quinta-feira, 19 de setembro de 2024

As 'misteriosas' explosões de pagers que mataram membros do Hezbollah e deixaram milhares feridos

A explosão de aparelhos de mensagem do tipo pager usados pelo grupo armado Hezbollah, no Líbano, deixou ao menos nove pessoas mortas e milhares de feridas nesta terça-feira (17/9), informou o ministério da Saúde do país.

O Líbano e o Hezbollah, grupo que também atua como um partido político, responsabilizaram Israel pela explosão dos aparelhos, também chamados no Brasil de "bipe" e muito usados no passado para troca de mensagens.

As explosões teriam acontecido em diversos lugares, desde a rua até supermercados e barbearias.

O governo libanês afirma que 200 dos 2.750 feridos estão em estado crítico.

Em um comunidado, o Hezbollah disse que Israel, um "inimigo traidor e criminoso certamente receberá o castigo justo por esta agressão pecaminosa, queira ou não".

grupo armado apoiado pelo Irã, com sede no Líbano, tem sido um inimigo de Israel há décadas. Os combates entre os dois lados se intensificaram nos últimos meses, princupalmente após início do guerra em Gaza, aumentando o receio de uma guerra total.

O governo do Líbano também culpou as autoridades israelenses. O ministro da Informação do país, Ziad Makary, condenou as explosões de pagers como uma "agressão israelense", de acordo com a emissora libanesa Al-Manar TV.

Israel ainda não comentou sobre o ocorrido.

·        As explosões

A agência de notícias estatal do Líbano informou que ocorreram explosões nos subúrbios de Beirute e em outras áreas do país.

A emissora de televisão Al-Manar, ligada ao Hezbollah, também noticiou a explosão de muitos pagers, sem identificar os feridos.

Vídeos e fotos compartilhados nas redes sociais mostravam homens feridos sentados ou deitados no chão, e outros sendo transportados para hospitais.

Imagens de câmeras de segurança não verificadas mostravam explosões em comércios.

Um membro do Hezbollah disse à agência de notícias Reuters que se tratava da "maior falha de segurança [do grupo]" desde que as hostilidades com Israel se intensificaram há 11 meses, em paralelo à guerra de Gaza.

Em um primeiro comunicado, o Hezbollah classificou as explosões como "misteriosas" e disse que elas causaram a morte de, pelo menos, três pessoas.

"Explodiram pagers que pertenciam a funcionários de várias unidades do Hezbollah e instituições", disse a milícia armada em um comunicado, acrescentando que no incidente morreram "uma jovem e dois de nossos irmãos".

O grupo acrescentou que estava conduzindo uma "ampla investigação de segurança e científica" sobre as causas das detonações "simultâneas".

O embaixador do Irã no Líbano está entre as centenas de pessoas que teriam se ferido. A televisão estatal iraniana informou que seus ferimentos são "superficiais" e que ele está “consciente e fora de perigo".

Um ex-perito em munições do Exército Britânico, que pediu para não ser identificado, disse à BBC que os dispositivos provavelmente estavam carregados com entre 10 a 20 gramas de explosivo de alta qualidade, escondido dentro de um componente eletrônico falso.

Logo após as explosões, muitos apontaram para a possibilidade de um ataque hacker que poderia ter causado o superaquecimento das baterias dos pagers e as explosões — o que seria completamente sem precedentes.

De acordo com Joe Tidy, correspondente em cibersegurança da BBC, especialistas estão apontando o fato de que as imagens das explosões não são consistentes com um possível o superaquecimento de uma bateria.

·        Silêncio em Israel

Desde que o grupo armado palestino Hamas lançou o surpreendente e mortal ataque contra Israel no dia 7 de outubro, dando início à guerra em Gaza, a fronteira do Líbano se tornou uma espécie de segundo front, onde o Exército de Israel tem trocado fogo com o Hezbollah.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) não comentaram as explosões ocorridas nesta terça-feira no Líbano.

