George Washington
ofereceu ajuda e fuzis para Exército dar golpe
O
terrorista George Washington, preso pela tentativa de promover um atentado a
bomba perto do Aeroporto de Brasília, escreveu cinco mensagens ao Exército
pedindo e prontificando-se a ajudar em um golpe militar, inclusive com o
arsenal que mantinha em sua casa. As interações ocorreram no dia 11 de dezembro
do ano passado, véspera dos ataques contra a sede da Polícia Federal. Procurado
pela coluna, o Exército disse não conseguir dar conta do volume de mensagens
que recebe.
A
Polícia Civil do Distrito Federal descobriu a tentativa de comunicação ao
periciar o celular de George Washington. Na primeira mensagem, o terrorista
escreveu um pedido de socorro às Forças Armadas: “SOS FFAA”.
Hora
depois, George Washington compartilhou uma notícia de um blog de esquerda com o
título: “PT, sindicatos, MST e MTST formarão força de segurança paralela para
Lula na posse”.
“Convoquem
os CACs. Srs., até quando vão esperar? Convoquem e ponham em treinamento
militar intensivo”, escreveu em seguida, em referência aos Colecionadores,
Atiradores Desportivos e Caçadores (CACs). “Tem muito fuzil à disposição, será
uma honra servir a pátria. Não nos deixe sair como bandidos nessa situação.”
George
Washington disse à Polícia Federal que gastou mais de R$ 160 mil em munição e
armas, entre elas um fuzil Springfield calibre .308. “Sejam rápidos, treinem os
CACs. Não esperem as coisas ficarem mais sérias”, dizia a mensagem final.
Mensagens
semelhantes foram enviadas ao deputado federal General Eliéser Girão, do PL do
Rio Grande do Norte, e ao senador Eduardo Girão, do Novo do Ceará. George
Washington pediu ao deputado que os CACs fossem acionados para um golpe,
afirmou ter muitos fuzis e fez um apelo: “Não nos deixe sair como bandidos”.
Para o senador, o terrorista disse ter muitos “atiradores sniper” entre os
CACs, que poderiam agir como “força de reserva”.
Investigações
mostraram que George Washington tentou fazer um curso de sniper, mas não
conseguiu. O ministro da Justiça, Flávio Dino, declarou que o terrorista tinha
a intenção de matar Lula na posse presidencial.
A
coluna procurou o Exército para saber se a Força tinha conhecimento sobre as
cinco mensagens e se existe um sistema de inteligência para monitorar o
conteúdo dos textos recebidos no Instagram. Em nota, o Exército informou que
passou a receber uma média diária de 200 mil interações nas redes sociais,
entre os meses de novembro e dezembro de 2022, e que não foi possível
identificar as mensagens citadas.
“Anteriormente,
essa média era de cerca de 16 mil interações por dia”, declarou o Exército.
“Ressalta-se que o Exército Brasileiro permanece à disposição dos órgãos de
segurança pública e das demais autoridades competentes para contribuir com qualquer
desdobramento necessário às investigações.”
O
senador Eduardo Girão disse que tem “posicionamento firme e público contra a
ampla flexibilização dos CACs e do porte de armas de fogo que se deu no governo
Bolsonaro”. Sobre as mensagens de George Washington, Girão afirmou que um dos
delegados da Polícia Civil disse à CPMI do 8 de Janeiro que o terrorista havia
enviado mensagens para redes sociais de autoridades e que os perfis não
responderam.
“Não
sabia que também tinham chegado ao meu Instagram. Não visualizei e nem
respondi, até porque tenho mais de 260 mil seguidores só nesta rede social.
Recebo diariamente milhares de mensagens, já que posto pelo menos quatro
publicações por dia”, declarou.
O
deputado General Eliéser Girão disse que desconhece George Washington e que não
viu qualquer mensagem dessa natureza.
• Suspeito de plantar bomba diz que caso
não tem relação com 8/1
George
Washington de Oliveira Sousa negou à CPI dos atos golpistas, nesta quinta-feira
(22/6), que a tentativa de explosão de um caminhão-tanque no aeroporto de
Brasília tenha relação com os ataques à sede da Polícia Federal ou com os atos
golpistas realizados em janeiro.
