Luís
Nassif: Xadrez de Trump e o controle da moeda pelos bilionários
Se
quiser entender os movimentos erráticos do presidente norte-americano Donald
Trump, mire-se no financista escocês John Law, e não no presidente
norte-americano James Madison, o primeiro a utilizar tarifas para implementar a
industrialização.
O que
está em jogo, por parte de Trump e do clube dos bilionários, não é uma mera
guerra tarifária e uma competição com a China. Eles querem, efetivamente, é o
controle do sistema monetário nacional, criando um caos completo que permita a
implantação das moedas universais, as criptomoedas, em substituição aos
sistemas monetários nacionais.
As
maiores tacadas da história ocorreram em processos de mudança nos padrões
monetários. Ocorreu na França napoleônica, no Brasil do Encilhamento, no início
da República, e no Brasil do Plano Real.
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Peça 1 – John Law e o papel moeda
A
reforma monetária de John Law foi uma série de medidas econômicas e financeiras
implementadas na França no início do século XVIII, durante a Regência de Filipe
II, Duque de Orleães (1715-1723), após a morte de Luís XIV. John Law, um
economista e financista escocês, propôs soluções para resolver a crise
financeira do reino francês, que estava endividado após anos de guerras e
gastos excessivos.
- Introdução do
Papel-Moeda (1716-1720):
- Law fundou
o Banco Geral (Banque Générale) em 1716, que emitia
notas lastreadas em moedas de prata. Esse banco foi transformado em Banco
Real (Banque Royale) em 1718, sob controle do Estado.
- A ideia era
substituir o metal (ouro e prata) por papel-moeda, aumentando a
circulação de dinheiro e estimulando a economia.
- Criação da
Companhia do Mississippi (1717):
- Law fundou
a Companhia do Ocidente (depois Companhia das
Índias Orientais), que detinha o monopólio do comércio colonial
francês, especialmente na Louisiana (América do Norte).
- A empresa
absorveu outras companhias comerciais e a dívida pública francesa,
tornando-se uma gigante financeira.
- Conversão da
Dívida Pública em Ações:
- Law propôs que
os detentores de títulos da dívida pública os trocassem por ações da
Companhia do Mississippi, reduzindo o endividamento do Estado.
- Isso gerou um
grande interesse especulativo, levando a um aumento artificial no valor
das ações (o que ficou conhecido como “Bolha do Mississippi”).
- Expansão do
Crédito e Inflação:
- O Banco Real
emitiu grandes quantidades de papel-moeda sem lastro suficiente, levando
a uma desvalorização da moeda.
- A confiança no
sistema diminuiu quando as pessoas perceberam que as riquezas prometidas
na Louisiana eram exageradas.
- Colapso do
Sistema (1720):
- Em 1720, a
bolha especulativa estourou, e o valor das ações despencou.
- Muitos
investidores ficaram arruinados, e o papel-moeda perdeu quase todo seu
valor.
- Law foi
demitido e fugiu da França, enquanto o governo retomou o padrão-ouro.
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Peça 2 – o Encilhamento e o Plano Real
Deu-se
esse nome, de Encilhamento, ao vendaval especulativo que explodiu no país, no
início da República, estimulado pelas decisões do então Ministro da Fazenda Ruy
Barbosa.
Houve
uma mudança do padrão monetário – do padrão ouro para o papel-moeda – e,
aproveitou-se o momento para grandes “tacadas”, denominação dos golpes
financeiros aplicados principalmente por Carlito, o Carlos de Sá Barbosa,
sobrinho de Ruy e principal articulador dos golpes financeiros do tio. Ruy
entregou a um banco particular – do Conselheiro Mayrink – o controle das
emissões monetárias. E se tornou sócio do banqueiro.
Carlito
foi o principal responsável por uma das primeiras bolhas especulativas da
história do Brasil, a da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, através de
“tacadas” na Companhia de Gás do Rio de Janeiro, em companhias ferroviárias e
de telégrafos.
Caiu o
governo Deodoro e Ruy Barbosa precisou se exilar na Inglaterra.
O Real
foi bem sucedido, em cima das lições trazidas pelo Encilhamento – e que foram
tema de um trabalho do jovem Gustavo Franco. Todas as regras de conversão da
moeda privilegiavam os detentores de dólares. E a ação do governo no controle
do câmbio foi central para as grandes tacadas dos economistas do Real no
mercado futuro de câmbio.
