Na
semana passada, o jornal Estadão noticiou que o lobista suíço Eduardo Cunha,
que está preso desde outubro passado, já teria definido uma contagem regressiva
para iniciar a negociação da sua delação premiada no bojo da midiática Operação
Lava-Jato. Ele estaria insatisfeito com a possiblidade da prisão de sua esposa
e com a “traição” dos seus comparsas no Congresso Nacional e no covil golpista
de Michel Temer, que o abandonaram por completo. Ainda segundo jornal, ele já
teria “mandado recados” aos seus antigos aliados e deu um prazo até final de
janeiro para abrir o bico. Um dos alvos da sua irritação é o PSC, legenda
presidida pelo “pastor” Everaldo que pretende dar voos mais altos com o
lançamento da candidatura presidencial do fascista Jair Bolsonaro.
O
ex-presidente da Câmara Federal, que deu a largada ao golpe do impeachment de
Dilma Rousseff, é um explosivo arquivo vivo. A recente operação da Polícia
Federal que alvejou o ex-ministro Geddel Vieira Lima, o “boca de jacaré”, teve
como base justamente as informações obtidas em um celular apreendido na então
residência oficial de Eduardo Cunha. O farto material arquivado no aparelho é
apenas uma mostra do seu poder de fogo. Ele revelou mais uma esquema de
corrupção chefiado pelo correntista suíço – o da liberação de créditos junto à
Caixa Econômica Federal entre 2011 e 2013. À época, Geddel Vieira era o
vice-presidente de Pessoa Jurídica da CEF, por indicação do então
vice-presidente nada decorativo Michel Temer.
Segundo
a Folha, em artigo assinado por Fábio Zanini, a ação contra o ex-ministro põe
em pânico os seus ex-aliados. “A operação lembrou ao mundo político e
empresarial do poder destrutivo de Cunha. Um único celular tem a capacidade de
comprometer com um punhado de mensagens um ex-ministro e algumas das principais
empresas do país. Imagine uma delação premiada”. A mesma Folha dá outra pista
em uma notinha no Painel que deve ter desesperado o valentão Jair Bolsonaro:
“Eduardo Cunha, pego em mensagens dizendo que o PSC o ‘perturbava’ por
recursos, prepara o troco, ao que tudo indica. Antes de ser preso, Cunha pediu
a auxiliares levantamentos das doações recebidas por certos aliados. A sigla
era um dos principais alvos dessas tabelas”.
A
revista Época confirma que o Ministério Público Federal já decidiu investigar
as sinistras relações entre lobista e o PSC, com base nas informações coletadas
pela Polícia Federal. “A PF identificou mensagem de telefone misteriosa entre o
ex-presidente da Câmara e o ex-ministro Geddel Vieira Lima em agosto de 2012.
‘Caso da Dinâmica de Everaldo resolvido’. Segundo os investigadores, Everaldo é
o Pastor Everaldo, presidente nacional do Partido Social Cristão (PSC). Em
setembro de 2012, Cunha e Geddel trocam outras mensagens sobre o PSC. Eles
comentam que o PSC estava fazendo cobranças. O fato ocorreu há menos de um mês
das eleições municipais. ‘Mas é melhor soltar algo...eu solto sexta para
aliviar...tão apertados...’, afirmou Cunha numa das mensagens”.
O
fascista Jair Bolsonaro, que se traveste de paladino da ético, corre o risco de
perder o seu palanque eleitoral. Fiel aliado de Eduardo Cunha, ele agora
precisará também se afastar do "pastor" Everaldo. O triste é que não
dá para deletar tantas fotos risonhas ao lado destas figuras. A vida é cruel!
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