sábado, 19 de abril de 2025

Boaventura de Sousa Santos: O Ocidente não está cego, mas perdeu a capacidade de enxergar

Tenho escrito repetidamente sobre a sociedade de transição em que vivemos. Sempre que o faço, lembro da célebre frase de Gramsci: o velho ainda não morreu por completo, o novo ainda não se impôs totalmente, e esse entretempo é fértil em fenômenos mórbidos — que alguns chegaram a traduzir como monstros. Diante do que acontece hoje no mundo, começo a duvidar se o conceito de transição ainda serve para descrever nosso tempo. Cada vez mais, creio que, se precisarmos recorrer a expressões emblemáticas e concisas da nossa condição histórica, a mais adequada talvez seja a gravura de Goya, de 1799: El sueño de la razón produce monstruos — o sono da razão produz monstros. Em vez da metáfora do movimento, a metáfora da condição.

Desde o início da guerra na Ucrânia, tenho encontrado grande convergência com as análises de Jeffrey Sachs (JS), com quem inclusive troquei correspondência sobre nossos pontos de aproximação. Em um artigo publicado em 11 de abril no portal OtherNews, intitulado “Giving Birth to the New International Order” (https://www.other-news.info/giving-birth-to-the-new-international-order/), JS recorre à ideia de transição para caracterizar a passagem de um mundo unipolar — sob domínio ocidental desde o século XV (e, nos últimos cem anos, liderado pelos Estados Unidos) — para um mundo multipolar, centrado na Ásia, na África e na América Latina. Sua proposta para viabilizar essa transição é a ascensão da Índia, que ele compara favoravelmente à China, culminando em sua entrada como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

Não discordo da proposta de JS, embora ela venha num momento dramático da democracia indiana, marcada pela ascensão do hinduísmo político, que relega mais de 20% da população — os muçulmanos — à condição de cidadãos de segunda classe. Divergimos, no entanto, quanto ao peso dessa proposta. JS parte de duas premissas que, infelizmente, não se sustentam: a de que a ONU ainda opera com alguma eficácia, e a de que vivemos uma ordem mundial unipolar.

JS parece manter, talvez de forma desesperada, alguma fé no papel internacional da ONU. Mas como sustentar essa crença após o genocídio em Gaza, transmitido ao vivo para o mundo por mais de um ano? Como confiar na ONU depois de todas as mentiras toleradas nos Balcãs, no Iraque, na Síria, na Líbia, no Iêmen, no Afeganistão, na Ucrânia? É trágico constatar dois fatos: primeiro, todas essas mentiras foram denunciadas com credibilidade no momento em que circularam; segundo, quem as denunciou sofreu represálias — silenciamento, deportações, perseguições midiáticas e judiciais. Anos depois, essas mentiras foram admitidas como tais, frequentemente pelas próprias agências que as propagaram, como The New York Times ou The Washington Post, e pela imensa câmara de eco que os meios de comunicação hegemônicos do mundo reproduzem. Nunca se pediu desculpas a quem estava certo quando dizer a verdade era proibido, tampouco se indenizou os povos destruídos por atos de agressão sustentados em mentiras. Alguém ainda lembra que a Líbia tinha um dos melhores sistemas públicos de saúde do mundo?

Quanto à segunda premissa — a da ordem unipolar —, é mais plausível dizer que vivemos uma desordem mundial, na qual o país mais poderoso é também o maior promotor dessa desordem. Existia ordem unipolar quando, por exemplo, Narendra Modi foi proibido de entrar nos EUA, em 2005, devido a violações de direitos humanos no massacre de muçulmanos em Gujarat, em 2002. Mas ela existe hoje, quando um criminoso de guerra é aplaudido de pé pelo Congresso norte-americano? É crível tudo o que se diz atualmente sobre a China, se há apenas cinco anos os discursos eram radicalmente diferentes? Como sustentar a ideia de uma ordem democrática contra autocracias, quando os maiores aliados do país que se autoproclama defensor da democracia são ditadores?

A doutrina dominante na política dos EUA — desde o 11 de Setembro — baseia-se na ideia de dominação imperial, e não de ordem internacional. Está tudo exposto no Project for the New American Century (http://newamericancentury.org/) e na Doutrina Wolfowitz (https://www.archives.gov/files/declassification/iscap/pdf/2008-003-docs1-12.pdf): os EUA devem agir unilateralmente sempre que não puderem conduzir ações coletivas. Isso não é princípio de ordem, é princípio de caos.

