quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Von der Leyen anuncia nova composição da Comissão Europeia

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou a lista dos 27 novos membros do órgão executivo da União Europeia nesta terça-feira (17/09).

Em seu segundo mandato, ela afirmou que o tema da emergência climática continuará como prioridade para a nova administração, ao lado de outras questões que despontaram nos últimos anos.

Partes da Áustria, República Tcheca, Hungria, Polônia, Romênia e Eslováquia foram recentemente inundadas em enchentes que deixaram ao menos 21 mortos.

O volume incomum de chuvas é atribuído por especialistas às altas temperaturas no Mediterrâneo, fenômeno associado às mudanças climáticas.

Já Portugal, a exemplo do Brasil, está ardendo em incêndios devastadores que se espalham com facilidade devido à seca e às altas temperaturas, consumindo também casas no centro e norte do país. Ao menos três brigadistas morreram enquanto combatiam as chamas.

"O domínio do tema [mudanças climáticas] ainda existe", afirmou von der Leyen, citando as recentes enchentes e incêndios florestais na Europa, "mas desta vez, por exemplo, o tema da segurança, desencadeado pela guerra russa na Ucrânia, e o tema da competitividade têm muito mais impacto".

·        Quem são os novos comissários?

A lista inclui o francês Stephane Sejourne como comissário de estratégia industrial, escolhido após a renúncia de Thierry Breton na segunda-feira.

O ex-ministro de assuntos europeus da Itália, Raffaele Fitto, foi escalado como comissário para coesão e reformas, e vai acumular ainda a função de vice-presidente da Comissão – apesar de rumores de que von der Leyen não se sentia à vontade com sua posição no governo de ultradireita da Itália.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, disse que a nomeação foi "um reconhecimento importante que confirma o novo papel central de nossa nação na União Europeia".

Von der Leyen escolheu a ex-ministra espanhola do meio ambiente, Teresa Ribera, como comissária para concorrência, além de lhe atribuir a função de vice-presidente executiva, supervisionando a transição do bloco para a neutralidade de carbono.

Andrius Kubilius, da Lituânia, ficou encarregado da recém-criada pasta da defesa, já que os países bálticos são vistos como cruciais para enfrentar possíveis ameaças da Rússia.

Kaja Kallas, ex-primeira-ministra da Estônia e crítica ferrenha da Rússia, ficou encarregada da política externa de alto nível.

A lista divulgada por Von der Leyen tem cerca de 40% de mulheres. Os nomes ainda precisam ser confirmados em votação no Parlamento Europeu.

·        Negociações difíceis

O anúncio da nova composição da comissão acontece um dia depois que Thierry Breton, da França, renunciou ao cargo de comissário do mercado interno da União Europeia.

Em uma carta inflamada, ele acusou von der Leyen de ter pedido a líderes, em Paris, que desconsiderassem seu nome para continuar no cargo "por motivos pessoais" que ela nunca discutiu diretamente com ele.

Breton chamou suas ações de "mais um testemunho de uma governança questionável" dentro da comissão.

Von der Leyen tem buscado um conjunto de comissários mais equilibrado em termos de gênero. No entanto, Paris nomeou Stephane Sejourne, ministro das relações exteriores francês que está deixando o cargo, para ocupar o lugar de Breton na Comissão Europeia.

Von der Leyen garantiu um segundo mandato em julho, quando o bloco dos verdes concordou em apoiá-la. A nomeação dos novos comissários também foi adiada devido a negociações prolongadas.

Além disso, apesar de solicitar aos Estados-membros que indiquem um homem e uma mulher para a comissão, a maioria dos países do bloco apresentou apenas um único candidato.

¨      Sanções ocidentais à Rússia impulsionam moeda chinesa

A imposição de sanções à Rússia por países ocidentais, por causa da invasão da Ucrânia, bloqueou a capacidade do Kremlin de negociar em dólares americanos, euros e outras moedas. Os bancos russos foram excluídos do protocolo internacional de comunicação entre instituições financeiras Swift, e ativos em moeda estrangeira do Banco Central da Rússia foram congelados.

