quarta-feira, 18 de setembro de 2024

O que se sabe sobre 'aparente tentativa de assassinato' contra Trump

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump está seguro após disparo de tiros "em sua proximidade" neste domingo (15/9), segundo a campanha do candidato republicano, após um incidente ocorrido perto de seu clube de golfe na Flórida.

O FBI, a polícia federal americana, diz que está investigando "aparente tentativa de assassinato" de Trump.

O nome do suspeito é Ryan Wesley Routh, de cerca de 50 anos, segundo afirmaram autoridades à parceira americana da BBC, CBS News.

A informação sobre os tiros foi mencionada inicialmente pelo diretor de comunicações da campanha republicana, Steven Cheung. Ele divulgou que Trump estava seguro e que não havia mais detalhes naquele momento.

Em e-mail a seus apoiadores, Trump disse que estava "seguro e bem". "Nada vai me segurar", escreveu ele. "Eu nunca vou me render!"

·        O que se sabe sobre 'aparente tentativa de assassinato'

No início da tarde deste domingo, um agente do Serviço Secreto viu uma arma estilo AK-47 saindo de arbustos no campo de golfe, perto de onde Trump estava jogando, e atirou contra ele, segundo autoridades americanas que deram entrevista coletiva sobre o caso.

Uma testemunha viu um homem fugir em um carro Nissan preto e conseguiu fornecer a autoridades policiais uma descrição do veículo e até da placa, segundo a polícia.

O veículo foi localizado em uma rodovia próxima, em direção ao condado vizinho de Martin, na Flórida, e policiais pararam o veículo para deter o suspeito, cuja identidade não foi revelada durante a entrevista coletiva da polícia.

A testemunha foi levada ao condado de Martin, onde identificou o motorista como o mesmo homem que viu no local do incidente.

Uma arma, mira telescópica, mochilas e uma câmera GoPro foram encontradas em arbustos perto do campo de golfe em Mar-a-Lago, na Flórida.

·        Casa Branca e Kamala Harris

A Casa Branca disse que o presidente Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris foram informados sobre o incidente.

"O presidente e o vice-presidente foram informados sobre o incidente de segurança no Trump International Golf Course, onde o ex-presidente Trump estava jogando golfe. Eles ficam aliviados ao saber que ele está seguro. Eles serão mantidos atualizados regularmente por sua equipe", diz a declaração.

Kamala Harris, que concorre contra Trump nas eleições presidenciais, comentou o ocorrido e disse que "a violência não tem lugar na América".

No X, ela escreveu: "Fui informada sobre relatos de tiros disparados perto do ex-presidente Trump e de sua propriedade na Flórida, e estou feliz que ele esteja seguro."

·        Tentativa de assassinato na Pensilvânia

O caso deste domingo ocorre dois meses depois que um homem armado tentou assassinar Trump em um comício em Butler, na Pensilvânia, atingindo sua orelha.

Na ocasião, Trump ficou ferido quando Thomas Matthew Crooks disparou contra ele, durante discurso para o público, com um rifle tipo AR-15 do telhado de um prédio próximo.

O tiroteio deixou um apoiador de Trump morto, enquanto Crooks, de 20 anos, foi morto no local por um atirador do Serviço Secreto.

O Serviço Secreto enfrentou um intenso escrutínio sobre como o atirador conseguiu abrir fogo contra o ex-presidente. A diretora da agência, Kimberly Cheatle, renunciou duas semanas após o incidente.

·        'Novo normal'?

Anthony Zurcher, correspondente da BBC na América do Norte, diz que esse tipo de violência parece, cada vez mais, fazer parte da realidade dos Estados Unidos.

Em sua análise, ele afirma que os americanos tiveram que se adaptar a “novos normais” na política nos últimos anos e que, “dada a epidemia nacional de violência armada, este tipo de ataque talvez seja outro inevitável novo normal”.

Zurcher aponta que o ocorrido é chocante e que detalhes do caso, como a motivação do agressor, determinarão o impacto que o episódio terá na política americana.

·        "Eu odeio Taylor Swift", dispara Donald Trum

O candidato republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, fez um ataquecontra Taylor Swift no domingo, declarando seu "ódio" por ela, apenas alguns dias depois de a megaestrela do pop ter endossado sua oponente democrata, Kamala Harris.

Em uma postagem em maiúsculas em sua conta no Truth Social, Trump escreveu: "EU ODEIO TAYLOR SWIFT!"

