sexta-feira, 2 de junho de 2023

Heleno diz que 8/1 não foi tentativa de golpe e que Exército não precisava reconhecer resultado das urnas

O general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), afirmou nesta quinta-feira (1º) que os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro não foram uma tentativa de golpe contra a democracia.

Ele disse à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal que não havia planejamento nem líder --em esforço para blindar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Um golpe, para ter sucesso, precisa ter líderes, um líder principal, que esteja disposto a assumir esse papel. Não é uma atitude simples, considerando o tamanho do Brasil. Esse termo 'golpe' está sendo usado com extrema vulgaridade, e não é simples avaliar que uma manifestação possa caracterizar um golpe", disse Heleno.

O ex-ministro ainda disse que um golpe coordenado poderia ter sido bem-sucedido.

"Ele teria condições de acontecer se tivesse sido planejado. Isso é no mundo inteiro, verificamos no mundo inteiro, às vezes acontece essa história. Mas é um processo que não é assim, sair para rua e dar um golpe, ainda mais em um país como o Brasil", disse Heleno após negar que tivesse atuado na articulação dos acampamentos golpistas em frente aos quartéis-generais.

Augusto Heleno presta depoimento nesta quinta após ter cancelado o primeiro convite para esclarecer a atuação do GSI diante dos acampamentos golpistas. O general disse que só conheceu as manifestações por "fotografia" e que elas pareciam "sadias, onde se fazia muitas orações".

"Eu acho que o acampamento foi uma atividade que durou muito tempo, sem nenhum acontecimento de maiores consequências ruins e foi uma experiência nova em termos de manifestação política ordeira e disciplinada, que deve ter acrescentado algumas coisa nos movimentos políticos brasileiros", disse o ex-ministro.

Apesar da declaração de Heleno, integrantes do acampamento realizaram ao menos três atentados. O primeiro, em 12 de novembro, quando eles queimaram ônibus e carros e tentaram invadir a sede da PF (Polícia Federal) após a prisão de um líder indígena.

Outra, na véspera do Natal, quando o bolsonarista George Washington Sousa tentou explodir um caminhão-tanque no Aeroporto Internacional de Brasília. O último, em 8 de janeiro, com a depredação das sedes dos Poderes.

•        Posição do Exército

Questionado sobre os motivos que levaram o Exército a não dar declarações públicas reconhecendo a vitória democrática do petista, ele disse que tal medida não seria necessária.

“O papel do Exército está nítido na história do Brasil. Sempre se pautou pela legalidade, democracia, esses princípios. Não tinha razão para ser dito. Eu, como ministro, não podia passar por cima do presidente e declarar algo que era competência dele.”

Para defender que Bolsonaro havia reconhecido a derrota, Heleno citou uma frase do ex-presidente antes do resultado, ainda nos debates presidenciais, em que disse que “quem tiver mais votos leva”.

•        Ataques a Capelli

Outro destaque do depoimento foram os ataques a Ricardo Cappelli, que chegou a ser ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

“Cappelli não conhece nada de GSI. Lamento que ele seja tão mal informado sobre o GSI”, ressaltou.

•        Remédio na veia

Vídeos preparados pelos deputados na CPI mostram declarações do general. Um deles foi o áudio, revelado pela coluna Guilherme Amado, do Metrópoles, em que Heleno afirma que precisava tomar remédios psiquiátricos “na veia” diariamente para não levar Jair Bolsonaro a tomar “uma atitude mais drástica” contra o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Era uma palestra de 50 minutos. Eu falei muito, de maneira jocosa. Lexotan não se toma na veia. A atitude mais séria é fazer um rompimento declarado com o STF. Houve uma série de atitudes do STF que poderia desagradar uma parte da população, o presidente. Mesmo com a corda esticada, ele conduziu com tranquilidade. Eu sempre atuava como poder moderador. Me cabia trabalhar em prol da Segurança Institucional. Ele passou o mandato todo sendo massacrado e conseguiu manter a tranquilidade, a calma. Era uma atitude normal eu aconselhar que não se partisse para uma atitude que não causasse maiores repercussões.”

Também há um vídeo que uma bolsonarista gravou com Heleno em um shopping de Brasília. Nele, o general manda uma “saudação muito emocionada a todos que são os grandes heróis do Brasil hoje”, fazendo referência aos acampados em frente aos quartéis-generais, “e estão lutando para mostrar ao mundo que o país não aceita” Lula como presidente.