“Este
caso não tem relação com o 8/1, objeto dessa CPMI. Não tem nada a ver uma coisa
com a outra. Absolutamente nada. (…) O dia 12/12 não tem nada a ver com o dia
24/12, que não tem nada a ver com o 8/1″, disse George Washington. Ele foi
preso no dia 25/12 e, posteriormente, condenado pela tentativa de executar o
ato terrorista.
Pouco
antes, no dia 12 de dezembro, manifestantes bolsonaristas tentaram invadir a
sede da Polícia Federal, em Brasília. Isso ocorreu no mesmo dia da diplomação
de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como próximo presidente da República. Na
ocasião, pessoas vestidas com camiseta da Seleção Brasileira danificaram e
incendiaram vários carros estacionados nos arredores do prédio da corporação.
O
deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA) não acreditou na versão de George
Washington e criticou a fala. “Dizer que um ato não tem a ver com o outro é um
equívoco. (…) O senhor porderia ajudar a encontrar os outros criminosos
foragidos, você já foi abandonado pelo bolsonarismo, que já abandonou outros,
como Daniel Silveira, Queiroz etc”, pontuou o deptado.
Esse,
porém, foi um dos poucos momentos de fala de George Washington. Preso e
condenado pela tentativa de explodir o aeroporto de Brasília, ele decidiu ficar
calado durante a audiência desta quinta.
A
decisão de não falar foi criticada pelo deputado Duarte Júnior (PSB-MA). Antes,
George Washington comentou sobre a distância da família e afirmou ser pai de
uma criança com necessidades especiais. O parlamentar, também pai de uma
criança em condição semelhante, se revoltou.
“Covarde,
medíocre, utiliza a imagem de uma criança com necessidades especiais para
sensibilizar as pessoas, seu covarde. Por sorte, você é incompetente até para a
prática de um crime. Você cala porque tem rabo preso. Sua covardia vai te
manter distante do seu filho”, disse Duarte.
• Golpista preso afirmou que líderes de
acampamento planejavam ataques a bomba
A
Polícia Civil do Distrito Federal ouviu de um dos golpistas presos após
participar das invasões do 8 de Janeiro que lideranças do acampamento
bolsonarista no Quartel-General do Exército, em Brasília, planejavam atentados
a bomba na capital.
O
autônomo Armando Valentin Settin Lopes de Andrade, de 46 anos, preso com a
namorada em flagrante no próprio dia 8 de janeiro, horas após participar da
invasão às sedes dos Três Poderes, revelou em seu depoimento detalhes do
acampamento golpista.
Andrade
contou ter frequentado o acampamento diariamente, por mais de 40 dias,
estabelecendo uma relação de confiança com lideranças do local. Essa
proximidade teria lhe garantido participar de três reuniões restritas, com
essas pessoas, momento em que teria ouvido os planos de ataques. “(…) No
acampamento, vários organizadores sugeriam colocar bombas para derrubar a ponte
da rodoviária de Brasília e que também sugeriam incendiar veículos em estação
de energia de Brasília”, contou Andrade.
Andrade
afirmou que o terrorista Alan Diego dos Santos Rodrigues, um dos presos
suspeitos de tentar explodir uma bomba no aeroporto de Brasília, estava em uma
das reuniões de que ele participou no acampamento. Segundo ele, Alan Diego “era
uma das pessoas que diziam que deveriam fazer barulho, chamar atenção no
sentido de atos mais extremos, como produzir incêndios”.
No
depoimento, Andrade disse ter sido convidado para praticar atentados, mas que
não teria demonstrado interesse em se juntar ao grupo. Afirmou, ainda, que
seria capaz de reconhecer as pessoas que o chamaram para participar dos
ataques, mas não de lembrar o nome dos envolvidos.