Isso forçou Moscou a transferir suas reservas restantes para moedas não controladas pelo Ocidente, incluindo o chinês renminbi (RMB), cuja unidade é o yuan.

Desde as sanções ocidentais, acordos de venda de energia com a China, feitos para compensar a perda de renda decorrente da falta de compradores europeus de petróleo e gás russos, fizeram as transações internacionais em yuan atingir um recorde, informou o jornal britânico Financial Times, citando dados da Administração Estatal de Câmbio da China.

O número de transações bilaterais da China feitas na moeda chinesa aumentou em um terço em julho, passando de 40% no mesmo mês de 2021 para 53%. Em 2010, 80% das exportações chinesas era em dólares, informou o Financial Times, mas esse número caiu pela metade desde que as sanções ocidentais contra a Rússia foram impostas. No mesmo período, o comércio exterior em yuan cresceu de quase zero para mais da metade de todas as transações.

"O comércio em yuan é conveniente tanto para a Rússia quanto para a China", observa a analista Maia Nikoladze, do think tank Atlantic Council. "A Rússia não tem muitas outras opções, enquanto a China eleva sua influência econômica sobre Moscou e ainda faz progressos no sentido de internacionalizar o yuan."

Globalmente, entretanto, o yuan é usado em menos de 7% de todas as transações que envolvem câmbio, enquanto o percentual do dólar é de 88%, de acordo com o Atlantic Council.

<><> Outras nações do Brics observam

O comércio em yuans está se beneficiando dos acordos bilaterais entre Moscou e Pequim, que levaram a Rússia a aumentar suas reservas na moeda chinesa. Um acordo de troca de moeda permite aos bancos russos ter liquidez para o yuan. As instituições financeiras russas também começaram a emitir títulos da dívida em yuan.

Outros países, especialmente os do grupo do Brics, acompanham com atenção o aumento das transações em yuan. Os líderes desses países já têm planos de uma moeda compartilhada, para criar um sistema financeiro multipolar e diminuir a dependência do dólar.

O analista Hanns Günther Hilpert, do Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança (SWP), diz que muitos países do Sul Global veem com preocupação as medidas ocidentais para congelar as reservas russas. "Talvez eles mesmos tenham um problema com os Estados Unidos no futuro e suas reservas também possam vir a ser congeladas. Por isso, esses países estão se afastando do dólar", acrescenta.

O candidato republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, considera a desdolarização uma ameaça tão grande à hegemonia dos EUA que ameaçou, num recente comício de campanha, aplicar tarifas de 100% aos países que se afastarem da moeda.

"Muitos países estão abandonando o dólar. Comigo, eles não vão deixar o dólar. Eu direi: 'Se vocês deixarem o dólar, não farão mais negócios com os Estados Unidos, porque vamos impor uma tarifa de 100% sobre seus produtos'", disse Trump.

<><> Arábia Saudita, Brasil e Argentina seguem a Rússia

Pequim fez acordos com vários outros países para fechar mais negócios em yuan. A Arábia Saudita, um dos maiores exportadores de petróleo para a China, assinou um acordo de troca de moeda de três anos com Pequim em novembro passado, no valor equivalente a quase 7 bilhões de dólares.

Esse acordo simboliza um potencial deslocamento significativo nos mercados globais de energia, que têm sido tradicionalmente dominados pelo dólar americano, daí o termo petrodólar. Embora uma mudança completa para precificação em yuan de todas as vendas de petróleo sauditas seja improvável no curto prazo, o acordo permite que os dois países testem essa possibilidade sem interromper as práticas comerciais existentes.

"A Arábia Saudita está vendendo petróleo e gás para a China e recebendo renminbi, que pode ser usado para comprar produtos chineses ou para investir na China, o que os sauditas já fizeram", exemplifica Hilpert.

