As últimas palavras do presidente Lula a respeito da crise criada pelo senador Sarney, aliados, amigos e familiares, demonstra que Lula está tentando se distanciar da crise de forma que não tenha a sua popularidade atingida. Esta é o seu único objetivo.
O que se tem observado, é que os nossos parlamentares tem se utilizado dos períodos de recesso em especial no meio do ano, para buscar dissipar crises. Parece não ser esse o caso dessa vez. Assim, foi quebrada uma tradição do nosso Congresso.
A volta aos trabalhos legislativos no segundo semestre se fará com a crise cada vez maior, e os fatos negativos se acumulando sobre a cabeça dos senadores de forma contundente.
Novos ingredientes a cada dia são acrescentados e a temperatura contnua em alta contra o presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP) no conselho de Ética.
Só para lembrar as acusações ao presidente Sarney são diversas, entre elas: mentira ao Parlamento, nepotismo, uso de ato secreto para beneficiar parente, tráfico de influência no caso do neto intermediário de operações de crédito consignado para funcionários, sonegação de impostos, desvio de dinheiro de empresas públicas (Petrobras e Eletrobrás) para as contas das empresas da família Sarney, etc., etc., etc.. E o pior foi a última, se é que teremos a última em relação à família Sarney, a de utilizar e uma magistrado amigo para censurar os jornais, impedindo qualquer publicação a respeito do inquérito policial do filhinho Fernando Sarney, tendo uma recaída dos tempos da Arena.
Porém, retornando ao presidente Lula, observa-se que depois de diversas declarações de apoio ao presidente do Senado, quando tiveram início o seu calvário, este parece que resolveu recuar, ao se pronunciar em público que a questão Sarney é um problema do Senado. Assim, o presidente Lula lava as mãos: "Não é problema meu. Não votei em Sarney para presidente do Senado. Então, quem tem de decidir é o Senado, não eu", afirmou Lula.
Todos sabemos que há uma grande possibilidade de renúncia do senador Sarney ao cargo, porém é necessário que não se troque seis por meia dúzia e seria importante que os líderes aliados e de oposição iniciem as negociações, de forma que se coloque alguém comprometido em recuperar não só a imagem da Casa mas da instituição como um todo, e que este nome tenha o respeito da população.
Chega de empurrar e termos que engolir nomes como o dos Renans, Duques, Salgados e cia. ltda.
Sabe-se que a saída de Sarney da presidência cria um grande problema para os planos de Lula, no entanto a mudança de seu discurso em relação ao presidente do Senado segundo informações obtidas por pessoas próximas ao Palácio começou a ser ensaiada na semana passada, quando o Planalto recebeu uma pesquisa mostrando os efeitos da crise política sobre o governo. A consulta revelou que a tentativa de se dar uma blindagem para Sarney não foi assimilada pela opinião pública e, para piorar a situação, a defesa feita pelo governo estava "pegando mal" tanto para Lula como para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, em 2010.
Assim, a mudança de planos é apenas uma reflexão e o que o presidente Lula está tentando é apenas de se distanciar da crise para não contaminar sua popularidade. Porém, o que se observa nos subterfúgios do poder é que seus operadores continuam em ação trabalhando firmemente para assar a maior pizza jamais vista no Congresso Nacional.
O ex-senador Antônio Carlos Magalhães antes de renunciar também havia chegado a uma situação limite. Sua base eleitoral na Bahia se desfazia a olhos vistos. Nas esquinas de Salvador e nos bares formavam-se pequenas multidões para assistir às transmissões da TV Senado.
Tal qual como ocorreu com o senador Antonio Carlos Magalhães no episódio da violação do painel eletrônico, o presidente Sarney hoje se sente pressionado por todos os lados, por parte do governo e sua tropa de choque, pela família que já sem os anéis está aterrorizado com as perspectiva de perder os dedos, e pela opinião pública implacável no seu julgamento.
Partir para a retaliação como ameaça a tropa de choque de Sarney parece ser uma solução muito pior do que a renúncia e adianto desde já que além de ser muito mal vista pelo conjunto dos senadores, uma vez que este não é o caminho para resolver o problema, a população também não a aceitará. O que queremos é que quem tiver culpa no cartório que pague seja quem for, senão o prenúncio para o segundo semestre é que será pior do que o primeiro.
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