Colesterol e açúcar
no sangue aos 30 anos aumentam risco de Alzheimer, diz estudo
Ter
colesterol alto e açúcar no sangue aos 30 anos pode aumentar o risco de doença
de Alzheimer décadas mais tarde na vida, de acordo com um novo estudo.
“Mostramos pela primeira vez que as
associações entre os níveis de colesterol e glicose e o risco futuro de doença
de Alzheimer se estendem muito mais cedo na vida do que se pensava
anteriormente”, disse a autora sênior do estudo, Lindsay Farrer, chefe de
genética biomédica da Universidade de Boston, à CNN.
“Este
estudo nos dá mais combustível para começar o mais cedo possível a luta contra
a doença de Alzheimer”, disse Richard Isaacson, diretor da Clínica de Prevenção
de Alzheimer no Centro de Saúde do Cérebro da Faculdade de Medicina Schmidt da
Universidade Atlântica da Flórida. Isaacson não estava envolvido no estudo.
• Um tipo de colesterol e açúcar no sangue
Pessoas
com idades entre 35 e 50 anos que tinham altos níveis de triglicerídeos, um
tipo de colesterol encontrado no sangue, e níveis mais baixos do “colesterol
bom”, chamado lipoproteína de alta densidade, eram mais propensos a serem
diagnosticados com doença de Alzheimer mais tarde na vida, segundo o estudo.
“Somente
na faixa etária precoce (35-50 anos), um aumento de 15 mg/dL (miligramas por
decilitro) nos triglicerídeos foi associado a um aumento aproximado de 5% no
risco de doença de Alzheimer”, disse Farrer por e-mail.
A
associação não foi observada para grupos etários mais velhos, talvez porque os
adultos mais velhos sejam tratados para o colesterol de forma mais agressiva,
disse ele.
“Alternativamente,
pode refletir que triglicerídeos elevados no início da idade adulta podem
desencadear uma cascata de eventos metabólicos que ao longo do tempo iniciam
processos que levam diretamente à doença de Alzheimer”, disse Farrer.
Em
pessoas com idades entre 51 e 60 anos, foram os níveis mais altos de açúcar no
sangue que aumentaram o risco de Alzheimer, de acordo com o estudo.
“Para
cada 15 pontos que o açúcar no sangue aumenta, o risco de Alzheimer aumenta
14,5% mais tarde na vida”, disse Farrer, que também é professor de medicina,
neurologia, oftalmologia, epidemiologia e bioestatística na Escola de Medicina
da Universidade de Boston.
“Ter
colesterol alto pode não causar Alzheimer, mas pressiona o botão de avanço
rápido na patologia da doença e declínio cognitivo”, disse Isaacson. “Há também
uma relação entre diabetes e o desenvolvimento de patologia amiloide”.
As
placas beta-amiloides no cérebro são um dos sinais característicos da doença de
Alzheimer, juntamente com emaranhados de uma proteína chamada tau.
“Assim
como qualquer doença crônica do envelhecimento — colesterol alto, ataques
cardíacos, derrames — todas elas começam silenciosamente décadas antes de
aparecerem. A doença de Alzheimer não é diferente”, disse Isaacson.
“Observá-los desde o início é a melhor receita para a saúde cerebral ideal à
medida que envelhecemos”.
• Aumentar o HDL ajuda
O
estudo, publicado nesta quarta-feira (23) no Alzheimer’s and Dementia: The
Journal of the Alzheimer’s Association, acompanhou pessoas inscritas no
Farmingham Heart Study, um estudo que agora está em seu 74º ano.
“O
que é único no estudo é a grande amostra de indivíduos que são examinados a
cada quatro anos, a partir dos 35 anos, e seguidos até a idade em que o
diagnóstico de Alzheimer pode ocorrer”, disse Farrer.
Houve
algumas boas notícias do estudo: pessoas de 35 a 50 anos poderiam reduzir o
risco de Alzheimer em 15,4% se aumentassem sua lipoproteína de alta densidade
(HDL) em 15mg/dL. Pessoas entre 51 e 60 anos que aumentaram seu HDL reduziram
seu risco em 17,9%.
A
lipoproteína de alta densidade é chamada de “colesterol bom” porque reúne as
coisas ruins que flutuam na corrente sanguínea e as leva para o lixo (o
fígado), onde é liberada do corpo. Os Centros dos EUA para Controle e Prevenção
de Doenças (CDC) afirmam que altos níveis de HDL podem proteger contra doenças
cardíacas e derrames. Os níveis de HDL devem ser de pelo menos 40 mg/dL para
homens e 50 mg/dL para mulheres, de acordo com a Cleveland Clinic.