<><> A sociologia das ausências: o sono da razão

Mesmo com toda a lucidez de JS, sua análise produz duas ausências — realidades que, embora existentes, são tratadas como inexistentes e, por isso, não entram nos diagnósticos nem nas soluções. Essas ausências não derivam de má-fé, mas dos pressupostos epistemológicos do pensamento hegemônico — do sono da razão. O maior problema do Ocidente talvez não seja o estado ao qual levou o mundo, mas sim o epistemicídio que perpetrou: destruiu ativamente saberes e experiências para impor sua dominação e minar resistências. Essa destruição afetou corpos e modos de vida, mas também formas de conhecimento, sabedorias e éticas, maneiras de se relacionar com a natureza, com os mortos, com o tempo e com o espaço. Isso gerou uma cegueira peculiar: olhar sem ver, explicar sem entender, observar sem perceber que também se está sendo observado.

Entre muitas, destaco duas ausências fundamentais: o diferente/inútil fora da lógica amigo/inimigo; e o princípio do viver e deixar viver, além da ordem e da desordem.

<><> O diferente e o inútil

Colonialismo e capitalismo são formas gêmeas de dominação moderna, ambas baseadas em hierarquias: superior/inferior, proprietário/não proprietário. O inferior só é assim do ponto de vista do superior. O proprietário define o que tem valor, e tudo o mais torna-se irrelevante ou inexistente. Essas lógicas geraram dois modelos principais de relação: útil/inútil e amigo/inimigo — o primeiro teorizado por Jeremy Bentham, o segundo por Carl Schmitt.

O pensamento colonial-capitalista ocidental deseducou sistematicamente os humanos a reconhecer o valor do diferente e do inútil, que não cabem nessas lógicas. Quando não ignorados, esses elementos foram relegados à esfera da arte, tratados como supérfluos, portadores de uma aura de desnecessário.

<><> Viver e deixar viver

As lógicas hierárquicas do colonialismo e do capitalismo moldaram, desde o século XV, as definições de vida e morte. Apenas a vida dos superiores e dos proprietários era digna de proteção. Como a maioria da população mundial não era nem uma coisa nem outra, a modernidade foi marcada pelo espetáculo da morte. Não só de humanos subalternizados, mas também de toda forma de vida — natureza incluída. A morte de rios, florestas e montanhas foi justificada teológica, ética, científica e economicamente. Isso nos trouxe ao colapso ecológico atual. O massacre em Gaza é apenas o episódio mais recente — e abjeto — de uma longa história de limpeza etno-sócio-natural de humanos e não-humanos.

Não há como esperar que uma nova ordem mundial — seja unipolar ou multipolar — faça valer o princípio do “viver e deixar viver”, se continuar apoiada nos mesmos alicerces epistêmicos e éticos da ordem anterior.

<><> Conclusão

A mudança de um mundo unipolar para um mundo multipolar não é boa nem má em si. A verdadeira alternativa civilizatória está em ampliar os espaços para a diferença e a inutilidade — a diferença como diversidade; a inutilidade como outra forma de utilidade. É preciso valorizar o valor da vida, o que só se alcança por meio do viver e do deixar viver.

Tenho dúvidas de que o pensamento ocidental — depois de cinco séculos de condicionamento cultural, epistêmico e ético — seja capaz de conceber ou participar com protagonismo na criação do mundo multipolar. Ele jamais saberá ser “uno entre pares”. Os valores do diferente, do inútil, do viver e do deixar viver são mais presentes nos saberes originários das regiões nas quais JS deposita esperança — Ásia, África e América Latina — do que no pensamento ocidental dominante. Isso, no entanto, não é garantia de nada, já que o pensamento ocidental impregnou, sobretudo, as elites dessas regiões — elites que provavelmente estarão à frente da construção do novo (velho) mundo multipolar.

Por isso, acredito que as classes exploradas e oprimidas desses territórios são as que mais têm a contribuir na resistência ao epistemicídio multissecular. Fá-lo-ão se souberem recorrer às suas experiências históricas — experiências que sempre oscilaram entre a guerra e a revolução. Hoje, quando caminhamos sonâmbulos rumo a uma Terceira Guerra Mundial (se é que ela já não começou), talvez seja hora de repensar os conceitos de revolução e libertação. Só assim a razão poderá despertar do sono em que foi lançada pelo capitalismo e pelo colonialismo.

¨      'O Ocidente como conhecíamos não existe mais', diz líder da União Europeia

O Ocidente como era conhecido deixou de existir desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retornou à Casa Branca, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em entrevista à revista alemã Zeit.

“O Ocidente como o conhecíamos não existe mais”, declarou Von der Leyen ao ser questionada sobre as perspectivas de a União Europeia assumir um papel de liderança na parte ocidental do mundo. A entrevista foi divulgada na terça-feira (15). 

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A presidente da Comissão Europeia disse estar em “incontáveis conversas com chefes de Estado e de governo de todo o mundo”.

