O que se sabe sobre 'aparente tentativa de
assassinato' contra Trump
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump está seguro após disparo de tiros "em sua proximidade"
neste domingo (15/9), segundo a campanha do candidato republicano, após um
incidente ocorrido perto de seu clube de golfe na Flórida.
O FBI, a polícia
federal americana, diz que está investigando "aparente tentativa de
assassinato" de Trump.
O nome do suspeito é
Ryan Wesley Routh, de cerca de 50 anos, segundo afirmaram autoridades à
parceira americana da BBC, CBS News.
A informação sobre os
tiros foi mencionada inicialmente pelo diretor de comunicações da campanha
republicana, Steven Cheung. Ele divulgou que Trump estava seguro e que não
havia mais detalhes naquele momento.
Em e-mail a seus
apoiadores, Trump disse que estava "seguro e bem". "Nada vai me
segurar", escreveu ele. "Eu nunca vou me render!"
·
O que se sabe sobre
'aparente tentativa de assassinato'
No início da tarde
deste domingo, um agente do Serviço Secreto viu uma arma estilo AK-47 saindo de
arbustos no campo de golfe, perto de onde Trump estava jogando, e atirou contra
ele, segundo autoridades americanas que deram entrevista coletiva sobre o caso.
Uma testemunha viu um
homem fugir em um carro Nissan preto e conseguiu fornecer a autoridades
policiais uma descrição do veículo e até da placa, segundo a polícia.
O veículo foi
localizado em uma rodovia próxima, em direção ao condado vizinho de Martin, na
Flórida, e policiais pararam o veículo para deter o suspeito, cuja identidade
não foi revelada durante a entrevista coletiva da polícia.
A testemunha foi
levada ao condado de Martin, onde identificou o motorista como o mesmo homem
que viu no local do incidente.
Uma arma, mira
telescópica, mochilas e uma câmera GoPro foram encontradas em arbustos perto do
campo de golfe em Mar-a-Lago, na Flórida.
·
Casa Branca e Kamala
Harris
A Casa Branca disse
que o presidente Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris foram informados
sobre o incidente.
"O presidente e o
vice-presidente foram informados sobre o incidente de segurança no Trump
International Golf Course, onde o ex-presidente Trump estava jogando golfe.
Eles ficam aliviados ao saber que ele está seguro. Eles serão mantidos
atualizados regularmente por sua equipe", diz a declaração.
Kamala Harris, que
concorre contra Trump nas eleições presidenciais, comentou o ocorrido e disse
que "a violência não tem lugar na América".
No X, ela escreveu:
"Fui informada sobre relatos de tiros disparados perto do ex-presidente
Trump e de sua propriedade na Flórida, e estou feliz que ele esteja
seguro."
·
Tentativa de
assassinato na Pensilvânia
O caso deste domingo
ocorre dois meses depois que um homem armado tentou assassinar Trump em
um comício em Butler, na Pensilvânia,
atingindo sua orelha.
Na ocasião, Trump ficou ferido quando Thomas Matthew Crooks disparou contra
ele, durante discurso para o público, com um
rifle tipo AR-15 do telhado de um prédio próximo.
O tiroteio deixou um
apoiador de Trump morto, enquanto Crooks, de 20 anos, foi morto no local por um
atirador do Serviço Secreto.
O Serviço Secreto
enfrentou um intenso escrutínio sobre como o atirador conseguiu abrir fogo
contra o ex-presidente. A diretora da agência, Kimberly Cheatle, renunciou duas
semanas após o incidente.
·
'Novo normal'?
Anthony Zurcher,
correspondente da BBC na América do Norte, diz que esse tipo de violência
parece, cada vez mais, fazer parte da realidade dos Estados Unidos.
Em sua análise, ele
afirma que os americanos tiveram que se adaptar a “novos normais” na política
nos últimos anos e que, “dada a epidemia nacional de violência armada, este
tipo de ataque talvez seja outro inevitável novo normal”.
Zurcher aponta que o
ocorrido é chocante e que detalhes do caso, como a motivação do agressor,
determinarão o impacto que o episódio terá na política americana.
·
"Eu odeio Taylor
Swift", dispara Donald Trum
O candidato
republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, fez um ataquecontra Taylor
Swift no domingo, declarando seu "ódio" por ela, apenas alguns dias
depois de a megaestrela do pop ter endossado sua oponente democrata, Kamala
Harris.
Em uma postagem em
maiúsculas em sua conta no Truth Social, Trump escreveu: "EU ODEIO TAYLOR
SWIFT!"
