A Guerra de Trump Contra o Movimento
pró-Palestina e as Universidades
Na
manhã de terça-feira, Trump divulgou a seguinte ameaça às universidades e
faculdades de todo o país, numa tentativa descarada de intimidar e reprimir o
movimento estudantil em defesa da Palestina: Todo o financiamento federal será
CORTADO para qualquer faculdade, escola ou universidade que permitir protestos
ilegais. Agitadores serão presos ou permanentemente enviados de volta ao país
de origem. Estudantes americanos serão permanentemente expulsos ou, dependendo
do crime, presos. SEM MÁSCARAS! Agradeço sua atenção a este assunto. Na
sexta-feira, Trump cancelou US$ 400 milhões em subsídios e contratos federais
com a Universidade Columbia, alegando que a instituição teria sido conivente
com o antissemitismo. No sábado, o ativista estudantil e pós-graduando da
Columbia Mahmoud Khalil foi
preso pelo Departamento de Segurança Interna, apesar de possuir um green card.
As
ameaças públicas de Trump de prender ou deportar qualquer pessoa que participe
de “protestos ilegais” e cortar o financiamento federal das universidades fazem
parte de uma escalada significativa nos esforços do Estado para silenciar e
esmagar o movimento pela Palestina – e também para atacar a universidade como
um todo. Sua escolha de palavras – sem nomear explicitamente o movimento
palestino, mas falando em “protesto ilegal” – deixa claro seu verdadeiro
objetivo: silenciar e reprimir preventivamente qualquer dissidência. Trump está
usando o movimento palestino como um pretexto para reprimir o direito de
protesto em si – abrindo caminho para ataques ainda mais amplos contra os
trabalhadores, os direitos das pessoas trans, os direitos dos imigrantes e a
própria universidade. Além disso, ele utiliza os ataques contra o movimento
palestino como uma estratégia para cortar e desmantelar o financiamento das
universidades. Isso se torna mais fácil para Trump porque ele conta com o apoio
do Partido Democrata e da burocracia universitária na repressão ao movimento.
Como a organização Palestine Legal já denunciou, há muito tempo existe uma “exceção
Palestina” à liberdade de expressão. Mas Trump quer transformar essa exceção em
regra, restringindo a liberdade de expressão em questões de opressão e
exploração. Este é um ataque contra todos nós: contra o movimento pela
Palestina, contra o movimento trabalhista, contra o movimento negro e contra os
direitos dos imigrantes e das pessoas trans. É um ataque contra qualquer pessoa
que defenda o direito ao protesto, que valorize a diversidade acadêmica e que
enxergue a universidade como um espaço de pensamento e investigação.
À
medida que Trump intensifica suas políticas imperialistas no exterior e no país
– atacando pessoas trans, imigrantes, trabalhadores federais e outros grupos –,
fica claro que essas lutas estão interligadas. Para derrotar esses ataques, é
necessária unidade: sindicatos, grupos estudantis e movimentos sociais precisam
reagir, rompendo o isolamento e se unindo para construir um movimento de massa
capaz de enfrentar esses ataques com força coletiva.
·
Uma
Nova Onda de Ataques
Essas
ameaças ocorrem no momento em que o Departamento de Justiça de Trump inicia uma
ofensiva contra universidades importantes para atacar o movimento
pró-Palestina, que tem sacudido os Estados Unidos e o mundo nos últimos um ano
e meio. O Departamento de Justiça visitará Columbia, a Universidade de Nova
York (NYU), Harvard e outras instituições para investigar supostos casos de
antissemitismo, pressionando a administração universitária a punir ainda mais
estudantes e trabalhadores. Na sexta-feira, a Casa Branca cancelou US$ 400
milhões em subsídios e contratos federais com a Universidade de Columbia. Além
disso, a Fox News relatou que o Departamento de Estado revogou o visto de um
estudante que participou do movimento pela Palestina. No sábado à noite, o
ativista e estudante de pós-graduação de Columbia, Mahmoud Khalil, foi preso
pelo Departamento de Segurança Interna, apesar de possuir um green card.
No seu
primeiro dia no cargo, Trump prometeu deportar estudantes e trabalhadores
internacionais envolvidos no movimento pela Palestina.