Polícia
recebeu denúncia sobre participação de Andrade
Embora
Andrade tenha feito essa negativa, policiais do Departamento de Combate a
Corrupção e ao Crime Organizado do DF descobriram três dias antes da invasão,
no dia 5 de janeiro, que ele teria o plano de queimar carros e atacar estações
de energia da capital. Segundo a denúncia levada à polícia, Andrade teria
comprado carros para executar os ataques.
No
depoimento colhido no 8 de janeiro, a Polícia Civil não fez perguntas a Andrade
sobre esta denúncia.
O
golpista contou que chegou ao acampamento por meio de “três ou quatro grupos
bolsonaristas, no aplicativo de mensagens WhatsApp”. Por lá, ele recebia
diversos vídeos sobre “fraudes nas eleições” e “questionamentos” sobre a
atuação de Alexandre de Moraes”.
Andrade
disse ser um defensor da intervenção militar, que vê como “única esperança para
o Brasil”. Sobre os organizadores do acampamento, citou um “cacique”, em
possível alusão a José Acácio Serere Xavante, homem indígena preso pela Polícia
Federal no ataque à sede da corporação, em dezembro do ano passado.
Questionado
sobre outros nomes, Andrade declarou que não se recordava, mas que as lideranças
do acampamento citavam “o agro” como o organizador do agrupamento montado em
frente ao QG.
Andrade
também contou detalhes da caminhada que os golpistas fizeram no dia 8 de
janeiro, saindo do acampamento no QG do Exército até a Praça dos Três Poderes. Lembrou
que “ultrapassou uma primeira barreira de policiais da Polícia Militar do
Distrito Federal, quase em frente ao Congresso”, quando teria encontrado
“policiais de bem”. Esses policiais, que seriam da PMDF, teriam dado palavras
percebidas por ele como de incentivo aos manifestantes, mas com um aviso:
“Estamos com vocês, mas fiquem de boa”.
Andrade
foi preso na noite de 8 de janeiro porque a polícia já acompanhava seus passos,
desde que recebeu a denúncia sobre o plano de comprar carros para incendiar em
ataques. Ele e a namorada, Elynne Gomes dos Santos Lima, foram abordados por
policiais na Estrutural, a caminho de casa.
Em
seu depoimento, Elynne afirmou desconhecer “qualquer conversa sobre incendiar
veículos ou usar bombas em manifestações”, mas admitiu que invadiu prédios dos
Três Poderes porque “Lula não pode ficar no poder”.
Major da PMDF confraternizou com
investigado em manifestação golpista
Um
investigado no inquérito que apura a tentativa de ataque a bomba contra o
Aeroporto de Brasília postou um vídeo confraternizando com o atual comandante
do 1º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). A filmagem foi
feita em uma manifestação de teor golpista em 10 de dezembro do ano passado, em
Brasília.
Zairo
Junio Guimarães de Souza e Silva era major da PMDF quando aceitou gravar o
vídeo com o golpista. Hoje tenente-coronel, Zairo foi efetivado no comando do
1º Batalhão na última quinta-feira (22/6).
O
vídeo foi publicado no dia 11 de dezembro por Ermeto Silva Dos Santos, citado
pela Polícia Civil do Distrito Federal como um dos investigados no inquérito
envolvendo o terrorista George Washington de Oliveira. Ermeto também postou
foto com o extremista Oswaldo Eustáquio, que discursou em um trio elétrico na
manifestação.
“Quem
fica com medo dos policiais do DF, tudo gente boa, tudo gente de sangue bom.
Estão aqui para fazer nossa segurança. Agora, vândalos têm que ser punidos
pelas suas ações”, dizia Ermeto, enquanto Zairo dava tapas amistosos em seu
ombro. O policial também sorria e fazia sinal de positivo para a câmera.
Ermeto
estava acampado em frente ao Quartel-General do Exército e trocava mensagens
frequentes com George Washington. Em uma delas, datada do dia 13 de dezembro,
Ermeto falava sobre a necessidade de comprar pólvora, “com o intuito aparente
de fabricar dispositivo explosivo”, segundo a investigação da Polícia Civil. A
sede da Polícia Federal havia sido atacada por golpistas no dia anterior.