“Todos estão pedindo mais comércio com a Europa – e não se trata apenas de laços econômicos. É também sobre estabelecer regras comuns e sobre previsibilidade. A Europa é conhecida por sua previsibilidade e confiabilidade, algo que está voltando a ser visto como extremamente valioso. Por um lado, isso é muito gratificante; por outro, há também, é claro, uma enorme responsabilidade que precisamos honrar”, afirmou von der Leyen.

Apesar disso, ela acrescentou que continua sendo uma defensora firme da parceria transatlântica e ainda acredita na manutenção da amizade entre os dois povos.

No dia 2 de abril, Trump assinou um decreto impondo tarifas "recíprocas" sobre importações de outros países. A tarifa básica foi fixada em 10%, mas 57 países passaram a ter alíquotas mais altas, dependendo do déficit comercial dos EUA com cada nação.

Já no dia 9 de abril, Trump anunciou que a tarifa-base de 10% seria aplicada por 90 dias a mais de 75 países que não haviam retaliado e solicitaram negociações — com exceção da China. No último domingo, o diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Kevin Hassett, afirmou que os EUA estavam em negociações comerciais com 130 países. 

¨      "Resista ao protecionismo", diz presidente da China ao Camboja em meio a impasse tarifário com EUA

O presidente da China, Xi Jinping, pediu ao Camboja que "resista ao protecionismo", ao chegar a Phnom Penh nesta quinta-feira, no final de uma viagem para três nações do Sudeste Asiático, já que as tarifas dos EUA ameaçaram as economias de ambos os países.

O Camboja é um grande exportador de roupas e calçados para os Estados Unidos, e recebeu uma tarifa de 49%, uma das mais altas do mundo, antes que as tarifas "recíprocas" fossem suspensas até julho para a maioria dos países, exceto para a China, que enfrenta tarifas combinadas de 145%.

Em um artigo publicado na manhã desta quinta-feira na mídia cambojana, Xi pediu a Phnom Penh que se oponha ao "hegemonismo" e ao "protecionismo", repetindo as mensagens que enviou no início desta semana ao Vietnã e à Malásia durante as duas primeiras etapas de sua viagem.

Phnom Penh é um parceiro próximo da China, que investiu bilhões de dólares em projetos, incluindo estradas e aeroportos, e é o maior credor do país.

"Esperamos mais cooperação, inclusive no desenvolvimento de infraestrutura", disse Meas Soksensan, porta-voz do Ministério das Finanças do Camboja, à Reuters, na véspera da chegada de Xi à capital Phnom Penh.

Ele estava respondendo a uma pergunta sobre se o Camboja espera que Pequim anunciasse apoio financeiro para um canal de 180 km, que é o projeto de infraestrutura mais ambicioso do país.

Xi, que tem uma estrada com seu nome nos arredores da capital, exaltou o impacto econômico positivo de projetos de infraestrutura chineses anteriores e prometeu continuar a "apoiar inabalavelmente" o desenvolvimento do Camboja, mas não mencionou nenhum novo projeto específico em suas declarações na quinta-feira.

O governo cambojano disse que a China pagaria pelo Canal Funan Techo, que passaria do Rio Mekong, de um local próximo a Phnom Penh, para a costa no Golfo da Tailândia, desviando a água do frágil Delta do Mekong, que cultiva arroz, e reduzindo o transporte marítimo cambojano através dos portos vietnamitas.

Até o momento, a China não assumiu nenhum compromisso financeiro público com o projeto, enquanto Phnom Penh alterou suas declarações sobre o compromisso chinês de cobrir 100% a 49% dos custos totais, estimados em US$1,7 bilhão, quase 4% do produto interno bruto anual do Camboja.

Pequim não assinou nenhum novo empréstimo ao Camboja no ano passado, de acordo com dados oficiais cambojanos, um contraste marcante com os anos anteriores, quando emprestou centenas de milhões de dólares ao país.

A queda no financiamento ocorreu quando a China reduziu os investimentos gerais no exterior em meio a problemas econômicos domésticos e preocupações com projetos malsucedidos.

GOLPES E BANDEIRAS

A visita de Xi ao Camboja tem sido vista como uma ofensiva de charme no Sudeste Asiático, na esteira das tarifas dos EUA que atingiram duramente a região.

Xi reiterou que os dois países têm uma "amizade férrea", mas também pediu ao Camboja que reprima as fraudes on-line. Os centros de fraudes no Camboja são geralmente administrados por gangues chinesas e têm como alvo cidadãos chineses, seja como vítimas ou como trabalhadores cativos.

Antes da chegada de Xi, o governo cambojano disse que havia deportado para a China uma série de "criminosos chineses", incluindo pessoas de Taiwan, em uma ação que irritou Taipé e foi elogiada por Pequim.