- Oito membros da
comunidade da City University of New York (CUNY) ainda enfrentam acusações
criminais graves por participarem do acampamento de solidariedade a Gaza
no City College. Sete ativistas estão sendo acusados criminalmente por participarem
do acampamento na Universidade de Michigan. Treze ativistas de Princeton
enfrentam acusações menores de invasão por realizarem um protesto pacífico
dentro do campus.
- Nas últimas duas
semanas, três estudantes do Barnard College foram expulsas, e, ao longo do
último ano, dezenas foram suspensas.
- Quando
estudantes protestaram contra essas expulsões, a administração do Barnard
chamou a polícia de Nova York (NYPD) para prender os manifestantes dentro
do campus.
- Enquanto isso, a
governadora democrata Kathy Hochul retirou anúncios de vagas para
professores especializados em estudos sobre a Palestina no Hunter College,
alegando que tais contratações deveriam ser investigadas como possíveis
casos de antissemitismo.
Essas
medidas já estão sendo implementadas, com o apoio do Partido Democrata e das
burocracias universitárias. O governo Biden e os democratas abriram caminho
para isso ao criminalizar os protestos tanto durante sua administração quanto
antes dela.
Mas os
ataques não se limitam ao movimento pró-Palestina. Trump tem um projeto mais
amplo para atacar as universidades como um todo, afetando especialmente os
setores mais pobres e oprimidos entre estudantes, professores e funcionários. O
Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) agora pode atuar dentro dos
campi universitários, pessoas trans estão sendo excluídas dos esportes, e os
estudos queer, assim como os estudos afro-americanos e mexicanos, estão sendo
questionados e reduzidos. Além disso, há cortes significativos no financiamento
da pesquisa. Segundo a NPR, algumas bolsas do Instituto Nacional de Saúde (NIH)
para universidades podem sofrer cortes de mais de 75%. Além disso, Trump está
ameaçando eliminar o Departamento de Educação e revogar os pequenos avanços na
redução da dívida estudantil implementados por Biden.
Esses
ataques estão sendo apoiados por agitadores da direita e sionistas. No ano
passado, a Heritage Foundation lançou o Projeto Esther, um plano estratégico
para atacar o movimento pró-Palestina, que propõe uma repressão ao ensino e à
pesquisa sobre a Palestina e pede ao presidente que persiga grupos ou
organizações que critiquem Israel. Além disso, grupos de pais e ex-alunos da
NYU e de Columbia estão se organizando para apoiar a repressão e até a
deportação de estudantes. Ao mesmo tempo, Trump está atacando qualquer coisa
relacionada a Diversidade, Equidade e Inclusão. Ele ameaçou cortar todo o
financiamento federal de instituições de ensino superior que ofereçam bolsas ou
programas voltados para estudantes de minorias raciais. Trump quer eliminar o
Departamento de Educação e essencialmente desmantelar as universidades como as
conhecemos, restringindo o acesso dos mais pobres e oprimidos à educação
superior e ao estudo de sua própria história. Em resumo, Trump quer eliminar os
elementos mais progressistas da universidade neoliberal, ao mesmo tempo em que
corta o financiamento da instituição como um todo. A universidade neoliberal,
baseada no endividamento, no trabalho precarizado e em uma administração
antidemocrática, tem sido um mecanismo eficaz para conter a luta de classes ao
longo das últimas décadas. No entanto, com a crise do sistema neoliberal, a
própria universidade neoliberal também entrou em crise. A universidade, que
historicamente tem servido aos interesses do regime bipartidário, agora está em
conflito com as necessidades e aspirações de estudantes, trabalhadores e
populações oprimidas. A resposta de Trump a essa crise é um ataque reacionário
total contra a universidade. Isso faz parte de um avanço mais amplo da extrema
direita, que inclui a demissão de trabalhadores federais, o aumento dos ataques
contra os direitos dos imigrantes e das pessoas trans, e uma política
imperialista expansionista brutal.
