quarta-feira, 30 de abril de 2014

“Nau negreira lulodilmista”, por Helder Caldeira


“presidenta” Dilma Rousseff e o “Dr. h. c. mult.” Lula da Silva muito bem representam o PT após 12 anos de refestelar palaciano-planaltino. Os discursos eloquentes escritos por marqueteiros bem pagos não fecham com a realidade nauseabunda do país. A mentira desavergonhada, a má-fé crônica e o absoluto descompromisso com a palavra, com as instituições e, não menos, com a nação restarão à história como estandarte de um tempo. Seus asseclas — vulgo “companheiros” — apenas repetem, feito maritacas dinásticas, aquilo que o paço vermelho efunde.
O desfile de bizarrices é gigantesco, capaz de ressuscitar os piores demônios de nossa miséria antropológica. Com um Poder Executivo fartamente desqualificado, iníquo e franqueado em lotes aos amigos do rei e da rainha, um Judiciário tão lento quanto lesmas de jardim e um Legislativo desmoralizado, palco da pornochanchada política brasileira, não espanta o sorriso debochado a estampar a cara — sem vergonha! — dos larápios de colarinho branco que infestam as instituições do país.
Não há surpresa, portanto, quando a “presidenta” vai ao Pará e afirma que, após aporte bilionário de recursos públicos, puxadinhos improvisados em lona significam aeroportos prontos; ou quando o ex-presidente concede entrevista internacional para dizer que o Mensalão nunca existiu e que os “companheiros” no xilindró não gozam de sua confiança, ainda que muito bem-vindos às cercanias do trono. Pretendendo alguma comicidade em tais descalabros, autoridades e imprensa preferem minimizar, deixando ao relicário do besteirol aquilo que deveria ser crime hediondo.
Foi à esteira dessa complacência, dessa permissividade coletiva, que o governador petista do Acre fez uso de dinheiro público para mandar despejar noutros Estados centenas de imigrantes ilegais haitianos, feito uma nau negreira contemporânea, sem qualquer aviso prévio às autoridades de destino. Ao invés de se criar uma força-tarefa para fiscalizar a fronteira acreana entre Brasil, Bolívia e Peru, o governador preferiu fazer do Acre uma escala segura para imigração ilegal.
Onde está o ministro petista da Justiça, José Eduardo Cardozo, responsável por salvaguardar as fronteiras brasileiras? Onde está a “presidenta” do Brasil, que ressuscita navios negreiros importando escravos de Cuba e agora, além de abrir as portas do país à diáspora haitiana, faz vista grossa ao “jeitinho” do correligionário? A esculhambação virou regra? É isso mesmo?!
Diante do escândalo, o mandatário acreano sacou da cartola aquilo que aprendeu com o mestre: sob acusação, jogue no ventilador uma diatribe ilusória. Através das redes sociais, o governador do Acre acusou a população paulista de preconceito racial e tentativa de higienização. Até parece sacanagem, mas não é! Na verdade, é tendência. Tendência bárbara travestida em patrocínio aos direitos humanos e à liberdade e combate às supostas “elites preconceituosas”.
Aliás, o Acre é um Estado interessantíssimo. Não contabilizou 500 mil eleitores em 2012 — 0,35% do eleitorado nacional, número menor que cidades como Ananindeua (PA) ou Feira de Santana (BA), segundo dados oficiais do TSE —, mas é um extraordinário exportador de “tendências”. Exportaram, por exemplo, uma figura que nunca ousou ser candidata a cargos executivos em sua terra natal, mas que encanta multidões com seu sonho de ser astronauta e embarcar numa viagem esverdeada no Palácio do Planalto, a nave-mãe dos delírios da neoesquerda tupiniquim.
Quando crimes de lesa-pátria são candidamente acatados como se juízos de pequenas causas fossem, numa reluzente e orgulhosa “bananeira-jeitinho”, avista-se o fim da picada. “E quando você ouvir o silêncio sorridente de São Paulo (...) e pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos, (...) pense no Haiti, reze pelo Haiti. O Haiti é aqui!”, escreveu e cantou, certa vez, nosso adorável “preto-block” Caetano Veloso. Pois é, o Haiti é aqui! Salve! Salve-se!


HELDER CALDEIRA*
Escritor, Jornalista Político e Conferencista

*Autor dos livros “ÁGUAS TURVAS” e “A 1ª PRESIDENTA”.

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