Brasil, Irã, Paquistão, Nigéria, Argentina e Turquia também concordaram em realizar mais transações comerciais em yuans. No caso do Irã, as pesadas sanções ocidentais forçaram Teerã a entrar ainda mais na esfera de influência da China. As refinarias chinesas compraram 90% do petróleo exportado pelo Irã no ano passado, segundo dados de rastreamento de navios-tanque da empresa de análise comercial Kpler. O Irã foi pago em yuan, por meio de pequenos bancos chineses.

A Argentina, que vem lidando com uma crise econômica brutal, enfrenta uma grave escassez de dólares para pagar suas importações e seu serviço da dívida. Ao realizar uma parte maior do seu comércio com a China em yuan, o país sul-americano pode reter seus dólares, o que ajuda a estabilizar o peso argentino.

<><> Controles de capital impedem a ascensão do yuan

Apesar das iniciativas de internacionalização adotadas por Pequim, a moeda chinesa não é totalmente conversível com outras moedas, o que, segundo especialistas, é fundamental para que ela se torne uma moeda de reserva. Pequim mantém controles de capital que restringem o livre fluxo de capital para dentro e para fora do país.

Além de a plena conversibilidade ser uma ameaça ao controle férreo do Partido Comunista sobre o poder, os líderes chineses estão preocupados com uma repetição da crise financeira asiática de 1997-98, quando investidores apostaram na queda de várias moedas asiáticas, devido ao alto endividamento de seus respectivos países, provocando uma grande fuga de capital.

Hilpert afirma que tornar-se uma moeda totalmente conversível "tem um preço", que seria a instabilidade política e econômica. "O renminbi ficaria sujeito à especulação cambial, o que os chineses temem. Eles viram o que aconteceu com a Tailândia e a Coreia do Sul [na crise de 1997-98]", diz.

No auge do colapso asiático do final dos anos 1990, o baht tailandês e o won coreano perderam mais da metade de seu valor em relação ao dólar, e a Tailândia e a Coreia do Sul, juntamente com a Indonésia, foram forçados a pedir socorro ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Pequim não demonstra disposição para suspender os controles de capital, o que seria um fator fundamental para permitir que o yuan alcançasse seu potencial como moeda para o comércio global", observa Nikoladze.

Outro benefício das restrições impostas por Pequim ao yuan é a flexibilidade de desvalorizar a moeda para impulsionar as exportações durante períodos de desaceleração econômica. Os líderes chineses fizeram isso em 2015 e novamente durante a pandemia de covid-19. Há especulações de que outra desvalorização acentuada seja iminente.

<><> Xi quer que a China seja uma potência financeira

Embora o papel do dólar como moeda mundial de reserva deva perdurar no curto e médio prazo, o presidente chinês, Xi Jinping, reafirmou em janeiro sua ambição de que a China se torne uma "potência financeira", observando que o sistema de seu país é "diferente dos modelos ocidentais".

A maior economia da Ásia enfrenta muitos desafios na sua tentativa de mover o mundo na direção de um sistema monetário multipolar. Entre eles estão os altos níveis de endividamento de empresas, famílias e administrações públicas, o agravamento da crise imobiliária do país e um sistema bancário paralelo (shadow banking system) intransparente, que ajudou a sustentar os altos preços dos imóveis.

Além disso, as contínuas tensões comerciais e geopolíticas com o Ocidente e os vizinhos asiáticos também ameaçam a recuperação da China após a pandemia.

Hilpert avalia que a China não está realmente integrada ao sistema financeiro global porque tem "muitas ineficiências", incluindo empresas estatais que são altamente subsidiadas e um sistema financeiro imperfeito. "Se você quer se tornar uma grande potência econômica, essa não é a estratégia certa", afirma.

 

¨      Oposição conservadora lança candidato ao governo alemão

O presidente da União Democrata Cristã (CDU), Friedrich Merz, será o candidato conjunto de seu partido e da União Social Cristã (CSU) nas eleições gerais alemãs do próximo ano, onde deve enfrentar o chanceler federal alemão e social-democrata Olaf Scholz.