·
Trump
Tem Medo do Movimento Universitário pela Palestina
Para
entender esses ataques, é preciso compreender a profundidade do movimento dos
últimos anos. Trump está apavorado com o potencial dos estudantes e
trabalhadores universitários. Nesse sentido, essa é uma ofensiva preventiva
contra o renascimento e fortalecimento do movimento diante dos ataques
domésticos e internacionais de Trump. No
ano passado, o movimento universitário pró-Palestina abalou todo o país — e, de
fato, o mundo. Estudantes nos Estados Unidos, incluindo os das instituições
mais prestigiadas, aderiram à luta do povo palestino, transformando o cenário
da luta de classes tanto nos EUA quanto globalmente. Não havia uma onda tão
grande de ocupações universitárias desde os anos 80. E esse movimento foi mais
do que um simples protesto – ele expressou uma mudança profunda na consciência
política, um questionamento do imperialismo dos EUA e da cumplicidade das
universidades com o império estadunidense. O movimento estudantil, junto com a
luta mais ampla contra o genocídio em Gaza, alterou a consciência nacional
sobre a Palestina. Hoje, apenas 46% dos americanos apoiam Israel, o índice mais
baixo dos últimos 25 anos. Esse movimento universitário se baseou na
experiência e radicalização do Black Lives Matter, o maior movimento social da
história dos EUA. Também se conecta ao crescente apoio a greves e sindicatos no
país, bem como ao aumento das paralisações de trabalhadores universitários, que
exigem melhores condições.
Diferente
do Black Lives Matter, que tinha sua base nas ruas, o movimento pela Palestina
encontrou seu ponto central na universidade — um espaço onde estudantes e
trabalhadores estão todos os dias, onde encontram companheiros de protesto ao
longo de semanas, meses e anos. O movimento não apenas questionou o sionismo,
mas também criticou os investimentos e o funcionamento corporativo das
universidades. Devemos entender os ataques de Trump como uma reação furiosa ao
potencial disruptivo e radical de uma nova onda desse movimento – que desta vez
unifica todas as nossas lutas. O movimento pela Palestina gerou uma grande
crise política para Biden, desempenhando um papel na derrota de Kamala Harris.
Trump tentou cinicamente se apresentar como uma opção melhor para Gaza do que
os democratas, embora ambos os partidos representem brutalidade, violência e
limpeza étnica.
Após o
frágil cessar-fogo, há uma nova escalada da violência contra a Palestina,
juntamente com um plano em desenvolvimento para a limpeza étnica da população
palestina, beneficiando tanto o capital dos EUA quanto o de Israel. Isso inclui
o corte de ajuda humanitária a Gaza, o envio de tanques para a Cisjordânia e a
ameaça de Trump de transformar Gaza na “Riviera do Oriente Médio”. Desde que
assumiu o cargo, Trump já autorizou US$ 12 bilhões em ajuda militar a Israel.
Essa é
a face do imperialismo de Trump — mais unilateral, violento e explícito em sua
sede por recursos e, agora, declaradamente por terras. Sua agenda imperialista
no cenário internacional anda de mãos dadas com os ataques domésticos, onde
suas políticas de cortes de impostos para os ricos, tarifas e demissões em
massa de trabalhadores federais significam apenas piores condições para a
classe trabalhadora e os mais pobres. Ao atacar o movimento pela Palestina,
Trump está atacando o direito de protestar contra todas as suas políticas – ele
dificulta que os trabalhadores façam greve, que marchemos pelos direitos das
pessoas trans e imigrantes. Ao atacar o movimento pela Palestina, ele abre
caminho para o desmonte da universidade, tornando-a um privilégio ainda mais
exclusivo dos ricos e eliminando o estudo de povos oprimidos e marginalizados. Parte
do estabelecimento de uma hegemonia da direita no campus envolve esmagar
setores que resistem — em especial o movimento universitário pela Palestina,
que questiona essas políticas imperialistas e os ataques contra a própria
universidade. O movimento pela Palestina pode servir como a faísca de um
movimento anti-Trump, e Trump, seus aliados de extrema-direita e os democratas
estão determinados a impedi-lo. Mas, para enfrentar esses ataques de forma
eficaz, o movimento busca construir a mais ampla unidade contra a repressão e
se unir a outros setores atacados por Trump.
