PF
faz buscas contra neonazistas que teriam estimulado assassinatos
A Polícia Federal cumpre, nesta sexta-feira (2),
mandados de busca e apreensão contra um grupo neonazista que usava aplicativos
de mensagens e chats para compartilhar “material de extremismo violento
ideologicamente motivado”.
Há suspeita de que integrantes do grupo tenham
induzido assassinatos cometidos em 25 de novembro de 2022, em Aracruz (ES), por
um menor de 16 anos.
Notícias relacionadas:
Segundo os investigadores, o grupo divulgava
tutoriais de assassinato no aplicativo de mensagens, além de vídeos de mortes
violentas, de fabricação de explosivos e de promoção de ódio a minorias. Havia
também, em meio aos materiais divulgados, vídeos descrevendo ideais
neonazistas.
Os ataques cometidos pelo menor ocorreram em duas
escolas e, segundo a Polícia Civil do Espírito Santo, teriam sido planejados há
pelo menos dois anos. Os disparos com arma de fogo resultaram na morte de
quatro pessoas e 13 ficaram feridas. O adolescente é filho de um policial
militar.
Os mandados de busca e apreensão das ações de hoje
foram cumpridos nas cidades de São Paulo (SP) e Petrolina (PE), por
determinação da 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Linhares, no Espírito
Santo.
Extremismo violento
“A investigação demonstrou que os arquivos de
conteúdo de extremismo violento encontrados no aparelho celular do menor foram
baixados do canal do aplicativo que ele participava”, informou a PF.
“O uso da
cruz suástica na vestimenta do menor no momento do ataque demonstra a
influência de ideologia neonazista recebida pelo grupo de aplicativo,
reforçando a tese de que o atentado foi cometido por razões de intolerância a
raça, cor e religião com o fim de provocar terror social, o que configura o
crime de terrorismo”, acrescentou.
A PF informou que a empresa do aplicativo de mensagens
pouco cooperou com a investigação. No entanto, mesmo sem a obtenção de boa
parte dos dados solicitados, os investigadores conseguiram identificar dois
integrantes que atuavam de forma ativa, “com postagens de teor racista e
antissionista”.
De acordo com a PF, se somadas, as penas máximas dos
crimes investigados atingem 72 anos de reclusão, “lembrando que tanto o crime
de terrorismo quanto o de homicídio qualificado são considerados hediondos pela
legislação”.
O ministro da Justiça e Segurança Pública anunciou
as ações da PF por meio de sua conta no Twitter.
RELEMBRE O CASO:
• ES:
adolescente usa arma do pai e símbolo nazista em ataque a escolas
Após ser apreendido como principal suspeito de
autoria do ataque a duas escolas em Aracruz, no Espírito Santo, um adolescente
de 16 anos confessou o crime, informou a Polícia Civil do estado. O jovem
contou que vinha planejando a ação há pelo menos dois anos. O adolescente é
filho de um policial militar.
"Os pais estavam destruídos e colaboraram muito
com o nosso trabalho", disse o delegado da Polícia Civil, João Francisco
Filho, que apresentou os detalhes da apreensão ao lado do governador Renato
Casagrande, do secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo, e do
secretário de Segurança Pública, Marcio Celante. De acordo com o delegado, o
adolescente foi encontrado em um dos imóveis da família no município. A
operação foi tranquila e houve cooperação tanto dos pais quanto do autor do
crime.
O ataque às duas escolas teve início por volta das
9h30 de hoje (25) e resultou na morte de pelo menos dois professores e uma
aluna. Ficaram feridas 11 pessoas que foram levadas para hospitais da região.
Alguns dos feridos já foram liberados. Segundo as últimas informações, quatro
pessoas apresentam quadro de saúde mais delicado: três professores, cujo estado
é grave, e um aluno, em situação
gravíssima.
Já se sabe que o adolescente usou duas armas de
responsabilidade do pai: um revólver de calibre .38, de propriedade privada e
uma pistola .40 pertencente à Polícia Militar. Ele também levava três
carregadores. O governador Renato Casagrande confirmou que, no momento do
crime, o adolescente usava uma braçadeira com um símbolo nazista.
Imagens das câmeras de segurança registraram a ação.
O atirador vestia roupa camuflada e uma máscara de esqueleto, similar à usada
em fotos nas redes sociais por um dos autores do massacre ocorrido em 2019 na
Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, São Paulo.
<< Motivação
A ação do adolescente começou pela Escola Estadual
Primo Bitti, onde ele arrombou o cadeado de um dos acessos e fez disparos
matando dois professores e ferindo mais nove. Em seguida, o atirador entrou em
um carro e se dirigiu ao Centro Educacional Praia de Coqueiral, uma instituição
privada. No local, efetuou novos disparos, tirando a vida de uma aluna e
ferindo mais duas pessoas.
Segundo a Polícia Civil, o adolescente é ex-aluno da
Escola Estadual Primo Bitti, onde estudou até junho deste ano. A família o
transferiu para outra instituição, mas a razão ainda não foi esclarecida.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, durante a
apreensão, o adolescente não explicou por que fez os ataques. O delegado João
Francisco Filho disse que ele estava tranquilo e não manifestou arrependimento.
A apuração preliminar apontou que ele fazia tratamento psiquiátrico. A Polícia
Civil trabalha com a hipótese de que o adolescente não tinha um alvo definido e
que ele pode ter agido sob estímulo de grupos extremistas, que se organizam de
forma virtual dentro e fora do Brasil.