Logo após o debate Trump-Harris da semana passada, Swift informou seus 284 milhões de seguidores no Instagram que planejava votar em Harris, atualmente vice-presidente dos EUA, "porque ela luta pelos direitos e causas que eu acredito precisarem de um guerreiro para defendê-las." Trump inicialmente havia descartado o endosse de Swift a Harris dizendo simplesmente que não era "fã de Taylor."

Mas, desde então, com as pesquisas de opinião mostrando Harris ganhando terreno significativo sobre Trump naquilo que se espera ser uma eleição presidencial apertada no dia 5 de novembro, o ex-presidente intensificou sua retórica contra uma das artistas gravadoras mais bem-sucedidas da história.

O apoio de Swift a Harris gerou mais de 9 milhões de "curtidas" em sua postagem no Instagram, alimentando especulações de que isso poderia aumentar as chances da democrata de vencer a eleição presidencial.

 

¨      Tentativas de assassinato de Trump traduzem campanha eleitoral degradada e movida por ódio, fake news e guerras culturais. Por Sandra Cohem

A segunda aparente tentativa assassinato contra Donald Trump em dois meses revela muito sobre o estado da campanha presidencial nos EUA, movida por ódio, guerras culturais, disseminação de fake news e, como consequência, pela violência armada.

No debate com Kamala Harris, o ex-presidente revelou acreditar que tomou um tiro na cabeça, em julho passado, na Pensilvânia, por causa de coisas que dizem sobre ele — uma delas a de que é uma ameaça à democracia.

Mas o candidato republicano e seus aliados são assertivos nas sandices que costumam alardear para atacar os adversários: que em Springfield, Ohio, os imigrantes haitianos matam pets para comê-los; que bebês são mortos no nono mês de gestação; que o governo Biden permitiu a entrada de terroristas, traficantes e criminosos no país para conseguir votos; que, se o republicano perder, os EUA serão arrastados para uma Terceira Guerra Mundial.

Horas antes de ser alvo de uma nova tentativa de assassinato, neste domingo, enquanto jogava golfe, Trump decretou em sua rede social com letras garrafais: “Eu odeio Taylor Smith”, pelo simples fato de a cantora megastar ter apoiado Kamala.

O candidato republicano sequer dá a garantia ao eleitor americano de que respeitará o resultado eleitoral. Sugere apenas que reconhecerá o veredicto das urnas, se for justo. Em outras palavras, conforme a sua conveniência.

Trump vem jogando com o drama e com o medo. Após os tiros ouvidos no domingo a uma distância de menos de 450 metros onde o ex-presidente estava, ele postou que estava bem e não se renderia. Depois, a página de arrecadação de fundos do candidato foi alterada com uma mensagem: “Eu sou Donald J. Trump. NÃO TENHA MEDO! Estou seguro e bem, e ninguém se machucou. Graças a Deus! Mas, há pessoas neste mundo que farão o que for preciso para nos impedir.”

Ainda há muito a ser revelado nas investigações e nos rumos que os campos partidários vão seguir. Mas, diante desse cenário tão volátil e divisivo numa disputa presidencial empatada, duas aparentes tentativas de assassinato do candidato republicano traduzem a degradação de retóricas enraizadas em insultos, racismo e radicalização.

Soa também a insensatez dizer que nos EUA não há lugar para a violência, como fizeram o presidente Biden e a vice-presidente e aspirante à Casa Branca, Kamala Harris, para lamentar e condenar, mais uma vez, o incidente. Este lugar já foi normalizado.

 

¨      Quem é o suspeito da possível tentativa de assassinato contra Trump e o que acontece agora? Perguntas e respostas

O ex-presidente Donald Trump, candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos, foi alvo de uma possível tentativa de assassinato neste domingo (15), segundo o FBI. Um suspeito foi preso.

Tiros foram disparados perto de um campo de golfe em West Palm Beach, na Flórida, onde o republicano disputava uma partida. O caso ocorreu dois meses após um atentado a tiros contra Trump durante comício na Pensilvânia.

As autoridades locais disseram que agentes do Serviço Secreto dos Estados Unidos que protegiam Trump viram um homem com um fuzil AK-47 próximo ao campo.

<<<<< Confira pontos principais para entender o que aconteceu com Trump:

<><> Quem é o suspeito?

Autoridades disseram que o homem que apontou o rifle e foi preso é Ryan Wesley Routh, de 58 anos. Policiais identificaram o suspeito para a agência Associated Press (AP) sob condição de anonimato, pois não estavam autorizados a discutir a investigação em andamento.