•        General Heleno segue fiel a Bolsonaro e diz em CPI que acampamentos golpistas eram ‘locais sadios’

O ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança-Institucional (GSI) general Augusto Heleno afirmou nesta quinta-feira, 1º, em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, que os acampamentos golpistas organizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) eram “locais sadios”.

Manifestantes que estavam no acampamento do Quartel-General do Exército, em Brasília, no entanto, participaram dos ataques golpistas no dia 8 de janeiro, quando os prédios do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional foram invadidos e depredados. Além disso, o mesmo local teria sido palco de um plano para explodir uma bomba próximo ao aeroporto de Brasília, nas vésperas da posse do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

 “Eu não estive nenhuma vez no acampamento. Conhecia de fotografias. Mas acredito, pelo que se escuta, que o acompamento era um local sadio, onde se fazia muitas orações, se reuniam para conversar sobre assuntos políticos”, minimizou Heleno à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). “Mas não sei como era a organização do acampamento. Tinha inclusive crianças, muitas mulheres. Durou muito tempo, sem nenhum acontecimento de maiores conseqTambém afirmou que continua achando que ladrão não sobe a rampa.uências ruins. Era uma manifestação ordeira e disciplinada”, acrescentou.

Heleno falou na CPI dos Atos Antidemocráticos em condição de testemunha. Durante o depoimento, o general se manteve fiel – como ele mesmo admitiu – ao ex-presidente Bolsonaro. Além de ter negado o viés golpista do movimento, recorreu corriqueiramente à frase “não me lembro” para deixar de responder aos questionamentos da oposição.

Ao comentar um áudio em que disse que precisava tomar calmante para evitar que Bolsonaro tomasse “medidas mais drásticas”, Heleno disse que sua fala foi retirada de contexto. Alegou que apenas havia sentimento no governo de que Bolsonaro poderia, em algum momento, romper com o STF, mas não o fez.

“Se eu tivesse sido articulador [dos atos do dia 8 de janeiro], eu diria aqui. Acho que o tratamento que estão dando a essa palavra golpe não é adequado. Um golpe, para ter sucesso, precisa ter líderes, um líder principal, não é uma atitude simples. Esse termo golpe está sendo empregado com extrema vulgaridade. Uma manifestação, uma demonstração de insatisfação não se pode caracterizar um golpe”, afirmou o general.

Heleno chamou Ricardo Cappelli, ministro interino do GSI, de “mal-informado”, mas poupou críticas ao colega de farda, general Gonçalves Dias – chefe do Gabinete durante os ataques golpistas. “Lamento que o Dr. Cappelli conheça tão pouco do GSI. Ele não conhece nada do GSI”, afirmou Heleno. Cappelli assumiu o GSI interinamente após a saída de Gonçalves Dias e chegou a acusar o general bolsonarista de incitar ataques às instituições da República.

Por fim, Heleno encerrou sua participação na CPI dos Atos Antidemocráticos defendendo o golpe de 1964. “As coisas são vistas só de um lado. O deputado acha que o movimento de 64 matou mais de 1 mil pessoas, acha que foi um movimento de vingança, de ódio, quando o movimento de 64 salvou o Brasil de virar um País comunista. O Brasil esteve a um passo de virar um País comunista”, disse, ao acusar a oposição de “deturpar a história”.

“Ele foi não somente evasivo, mas também cínico. Tentou relativizar tudo que ocorreu no dia 12 de dezembro e no dia 8 de janeiro”, afirmou o deputado distrital Fábio Felix (PSOL).

•        Heleno nega referência a Lula em fala sobre “bandido subir rampa”

O general Augusto Heleno protagonizou um momento de constrangimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos ao negar que tenha feito referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quando disse “não” a bolsonaristas que questionaram se “bandido subia a rampa”.

A afirmação em questão foi noticiada pela coluna Guilherme Amado, do Metrópoles, em dezembro de 2022, quando apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) aguardavam uma decisão antidemocrática do poder em exercício que pudesse impedir a posse do presidente eleito pelas urnas.

Nesta quinta-feira (1º/6), na CPI, ele alegou que “não tinha nome na pergunta”, como se não tivesse feito referência a Lula.

