dentro
de uma investigação sobre suspeita de apoio a organização criminosa. As ações
das autoridades de segurança provocaram um debate acalorado sobre a sua
proporcionalidade.
Antes de ter chegado a esse ponto, o cientista
político e pesquisador de extremismo Armin Pfahl-Traughber defendeu os
ativistas do Letzte Generation contra a acusação de extremismo de esquerda em
um podcast do Centro Federal sobre Militância de Esquerda. "Eles se deixam
ser presos pela polícia. Eles não resistem a isso. Eles não usam violência
contra policiais", disse.
Todas essas são características distintas em
comparação com as ações dos extremistas de esquerda. No entanto,
Pfahl-Traughber não quer legitimar as ações. Ele as considera
"estrategicamente equivocadas" por causa do descontentamento
generalizado entre a população. E se preocupa com outros desdobramentos:
"Se houver grandes experiências de frustração no movimento climático, um
pequeno grupo poderá se radicalizar cada vez mais."
Ø Ultradireita alemã avança em pesquisas eleitorais
Inflação, afluxo de imigrantes, disputas
sobre custos de medidas climáticas e
especialmente uma crescente insatisfação com a atual coalizão de governo têm
turbinado a ultradireita alemã na preferência do eleitorado.
Uma pesquisa divulgada na noite de quinta-feira
(01/06) mostrou que, se a nova eleição parlamentar alemã ocorresse hoje, o
partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) poderia contar com
apoio de 18% do eleitorado, aparecendo empatado na segunda posição com o
Partido Social-Democrata (SPD) do atual chanceler federal Olaf Scholz, que
também registrou 18%.
Apenas o bloco conservador da ex-chanceler
Angela Merkel, formado pela União Democrata Cristã (CDU) e a União Social
Cristã (CSU), que formam bancada única no Parlamento alemão, aparecem à frente
da ultradireita, registrando 29% das intenções na pesquisa divulgada pela
emissora ARD. Já o Partido Verde, que compõe a atual coalizão de governo
junto com o SPD, registraram 15%. O Partido Liberal
Democrático (FDP), terceiro membro da coalizão, obteve 7%. O partido A
Esquerda (Die Linke), apareceu com apenas 4%, abaixo da cláusula de barreira
para ocupar cadeiras no Bundestag (Parlamento alemão).
A última vez que a AfD havia registrado tal
preferência entre o eleitorado havia sido numa pesquisa em 2018, quando a
aprovação do então governo Merkel estava em queda em meio a disputas
internas. No momento, a situação de Scholz também é delicada. Segundo a
pesquisa, apenas 20% do eleitorado afirmou estar satisfeito ou muito
satisfeito com a atual coalizão tríplice de governo. Outros 79% afirmaram
estarem menos satisfeitos ou nada satisfeitos.
Diante desse quadro, a ultradireita voltou a
ser beneficiada com o desencanto do eleitorado com o governo da vez, crescendo
dois pontos percentuais em relação ao último levantamento de maio. Mas nos
últimos dois anos o crescimento foi maior entre o eleitorado. Nas últimas eleições
federais de 2021, a AfD havia ficado em quinto lugar, atrás dos
conservadores, social-democratas, verdes e liberais, com 10,3% dos votos.
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência mais liberal, a AfD
rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos
refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que
se destacam na imprensa por falas incendiárias ou racistas, a legenda é rotineiramente acusada de abrigar neonazistas e já teve uma
de suas alas colocada sob vigilância policial por
suspeita de extremismo.
A AfD é especialmente forte nos
estados do leste, que compunham a antiga Alemanha Oriental
comunista. No último ano, políticos da sigla que têm seus redutos nessa
área adotaram
posições pró-Rússia, anti-sanções e contra ajuda militar ocidental à
Ucrânia. O partido também tem conexões com a extrema-direita mundial. Em 2021,
uma de suas deputadas, Beatrix von Storch, foi recebida pelo então presidente
brasileiro Jair Bolsonaro.