O anúncio foi feito nesta terça-feira (17/09) por Merz e pelo presidente da CSU e primeiro-ministro da Baviera, Markus Söder, que também era pré-candidato.

"A questão da candidatura foi decidida. Friedrich Merz será o candidato, e eu o apoio", disse Söder em uma apresentação conjunta na representação do governo da Baviera em Berlim.

Merz, por sua vez, lembrou que sempre foi dito que uma decisão conjunta seria anunciada até o final do verão europeu de 2024 pelos líderes dos dois partidos. "Agora temos a decisão conjunta", disse ele.

A balança começou a pender para o lado de Merz depois que o governador da Renânia do Norte-Vestfália, Hendrick Wüst, que era visto como o terceiro candidato, anunciou que não concorreria à indicação e se manifestou a favor do líder de seu partido.

Wüst reiterou seu apoio a Merz nesta terça em uma aparição conjunta com o governador de Schleswig-Holstein, Daniel Günther, pouco antes de os dois líderes partidários fazerem o anúncio oficial. Ele era visto por alguns membros da CDU como uma alternativa mais carismática a Merz, um advogado sem experiência em cargos de governo.

Merz atuou em conselhos corporativos, incluindo a filial alemã da trilionária BlackRock, maior gestora de ativos do mundo. Ele ingressou na CDU aos 17 anos e por muito tempo foi visto como uma figura polarizadora no partido.

Agora, Merz disse que quer levar os conservadores de volta ao poder "com políticas que coloquem a Alemanha novamente na liderança, com políticas que façam este país voltar a funcionar e com políticas que talvez também possam nos deixar orgulhosos de nosso país novamente".

<><> Conservadores são favoritos na eleição de 2025

A CDU e a CSU são partidos separados, mas formam um grupo parlamentar conjunto e sempre apresentam um candidato comum nas eleições gerais. A CSU apresenta listas apenas na Bavária, onde a CDU não se candidata.

Por duas vezes o candidato comum veio da CSU: em 1980 com Franz Josef Strauss e em 2002 com Edmund Stoiber.

Wüst e Günther, que reuniram o apoio de lideranças regionais do partido à candidatura de Merz, têm coalizões com os verdes em seus respectivos estados, um modelo que Söder rejeitou publicamente.

Faltando um ano para as eleições gerais, a CDU/CSU é a clara favorita, embora pareça ser uma constelação difícil quando se trata de formar um governo.

Merz disse descartar no momento uma coalizão com os verdes. "Se houverem mudanças nos próximos 12 meses, poderemos repensar." Tradicionalmente, o parceiro natural de coalizão da CDU/CSU tem sido o Partido Liberal (FDP), que agora faz parte da coalizão tripartite de Scholz com o Partido Social-Democrata (SPD) e o Partido Verde.

O FDP, de acordo com a maioria das pesquisas, poderia cair para menos de 5% e, assim, ficar sem representação parlamentar, de modo que a CDU teria que buscar uma aliança com o SPD ou com os verdes, ou mesmo com ambos.

Uma coalizão com a ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), que as pesquisas colocam em segundo lugar, foi descartada por uma resolução do congresso da CDU.

O SPD de Scholz está em terceiro lugar nas pesquisas, com metade das intenções de voto da CDU/CSU, mas alguns analistas lembram que ainda falta um ano para a eleição e que, em 2021, os social-democratas conseguiram passar do terceiro para o primeiro lugar na reta final da campanha.

"Acho que é bom que o Sr. Merz seja o candidato da União. Quanto ao resto, eu já estava contando com ele para ser o candidato", disse Scholz.

Dentro da CDU, um dos motivos da derrota de 2021 é visto como a longa batalha pela candidatura entre Söder e o então líder democrata-cristão Armin Laschet.

"A diferença em relação a 2021 é a confiança entre os dois. Uma coletiva de imprensa como essa não teria sido possível em 2021", disse Söder.

 

Fonte: DW Brasil

 

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