Enquanto viajava do aeroporto para as reuniões com os líderes, Xi foi aplaudido por pessoas ao longo da estrada, agitando bandeiras chinesas, como mostram as imagens publicadas nas mídias sociais

¨      Jung Mo Sung: Neoliberalismo, supremacismo e a Teologia da Libertação

Com o crescimento da extrema-direita em muitos lugares do mundo e, em especial, a eleição de Trump nos Estados Unidos, ficou mais difícil entendermos o que está ocorrendo no mundo. Especialmente para os que se consideram de esquerda, de pensamento crítico e/ou da tradição do cristianismo de libertação, não é fácil definirmos quem são os principais adversários a serem combatidos. E sem essa definição é difícil sabermos quais são ou devem ser os nossos objetivos específicos nas nossas lutas.

Alguém poderia responder rapidamente algo como, “nós sabemos que os nossos adversários são os opressores e os capitalistas muito ricos que estão destruindo a natureza”. O problema é que essas afirmações genéricas não nos oferecem objetivos específicos e sem esses não sabemos bem o que fazer. Por exemplo, no mais recente artigo publicado no Instituto Humanitas Unisinos – IHU, eu disse que, mais do que focar nas questões internas das igrejas, as teologias críticas, incluindo a Teologia da Libertação, deveriam assumir a tarefa de interpretar o que está ocorrendo no mundo a partir da perspectiva da fé cristã. Interpretação essa que deve estar em função de oferecer caminhos de lutas concretas de transformação da realidade social. Ora, o pressuposto da minha afirmação é que as contradições internas da Igreja (p.ex., o clero versus laicato, ou clero exclusivamente masculino e o lugar das mulheres na Igreja) não são as mais importantes na luta contra a grande desigualdade social, a exclusão dos pobres e a crise ambiental.

O grande desafio ou a principal missão da fé cristã é, nos dias de hoje, defender o direito de viver dos “pequenos”. E nessa grande luta, eu penso que é importante percebermos que enfrentamos dois principais adversários que se aliam contra os direitos dos pobres, mas que estão em conflito: os neoliberais e os supremacistas.

Esses dois são estrategicamente aliados contra os chamados “socialistas” ou socialdemocratas que defendem os direitos sociais de todos e, com isso, a noção de Estado de Bem-Estar Social. Mas, há uma diferença importante entre esses dois grupos. Os neoliberais têm como o critério último de decisão a noção de cálculo de eficiência econômica. O mais importante para eles não é a questão da raça ou de gênero ou sexualidade, mas sim a eficiência econômica. Enquanto que para os supremacistas, o mais importante é a noção de há pessoas e grupos que são superiores e os inferiores. Elon Musk é um exemplo de um capitalista que quer muito dinheiro, mas que não coloca como o critério último a maximização do lucro, isto é, corre o risco de reduzir o lucro porque tem o princípio superior político-antropológico. As expressões mais conhecidas dessas concepções supremacistas nos dois últimos séculos foram apartheid, na África do Sul, as leis de Jim Crow, nos Estados Unidos, e o sistemas de castas, na Índia.

A política clara e firme do governo Trump contra a política de DEI (diversidade, equidade e inclusão) desenvolvida em muitos governos (por exemplo, nas administrações democratas nos EUA e nos governos de Lula e Dilma) e empresas do mundo inteiro, em nome dos direitos humanos, é uma expressão desse conflito civilizatório ou de uma guerra na definição da nova ordem mundial que está sendo disputada.

Para entendermos melhor essa situação, podemos simplificar o tabuleiro em dois grupos. De um lado, os que defendem que a igualdade humana é um valor que deve ser defendida e ampliada, tanto em termos políticos e sociais. Nesse sentido, é o que N. Bobbio chamou de “a esquerda”, e que podemos subdividir em dois grupos amplos: os socialdemocratas capitalistas e os socialistas. De outro lado, os que não aceitam a igualdade fundamental de todos seres humanos e os direitos humanos. Nesse grupo, temos dois subgrupos: os neoliberais, que colocam o cálculo da eficiência econômica como o critério último e não se importam tanto com a questão da raça, gênero, sexualidade e etnia; e os supremacistas. Esses dois subgrupos são semelhantes, mas também significativamente diferentes.

Em termos de opções antropológico-político-teológicas, podemos resumir assim. De um lado, os que creem em um Deus que estabelece os salvos e os condenados, por isso, as diferenças entre pessoas superiores e inferiores, e defende uma ordem política autoritária ou totalitária. Por outro lado, há pessoas, grupos e igrejas que creem e defendem a noção de Deus que não faz diferença entre seres humanos, por isso ensina a igualdade fundamental de todos seres humanos e uma organização política que seja social e politicamente democrata.

O cristianismo de libertação e a Teologia da Libertação, para serem social e teologicamente relevantes, precisam ligados a essas lutas e alianças (conjunturais e estratégicas) concretas que vão definir o futuro próximo da civilização.

 

Fonte: Brasil 247/Sputnik Brasil/IHU

 

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