·
Termômetro
A próxima eleição federal alemã só está prevista
para ocorrer em 2025, mas a atual pesquisa é encarada como um termômetro para
importantes disputas estaduais que devem ocorrer em 2023 e 2024.
Em dois estados ocidentais que terão eleições em
2023, Baviera e Hesse, a AfD aparece estagnada nas pesquisas, com porcentagens
similares aos resultados eleitorais obtidos em 2018.
No entanto, em três estados orientais que terão
pleitos em 2024 – Brandemburgo, Saxônia e Turíngia –, a AfD registra um avanço
entre o eleitorado. Na Turíngia, o partido aparece desbancando A Esquerda –
sigla em parte formada por remanescentes do antigo partido comunista da
Alemanha Oriental – na preferência do eleitorado. Em um levantamento divulgado
em abril, a AfD registrou 28% da preferência local, contra 22% do A Esquerda,
que havia ficado à frente na última eleição, em 2019.
Na Saxônia, uma pesquisa divulgada no final de maio
também mostrou a AfD no topo, com 32%, à frente dos conservadores da CDU, que
registraram 31%.
Já em Brandemburgo, o partido apareceu tecnicamente
empatado com a CDU num levantamento em abril, com 23%, e à frente do SPD, que
registrou 22%. No pleito de 2019, o SPD havia ficado na primeira posição, com
26,2%.
Eventuais triunfos eleitorais da AfD nesses três
estados orientais podem levar a dificuldades de governabilidade, com outros
partidos tradicionais sendo obrigados a costurar coalizões complexas para
tentar barrar a influência da ultradireita nos parlamentos estaduais.
Na Turíngia, em 2020, o crescimento da AfD já
havia provocado
uma crise política e a consequente formação de uma tríplice
coalizão entre A Esquerda, SPD e o Partido Verde, que mesmo assim não
conseguiu maioria no Parlamento local. Desde então, essa coalizão,
majoritariamente de esquerda, passou a depender de uma cooperação informal com
os conservadores da CDU para garantir governabilidade e assegurar o isolamento
da AfD. No entanto, a ultradireita alimenta a esperança de que um novo
crescimento possa eventualmente levar a CDU a cooperar com a AfD.
·
Verdes sofrem desgaste, SPD em queda
Apontados como uma das sensações das eleições
federais de 2021, os verdes alemães parecem distantes do entusiasmo que
provocaram há dois anos ou das marcas acima dos 20% de preferência que
registraram em algumas pesquisas em 2022.
Atualmente com 15% das intenções, o Partido Verde se
tornou um dos principais alvos da insatisfação com a atual coalização de
governo. Outra pesquisa divulgada nesta sexta-feira pelo jornal Die
Welt mostrou que o co-líder da legenda, o atual ministro da Economia,
Robert Habeck, é considerado um dos políticos mais impopulares da coalizão pelo
eleitorado.
Habeck, que recentemente teve que lidar com o
desgaste político após um de seus principais assessores acabar demitido devido
a um escândalo
de nepotismo, tem seu desempenho aprovado por apenas 23% do
eleitorado. Ele aparece distante dos 53% do ministro da Defesa, Boris Pistorius
(SPD), e até da verde Annalena Baerbock, que ocupa a pasta das Relações
Exteriores e que registrou 39% no levantamento.
O verde Habeck também sofreu recentemente uma
forte reação negativa de parte do eleitorado após promover um projeto para
banir a instalação de aquecedores domésticos a gás e óleo nas residências
alemãs a partir de 2025 e permitir apenas equipamentos que tenham mais de 65%
de sua energia produzida a partir de fontes renováveis. Essa agenda climática
cara os verdes, no entanto, foi mal recebida por 49% do eleitorado. Pelo menos
67% manifestaram temor que a mudança cause impacto negativo em suas
finanças.
