Os primeiros cinco meses de governo Bolsonaro mostram que a
lição vem sendo timidamente aprendida por aqueles que depositaram ódio nas
urnas ao invés de esperança. De todos os espantalhos criados, volta do
comunismo, bolivarianismo, marxismo cultural, o que vem se percebendo é o
cansaço do uso da carta coringa que invoca o PT para qualquer situação de
embate. Nem mesmo a tentativa de alinhar
luslismo ao Bolsonarismo, tática comum de porta-vozes da mídia, está colando.
Tudo está muito recente e qualquer tentativa de se
desvencilhar da tomada do poder pelo Bolsonaro é imediatamente lembrada como
oportunismo pelo resgate de textos, gestos, e palavras ditas durante a última
campanha eleitoral.
O didatismo da vitória, e consequente desastroso governo
Bolsonaro, é reforçado pela caracterização cada vez mais clara da Lava-Jato
como projeto de poder politico. Não há como negar que os fatos que vêm se
desenrolando atestam muito mais as antes ridicularizadas teorias petistas de
perseguição política. Talvez seja esse o único e maior incômodo de todos
aqueles que, de forma clara ou sutil, da Direita e da Esquerda, contribuíram
para a demonização da Política por meio da atribuição de todos os males
brasileiros a um único partido.
A demonização da atividade política, que hoje vemos não é o
forte do presidente da República, foi a morte, ou o esvaziamento, daquilo que
parece ser a única forma do Brasil voltar a ser respeitado como nação. A ideia
que só existe salvação se for a da política está totalmente ligada à ideia de
que existe um nós contra eles.
O famoso nós contra eles atribuído a Lula inúmeras vezes é,
na verdade, fruto do discurso demonizador da política, que tem no Bolsonarismo
seu ápice, e não da retórica do ex-presidente. Nesse sentido, a Esquerda tem
sua parcela de culpa porque acha que a saída para o Brasil é que para as
classes baixas emergirem é preciso destruição do chamado Mercado representado
pelos bancos e mídias corporativas. Da mesma forma, a Direita acha que o
caminho do desenvolvimento é a perda de direitos e destruição do pensamento
socialista.
A lógica de destruição do outro mostra, através de
Bolsonaro, que a única forma do Brasil voltar a ter normalidade institucional é
por meio de um governo em que TODOS GANHEM e não apenas um ou outro. Os bancos
podem lucrar bilhões, sim! Desde que as pessoas escalem socialmente (por meio
de politicas públicas e privadas) e tenham a estabilidade financeira florescida
de forma a criar expectativas positivas para as futuras gerações. Se alguém
acha que isso é um absurdo, é um fanático esquerdista ou direitista.
Porém, há um ponto em que o angu cria caroço no Brasil. Como
fazer para todos ganharem se para isso é preciso fazer política e escutar todos
os lados, atitude interpretada como politicagem, corrupção, por nove entre dez
brasileiros? É chegada a hora da morte do moralismo purificador porque esse é o
motor da desordem brasileira, da lógica de destruição instrumentalizada, aquela
utilizada toda vez que se quer destruir quem quer que seja.
Bolsonaro e sua eleição ensinam aos brasileiros de forma
literal que a bandeira da luta contra corrupção deve sempre ser olhada com
desconfiança porque tudo que é pura no Brasil, destrói.
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