quarta-feira, 16 de julho de 2014

“Ano 64: ditadura militar; 2014: ditadura Petista”


Ano: 1964. Cidade Aracaju. Horário:12:30 horas.
De repente, dentro de um ônibus coletivo que nos transportava para assistir aula no Ginásio Jackson de Figueiredo, me vejo cercado por alguns militares do exército, que em nome de um golpe militar e contra o comunismo (pois naquela época comunista comia criancinha. Hoje quem come são os religiosos), se achavam no direito de vasculhar de forma intimidatória a tudo e a todos.
Alvo principal: confiscar o livro de História Geral, de Victor Mussumeci, simplesmente porque o autor incluiu um capítulo onde abordava o tema socialismo e discutia as ideias marxistas.
O golpe contra o Brasil
Em pleno século XX, a elite brasileira se unia ao que existia de mais retrogrado, de podridão e de torturadores para derrubar um governo, que tinha como único crime, efetuar uma reforma agrária, gerar bem estar a sua população, oferecer um teto para cada brasileiro.
Que deseja realizar o sonho de Brizola e de Darci Ribeiro, oferecendo para os jovens, princilmente aos pobres educação pública de qualidade e em tempo integral. Uma saúde pública voltada para a prevenção em lugar da curativa, que é a que interessa aos empresários da saúde.
Enfim, dá dignidade ao seu povo, coisa que até hoje não alcançamos.
Se, em lugar de golpear as instituições democráticas os nossos militares tivessem apoiado as medidas de justiça social que Jango desejava implantar, hoje o povo brasileiro, com plena convicção, não estaria precisando sobreviver com o famigerado Bolsa Família.
Brasil: década de 1970.
Jovem, como muitos brasileiros e já cursando a universidade, como aluno da UFBA, assistimos e vivemos os momentos mais negros da ditadura militar.  Os anos de chumbo do governo Médici, onde matar opositor e ou sumir com seu cadáver, virara rotina.
Mesmo diante de toda essa ameaça, nunca arredamos o pé dos nossos ideais e resolvemos, correndo o risco de sumir a qualquer momento, enfrentar com outros bravos e valorosos companheiros, a mais sangrenta e odiosa ditadura civil militar que o povo brasileiro já conviveu.
Muitos ainda estão vivos para dá o seu testemunho, outros desistiram ou abandonaram seus sonhos, alguns por não ter suportado as torturas a que foram submetidos outros por terem perdidos os ideais e milhares já não estão entre nós, assassinados pela Polícia do Exército ou por membros da Polícia Federal, à época a serviço da ilegalidade e praticando todos os desmandos que os ditadores de plantão permitiam, para alimentarem os seus egos.
Quantas vezes fomos retirados de salas de aula, acordados no meia noite, aprisionados em mesas de bares, com a desculpa de prestar esclarecimentos, que depois de horas e horas na sala de espera da PF - que em Salvador ficava próxima ao Mercado Modelo -, para depois de longa e torturante espera, ser mandado embora, altas horas da noite para casa, sem qualquer justificativa ou motivo da presença ali. E isto tudo sem direito a  advogado.
Apenas fora convocado ou levado para satisfazer o ego do torturador de plantão.
Quem não se lembra da delegada da PF, aquela morena muito bonita por sinal, que se esbaldava de felicidade a assistir sentada de frente para nós, com um sorriso no canto da boca, satisfeita por ver o nosso sofrimento e curtir a nossa dor com as torturas praticadas?
Quantos não sofreram na sala, que denominavamos de ‘calabouço’, cheia de fios elétricos descapados próximos ao chão, no porão do prédio da PF, quando ficávamos nus, torcendo para que a maré não enchesse, pois se assim ocorresse a agua chegava até os joelhos.
Quantos não sucubiram as dores e aos paus de araras e tiveram que ‘entregar’ colegas de ideais diante de um sofrimento que nos deixava a beira da loucura.
Muitos pegaram nas armas, outros enfrentaram com as palavras e com a prática política do convencimento, tentando atrair seguidores que ousasse enfrentar os ditadores de plantão.
Só sente saudade daquele terrível período, quem por ele não passou ou dele se locupletou.