·
Os
Democratas Abrem Caminho para a Direita
A
agenda de extrema-direita de Trump tem sido facilitada pelos democratas, que pavimentaram
o caminho para esses ataques. Em outras palavras, Trump consegue ser mais
repressivo por causa das bases estabelecidas pelo Partido Democrata, que
trabalha lado a lado com ele contra o movimento pela Palestina. Foi,
obviamente, Joe Biden e os democratas — com a ajuda dos republicanos — que
forneceram apoio incondicional a Israel, enviando bilhões de dólares em
armamentos para um genocídio transmitido ao vivo para o mundo. Além disso, os
democratas criaram as condições para um ambiente interno mais repressivo. Nos
últimos anos, aprovaram leis e resoluções que equiparam o antissionismo ao
antissemitismo, enviaram policiais para reprimir estudantes e professores, e
acusaram manifestantes de crimes graves. É um promotor democrata que se recusa
a retirar as acusações contra os CUNY 8, que enfrentam acusações criminais por
apoiarem a Palestina. É Eric Adams e os democratas que enviaram a polícia nova
iorquina e, em particular, sua brutal tropa de choque, para reprimir
manifestantes em Nova York, incluindo no campus de Barnard. Isso se evidencia
especialmente no caso da CUNY, onde a governadora democrata Kathy Hochul está
investigando a universidade por “antissemitismo” e chegou ao ponto de censurar
uma vaga de emprego acadêmico sobre a Palestina, desrespeitando flagrantemente
a autonomia dos professores e a liberdade acadêmica.
O fato
de que os democratas abrem caminho para a direita não é evidente apenas no caso
da Palestina, mas em várias outras questões. Kamala Harris conduziu uma
campanha de direita contra os direitos dos imigrantes, reforçando a narrativa
de que eles são um problema — e agora Trump pode intensificar sua ofensiva
contra esses direitos. Repetidamente, os democratas atacam os direitos da
classe trabalhadora e dos povos oprimidos, o que só fortalece figuras como
Trump. Devemos nos agarrar à lição aprendida no auge do movimento pela
Palestina: o Partido Democrata é um partido genocida e imperialista. Os ataques
que estamos enfrentando agora são, em grande parte, resultado de suas próprias ações.
Eles são nossos inimigos, e quanto mais cedo entendermos isso, mais fortes
seremos.
·
A
Burocracia Universitária é Cúmplice
A
burocracia universitária também abriu caminho para esses ataques — não apenas
contra o movimento pela Palestina, mas também contra o devido processo legal e
o direito básico de protesto. As universidades há muito tempo fomentam uma
“exceção Palestina” à liberdade de expressão, com um histórico de silenciar
discursos sobre a Palestina, incluindo demissões e sanções a professores,
banimento e vigilância de grupos como Students for Justice in Palestine, entre
outras ações repressivas. No último ano e meio, os administradores
universitários apenas intensificaram sua repressão contra debates sobre a
Palestina, a liberdade de expressão e os protestos nos campi. Isso inclui a
ampliação de mecanismos de vigilância, como a contratação de empresas privadas
para monitorar estudantes. Várias universidades, incluindo Harvard, decidiram
que protestos não são permitidos em salas de aula, bibliotecas, refeitórios ou
“locais que interfiram nas atividades normais da universidade.” Muitas
universidades que tiveram acampamentos estudantis permaneceram fortificadas e
fortemente policiadas. A NYU implementou um novo código de conduta estudantil
que inclui o "sionismo" como uma categoria protegida pelas políticas
de não discriminação da universidade. Em outras palavras, uma ideologia
reacionária que apoia a limpeza étnica conduzida pelo Estado de Israel agora é
tratada como uma categoria protegida, assim como grupos historicamente
marginalizados, como estudantes negros, judeus, latinos e LGBTQIA+. Enquanto
isso, as políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão estão sob ataque, e as
proteções para estudantes oprimidos estão sendo desmanteladas. Uma série de
suspensões abriu caminho para expulsões. Em abril passado, Barnard suspendeu 46
estudantes e despejou pelo menos outros 55 que participaram do Acampamento de
Solidariedade a Gaza. Esses estudantes foram forçados a passar por um processo
de "Resolução Alternativa", que os privou de seus direitos ao devido
processo legal e de sua capacidade de contestar formalmente essas medidas
punitivas.