Ele
também perguntou a George Washington sobre uma pistola Glock, que outro
acampado queria reaver, e mostrou aparente conhecimento sobre os planos do
terrorista de atacar o aeroporto de Brasília.
No
dia 23 de dezembro, Ermeto pediu para George Washington “não dar uma de
super-herói”. No dia seguinte, quando a bomba foi encontrada, Ermeto perguntou
como o terrorista estava e enviou uma notícia sobre a bomba no aeroporto.
O
inquérito da Polícia Civil não cita o nome completo de Ermeto, mas a coluna
confirmou que o número de celular do investigado pertence ao homem em questão.
Ele é proprietário de uma empresa de construção civil chamada Cooperconxingu,
sediada em São Félix do Xingu, no Pará. Ermeto continua com o perfil no
Instagram ativo e posta vídeos e fotos sobre os serviços que presta em sua
cidade.
A
coluna questionou a PMDF sobre a correção da conduta de Zairo no vídeo
publicado por Ermeto. Também perguntou sobre a possibilidade de Zairo responder
a um processo administrativo. Não houve retorno. O espaço permanece aberto para
manifestações.
Presos no 8 de Janeiro admitiram à
polícia intenção de dar golpe
Depoimentos
que presos no dia 8 de janeiro deram à Polícia Civil do Distrito Federal
confirmam as motivações golpistas do acampamento que se formou em frente ao
Quartel-General do Exército, em Brasília, de onde partiu o ato que resultou na
invasão e na depredação dos prédios dos Três Poderes.
Nos
depoimentos obtidos pela coluna, golpistas assumiram ter invadido o Palácio do
Planalto para derrubar o governo Lula. Uma delas, a desempregada Vildete
Ferreira da Silva, declarou que deixou o “quartel de São Paulo” de ônibus, rumo
a Brasília, com o objetivo de depor o governo federal. O ônibus que a trouxe
teria sido oferecido sem custos.
A
professora Cibele da Piedade Ribeiro da Costa Mateos disse que deixou São Paulo
também em um ônibus gratuito, no dia 7 de janeiro, instalando-se no acampamento
em frente ao QG. Ela contou que foi à Praça dos Três Poderes com o “objetivo de
ocupar os prédios, sentar e esperar até vir uma intervenção militar para não
deixar o Lula governar”.
Essa
justificativa é repetida várias vezes pelos presos. A professora Gisele do
Rocio Bejes admitiu que invadiu prédios públicos porque “teria ouvido uma
orientação no movimento para todos entrarem, sentarem e ocuparem os espaços”.
Ela disse que a orientação foi passada “de um para o outro”.
Já
a vendedora Ines Izabel Pereira não soube nem identificar o Palácio do Planalto
no depoimento, mas declarou que estava no prédio “para fazer volume na
multidão”. A golpista, que também fez o percurso de São a Brasília em um ônibus
gratuito, disse que, se “tivesse muita gente [dentro do prédio], teria o apoio
do Exército para evitar a instalação do comunismo no Brasil”.
Um
dos relatos mais explícitos foi o da pensionista Ana Elza Pereira da Silva, uma
das pessoas presas em flagrante no Palácio do Planalto. Ela afirmou aos
policiais que “foi enganada” ao se juntar à manifestação. Segundo ela, uma
liderança do acampamento teria dito que aquela seria só uma passeata, e que o
golpe em si aconteceria na segunda-feira, 9 de janeiro.
“(…)
Uma das responsáveis no QG por falar ao microfone disse que seria apenas uma
passeata no dia de hoje [8/1], pois amanhã haveria, com a chegada de pessoas do
agronegócio e dos caminhoneiros, a invasão e tomada dos Três Poderes”, disse a
pensionista, identificando a mulher ao microfone como “Ana Priscila”.
A
menção é uma provável referência a Ana Priscila Azevedo, apontada como uma das
líderes do acampamento, e que só foi presa dois dias após a invasão.
Fonte:
Metropoles
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