quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Brasil convida líderes para conter o avanço da extrema-direita

Falta pouco mais de uma semana para o encontro de líderes democráticos organizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Nova York, marcado para 24 de setembro, às margens da 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas. O evento, intitulado Em defesa da democracia, combatendo os extremismos, reunirá chefes de Estado e de governo de nações progressistas para proteger as instituições democráticas — tendo a extrema-direita como alvo principal. Há um porém: um dos temas previstos para a discussão é a garantia de eleições livres no mundo, e Lula enfrenta críticas pelo posicionamento brando do Brasil em relação às eleições na Venezuela.

Lula se mobilizou para reunir aliados em resposta à articulação internacional de líderes extremistas, como o contato entre o presidente da Argentina, Javier Miei, o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que está concorrendo novamente ao cargo, além do avanço de partidos de extrema-direita em eleições europeias.

 A reunião está sendo organizada pelo Brasil e pela Espanha, representada pelo presidente, Pedro Sanchéz. A ideia, inclusive, começou a tomar forma em uma conversa entre os dois, no Palácio do Planalto, em março.

"Espanha e o Brasil são duas grandes democracias que enfrentam o extremismo, a negação da política e o discurso de ódio alimentado por notícias falsas. Nossa experiência no enfrentamento da extrema-direita, que atua coordenada de forma internacional, nos ensina que é preciso unir todos os democratas do mundo", declarou Lula após o encontro com Sánchez.

Ao Correio, o Itamaraty informou que "o evento terá como objetivo discutir formas de avançar os princípios democráticos e proteger as instituições de movimentos extremistas, a fim de garantir eleições livres, o Estado de Direito e as liberdades individuais, ao mesmo tempo em que asseguram crescimento econômico sustentável e inclusivo. Entre os temas a serem tratados no evento estão a disseminação de práticas de desinformação e de desestabilização de governos e democracias, bem como o papel das redes sociais nesse contexto", explicou o ministério.

•        Sem confirmações

Até o momento, o governo brasileiro não divulgou a programação ou detalhes sobre o formato do evento, nem confirmou quais líderes estarão presentes. Segundo comunicados divulgados pelo Planalto, o presidente Lula convidou pessoalmente pelo menos cinco líderes: os presidentes Joe Biden (Estados Unidos), Emmanuel Macron (França) e Gabriel Boric (Chile), e os premiês Justin Trudeau (Canadá) e Keir Starmer (Reino Unido). Além de Pedro Sánchez, que também atua na organização.

Interlocutores do Itamaraty, porém, afirmam que outros convites estão sendo feitos pela equipe diplomática. Segundo a fonte, a lista de confirmados costuma ser divulgada "com muito pouca antecedência" em eventos de alto nível.

Um dos desafios é coordenar as agendas dos chefes de Estado. Além da Assembleia Geral, há uma série de eventos paralelos programados em Nova York e organizados pelas Nações Unidas, por governos e por outras organizações. O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, por exemplo, convidou Lula para participar de um fórum sobre mudanças climáticas organizado pela Fundação Clinton, entre 23 e 24 de setembro. Haverá ainda encontros sobre desarmamento nuclear, resistência a antibióticos e aumento do nível do mar.

•        Tema espinhoso

Um dos temas previstos para o debate é a garantia de eleições livres. Lula sofre críticas sobre seu posicionamento brando em relação ao pleito da Venezuela, que enfrenta acusações de fraude e de falta de transparência. Apesar de não reconhecer a vitória de Nicolás Maduro, Lula tampouco apontou a possibilidade de o resultado das urnas ter sido manipulado. Recentemente, o presidente admitiu que o regime chavista é "autoritário", mas negou que se trate de uma ditadura. Houve um endurecimento nas falas, mas a demora para tomar medidas concretas causa desgaste.

Maduro suspendeu, por exemplo, a representação do Brasil na embaixada da Argentina, em Caracas, e chegou a cercar o prédio com ameaça de prender os seis opositores venezuelanos que estão abrigados no local. O chavista só cedeu após uma dura nota da diplomacia brasileira, e após o candidato oposicionista Edmundo González fugir do país.

Os presidentes Biden e Boric estão entre os maiores críticos de Maduro, e se dizem preocupados com a possibilidade de fraude na eleição de 28 de julho. Macron criticou até as medidas de Maduro para impedir que as principais líderanças da oposição pudessem concorrer — María Corina Machado e Corina Yoris. Mesmo assim, todos os chefes de Estado convidados por Lula elogiaram os esforços brasileiros para mediar a relação entre o governo venezuelano e a oposição.

 

•        Lula na ONU: denunciar terrorismo ambiental fascista. Por César Fonseca

São amplas as denúncias – nacionais e internacionais – de que está havendo crime ambiental no Brasil por parte da ultra direita fascista cujo objetivo é desgastar o presidente Lula para derrotá-lo em 2026.

O assunto ganhou dimensão global e deverá ser alvo das discussões na Assembleia Geral da ONU, onde o Brasil, tradicionalmente, é o primeiro a discursar perante a comunidade internacional.