Enquanto
Trump recentemente declarou que quer proibir o uso de máscaras, ações
semelhantes já estão ocorrendo em universidades por iniciativa da própria
administração universitária. No entanto, esses mesmos administradores estão
sendo atacados pelo governo Trump e pelo Partido Democrata sionista, como vimos
com a renúncia forçada da presidente de Harvard. Diante desses ataques, a
burocracia promete ser ainda mais repressiva, embora isso possa levar à sua
própria ruína com cortes orçamentários e austeridade. Isso acontece porque a
burocracia representa o status quo capitalista no ensino superior, onde as
universidades operam como empresas, financiadas por doações de sionistas e com
investimentos na indústria de armamentos. Eles querem um corpo estudantil
passivo, que continue pagando mensalidades exorbitantes e se endividando por um
diploma. Seu papel principal é suprimir qualquer possibilidade de movimentos
estudantis radicais, como os dos anos 60 e 70, que questionavam o caráter de
classe da universidade. Eles não abrirão mão desse papel — mesmo que isso custe
seus próprios empregos.
·
Lutar
Contra a Repressão, Lutar Por Todos os Nossos Direitos
Este
ataque ocorre precisamente por causa da força e da profundidade do movimento ao
longo do último ano e meio. Embora o movimento pela Palestina esteja em um
momento de retração, há cada vez mais apoio à causa palestina entre a população
dos Estados Unidos – especialmente entre os estudantes. Uma expressão desse
apoio são as resoluções de desinvestimento que têm sido aprovadas por
estudantes em todo o país. Precisamos aproveitar esse apoio latente para
combater os ataques atuais e continuar a luta pela Palestina e pelo
desinvestimento. Nesse contexto, fica claro que Trump, os democratas e os
administradores universitários estão unidos para esmagar o movimento pela
Palestina nas universidades. Mas o movimento pela Palestina não pode enfrentar
esses ataques sozinho nem entendê-los como algo exclusivamente contra a
Palestina. Os ataques de Trump ao movimento estudantil pró-Palestina têm o
objetivo de abrir caminho para atacar a universidade, o direito ao protesto e
todas as pessoas oprimidas e exploradas. Precisamos enfrentar esses ataques.
Devemos dizer em alto e bom som – isso é sobre a Palestina, sobre a luta
contínua para desinvestir nossas instituições de Israel. Mas também é sobre o
financiamento das universidades, a liberdade de expressão e nosso direito de
protestar. Trump está atacando o movimento trabalhista, os direitos trans e os
estudantes imigrantes. Trump está atacando pesquisadores e cortando
financiamentos. Eles estão vindo atrás de todos nós, e todos devemos nos
levantar. Precisamos liberar toda a força do movimento trabalhista e do
movimento estudantil para combater esses ataques: devemos responder com toda a
força dos estudantes, trabalhadores e da comunidade mobilizados e organizados
de baixo para cima.
Precisamos
que nossos sindicatos se levantem e comecem a organizar a luta de base – contra
as expulsões, contra a repressão, contra a censura, contra o desfinanciamento
das universidades e pela retirada da polícia e do ICE dos campi. Ataques ao
direito de protesto dos estudantes são ataques ao movimento trabalhista, e
devemos tratá-los como tal. Muitas universidades são sindicalizadas por meio do
UAW. Agora, diante desses ataques, precisamos que os membros de base do UAW,
como aqueles do Local 4811 que entraram em greve pela Palestina na Universidade
da Califórnia, pressionem a liderança do UAW a agir contra a repressão de Trump
ao movimento estudantil. Até agora, os sindicatos têm falado e feito pouco,
permitindo que o medo e a passividade se espalhem entre a base. Muitos, incluindo
o PSC-CUNY (AFT Local 2334), organizam suas forças para combater resoluções que
pedem o desinvestimento de Israel, mas fazem pouco para lutar pela Palestina ou
contra essa onda repressiva. Isso é inaceitável. O movimento trabalhista é
forte e poderoso e deve combater isso com toda a sua força. No caso do UAW, em
vez de apoiar Trump e suas tarifas reacionárias, precisamos que o UAW se
levante e contra-ataque.
