domingo, 25 de junho de 2023

Mais de 1,3 bilhão de pessoas viverão com diabetes até 2050, estimam cientistas

A prevalência de diabetes, um problema de saúde global, cresce significativamente, superando a maioria das doenças, de acordo com um alerta publicado nos periódicos científicos Lancet e Lancet Diabetes & Endocrinology nesta quinta-feira (22).

Apesar do aumento da conscientização e dos esforços multinacionais contínuos, o cenário epidemiológico da doença é afetado por questões como o racismo estrutural, que afeta a vida de grupos étnicos minoritários, e a desigualdade geográfica vivenciada por países de baixa e média renda.

As estimativas projetam que, sem uma estratégia de mitigação eficaz, mais de 1,3 bilhão de pessoas viverão com diabetes até 2050, uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo.

Os pesquisadores projetam que nenhum país deve testemunhar um declínio nas taxas de diabetes padronizadas por idade nas próximas três décadas, com as regiões mais afetadas da Oceania, Norte da África e Oriente Médio atingindo níveis de diabetes superiores a 20% em muitos países, juntamente com Guiana no Caribe.

Os artigos publicados destacam como a carga global cada vez maior do diabetes é ainda mais exacerbada pela desigualdade em grande escala na prevalência, doença e morte. As estimativas indicam que mais de três quartos dos adultos com a doença crônica viverão em países de baixa e média renda até 2045, dos quais menos de 1 em cada 10 receberá tratamento abrangente.

Da mesma forma, em países de alta renda como os Estados Unidos, as taxas de diabetes são quase 1,5 vezes maiores entre os grupos étnicos minoritários — como indígenas americanos e nativos do Alasca, negros, hispânicos e asiáticos em comparação com as populações brancas.

As análises apontam que pessoas de comunidades marginalizadas em todo o mundo têm menos probabilidade de ter acesso a medicamentos essenciais — como insulina — e novos tratamentos, têm pior controle de açúcar no sangue e têm menor qualidade de vida, além de expectativa de vida reduzida.

Além disso, a pandemia de Covid-19 ampliou a desigualdade do diabetes globalmente. Pessoas com a doença tiveram 50% mais chances de desenvolver infecções graves e duas vezes o risco de morte em comparação com pessoas sem o problema.

Diante desse cenário, os autores destacam intervenções que demonstraram potencial na redução das desigualdades de acesso aos cuidados para a doença.

“O diabetes continua sendo uma das maiores ameaças à saúde pública de nosso tempo e deve crescer intensamente nas próximas três décadas em todos os países, faixas etárias e sexos, representando um sério desafio para os sistemas de saúde em todo o mundo”, disse a líder dos estudos Shivani Agarwal, pesquisadora do Fleischer Institute for Diabetes and Metabolism, em comunicado.

A pesquisadora argumenta que o foco central e a compreensão da desigualdade no diabetes são vitais para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU). As metas incluem reduzir as doenças não transmissíveis em 30% em menos de sete anos e minimizar os efeitos cada vez mais negativos sobre a saúde das populações marginalizadas e a força das economias nacionais nas próximas décadas.

“Esta série oferece uma oportunidade importante para uma ação pragmática e coordenada para transformar as abordagens de tratamento do diabetes e os resultados para populações marginalizadas em todo o mundo”, diz.

Os pesquisadores avaliam que fatores estruturais e sociais desempenham um papel importante na formação dos resultados e cuidados com o diabetes.

A série de estudos descreve como os efeitos em larga escala e profundamente enraizados do racismo estrutural e da desigualdade geográfica levam a impactos desiguais dos determinantes sociais da saúde na prevalência, cuidados e resultados globais do diabetes sobre a vida. O conceito de determinantes da saúde considera as condições sociais e econômicas nas quais as pessoas vivem e trabalham, bem como seus impactos.

“As políticas racistas, como a segregação residencial, afetam o local onde as pessoas vivem, seu acesso a alimentos saudáveis e serviços de saúde suficientes”, explica o coautor Leonard Egede, professor do Medical College of Wisconsin, EUA.

“Essa cascata de aumento da desigualdade no diabetes leva a lacunas substanciais nos cuidados e resultados clínicos para pessoas de grupos raciais e étnicos historicamente desprivilegiados, incluindo negros, hispânicos e indígenas”, completa.

 

       Número de pessoas com diabetes nas Américas mais do que triplica em 3 décadas, aponta Opas

 

O número de adultos com diabetes nas Américas mais do que triplicou nos últimos 30 anos, de acordo com um novo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), divulgado na sexta-feira (11).

Ao menos 62 milhões de pessoas vivem com diabetes nas Américas, um número que segundo a Opas deve ser muito maior, já que cerca de 40% das pessoas não sabem que têm a doença.

Ao cenário, a Opas atribui as taxas crescentes de obesidade, má alimentação, falta de atividade física, entre outros fatores. Se as tendências atuais continuarem, o número de pessoas com diabetes na região poderá chegar a 109 milhões até 2040.

