domingo, 25 de junho de 2023

Relatório da PF a Moraes faz Bolsonaro ficar em pânico e se afastar de Mauro Cid

O cerco se fechou ainda mais para Jair Bolsonaro (PL) na semana em se deu o início do julgamento que deve deixá-lo inelegível pelos próximos oito anos. Mas, a perda dos direitos políticos é apenas uma - pequena - parte da preocupação do ex-presidente, que tem abandonado antigos aliados para tentar se livrar de uma possível prisão.

Nesta semana, foi a vez do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, de se ver abandonado por seu ex-chefe.

O motivo é um curto relatório, de cinco páginas, enviado pela Polícia Federal ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que fez com que Bolsonaro ligasse o botão de pânico e evitasse quaisquer declarações sobre seu ex-assessor.

No documento, a PF afirma que obteve provas da ligação de Cid e de sua esposa, Gabriela, ao ato golpista de 8 de janeiro.

Os "elementos da prova", segundo a PF, comprovam a participação efetiva do casal, tanto “por meio de induzimento e instigação de parcela da população”, como em “atos preparatórios propriamente ditos”.

“A atuação dos investigados, possivelmente, foi um dos elementos que contribuiu para os atos criminosos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023, materializando os objetivos ilícitos da organização criminosa investigada”, diz o relatório.

A PF ainda informa o ministro do STF que obteve em aparelhos celulares da família Cid “grande quantidade de dados”, que passarão por perícia, antes de ser juntados à investigação.

•        Em relatório, PF liga Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, ao 8 de janeiro

Em relatório sigiloso encaminhado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a Polícia Federal afirma que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, e sua esposa, Gabriela Cid, tiveram participação no 8 de janeiro. Naquele dia, terroristas bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, em uma tentativa de golpe de estado contra o presidente Lula (PT).

No documento enviado ao ministro, de acordo com a revista Veja, "os elementos de prova" confirmam a hipótese criminal sobre a participação de Cid e sua esposa na tentativa de golpe, seja “por meio de induzimento e instigação de parcela da população”, seja por meio de “atos preparatórios propriamente ditos”.

"A atuação dos investigados, possivelmente, foi um dos elementos que contribuiu para os atos criminosos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023, materializando os objetivos ilícitos da organização criminosa investigada”, diz a PF.

A corporação ainda informa que localizou com Cid “grande quantidade de dados”, extraídos de diferentes meios eletrônicos. O material será periciado.

 

       PF encontra material "vasto e comprometedor" no celular de Marcos do Val

 

O senador bolsonarista Marcos do Val, que é alvo de investigação da PF após ter denunciado que se envolveu em uma trama golpista que envolvia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pediu licença do mandato por 115 dias. O parlamentar fez o pedido após um “mal-estar” sentido por ele na terça-feira.

Segundo a coluna Radar, da Veja, no entanto, o afastamento pode estar relacionado aos desdobramentos da operação da Polícia Federal contra ele no dia 15 de junho. Para os investigadores, a piora na saúde do senador está diretamente ligada ao "vasto e comprometedor" material encontrado no celular de Do Val. "Há de tudo no aparelho", afirma a revista.

O senador foi destaque na mídia no início deste ano, por ter afirmado que se reuniu com Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira em 2022 para arquitetar um plano de grampear Moraes, a fim de incriminá-lo e abrir uma brecha para o fechamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e um posterior golpe de Estado para a manutenção de Bolsonaro no poder. Após fazer tal confissão, o senador passou a criar diversas novas versões da mesma história, o que motivou Moraes a abrir uma investigação contra o parlamentar.

 

       Moraes torna Cid e mulher co-autores de 8/1

 

Num relatório sigiloso de cinco páginas, enviado a Alexandre de Moraes recentemente, a Polícia Federal informa ter obtido provas que ligam Cid e Gabriela, sua mulher, ao 8 de Janeiro.

A PF afirma que “os elementos de prova” ratificam a hipótese criminal sobre a participação do casal na tentativa de execução de um golpe de Estado, seja “por meio de induzimento e instigação de parcela da população”, seja por meio de “atos preparatórios propriamente ditos”.

“A atuação dos investigados, possivelmente, foi um dos elementos que contribuíram para os atos criminosos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023, materializando os objetivos ilícitos da organização criminosa investigada”, diz a PF.