Será ou não a hora de politizar a questão que envolve a sobrevivência da humanidade?

O preço de dispor de uma Amazônia e sua biodiversidade infinita em chamas não deixa o Brasil ficar calado diante do fórum mais importante para expor a luta de classe que se desenrola no Brasil em prejuízo da maioria em benefício de uma minoria que usa agora o fogo para alcançar o poder a qualquer custo.

Nunca é demais lembrar que o líder político bolsonarista, pastor Malafaia, anunciou aos quatro ventos, em sete de setembro, que tocaria fogo no país.

O que isso significa, senão luta pelo poder político no Brasil?

Para todos os efeitos, os adversários radicais do presidente Lula querem jogar em cima do governo dele a culpa pela disseminação dos milhares de fogos de incêndio, nessa altura do campeonato, incontrolável.

<><> Direita e ultradireita fascista em ação

Porém, o Congresso Nacional, dominado pela direita e ultradireita, está de braços cruzados, impedindo tomada de decisões fundamentais que reduziriam o problema de forma estrutural.

O Legislativo, de maioria conservadora e fascista, impõe ao governo programa ultraneoliberal que impede gastos sociais que dinamizam a economia, para impor uma política monetária restritiva, cujos beneficiários são, fundamentalmente, os rentistas, completamente, alheios à destruição em marcha.

Em aliança com direita e esquerda, os especuladores inviabilizam decisões voltadas ao interesse das comunidades mais pobres, impedindo consecução de políticas ambientais, urbanas, de mobilização social, etc, em nome do ajuste fiscal, que impedem soluções racionais, capazes de conscientizar a população para a urgência indispensável ao ataque à destruição ambiental.

Sequer, o governo está em condições de votar e aprovar projetos para o ataque direto à destruição do meio ambiente por falta de condições operacionais, nesse sentido.

<><> Internacionalizar a luta ideológica

Cercado de adversários que, no Congresso, impõem o ajuste neoliberal antinacionalista, antidesenvolvimentista, antieducacional, terá ou não chegada a hora de o presidente Lula internacionalizar, na ONU, o terrorismo ambiental que vigora no Brasil nesse instante, em luta ideológica aberta, para arregimentar apoio internacional?

Caso não aja nesse rumo, de forma urgente, a direita e a ultradireita, com seus aliados internacionais fascistas, dispostos a defenestrar o PT e aliados do poder, o  culpado, no final das contas, será o próprio presidente Lula, minoritário, no Legislativo, diante de aliança de uma maioria antinacional em conluio com o mercado financeiro, na tarefa de impor política macroeconômica, principal responsável pela destruição do meio ambiente.

As forças progressistas no poder estão paralisadas pelo tamanho descomunal da crise ambiental e no seu interior prosperam opiniões conflitantes que concluem não haver jeito de enfrentar objetivamente a situação.

Somente nos últimos dias se chegou à certeza da criação de organismo centralizado para enfrentar a catástrofe, mas, até agora, por falta de política de comunicação eficiente, não há convocação nacional, pelo titular do poder, de uma corrente de ação que mobilize a nação para agir operativamente no sentido da conscientização política.

<><> Derrota eleitoral à vista

O capitalismo financeiro especulativo, que domina amplamente a economia, no sentido de inviabilizá-la, na medida em que os especuladores agem em consonância com maioria conservadora fascista no Congresso, barra as ações políticas progressistas e deixa a esquerda liberal em estado catatônico, salvo no sentido de reclamar-se e estarrecer-se, chorando as próprias mágoas.

O resultado eleitoral das disputas municipais pode ser amplamente favorável à direita criminosa que incendeia o meio ambiente e joga a culpa no presidente, com ajuda da mídia conservadora antinacionalista, pró-entrega do patrimônio nacional ao capital estrangeiro.

Como possível vitória oposicionista na maioria dos municípios representa fator demonstrativo essencial para formação de forças voltadas à disputa da eleição presidencial em 2026, a derrota governamental previsível, diante do desastre ambiental, prepararia ou não terreno para a volta dos golpistas que ainda não foram punidos por conta da existência de um judiciário dominado pelos interesses do capital financeiro fascista?

Não há o que esperar para internacionalizar a luta política ideológica em torno do meio ambiente atacado no Brasil pelas forças reacionárias e golpistas.

A oportunidade se faz agora, quando o presidente Lula fará o discurso de abertura na ONU.

Se deixar passar essa oportunidade para revelar as reais causas do desmatamento criminoso em marcha, visando destruí-lo politicamente, aí, mesmo, é que o mundo poderá cair em cima do governo por não denunciar os verdadeiros criminosos dessa catástrofe.

Indubitavelmente, a destruição em marcha tem um nome: o fascismo, que não se conforma em ter perdido o poder nas urnas em 2022 e pretende recuperá-lo lançando mão de todas os crimes, como o do terrorismo ambiental.

 

Fonte: Correio Braziliense/Brasil 247

 

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