No entanto, os acontecimentos ocorreram horas depois de o gabinete de segurança de Israel definir como objetivo oficial da guerra o retorno seguro de 60 mil residentes ao norte do país, que haviam sido deslocados pelos ataques do Hezbollah.

"O gabinete de segurança atualizou os objetivos da guerra para incluir o seguinte: devolver os residentes do norte de forma segura às suas casas", disse o escritório do primeiro-ministrom, Benjamin Netanyahu. "Israel continuará a agir para implementar esse objetivo."

Na segunda-feira (16/9), o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou durante uma reunião com o enviado americano Amos Hochstein que a única maneira de devolver os residentes ao norte de Israel era por meio de uma "ação militar".

"A possibilidade de um acordo está se esgotando, já que o Hezbollah continua 'se ligando' ao Hamas e se recusa a por fim ao conflito", afirmava um comunicado de seu escritório.

Israel advertiu repetidamente que poderia lançar uma operação militar para expulsar o Hezbollah da fronteira.

Em seu comunicado, o Hezbollah reiterou seu "apoio e respaldo à corajosa resistência palestina".

Legenda da foto,Nas entradas dos hospitais em Beirute, houve cenas de caos

<><> Análise: 'Devastor para o Hezbollah' - De Paul Adams, correspondente de diplomacia da BBC

É difícil imaginar um ataque mais calculado para espalhar medo e confusão.

O Hezbollah depende em grande medida de pagers para as comunicações do grupo.

Os telefones celulares foram abandonados há muito tempo por serem muito vulneráveis, como demonstrou o assassinato, por parte de Israel, do fabricante de bombas do Hamas, Yahya Ayyash, em 1996.

Os membros do Hezbollah foram vítimas de explosões em supermercados, nas ruas, em automóveis, em suas casas e até mesmo em barbearias.

Incidentes foram relatados por todo o Líbano, desde Beirute até o vale do Bekaa, e até mesmo na vizinha Síria.

Cada explosão pode ter sido pequena, mas algumas causaram danos catastróficos.

Em um momento em que Hezbollah e Israel estão envolvidos em uma guerra de baixa intensidade, esses ataques terão consequências devastadoras para a força de trabalho, as comunicações e o moral do Hezbollah.

Israel ainda não comentou, mas é evidente que foi obra deles.

É o prelúdio de um ataque maior? O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse na segunda ao enviado americano Amos Hochstein que Israel "faria o que fosse necessário para garantir sua segurança".

Ainda não há sinais de que esteja sendo reunido o número de homens e veículos blindados necessários para uma grande incursão militar no sul do Líbano, mas os ataques de hoje representam uma nova escalada e é difícil imaginar que o Hezbollah não se sinta obrigado a responder de alguma forma.

¨      Embaixador do Irã, civis e membros do Hezbollah são atingidos em explosões no Líbano em meio à guerra com Israel

Pelo menos três pessoas morreram e mais de 1.000, incluindo combatentes do Hezbollah, médicos e o embaixador do Irã em Beirute, ficaram feridas nesta terça-feira (17) quando os pagers que eles usam para se comunicar explodiram em todo o Líbano, disseram fontes de segurança à Reuters. Um oficial do Hezbollah, falando sob condição de anonimato, disse que a detonação dos pagers foi a "maior falha de segurança" a que o grupo foi submetido em quase um ano de conflito com Israel.

Israel e o Hezbollah, apoiado pelo Irã, estão envolvidos em uma guerra transfronteiriça paralelamente à guerra em Gaza, que eclodiu em outubro passado, a pior escalada do tipo em anos.

O exército israelense se recusou a comentar os questionamentos da Reuters sobre as detonações. O Hezbollah confirmou em um comunicado a morte de pelo menos três pessoas, incluindo dois de seus combatentes. A terceira pessoa morta era uma menina, disse o grupo, acrescentando que uma investigação estava sendo conduzida sobre as causas das explosões.