O SPD do chanceler Scholz também apresenta
queda na nova pesquisa. Além de aparecer empatado eleitoralmente com a AfD
em 18%, o partido perdeu terreno em relação aos resultados do pleito de 2021,
quando registrou 25,7% dos votos. Já o bloco conservador CDU/CSU, hoje na
oposição, recuperou terreno ao registrar 29% da preferência do eleitorado –
quase cinco pontos acima do seu resultado de 24,1% há dois anos.
·
Insatisfação com governo turbina ultradireita
A nova pesquisa também mostra que a maior parte dos
entrevistados que manifestaram apoio à AfD não o fizeram necessariamente
por concordância com o programa da sigla. O levantamento mostra que 67% dos
apoiadores da AfD pretendem optar pela sigla principalmente por desapontamento
ou por se sentirem distantes de outros partidos. Apenas 32% dos apoiadores
afirmaram que querem votar na ultradireita por convicção.
Ainda assim, a pesquisa revelou que a maior parte
dos apoiadores da AfD são críticos à política migratória alemã, com o tema da
entrada de estrangeiros encabeçando a lista de preocupações dessa fatia. Pelo
menos 65% colocaram a imigração como tema mais importante.
Na sequência aparecem Política Energética e
Climática (47%), Economia (43%), política externa (25%) e inflação (23%).
A pesquisa também mostrou que entre o eleitorado
geral, que inclui apoiadores de todos os partidos, 67% se opõem a uma eventual
entrega de caças de guerra pela Alemanha à Ucrânia. Apenas 28% são favoráveis a
um plano nesse sentido. A oposição à proposta de envio de jatos é maioria
em todo o espectro político, embora mais equilibrada
entre o eleitorado verde. Já entre os apoiadores da AfD, a esmagadora maioria
(90%) é contra o envio de aviões para ajudar Kiev em sua guerra defensiva
contra a Rússia.
Ø Ultradireitista impede palestra sobre Holocausto na Polônia
O Instituto Histórico Alemão
em Varsóvia geralmente é um lugar de debates acadêmicos equilibrados
baseados em fatos e argumentos pertinentes. Na noite de terça-feira (30/05),
porém, o local foi palco de uma explosão política que se tornou
violenta. Felizmente, ninguém ficou ferido – mas o equipamento técnico
sofreu danos.
O incidente ocorreu durante uma palestra de Jan
Grabowski, um renomado professor polonês-canadense de história e pesquisador
do Holocausto.
Apenas alguns minutos após Grabowski ter começado a
falar sobre o tópico anunciado, "Os problemas (crescentes) da Polônia com a história do Holocausto", o parlamentar de extrema
direita Grzegorz Braun se levantou, gritou "basta" e invadiu
o palco, tomando o microfone do palestrante e batendo com o aparelho
várias vezes no púlpito.
O parlamentar, então, arrancou os cabos, derrubou o
alto-falante e, dirigindo-se ao público chocado, disse que o evento havia
terminado.
Nem o segurança da sala nem os policiais que foram
chamados ao local conseguiram retirar Braun e seus apoiadores do
recinto. O deputado evocou sua imunidade e alegou que a situação era de
emergência.
Quando o diretor do instituto, Milos Reznik,
censurou Braun por danificar a propriedade do instituto, o deputado assumiu um
tom ainda mais agressivo:
"Um alemão em Varsóvia não vai me dizer que eu
não devo danificar alguma coisa. Saia de Varsóvia, agora!", gritou.
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Palestra cancelada
Apesar de ser vaiado pelo público e chamado, entre
outras coisas, de "fascista" e "capacho russo", Braun se
recusou a ceder.
"Estou defendendo a nação polonesa contra um
ataque provocado à sensibilidade histórica", disse aos policiais.
Após tentativas sem sucesso dos agentes em acalmar
os ânimos, a polícia pediu que os presentes no evento se retirassem da sala.