Conto
em detalhes sua história no livro “Os Cabeças de Planilha”.
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Peça 3 – o controle da moeda pelos bilionários
Linha
do Tempo – Bilionários e a Ascensão das Criptomoedas
📌 2017
- Peter Thiel investe
pessoalmente e através da Founders Fund em Bitcoin, comprando centenas de
milhões de dólares em BTC, apostando no ativo como reserva de valor
futura.
- Chamath
Palihapitiya (ex-Facebook)
declara publicamente que já tem Bitcoin desde 2012 e que o ativo vai
“descentralizar o poder financeiro”.
📌 2018
- Jack Dorsey (Twitter/Square)
afirma: “O Bitcoin será a única moeda global no futuro.”
- A Square começa
a permitir a compra e venda de BTC em seu app Cash App, dando um passo
para uso mainstream.
📌 2020
- MicroStrategy, sob liderança
de Michael Saylor, compra seus primeiros US$ 250
milhões em Bitcoin, transformando o BTC em parte do caixa corporativo.
- Paul Tudor Jones, bilionário
gestor de fundos, chama o Bitcoin de “o cavalo mais rápido na corrida
contra a inflação”.
- Jack Dorsey e Jay-Z criam
um fundo para desenvolver o Bitcoin como moeda global, especialmente na
África.
📌 2021
- Tesla compra US$
1,5 bilhão em Bitcoin, e Elon Musk anuncia que aceitará BTC como
pagamento por veículos (embora depois reverta).
- Cathie Wood da ARK
Invest aumenta exposição institucional ao Bitcoin e à Coinbase.
- El Salvador se torna o
primeiro país a adotar o Bitcoin como moeda oficial, com apoio direto de
várias figuras do mercado cripto.
- CZ (Binance) anuncia
expansão agressiva para países em desenvolvimento e integração de mais
soluções DeFi.
📌 2022
- Jack Dorsey renomeia a
Square para Block, para reforçar o foco em blockchain e
finanças descentralizadas.
- Lançamento
da Lightning Network integrada ao Cash App, permitindo
micropagamentos em BTC com taxa quase zero.
- Michael Saylor deixa o
cargo de CEO da MicroStrategy para focar exclusivamente em Bitcoin
institucional.
📌 2023
- Tim Draper afirma
publicamente que até 2030 o Bitcoin será a principal moeda de transações
globais.
- Andreessen
Horowitz investe
bilhões em startups de Web3 e blockchain (via fundo a16z Crypto).
- Coinbase (Brian
Armstrong) intensifica lobby em Washington para criar regras claras
pró-cripto nos EUA.
📌 2024
- Michael Saylor anuncia
que a MicroStrategy acumulou mais de 200.000 BTC.
- BlackRock, maior gestora
do mundo, lança ETF de Bitcoin, dando respaldo institucional definitivo.
- Elon Musk sugere que
o X (Twitter) poderá integrar criptoativos diretamente para pagamentos
globais.
- CZ (Binance)
é processado, mas o mercado se fortalece com maior transparência e
regulação.
🔮 Tendências futuras
(2025 e além)
- Mais bilionários
devem adotar estratégias de proteção contra inflação via cripto.
- Crescimento
de nacionais digitais baseadas em blockchain, pressionando o
dólar e moedas fiat.
- Adoção de Stablecoins
privadas e públicas em pagamentos internacionais.
- Fortalecimento
do papel de Bitcoin como ouro digital, com países acumulando
BTC em reservas.
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Peça 4 – é a moeda, estúpido!
À luz
dessas informações, é possível identificar o método na loucura de Donald Trump.
Alguém poderia supor que, por mais tosco que fosse, Trump não imaginou o caos
que provocaria com suas investidas? Até o cachorrinho da sua secretária sabia.
Trump
explora o nacionalismo norte-americano, a crítica ao Estado pela ultradireita,
as reclamações do americano branco para simular uma defesa da
reindustrialização.
O que
busca, na verdade, é o caos completo, a partir do qual – imagina ele – surgirá
um novo mundo, com os bilionários controlando corações, mentes e a moeda.