Aumento dos fatores de risco

O aumento de casos de diabetes ao longo de três décadas está ligado ao aumento nos fatores de risco, alerta a Opas. Dois terços dos adultos nas Américas estão com sobrepeso ou obesos, e apenas 60% fazem exercícios suficientes.

Os dados fazem parte de um relatório da Opas lançado às vésperas do Dia Mundial da Diabetes, celebrado em 14 de novembro, que recomenda que os países melhorem o diagnóstico precoce, aumentem o acesso a cuidados de qualidade para o controle da diabetes e desenvolvam estratégias para promover estilos de vida saudáveis e nutrição.

O relatório também aponta para uma tendência alarmante entre os jovens da região: mais de 30% são considerados obesos ou com sobrepeso – quase o dobro da média global.

“Essas altas taxas de diabetes destacam a necessidade urgente de os países se concentrarem na prevenção e na promoção de estilos de vida saudáveis”, disse Anselm Hennis, diretor do Departamento de Doenças Não Transmissíveis e Saúde Mental da Opas, em comunicado. “Ao mesmo tempo, é crucial garantir o diagnóstico precoce e o bom gerenciamento da doença, que são fundamentais para controlar a diabetes e prevenir deficiências e problemas de saúde relacionados a doença”, completa.

•        Controle do diabetes

Embora o diabetes não tenha cura, é possível fazer o controle da doença, tanto no tipo 1 quanto no tipo 2, e a pessoa precisará de um tratamento permanente para manter os níveis de açúcar adequados no sangue.

O relatório mostra que apenas 12 países da região possuem as seis tecnologias básicas necessárias para o manejo do diabetes nas instalações de saúde pública, incluindo equipamentos para medir a glicemia, testes para o diagnóstico precoce de complicações e tiras de teste de urina para análise de glicose e cetona.

“É crucial que todos, em todos os lugares, tenham acesso a essas ferramentas básicas de diagnóstico e gerenciamento necessárias para prevenir as deficiências relacionadas”, acrescentou Hennis.

O relatório também aponta que as pessoas com diabetes têm maiores riscos para formas graves de Covid-19 e morte, destacando a importância de integrar os cuidados nos planos de preparação e resposta para emergências.

•        Redução na prevalência

Com o objetivo de reduzir a prevalência da doença e permitir que as pessoas com diabetes tenham uma vida mais saudável e evitem complicações, o relatório pede aos países que:

•        melhorem a capacidade de diagnóstico precoce e de prevenção de complicações relacionadas com a diabetes;

•        aumentem a disponibilidade e o acesso a cuidados de qualidade, incluindo medicamentos essenciais, como insulina, dispositivos de monitoramento de glicose e apoio a autogestão;

•        construam estratégias e políticas para promover estilos de vida saudáveis, nutrição e prevenção da obesidade.

•        fortaleçam a vigilância e o monitoramento para garantir um bom controle da diabetes.

<<< Diabetes nas Américas

O diabetes é uma doença crônica, metabólica, caracterizada por níveis elevados de glicose no sangue. A diabetes tipo 2 é a tipo mais comum, que geralmente ocorre em adultos quando o corpo se torna resistente ou não produz insulina suficiente. A diabetes tipo 1 ocorre quando o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina por si só.

De acordo com a Opas, o diabetes é a sexta causa de mortalidade nas Américas e foi responsável por mais de 284 mil mortes em 2019. A doença também é a segunda maior causa de incapacidade na região, atrás apenas da doença isquêmica do coração.

A Opas aponta, ainda, que o diabetes é a principal causa de cegueira em pessoas de 40 a 74 anos, de amputações de membros inferiores e de doença renal crônica. Além disso, triplica o risco de morte por doença cardiovascular, doença renal ou câncer.

•        Prevenção e tratamento do diabetes

Embora a diabetes tipo 1 não possa ser prevenida, pode ser controlada. Entretanto, há medidas disponíveis para prevenir a diabetes tipo 2, incluindo políticas e programas para promover a boa saúde e nutrição, exercícios regulares, evitar o fumo e controlar a pressão sanguínea.

A melhor forma de prevenir o diabetes e diversas outras doenças é a prática de hábitos saudáveis, como comer diariamente verduras, legumes e pelo menos três porções de frutas.

Reduzir o consumo de sal, açúcar e gordura, parar de fumar, praticar exercícios físicos regularmente, (pelo menos 30 minutos todos os dias) e manter o peso controlado.

O tratamento do diabetes pode ser realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Especialistas das unidades básicas de saúde (UBS) realizam o rastreamento e a identificação precoce.

O acompanhamento pode ser feito a partir de consulta médica multiprofissional, atendimento domiciliar, avaliação e cuidados com os pés. Além de ações de educação em saúde, prevenção e manejo das complicações crônicas do diabetes.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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