Segundo as autoridades, Routh largou a arma e fugiu em um SUV preta, sendo posteriormente detido em um condado vizinho. Ele também deixou duas mochilas penduradas em uma cerca e uma câmera GoPro próximo ao campo. O motivo da ação ainda é desconhecido.

Routh foi condenado em 2002 por posse de uma arma de destruição em massa, de acordo com os registros online do Departamento de Correção de Adultos da Carolina do Norte.

Os registros não fornecem detalhes sobre o caso, mas uma reportagem do News & Record de 2002 afirma que um homem com o mesmo nome foi preso após um impasse de três horas com a polícia.

A reportagem relata que ele foi parado durante uma abordagem de trânsito, colocou a mão em uma arma e se barricou em uma empresa de telhados. Routh foi acusado de portar uma arma escondida e de posse de uma arma de destruição em massa (uma metralhadora totalmente automática), segundo o News & Record.

<><> Como isso aconteceu?

O atirador estava a cerca de 400 a 500 metros de distância de Trump, escondido entre arbustos, enquanto o ex-presidente jogava uma rodada de golfe no Trump International Golf Club, em West Palm Beach.

Ric Bradshaw, xerife do Condado de Palm Beach, disse que quando as pessoas entram na vegetação ao redor do campo, "elas ficam praticamente fora de vista".

Segundo Bradshaw, todo o campo de golfe teria sido cercado por policiais se Trump fosse o presidente em exercício, mas, como ele não é, "a segurança é limitada às áreas que o Serviço Secreto considera necessárias".

A proteção de Trump tem sido maior do que a de alguns de seus colegas devido a sua alta visibilidade e sua campanha para buscar a Casa Branca novamente. Sua segurança foi reforçada dias antes da tentativa de assassinato de julho na Pensilvânia devido a uma ameaça à vida de Trump vinda do Irã, disseram autoridades dos EUA.

<><>  O que Trump disse após a tentativa?

Em um e-mail para apoiadores, Trump afirmou: “Houve tiros nas minhas proximidades, mas antes que os rumores comecem a sair de controle, quero que ouçam isso primeiro: EU ESTOU SEGURO E BEM!”

O vice-presidente na chapa de Trump, J.D. Vance, e o senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, informaram que conversaram com Trump após o incidente. Ambos disseram que ele estava “de bom humor”.

O apresentador da Fox News, Sean Hannity, amigo próximo do ex-presidente, também falou com Trump e seu parceiro de golfe, Steve Witkoff.

Eles disseram a Hannity que estavam no quinto buraco quando ouviram um "pop pop, pop pop". Em questão de segundos, os agentes do Serviço Secreto "saltaram sobre" Trump e o "cobriram" para protegê-lo. Momentos depois, um carrinho conseguiu tirar Trump do local.

Hannity disse que a reação de Trump após o ocorrido — quando ficou claro que todos estavam seguros — foi dizer, brincando, que ficou triste por não ter terminado o buraco, já que ele "estava na média e tinha uma tacada de birdie".

<><> O que a vice-presidente Kamala Harris disse?

Kamala, adversária democrata de Trump na eleição presidencial, postou nas redes sociais que havia sido informada sobre os relatos de tiros. "Estou feliz que ele esteja seguro. A violência não tem lugar na América", escreveu.

A Casa Branca disse que o presidente Joe Biden e Harris seriam atualizados sobre a investigação, além de estarem "aliviados" em saber que o republicano estava seguro.

<><> O que acontece agora?

Trump não anunciou nenhuma mudança em sua agenda e está programado para falar ao vivo no X nesta segunda-feira (16) à noite de seu resort Mar-a-Lago, para lançar a plataforma de criptomoeda de seus filhos.

Enquanto isso, os líderes de uma força-tarefa bipartidária do Congresso que investiga a tentativa de assassinato de Trump em 13 de julho disseram que solicitaram uma atualização do Serviço Secreto.

“Estamos agradecidos por o ex-presidente não ter sido ferido, mas permanecemos profundamente preocupados com a violência política e a condenamos em todas as suas formas”, disseram os deputados Mike Kelly (Partido Republicano) e Jason Crow (Partido Democrata) em um comunicado.

O deputado Jared Moskowitz, um democrata da Flórida que faz parte da força-tarefa, também afirmou que "buscará respostas sobre o que aconteceu hoje e naquela ocasião".

 

Fonte: BBC News Mundo/g1/AP

 

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