Pessoas
que desejam combater o colesterol devem trabalhar cuidadosamente com um
cardiologista e neurologista preventivo, pois há muitas nuances sobre como
medir os lipídios do sangue e quais medicamentos são melhores, disse Isaacson.
“A
mensagem para levar para casa é que as pessoas com 30 e 40 anos precisam ter
seus lipídios e açúcar no sangue medidos. Essa é a única maneira de detectar
quaisquer problemas”, disse Farrer.
“Mas
muitas pessoas dessa idade se sentem saudáveis e dizem: ‘Por que eu preciso
consultar um médico o tempo todo?’ Portanto, é um incentivo para as pessoas
começarem a fazer exames regulares nesse período de sua vida”, acrescentou.
Perda de sono pode causar doenças
crônicas como depressão e Alzheimer
A
cardiologista Stephanie Rizk somentou sobre uma pesquisa da Fundação Nacional
do Sono, uma organização não-governamental dos Estados Unidos, que afirmou que
cerca de 60% da população mundial sofre com algum grau de insônia.
O
especialista em medicina do sono Geraldo Lorenzo Filho falou, em entrevista à
CNN, sobre o panorama da situação. “Dormir não está fácil para ninguém,
especialmente depois da pandemia. Os dois grandes problemas do sono estão
relacionados à insônia e à apneia. Existem vários aplicativos que propõem a
monitorar o sono, escolher horário de acordar, mas a maior parte desses aplicativos
não são validados.”
Segundo
Stephanie Rizk, os efeitos da perda de sono são variados e podem causar uma
série de doenças crônicas que atingem diferentes partes do corpo. Entre os
casos mais recorrentes estão a hipertensão, demência, depressão, diabetes e o
Alzheimer. “É no sono que a memória se consolida”, explicou a médica.
O
ideal, ainda segundo a cardiologista, é que cada pessoa na fase adulta tenha
pelo menos seis horas de sono por noite. O tempo necessário, porém, pode variar
dependendo das necessidades de cada um – sem um limite máximo. Bebês, por
exemplo, costumam dormir cerca de 12 horas por dia.
Rizk
também alertou sobre os males possivelmente causados pelo chamado “cochilo”.
“Um cochilo é bom, mas para quem tem dificuldades para dormir à noite, isso
acaba prejudicando”, disse, explicando a importância de cumprir com as cinco
fases do sono, que ajudam na saúde do corpo.
“Com
menos de uma hora de sono, você não consegue regularizar e melhorar a
homeostase do organismo, do metabolismo e ficar bem no outro dia”, completou.
A
Correspondente Médica aproveitou para responder perguntas enviadas por
seguidores através do Instagram da CNN. A cardiologista desmentiu a hipótese de
que sono excessivo pode trazer problemas no coração, mas ressaltou que o quadro
pode estar relacionado ao cansaço, muitas vezes ligado à insuficiência
cardíaca.
Stephanie
explicou que a qualidade do sono tem um impacto direto na imunidade de uma
pessoa. “Uma das fases do sono é responsável para restaurar a imunidade, deixar
o metabolismo tranquilo e produzir os anticorpos necessários”, ressaltou.
A
“higiene do sono” também foi abordada pela médica, que apontou a importância de
evitar o uso de computadores e smartphones 30 minutos antes de dormir, já que a
luminosidade emitida pelos aparelhos eletrônicos pode reduzir a emissão de
melanina no corpo humano. A meditação foi recomendada por Rizk, que, por outro
lado, desaconselhou a ingestão de alimentos estimulantes no período noturno.
Maioria das pessoas não conhece os
sintomas de Alzheimer precoce, diz pesquisa
Se
você não está familiarizado com o termo “deficiência cognitiva leve”, você não
é o único. Mais de 80% dos norte-americanos não conhecem essa condição, que
afeta até 18% das pessoas com 60 anos ou mais e que pode levar à doença de
Alzheimer, segundo uma nova pesquisa.
O
comprometimento cognitivo leve (CCL) é um estágio inicial de perda sutil de
memória ou outra perda de capacidade cognitiva, como linguagem ou percepção
visual/espacial, de acordo com pesquisa publicada na terça-feira (15) para um
relatório dos Fatos e Números da Doença de Alzheimer de 2022 da Associação de
Alzheimer.