Logo após o debate
Trump-Harris da semana passada, Swift informou seus 284 milhões de seguidores
no Instagram que planejava votar em Harris, atualmente vice-presidente dos EUA,
"porque ela luta pelos direitos e causas que eu acredito precisarem de um
guerreiro para defendê-las." Trump inicialmente havia descartado o endosse
de Swift a Harris dizendo simplesmente que não era "fã de Taylor."
Mas, desde então, com
as pesquisas de opinião mostrando Harris ganhando terreno significativo sobre
Trump naquilo que se espera ser uma eleição presidencial apertada no dia 5 de
novembro, o ex-presidente intensificou sua retórica contra uma das artistas gravadoras
mais bem-sucedidas da história.
O apoio de Swift a
Harris gerou mais de 9 milhões de "curtidas" em sua postagem no
Instagram, alimentando especulações de que isso poderia aumentar as chances da
democrata de vencer a eleição presidencial.
¨ Tentativas de assassinato de Trump traduzem campanha eleitoral
degradada e movida por ódio, fake news e guerras culturais. Por Sandra Cohem
A segunda
aparente tentativa assassinato contra Donald Trump em dois meses revela muito sobre o estado da campanha
presidencial nos EUA, movida por ódio, guerras culturais, disseminação de fake
news e, como consequência, pela violência armada.
No debate com Kamala Harris, o
ex-presidente revelou acreditar que tomou um tiro na cabeça, em julho passado,
na Pensilvânia, por causa de coisas que dizem sobre ele — uma delas a de que é
uma ameaça à democracia.
Mas o candidato
republicano e seus aliados são assertivos nas sandices que costumam alardear
para atacar os adversários: que em Springfield, Ohio, os imigrantes haitianos matam pets para comê-los; que bebês são mortos no nono mês de gestação; que o governo
Biden permitiu a entrada de terroristas, traficantes e criminosos no país para
conseguir votos; que, se o republicano perder, os EUA serão arrastados para uma
Terceira Guerra Mundial.
Horas antes de ser
alvo de uma nova tentativa de assassinato, neste domingo, enquanto jogava
golfe, Trump decretou em sua rede social com letras garrafais: “Eu odeio Taylor Smith”, pelo
simples fato de a cantora megastar ter apoiado Kamala.
O candidato
republicano sequer dá a garantia ao eleitor americano de que respeitará o
resultado eleitoral. Sugere apenas que reconhecerá o veredicto das urnas, se
for justo. Em outras palavras, conforme a sua conveniência.
Trump vem jogando com
o drama e com o medo. Após os tiros ouvidos no domingo a uma distância de menos
de 450 metros onde o ex-presidente estava, ele postou que estava bem e não se
renderia. Depois, a página de arrecadação de fundos do candidato foi alterada
com uma mensagem: “Eu sou Donald J. Trump. NÃO TENHA MEDO! Estou seguro e bem,
e ninguém se machucou. Graças a Deus! Mas, há pessoas neste mundo que farão o
que for preciso para nos impedir.”
Ainda há muito a ser
revelado nas investigações e nos rumos que os campos partidários vão seguir.
Mas, diante desse cenário tão volátil e divisivo numa disputa presidencial
empatada, duas aparentes tentativas de assassinato do candidato republicano
traduzem a degradação de retóricas enraizadas em insultos, racismo e
radicalização.
Soa também a
insensatez dizer que nos EUA não há lugar para a violência, como fizeram o
presidente Biden e a vice-presidente e aspirante à Casa Branca, Kamala Harris,
para lamentar e condenar, mais uma vez, o incidente. Este lugar já foi
normalizado.
¨ Quem é o suspeito da possível tentativa de assassinato contra
Trump e o que acontece agora? Perguntas e respostas
O ex-presidente Donald
Trump, candidato do Partido Republicano à
Presidência dos Estados Unidos, foi alvo de uma possível tentativa de assassinato neste domingo (15), segundo o FBI. Um suspeito foi preso.
Tiros foram disparados
perto de um campo de golfe em West Palm Beach, na Flórida, onde o republicano
disputava uma partida. O caso ocorreu dois meses após um atentado a tiros contra Trump
durante comício na Pensilvânia.
As autoridades locais
disseram que agentes do Serviço Secreto dos Estados Unidos que protegiam Trump
viram um homem com um fuzil AK-47 próximo ao campo.
<<<<<
Confira pontos principais para entender o que aconteceu com Trump:
<><>
Quem é o suspeito?
Autoridades disseram
que o homem que apontou o rifle e foi preso é Ryan Wesley Routh, de 58 anos.
Policiais identificaram o suspeito para a agência Associated Press (AP) sob
condição de anonimato, pois não estavam autorizados a discutir a investigação
em andamento.