As associações estudantis devem abandonar seus papéis administrativos e
apolíticos dentro da universidade e se tornar uma força de luta pelo movimento
estudantil – contra os ataques que estão por vir e os que já chegaram.
O
movimento pela Palestina deve combater a repressão – entendendo que lutar
contra a repressão é central para a luta pela libertação da Palestina e que o
destino do movimento está ligado à resistência contra todos os ataques de
Trump. Para derrotar essa repressão, precisamos de uma indignação massiva – uma
campanha democrática que una o maior número possível de setores contra esse
ataque da direita. Chega de protestos separados para diferentes setores do
movimento pela Palestina – PYM, SJP, PSL, JVP e Within Our Lifetime devem se
unir e marchar juntos contra esses ataques. Também precisamos chamar os
movimentos pelos direitos trans, dos imigrantes e dos trabalhadores para lutar
ao nosso lado pelos direitos de todos. Embora devamos fazer essas exigências às
lideranças do movimento, isso não significa que devemos esperar que eles
organizem a resistência. Essas lutas não devem ser organizadas de cima para
baixo, mas sim de baixo para cima – estudantes, professores e funcionários
juntos – organizando-se por departamento ou campus para discutir o que está
acontecendo e criar espaços democráticos para planejar nossa resistência.
Devemos convocar assembleias do movimento, reunindo a comunidade universitária
com a comunidade mais ampla e outros movimentos sociais. Longe de esconder as
diferenças políticas entre os grupos, isso as tornará claras, ao mesmo tempo em
que manterá a unidade contra esse ataque da direita. Precisamos organizar a
luta entre os campi, pois os ataques são contra todas as universidades – e
criar espaços de organização democrática que apaguem as barreiras entre
universidade e comunidade, organizando uma luta ampla em defesa da educação.
Organizar de baixo para cima também trará mais pessoas para a luta – e
precisamos de todos nessa batalha.
Ao
mesmo tempo, a maioria da burocracia universitária está se submetendo a Trump –
mesmo quando Trump está atacando as universidades em si. A tentativa dessa
burocracia de ceder aos ataques sionistas para manter o status quo neoliberal é
um erro grave (até para seus próprios objetivos), pois as forças trumpistas não
serão contidas pela repressão ao movimento palestino quando seu projeto político
envolve a destruição do direito ao protesto, dos sindicatos e das instituições
de ensino superior. Os cortes de US$ 400 milhões em Columbia afetam todos os
estudantes, professores e funcionários e deixam isso evidente. A administração
universitária não nos protegerá nem nos defenderá.
Neste
momento, precisamos deixar claro que devemos superar essa burocracia – as
pessoas que dirigem a universidade estão permitindo que ela seja destruída.
Devemos aproveitar essa oportunidade para explicar que nossa luta não é pelo
status quo neoliberal, mas por um outro tipo de universidade – uma universidade
pública e gratuita, administrada por estudantes, professores, funcionários e a
comunidade – as pessoas que atualmente estão defendendo o movimento palestino e
a própria universidade. Precisamos de instituições abertas a todos e voltadas
para o ensino, a aprendizagem e a investigação, não como uma máquina de
endividamento, trabalho precarizado e investimentos no genocídio. Enquanto
lutamos contra os ataques de Trump, devemos coletivamente propor uma nova visão
para a universidade de que precisamos – uma universidade organizada
democraticamente de baixo para cima.
Precisamos
deixar claro para Trump, para os democratas e para os administradores
universitários que apoiam os ataques ao movimento pela Palestina que vamos
protestar, nos levantar e até mesmo paralisar as atividades – trazendo de volta
a greve política – para defender contra expulsões, encarceramentos e
deportações de pessoas do movimento pela Palestina, contra a repressão, contra
a censura, contra o desfinanciamento da universidade e pela retirada da polícia
e do ICE dos campi. Continuaremos lutando contra as brutais políticas
imperialistas de Trump na Palestina e pelo desinvestimento de nossas instituições
do genocídio. Unidos, podemos derrotar esses ataques e lançar as bases para
lutar por mais.
Fonte: Esquerda Diário

Nenhum comentário:
Postar um comentário