Os
sinais podem ser graves o suficiente para serem percebidos pela pessoa afetada
e seus entes queridos, mas também podem ser leves a ponto de que a pessoa
afetada possa manter sua capacidade de realizar a maioria das atividades da
vida diária.
Muitas
pessoas confundem essa deficiência com o envelhecimento normal, mas é diferente
–cerca de um terço das pessoas com deficiência cognitiva leve desenvolvem
demência devido à doença de Alzheimer em cinco anos, de acordo com a pesquisa.
Dependendo
do tipo de CCL, o paciente pode ter problemas para lembrar conversas,
acompanhar as coisas, manter sua linha de pensamento durante, transitar em um
lugar geralmente familiar ou concluir tarefas cotidianas, como pagar uma conta.
Para
entender melhor a conscientização, diagnóstico e tratamento do CCL nos Estados
Unidos, a Associação de Alzheimer encomendou uma pesquisa com mais de 2.400
adultos e 801 médicos de cuidados primários no fim do ano passado. Todas as
perguntas respondidas online ou por telefone.
Mais
de 80% dos participantes inicialmente tinham pouca ou nenhuma familiaridade com
o CCL. Então, quando informados sobre o que era a patologia, mais de 40%
disseram estar preocupados em desenvolver a condição no futuro.
“Foi
surpreendente validar que tanto o público quanto os médicos de cuidados
primários são desafiados nas distinções entre comprometimento cognitivo leve e
o que é considerado ‘envelhecimento normal'”, disse Morgan Daven,
vice-presidente de sistemas de saúde da Alzheimer’s Association. “Esses
resultados ressaltam quanto trabalho devemos fazer para continuar a educar.”
Cerca
de 85% dos adultos disseram que gostariam de saber precocemente se tinham a
doença de Alzheimer para que pudessem planejar, tratar os sintomas mais cedo,
tomar medidas para preservar a função cognitiva ou entender o que está
acontecendo, segundo a pesquisa.
Mas
apesar desse senso de urgência, esses adultos também mostraram relutância em
obter aconselhamento profissional se começassem a apresentar sintomas.
Apenas
40% disseram que falariam com seu médico imediatamente se apresentassem
sintomas de CCL. As preocupações em obter ajuda incluíam a possibilidade de
receber o diagnóstico ou tratamento errado, saber de um problema de saúde grave
ou acreditar que os sintomas podem desaparecer.
• O que causa comprometimento cognitivo
leve
Vários
fatores podem contribuir para o CCL. Portanto, comprometimento é mais um termo
abrangente do que uma condição específica, de acordo com a pesquisa.
“Pode
ser causado por coisas que são reversíveis, como deficiências de vitaminas ou
condições médicas como disfunção da tireoide”, disse Richard Isaacson, diretor
da Clínica de Prevenção de Alzheimer no Centro de Saúde do Cérebro da Faculdade
de Medicina Schmidt da Florida Atlantic University.
“Algumas
causas melhoram e outras pioram. Quando uma pessoa tem uma demência
neurodegenerativa, obviamente, tende a declinar.”
Outras
causas possíveis incluem efeitos colaterais de medicamentos; privação de sono;
ansiedade; distúrbios neurológicos ou psiquiátricos; genética; distúrbios
sistêmicos, como pressão alta; acidente vascular cerebral ou outra doença
vascular; e traumatismo cranioencefálico.
Em
geral, a variedade de fatores, sintomas amplos e a falta de um teste de CCL
podem tornar o diagnóstico de CCL difícil e desconfortável para muitos médicos,
como mostraram os resultados.
• Protegendo seu cérebro
Quando
os médicos detectam o CCL, geralmente recomendam mudanças no estilo de vida,
fazem exames de laboratório ou encaminham os pacientes para um especialista,
escreveram os autores.
“As
pessoas podem assumir o controle de sua saúde cerebral fazendo mudanças ativas
em sua vida diária”, disse Isaacson. “Não se trata apenas de exercícios, dieta,
sono e controle do estresse, mas também de condições médicas que os médicos da
atenção primária podem ajudar a otimizar e tratar –como pressão alta,
colesterol alto e diabetes”.
“Não
somos impotentes na luta contra a perda de memória e declínio cognitivo”,
acrescentou.
Mesmo
com medo, consultar um médico imediatamente é a coisa mais importante que as
pessoas que sofrem alterações cognitivas podem fazer, disse Daven. “O
diagnóstico precoce é importante e oferece a melhor oportunidade para gestão e
tratamentos.”
Fonte:
CNN Brasil
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