 “E eu continuo achando que ladrão não sobe a rampa. Não tinha nome. Eu estava dentro do carro, apareceu uma pergunta que eu nem me lembro exatamente. Mas tenho certeza que não tinha nome. Tinham várias perguntas na mesma hora, eu respondi não. Aí atribuíram esse ‘não’ a essa pergunta. Não tenho problema com isso não.”

Fábio Felix (PSol), integrante da CPI, lembrou que a frase “bandido não sobe a rampa” era um lema bolsonarista claro durante aquele período que precedeu a posse do petista. Com a negativa de Heleno, o deputado se indignou. “Me parece uma brincadeira com nossa inteligência”. Heleno retrucou: “Fico impressionado com sua criatividade”.

•        Depoimento

A CPI está em andamento na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). O general começou a ser ouvido às 10h e a sessão teve pausa de 20 minutos às 12h e continou em sequência. Durante a manhã, o ex-ministo também criticou o uso da palavra “golpe”.

“O tratamento que estão dando para a palavra ‘golpe’ não é adequado. Golpe precisa ter líderes, líder principal, não é uma atitude simples, ainda mais em um país como o Brasil. Esse termo golpe está sendo empregado com extrema vulgaridade. Não é uma coisa simples de se avaliar que uma manifestação, uma demonstração de insatisfação possa se caracterizar um golpe.”

Afirmando que “jamais participou” de reuniões sobre possíveis ações contra a derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Heleno chamou ainda de “narrativas fantasiosas” as alegações de que o ex-presidente e aliados queriam anular o resultado das urnas.

•        Heleno se nega a afirmar que confia totalmente em urnas: “Acredito em termos”

O general Augusto Heleno se recusou a afirmar que crê totalmente no sistema democrático das urnas. Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, nesta quinta-feira (1º/6), foi questionado sobre a confiabilidade da Justiça Eleitoral e no equipamento que registra os votos, quando respondeu: “Acredito em termos”.

A fala aconteceu durante a investigação sobre a tentativa de golpe, em andamento na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). O ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) disse ainda que questionamentos são normais.

“Acho que é preciso que haja evolução para que ela seja totalmente confiável. Houve uma série de questionamentos em relação à confiabilidade da urna, isso é normal, o resultado foi respeitado, temos um novo presidente, novos parlamentos.”

Em outro momento, ele criticou “o tratamento que estão dando para a palavra golpe”. “Golpe precisa ter líderes, líder principal, não é uma atitude simples, ainda mais em um país como o Brasil. Esse termo golpe está sendo empregado com extrema vulgaridade. Não é uma coisa simples de se avaliar que uma manifestação, uma demonstração de insatisfação possa se caracterizar um golpe.”

Afirmando que “jamais participou” de reuniões sobre possíveis ações contra a derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Heleno chamou ainda de “narrativas fantasiosas” as alegações de que o ex-presidente e aliados queriam anular o resultado das urnas.

 

       Heleno defende golpe de 1964 na CPI do DF e causa confusão

 

O general Augusto Heleno defendeu o golpe que instalou a ditadura militar, em 1964, durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF), nesta quinta-feira (1º/6).

Após o deputado distrital Gabriel Magno (PT) afirmar que a ditadura do Brasil foi “um atentado contra os direitos humanos”, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da gestão de Jair Bolsonaro (PL) disse:

“As coisas são vistas de um lado, como sempre. O deputado acha que o movimento de 1964 matou mais de mil pessoas, o que não aconteceu. Acha que foi um movimento de vingança, de ódio, quando o movimento de 64 salvou o Brasil de virar um país comunista. Isso não teve nenhuma dúvida. Basta ler a história do Brasil, que esteve a um passo de virar um país comunista”, disse Heleno.

Após a afirmação, houve bate-boca entre os distritais, e pessoas que assistiam à sessão na plateia gritavam “sem anistia”.

Os deputados bolsonaristas Paula Belmonte (Cidadania) e Thiago Manzoni (PL) saíram em defesa do direito de fala de Heleno. Já Fábio Felix (Psol) rebateu: “Vocês não estariam aqui [na CLDF] se tivesse ditadura no país.”

O presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), tentou acalmar os ânimos e encerrou a oitiva.

Após a confusão, a bancada da esquerda prometeu ações contra a fala de Heleno, avaliando que ele cometeu um crime durante a declaração.

 

Fonte: FolhaPress/Metrópoles/Agencia Estado

 

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