Segundo as
autoridades, Routh largou a arma e fugiu em um SUV preta, sendo posteriormente
detido em um condado vizinho. Ele também deixou duas mochilas penduradas em uma
cerca e uma câmera GoPro próximo ao campo. O motivo da ação ainda é
desconhecido.
Routh foi condenado em
2002 por posse de uma arma de destruição em massa, de acordo com os registros
online do Departamento de Correção de Adultos da Carolina do Norte.
Os registros não
fornecem detalhes sobre o caso, mas uma reportagem do News & Record de 2002
afirma que um homem com o mesmo nome foi preso após um impasse de três horas
com a polícia.
A reportagem relata
que ele foi parado durante uma abordagem de trânsito, colocou a mão em uma arma
e se barricou em uma empresa de telhados. Routh foi acusado de portar uma arma
escondida e de posse de uma arma de destruição em massa (uma metralhadora totalmente
automática), segundo o News & Record.
<><>
Como isso aconteceu?
O atirador estava a
cerca de 400 a 500 metros de distância de Trump, escondido entre arbustos,
enquanto o ex-presidente jogava uma rodada de golfe no Trump International Golf
Club, em West Palm Beach.
Ric Bradshaw, xerife
do Condado de Palm Beach, disse que quando as pessoas entram na vegetação ao
redor do campo, "elas ficam praticamente fora de vista".
Segundo Bradshaw, todo
o campo de golfe teria sido cercado por policiais se Trump fosse o presidente
em exercício, mas, como ele não é, "a segurança é limitada às áreas que o
Serviço Secreto considera necessárias".
A proteção de Trump
tem sido maior do que a de alguns de seus colegas devido a sua alta
visibilidade e sua campanha para buscar a Casa Branca novamente. Sua segurança
foi reforçada dias antes da tentativa de assassinato de julho na Pensilvânia
devido a uma ameaça à vida de Trump vinda do Irã, disseram autoridades dos EUA.
<><> O que Trump disse após a tentativa?
Em um e-mail para
apoiadores, Trump afirmou: “Houve tiros nas minhas proximidades, mas antes que
os rumores comecem a sair de controle, quero que ouçam isso primeiro: EU ESTOU
SEGURO E BEM!”
O vice-presidente na
chapa de Trump, J.D. Vance, e o senador Lindsey
Graham, da Carolina do Sul, informaram que conversaram com Trump após o
incidente. Ambos disseram que ele estava “de bom humor”.
O apresentador da Fox
News, Sean Hannity, amigo próximo do ex-presidente, também falou com Trump e
seu parceiro de golfe, Steve Witkoff.
Eles disseram a
Hannity que estavam no quinto buraco quando ouviram um "pop pop, pop
pop". Em questão de segundos, os agentes do Serviço Secreto "saltaram
sobre" Trump e o "cobriram" para protegê-lo. Momentos depois, um
carrinho conseguiu tirar Trump do local.
Hannity disse que a
reação de Trump após o ocorrido — quando ficou claro que todos estavam seguros
— foi dizer, brincando, que ficou triste por não ter terminado o buraco, já que
ele "estava na média e tinha uma tacada de birdie".
<><>
O que a vice-presidente Kamala Harris disse?
Kamala, adversária
democrata de Trump na eleição presidencial, postou nas redes sociais que havia
sido informada sobre os relatos de tiros. "Estou feliz que ele esteja
seguro. A violência não tem lugar na América", escreveu.
A Casa Branca disse
que o presidente Joe Biden e Harris seriam atualizados sobre a investigação,
além de estarem "aliviados" em saber que o republicano estava seguro.
<><>
O que acontece agora?
Trump não anunciou
nenhuma mudança em sua agenda e está programado para falar ao vivo no X nesta
segunda-feira (16) à noite de seu resort Mar-a-Lago, para lançar a plataforma
de criptomoeda de seus filhos.
Enquanto isso, os
líderes de uma força-tarefa bipartidária do Congresso que investiga a tentativa
de assassinato de Trump em 13 de julho disseram que solicitaram uma atualização
do Serviço Secreto.
“Estamos agradecidos
por o ex-presidente não ter sido ferido, mas permanecemos profundamente
preocupados com a violência política e a condenamos em todas as suas formas”,
disseram os deputados Mike Kelly (Partido Republicano) e Jason Crow (Partido
Democrata) em um comunicado.
O deputado Jared
Moskowitz, um democrata da Flórida que faz parte da força-tarefa, também
afirmou que "buscará respostas sobre o que aconteceu hoje e naquela
ocasião".
Fonte: BBC News Mundo/g1/AP
Nenhum comentário:
Postar um comentário