Para Renato Casagrande, a sociedade precisa estar
mais atenta aos problemas de saúde mental. Ele pediu que as pessoas fiquem
atentas ao comportamento de filhos, netos e irmãos, para que possam identificar
situações em que seja necessária ajuda profissional. Considerou ainda que a
comunidade escolar também deve estar vigilante.
O governador manifestou resistência a medidas que
busquem dificultar o acesso às escolas ampliando as grades e os muros.
"Escola não é para isso. Escola é para educar, para formar pessoas, para
poder conviver com quem pensa diferente. Então os sinais de problemas de saúde
mental são sinais que precisam receber atenção", reiterou.
<< Choque
A prefeitura de Aracruz divulgou nota informando que
as aulas da rede municipal foram suspensas. As crianças que estavam nas escolas
foram dispensadas. Casagrande informou que a retomada das aulas na Escola
Estadual Primo Bitti ainda será discutida nos próximos dias. O prefeito de
Aracruz, Luiz Carlos Coutinho, disse que as famílias das vítimas já estão sendo
identificadas para receber assistência.
O clima é de choque na comunidade escolar do
município. "É muita tristeza. É uma impotência. Aconteceu na escola [em]
que eu trabalho, com os meus colegas e as minhas colegas, entende? Não sei se
consigo voltar para a sala de aula e dar aula", disse a professora Leilany
Campos, que leciona na Escola Estadual Primo Bitti.
Segundo Adriana Alves, diretora de uma escola
infantil do município, a notícia gerou uma onda de desespero especialmente
entre pais e educadores. Ela conta que, logo após o ocorrido, a Polícia Militar
recomendou a todas as escolas manter os portões fechados. "Estamos vivendo
um terror. Não poderíamos imaginar esse tipo de coisa acontecendo tão perto da
gente."
Vereador
pastor se refere a indígenas como “barbárie” em discurso racista
O vereador da cidade de Santos, litoral de São
Paulo, Roberto Oliveira Teixeira (Republicanos), conhecido como Pastor Roberto
de Jesus, fez um discurso nesta última terça-feira (30), na tribuna da Câmara
da cidade, extremamente racista e anti-indígena, ao ler um requerimento de
votos de congratulações aos 31 anos de emancipação da cidade de Bertioga.
Durante sua fala, o vereador se referiu aos
portugueses como a “civilização” e os indígenas como a “barbárie”:
"Bertioga surge na história do Brasil com a
importância de um dos primeiros pontos geográficos com povoamento regular.
Estes locais eram destinados à defesa de povoamento e foram palcos de grandes
batalhas entre a civilização, representada pelos portugueses de Martim Afonso
de Souza, e a barbárie, representada pelos Tamoios de Aimberê, Caoaquira,
Pindobuçu e Cunhambebe, em constantes incursões contra os colonizadores”,
disse.
A Câmara de Santos aprovou o requerimento por
unanimidade e ele será encaminhado ao prefeito de Bertioga, Caio Matheus.
• Autonomia
Bertioga fez parte do município de Santos até o dia
19 de maio de 1991, quando conquistou sua autonomia. A População compareceu às
urnas, realizando o plebiscito que resultaria na emancipação do distrito. Das
3.925 pessoas que votaram 3.698 foram favoráveis à independência de Bertioga.
No mesmo dia em que o Pastor Roberto de Jesus fez o
seu discurso contra os povos originários, a Polícia Militar reprimiu com
violência manifestantes indígenas no Jaraguá, em São Paulo. Eles protestavam na
rodovia dos Bandeirantes contra o Marco Temporal (Projeto de Lei 490/07), que
estava em discussão na Câmara dos Deputados.
O projeto, que foi aprovado naquela mesma noite,
estabelece que os povos indígenas têm direito de ocupar apenas as terras que
ocupavam, ou já disputavam, até 5 de outubro de 1988, data de promulgação da
Constituição. A mudança também flexibiliza a mineração em terras indígenas. Os
manifestantes agora convocam uma mobilização para o próximo domingo (4), às 8h,
na Terra Indígena (TI) Jaraguá.
• Deputados
da região votaram a favor do Marco Temporal
O litoral paulista concentra o maior número de
aldeias do Estado. Na Baixada Santista, segundo o censo de 2010, 3.318 pessoas
se declararam indígenas. Ao todo, eram 17 aldeias na Região e cinco terras
indígenas localizadas nos municípios de Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia
Grande, São Vicente e Bertioga. Os dados podem sofrer alterações com a
divulgação do novo senso. A população nessas terras é do povo Guarani Mbya e
Tupi-Guarani (Ñandeva) e a principal forma de subsistência é a agricultura e o
artesanato.
A aldeia com maior população indígena está na
Ribeirão Silveira, na cidade de Boraceia, ao lado de Bertioga, que abrigava
aproximadamente 600 índios.
A despeito da região litorânea ter grande representatividade
indígena no Estado, os deputados federais eleitos pela Baixada Santista votaram
a favor do marco temporal e contra os povos originários. São eles Rosana Valle
(PL), Alberto Mourão (MDB) e Paulo Alexandre Barbosa (PSDB).
Fonte: Dinheiro Rural/Agencia Brasil/Fórum

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