A PF ainda informa Moraes de que localizou com Cid “grande quantidade de dados”, extraídos de diferentes meios eletrônicos. Tudo ainda passará por perícia.

 

       Golpista preso no 8/1 afirmou que líderes de acampamento planejavam ataques a bomba

 

A Polícia Civil do Distrito Federal ouviu de um dos golpistas presos após participar das invasões do 8 de Janeiro que lideranças do acampamento bolsonarista no Quartel-General do Exército, em Brasília, planejavam atentados a bomba na capital.

O autônomo Armando Valentin Settin Lopes de Andrade, de 46 anos, preso com a namorada em flagrante no próprio dia 8 de janeiro, horas após participar da invasão às sedes dos Três Poderes, revelou em seu depoimento detalhes do acampamento golpista.

Andrade contou ter frequentado o acampamento diariamente, por mais de 40 dias, estabelecendo uma relação de confiança com lideranças do local. Essa proximidade teria lhe garantido participar de três reuniões restritas, com essas pessoas, momento em que teria ouvido os planos de ataques. “(…) No acampamento, vários organizadores sugeriam colocar bombas para derrubar a ponte da rodoviária de Brasília e que também sugeriam incendiar veículos em estação de energia de Brasília”, contou Andrade.

Andrade afirmou que o terrorista Alan Diego dos Santos Rodrigues, um dos presos suspeitos de tentar explodir uma bomba no aeroporto de Brasília, estava em uma das reuniões de que ele participou no acampamento. Segundo ele, Alan Diego “era uma das pessoas que diziam que deveriam fazer barulho, chamar atenção no sentido de atos mais extremos, como produzir incêndios”.

No depoimento, Andrade disse ter sido convidado para praticar atentados, mas que não teria demonstrado interesse em se juntar ao grupo. Afirmou, ainda, que seria capaz de reconhecer as pessoas que o chamaram para participar dos ataques, mas não de lembrar o nome dos envolvidos.

Polícia recebeu denúncia sobre participação de Andrade

Embora Andrade tenha feito essa negativa, policiais do Departamento de Combate a Corrupção e ao Crime Organizado do DF descobriram três dias antes da invasão, no dia 5 de janeiro, que ele teria o plano de queimar carros e atacar estações de energia da capital. Segundo a denúncia levada à polícia, Andrade teria comprado carros para executar os ataques.

No depoimento colhido no 8 de janeiro, a Polícia Civil não fez perguntas a Andrade sobre esta denúncia.

O golpista contou que chegou ao acampamento por meio de “três ou quatro grupos bolsonaristas, no aplicativo de mensagens WhatsApp”. Por lá, ele recebia diversos vídeos sobre “fraudes nas eleições” e “questionamentos” sobre a atuação de Alexandre de Moraes”.

Andrade disse ser um defensor da intervenção militar, que vê como “única esperança para o Brasil”. Sobre os organizadores do acampamento, citou um “cacique”, em possível alusão a José Acácio Serere Xavante, homem indígena preso pela Polícia Federal no ataque à sede da corporação, em dezembro do ano passado.

Questionado sobre outros nomes, Andrade declarou que não se recordava, mas que as lideranças do acampamento citavam “o agro” como o organizador do agrupamento montado em frente ao QG.

Andrade também contou detalhes da caminhada que os golpistas fizeram no dia 8 de janeiro, saindo do acampamento no QG do Exército até a Praça dos Três Poderes. Lembrou que “ultrapassou uma primeira barreira de policiais da Polícia Militar do Distrito Federal, quase em frente ao Congresso”, quando teria encontrado “policiais de bem”. Esses policiais, que seriam da PMDF, teriam dado palavras percebidas por ele como de incentivo aos manifestantes, mas com um aviso: “Estamos com vocês, mas fiquem de boa”.

Andrade foi preso na noite de 8 de janeiro porque a polícia já acompanhava seus passos, desde que recebeu a denúncia sobre o plano de comprar carros para incendiar em ataques. Ele e a namorada, Elynne Gomes dos Santos Lima, foram abordados por policiais na Estrutural, a caminho de casa.

Em seu depoimento, Elynne afirmou desconhecer “qualquer conversa sobre incendiar veículos ou usar bombas em manifestações”, mas admitiu que invadiu prédios dos Três Poderes porque “Lula não pode ficar no poder”.