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Rajiv Mehta: China reordena economia global com moeda
digital
O Povo
#Bank de #China anunciou repentinamente que o sistema de liquidação
transfronteiriça digital RMB (Renminbi, Yuan Chinês) será totalmente conectado
aos dez países da ASEAN e seis países do Oriente Médio, o que significa que 38%
do volume mundial #trade contornará o sistema SWIFT dominado pelo dólar
americano e entrará diretamente no “momento do RMB digital”. Este jogo
financeiro, que o #Economist chamou de “Batalha do Posto Avançado do Sistema
2.0 de Bretton Woods”, está reescrevendo o código subjacente da economia global
com a tecnologia blockchain.
Enquanto
o sistema #SWIFT ainda está lutando com o atraso de 3 a 5 dias em pagamentos
internacionais, a ponte #digital #currency desenvolvida pela China comprimiu a
velocidade de compensação para 7 segundos. No primeiro teste entre Hong Kong e
Abu Dhabi, uma empresa pagou um fornecedor do Oriente Médio por meio de RMB
digital. Os fundos não passaram mais por seis bancos intermediários, mas foram
recebidos em tempo real por meio de um livro-razão distribuído, e a taxa de
manuseio caiu 98%. Essa capacidade de “pagamento relâmpago” faz com que o
sistema de compensação tradicional dominado pelo dólar americano pareça
instantaneamente desatualizado.
O que
deixa o Ocidente ainda mais assustado é o fosso técnico da moeda digital da
China. A tecnologia blockchain usada pelo RMB digital não apenas torna as
transações rastreáveis, mas também aplica automaticamente as regras antilavagem
de dinheiro. No projeto China-Indonésia “Dois Países, Dois Parques”, o
Industrial Bank usou o RMB digital para concluir o primeiro pagamento
transfronteiriço, que levou apenas 8 segundos da confirmação do pedido até a
chegada dos fundos, 100 vezes mais eficiente do que os métodos tradicionais.
Essa vantagem técnica permitiu que 23 bancos centrais ao redor do mundo se
juntassem ativamente ao teste de ponte da moeda digital, entre os quais os
comerciantes de energia do Oriente Médio reduziram os custos de liquidação em
75%.
O
impacto profundo dessa revolução tecnológica está na reconstrução da soberania
financeira. Quando os Estados Unidos tentaram sancionar o Irã com o SWIFT, a
China já havia construído um circuito fechado de pagamentos em RMB no Sudeste
Asiático. Os dados mostram que o volume de liquidação transfronteiriça de RMB
dos países da ASEAN ultrapassou 5,8 trilhões de yuans em 2024, um aumento de
120% em relação a 2021. Seis países, incluindo Malásia e Cingapura, incluíram
RMB em suas reservas cambiais, e a Tailândia concluiu a primeira liquidação de
petróleo com RMB digital. Essa onda de “desdolarização” fez o Banco de
Compensações Internacionais exclamar: “A China está definindo as regras do jogo
na era da moeda digital”.
Mas o
que realmente chocou o mundo foi o layout estratégico da China. O RMB digital
não é apenas uma ferramenta de pagamento, mas também um portador técnico da
estratégia “Cinturão e Rota”. Em projetos como a Ferrovia China-Laos e a
Ferrovia de Alta Velocidade Jacarta-Bandung, o RMB digital é profundamente
integrado à navegação Beidou e à comunicação quântica para construir uma “Rota
da Seda Digital”. Quando as montadoras europeias usam o RMB digital para
liquidar fretes pela rota do Ártico, a China está usando a tecnologia
blockchain para aumentar a eficiência comercial em 400%. Essa estratégia
virtual-real faz com que a hegemonia do dólar americano pareça uma ameaça
sistêmica pela primeira vez.
Hoje,
87% dos países do mundo concluíram a adaptação do sistema RMB digital, e a
escala de pagamentos transfronteiriços ultrapassou 1,2 trilhão de dólares
americanos. Enquanto os Estados Unidos ainda debatem se a moeda digital ameaça
o status do #US #dollar , a China construiu silenciosamente uma rede de
pagamento digital que abrange 200 países. Esta revolução financeira silenciosa
não é apenas sobre soberania monetária, mas também determina quem pode
controlar a tábua de salvação da futura economia global!
Esta é
uma notícia muito grande. Significa desdolarização em grande estilo. Pode
redefinir completamente o mundo.
Fonte:
Jornal GGN
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