Brasil 2014
Hoje o Brasil deveria está respirando um clima de plena democracia e poder da vivas e agradecer principalmente a muitos que sucubiram e foram perseguidos, torturados e até mortos para que um dia pudéssemos experimentar conviver em um ambiente democrático.
Deveríamos, em lugar de se preocupar em quem será o próximo corrupto, está redendo homenagens a Lamarca, Santa Bárbara, Rubens Paiva, Francisco Pinto, Seixas Dórea, Miguel Arraes, Maurício Grabois, Carlos Marighella e a milhares de outros brasileiros que ficaram no anonimato.
Mais infelizmente, esta não é a imagem que o governo Dilma está passando para nós.
O País que tem no Poder o PT, partido forjado das lutas populares e sindicais, hoje não passa de uma caricatura daquilo que fora no passado. Se transformou em um partido igual aos demais, ou pior, jogou a honestidade, a moralidade e a ética na lata do lixo. Se transformou na reunião de um grupo que é capaz de tudo pelo Poder, inclusive assaltar os cofres públicos.
O País que tem sob sua administração uma ex-guerrilheira, Dilma Rousseff, que como ninguém sabe o que é a tortura e o mal que esta faz - tanto física como psicologicamente -, e o que é ser presa injustamente, apenas por lutar por seus ideais, por justiça social e pelos direitos constitucionais do seu povo, não merece passar pelos momentos repressivos e torturantes que estamos passando.
Decepção
Extranhamente, o Brasil governado por uma ex-guerrilheira e militante de um partido, o PT, que surgiu nas lutas operárias contra a ditadura, é este governo que em pleno período ‘democrático’, cometeu contra o seu povo, as mesmas atitudes praticadas pela ditadura Medici.
Foram dezenas de pessoas presas sem que nem para que, manifestações perseguidas com um aparato policial desproporcional, e tal como  o corria na ditadura sem o nome que o identique na farda, autorizando-o a praticar todo tipo de desmando, escudado pelo anonimato, impedindo a livre manifestação do seu povo.
Assistimos durante os meses de junho e julho, a mais brutal repressão. A mesma repressão e as mesmas técnicas militares utilizada no período mais triste da ditadura militar. Até as leis para o embasamento jurídico dos seus atos, foram buscar nos porões da ditadura, para impor aos movimentos sociais e ao povo brasileiro.
Não sei o que foi pior, a ditadura na década de 70 a quem conhecíamos os adversários e os seus métodos, ou a ditadura de 2014, de Dilma e do PT, que atuou às escondidas e na calada das noites, perseguindo, prendendo e rasgando a Constituição Federal  e o Tratado dos Direitos Humanos.
A Copa do Mundo pode até ter sido a Copa das Copas, mas também será a Copa das Marcas da repressão dura e até injusta e da passagem por nossa mente de um filme, que pensávamos já ter sido apagado pelo tempo.
E olhando hoje, para os grandes expoentes e homens políticos que o PT idolatra, ouso perguntar de que lado estavam: Cesar Borges, Otto Alencar, James Correia, Osvaldo Barreto, Manoel Vitório, Marcos Medrado e seu Pimpolho, Luis Argollo, Pedro Alcântara, Reinaldo Braga, Mário Negromente, João Leão, Eduardo Sales, Jairo Carneiro, Pedro Galvão e tantos outros que hoje comem e dormem na suíte presidencial do PT na Bahia, durante a década de 70.
A nível nacional, apenas para lembrar, pois o tempo e a idade me fez esquecer, onde andavam nos anos de chumbo de Medici, os iluminados José Sarney e toda família, Paulo Maluf, Collor de Melo, o senador Jucá, Kátia Abreu, Henrique Alves, Garibaldi Alves, Delfin Netto, Kassab, Guilherme Afiff, Edison Lobão, Marcelo Crivella, Manoel Dias, Gastão Vieira e tantos outros.
Depois do que assitimos durante a Copa do Mundo em termos repressão, podemos afirmar que só tivemos similar na década de 70.

E aí me pergunto: Será que valeu a pena a luta lá atrás, para ver alguns dos mesmos com quem estivemos lado a lado, hoje com o Poder na mão, efetuar os mesmos atos e atitudes de Médici e companhia?

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