 

       Mourão diz que o coronel Lawand jogou a carreira “na latrina” ao incitar o golpe

 

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente de Bolsonaro, afirmou que o coronel Jean Lawand Júnior jogou a carreira “na latrina” ao incitar uma tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder.

Mensagens encontradas pela PF mostram que Lawand pediu que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, pressionasse o então presidente a acionar as Forças Armadas para reverter o resultado das eleições no fim do ano passado.

“Mas quem é o Lawand na fila do pão? É um coronel com carreira militar brilhante, foi comandante dos mísseis e foguetes em Formosa”, disse Mourão à coluna.

“Agora estava no Estado Maior numa função burocrática, designado para aquilo que é um dos prêmios que o Exército dá, para ser adjunto do adido militar nos Estados Unidos, dois anos em Washington e agora está jogando isso pela latrina”, definiu, em referência à decisão do governo Lula, após a revelação das mensagens, de reverter a nomeação de Lawand para ser adjunto do adido do Exército em Washington, onde ganharia 25 mil dólares mensais.

Nas conversas encontradas pela PF, Cid disse a Lawand que Bolsonaro não tentaria dar um golpe porque não teria o apoio do Alto Comando do Exército.

Questionado se o Alto Comando era o único empecilho impedindo a gestão anterior de tentar tomar o poder por uma intervenção militar, Mourão disse que não participou dessas conversas.

“O presidente em nenhum momento aventou essa hipótese. O que eu ouvi do presidente ao longo daqueles dois meses, após a derrota na eleição, foi alguém que ficou extremamente abatido, porque ele julgava que iria vencer.”

O senador disse não saber se havia pessoas no entorno de Bolsonaro que o aconselhavam a dar um golpe. “Aí eu não sei, porque nunca participei dessas conversas. Vocês sabem muito bem que eu era escanteado desse pacote aí.”

Sobre o tenente-coronel Mauro Cid, Mourão diz que Jair Bolsonaro não deveria ter transformado seu ajudante de ordens em um “faz-tudo”, pelo fato de ser um oficial da ativa. O senador afirma que, hoje, Mauro Cid está colhendo as consequências disso.

“Eu fui visitá-lo na prisão, porque o conheço desde criança. Isso foi há umas duas semanas. O Cid está bem, ele é um cara acostumado a viver em confinamento, não está triste com isso. O cara é da Força Especial, passou por uma série de treinamentos”, disse.

Mourão nega que Cid tenha a intenção de fazer uma delação premiada, como é cogitado. “O Cid não tem nada para delatar. O Cid era ajudante de ordens do presidente, e o presidente transformou ele num faz-tudo, que não deveria ter transformado”, declarou.

“O Cid é um oficial da ativa. Ele [Bolsonaro] tinha que ter pegado um assecla qualquer para ser faz-tudo dele. Mas ele gostava do Cid e foi isso. E ele [Cid], hoje, está sofrendo o bullying do Alexandre de Moraes.”

Mourão disse também que militares da ativa que discutiram a possibilidade de golpe com Cid, como o coronel Jean Lawand, não tinham condições de executar o plano que estavam tramando.

“Toda vez que a gente avalia uma ameaça, temos que ver a capacidade daquela ameaça realmente se concretizar. Se você pega três, quatro oficiais que não têm comando de tropa… A primeira coisa que o cara tem que ter é comando de tropa. Ali não tinha nenhum comandante de batalhão. Estavam trocando ideia, dizendo pressiona o presidente para isso, para aquilo”.

NOTA

O coronel Jean Lawand era um “tríplice coroado” como João Figueiredo e Augusto Heleno, em decorrência de sua condecoração com a Medalha Marechal Hermes, por ter sido primeiro colocada na AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras), EsAO (Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais) e ECEME (Escola de Comando e Estado Maior). Em tradução simultânea, chegaria facilmente a general de quatro estrelas.

O tenente-coronel Mauro Cid ia na mesma balada, só faltava a ECEME. A derrocada de Lawand e Cid mostra que nem sempre os primeiros colocados são os melhores alunos. Muito pelo contrário, podem ser apenas duas vacas fardadas, como dizia o general Olympio Mourão Filho, que em 1964 colocou a tropa na rua e detonou o golpe militar. Recordar é viver.

Fonte: Fórum/Brasil 247/Veja/Metrópoles

 

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