Um dos combatentes mortos era filho de um membro do parlamento libanês do Hezbollah, disseram duas fontes de segurança à Reuters.

O embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, sofreu um ferimento leve quando um pager explodiu, relatou a agência semioficial iraniana Fars. "Amani tem uma lesão superficial e está atualmente sob observação em um hospital", citou a Fars uma fonte.

A Reuters não pôde confirmar imediatamente o relatório. Os pagers que detonaram eram o modelo mais recente trazido pelo Hezbollah nos últimos meses, disseram três fontes de segurança.

Um jornalista da Reuters viu ambulâncias correndo pelos subúrbios ao sul da capital, Beirute, um reduto do Hezbollah, em meio a um pânico generalizado. Uma fonte de segurança disse que dispositivos também estavam explodindo no sul do Líbano.

GRITANDO DE DOR

No hospital Monte Líbano, um repórter da Reuters viu motocicletas correndo para a sala de emergência, onde pessoas com as mãos ensanguentadas gritavam de dor.

O chefe do hospital público de Nabatieh, no sul do país, Hassan Wazni, disse à Reuters que cerca de 40 feridos estavam sendo tratados em sua instalação. Os ferimentos incluíam lesões no rosto, olhos e membros.

A onda de explosões durou cerca de uma hora após as detonações iniciais, que ocorreram por volta das 15h45, horário local (13h45 GMT). Não estava claro de imediato como os dispositivos foram detonados.

As forças de segurança interna libanesas disseram que vários dispositivos de comunicação sem fio foram detonados em todo o Líbano, especialmente nos subúrbios do sul de Beirute, resultando em feridos.

Grupos de pessoas se aglomeraram na entrada dos prédios para verificar pessoas conhecidas que poderiam estar feridas, disse o jornalista da Reuters.

Emissoras regionais transmitiram imagens de CCTV que mostraram o que parecia ser um pequeno dispositivo portátil colocado ao lado de um caixa de mercearia, onde uma pessoa estava pagando, explodindo espontaneamente.

Em outra filmagem, uma explosão pareceu derrubar alguém que estava em uma barraca de frutas em uma área de mercado.

O centro de operações de crise do Líbano, administrado pelo Ministério da Saúde, pediu a todos os trabalhadores médicos que se dirigissem aos respectivos hospitais para ajudar a lidar com o grande número de feridos que chegavam para cuidados urgentes. O centro afirmou que os profissionais de saúde não deveriam usar pagers.

A Cruz Vermelha Libanesa disse que mais de 50 ambulâncias e 300 funcionários de emergência foram enviados para ajudar na evacuação das vítimas.

O Hezbollah disparou mísseis contra Israel imediatamente após os ataques de 7 de outubro por militantes do Hamas em Israel, que desencadearam a guerra em Gaza. O Hezbollah e Israel têm trocado fogo constantemente desde então, evitando uma escalada maior.

Dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas de cidades e vilarejos em ambos os lados da fronteira devido às hostilidades.

¨      Hezbollah afirma que Israel é totalmente responsável pelas detonações de pagers no Líbano e promete retaliar

O movimento xiita libanês Hezbollah afirmou nesta terça-feira que Israel é totalmente responsável pelas detonações em massa de pagers no Líbano, confirmou a morte de várias pessoas e ameaçou com "retaliação."

Mais cedo, a agência nacional de notícias libanesa NNA relatou que dezenas de pessoas ficaram feridas como resultado da detonação de pagers nos arredores do sul de Beirute. Posteriormente, a emissora libanesa OTV informou, citando o ministro da Saúde do país, Firas Abyad, que centenas de cidadãos ficaram feridos devido ao incidente. Vários relatos indicaram que os pagers eram usados pelo Hezbollah como um sistema de comunicação fechado, menos suscetível a ataques cibernéticos e espionagem.