Somente após o cancelamento do evento é que Braun
deixou o prédio, gabando-se de sua "vitória".
Braun pertence à Confederação Liberdade e
Independência, um pequeno grupo parlamentar composto por nove deputados e que
tem ligações com o partido de extrema direita Alternativa
para a Alemanha (AfD).
Protestos provocativos são uma característica de
Braun. Nos últimos anos, ele se declarou contra as restrições impostas
em razão da covid-19 e ameaçou o ministro da saúde no Parlamento.
Braun também considera a mídia
independente como sua inimiga. Em 2012, disse que um em cada 10
jornalistas do periódico Gazeta Wyborcza e do canal de
televisão TVN deveria ser baleado.
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Oposição antes da palestra
Mesmo antes do evento, a palestra de Grabowski
causou revolta entre membros da direita polonesa. Em 25 de maio, Jakub Kumoch,
ex-assessor-chefe de política externa do presidente Andrzej Duda, criticou no
Twitter o fato de a palestra estar sendo realizada no Instituto Histórico
Alemão em Varsóvia. Kumoch é apontado pela mídia como provável próximo
embaixador da Polônia na China.
Para ele, os alemães não têm o direito de ensinar
nada aos poloneses sobre o Holocausto. Kumoch também acusou o instituto de
"provocar um escândalo" para que os jornais alemães tivessem o que
escrever.
·
Regresso à década de 1930?
"Estamos alcançando um novo nível de violência
contra os acadêmicos", disse Grabowski ao portal Wirtualna Polska. Para
ele, a situação atual lembra o ocorrido entre 1937-1939, quando acadêmicos
foram atacados e tiveram suas palestras interrompidas na Polônia.
A opinião de Grabowski é compartilhada pelo historiador
Szymon Rudnicki, autor de numerosas publicações sobre a direita radical
polonesa no período entre guerras de 1918 a 1939.
"Sinto como se tivesse sido transportado de
volta à década de 1930", disse à DW.
"O que posso dizer?", questionou o diretor
do Instituto Histórico Alemão em Varsóvia. "A situação fala por
si. Vimos quem tem medo do debate sobre importantes problemas atuais",
destacou, prometendo que o instituto retomaria o tema da palestra
posteriormente.
Questionado se a decisão de cancelar o evento não
teria sido como uma "capitulação", Reznik respondeu:
"Se o acadêmico disser que não vê como
continuar a palestra, temos que aceitar".
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Críticas da direita
Grabowski leciona na Universidade de Ottawa, no
Canadá – e duas publicações o renderam muitos inimigos na Polônia,
especialmente dentro do atual governo de direita.
Entre outras coisas, seu livro Noite Sem
Fim: o Destino dos Judeus na Polônia Ocupada, publicado pela primeira
vez em polonês em 2018 e coescrito por Barbara Engelking, desencadeou uma onda
de protestos.
A obra destaca o problema da violência perpetrada
por cristãos poloneses contra judeus, em especial após a liquidação dos
guetos pelos alemães em 1942, quando os sobreviventes buscaram ajuda de
famílias polonesas no país.
A pesquisa foi criticada pelo
Instituto de Memória Nacional da Polônia. Mas Grabowski foi
apoiado pelo memorial do
Holocausto Yad Vashem e pelo Instituto de História da Academia de
Ciências da Polônia.
Nos últimos tempos, o governo polonês aumentou sua
pressão sobre acadêmicos independentes que investigam aspectos críticos das
relações polonesas-judaicas durante a Segunda
Guerra Mundial.
"Não financiarei nenhum trabalho de pesquisa
que vise difamar o bom nome do Estado polonês", disse o ministro da
Educação e Ciência, Przemyslaw Czarnek, em uma reunião com uma delegação do
Parlamento Europeu em Varsóvia, em meados de maio.
A declaração levou a relações tensas com o governo
israelense e pesquisadores do Holocausto em todo o mundo.
Fonte: Deutsche Welle

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