"Após examinar todos os fatos, dados e informações disponíveis sobre o ataque hediondo que ocorreu nesta tarde, responsabilizamos totalmente o inimigo israelense por esta agressão criminosa, que também afetou civis e resultou na morte de várias pessoas e em um grande número de feridos... Este inimigo traiçoeiro e criminoso certamente receberá sua devida retaliação por essa agressão hedionda", disse o comunicado.

<><> Ataque cibernético israelense causa detonação em massa de pagers no Líbano, afirma Beirute

A detonação em massa de pagers em diferentes partes do Líbano, afetando milhares de cidadãos, foi causada por um ataque cibernético israelense, disse o Ministério das Relações Exteriores do Líbano nesta terça-feira (17). Mais de 2.800 pessoas ficaram feridas e 8 morreram como resultado da detonação em massa de pagers em diferentes partes do país. 

Mais cedo, a agência nacional de notícias libanesa NNA relatou que dezenas de pessoas ficaram feridas como resultado da detonação de pagers nos arredores do sul de Beirute. Posteriormente, a emissora libanesa OTV informou, citando o ministro da Saúde do país, Firas Abyad, que centenas de cidadãos ficaram feridos em decorrência do incidente. Vários relatos indicaram que os pagers eram utilizados pelo movimento xiita libanês Hezbollah como um sistema de comunicação fechado, menos suscetível a ataques cibernéticos e espionagem.

"O Ministério das Relações Exteriores do Líbano condena veementemente o ataque cibernético israelense que levou à detonação de um grande número de pagers em diferentes partes do Líbano, causando a morte de oito pessoas e ferindo milhares de cidadãos", informou o comunicado. O documento foi citado pela agência Sputnik. 

O governo libanês considera a detonação em massa de pagers em diferentes partes do país como uma agressão israelense, com base nos resultados iniciais da investigação, disse o ministro da Informação do Líbano, Ziad Makary, nesta terça-feira.

Nesse sentido, o Hezbollah afirmou nesta terça-feira que Israel é totalmente responsável pelas detonações em massa de pagers no Líbano. O grupo também confirmou a morte de várias pessoas e ameaçou com "retaliação". 

"Após examinar todos os fatos, dados e informações disponíveis sobre o ataque hediondo que ocorreu nesta tarde, responsabilizamos totalmente o inimigo israelense por esta agressão criminosa, que também afetou civis e resultou na morte de várias pessoas e em um grande número de feridos... Este inimigo traiçoeiro e criminoso certamente receberá sua devida retaliação por essa agressão hedionda", diz o comunicado. O documento foi citado pela agência Sputnik. 

Mais cedo, o Gabinete de Segurança de Israel, nesta terça-feira, adicionou oficialmente o retorno dos residentes do norte às suas casas como um novo objetivo na guerra em andamento contra o movimento palestino Hamas.

"O Gabinete de Segurança atualizou os objetivos da guerra para incluir o seguinte: Garantir o retorno seguro dos residentes do norte às suas casas", disse o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nas redes sociais. 

Netanyahu disse ao enviado especial dos EUA, Amos Hochstein, na segunda-feira, que os residentes do norte não podem voltar para casa sem melhorias significativas na segurança. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, também disse ao secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, no mesmo dia, que a ação militar agora era a única opção para garantir a segurança no norte de Israel, afirmando que negociações com o movimento libanês Hezbollah não eram mais viáveis.

A situação na fronteira entre Israel e Líbano piorou após o início da operação militar de Israel na Faixa de Gaza em outubro de 2023. O IDF e combatentes do Hezbollah têm alvejado as posições um do outro quase diariamente em áreas ao longo da fronteira. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Líbano, cerca de 100 mil pessoas foram forçadas a abandonar suas casas no sul do Líbano por causa dos bombardeios israelenses. As autoridades israelenses disseram que cerca de 80 mil residentes das partes do norte do país tiveram que sair devido aos ataques do Líbano.

 

Fonte: BBC News Brasil/Reuters/Brasil 247

 

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