A
demissão do garçom José Catalão, que servia cafezinho no Palácio do Planalto,
sob a acusação de ser “petista”, dá a medida da mesquinharia do governo
ilegítimo que ocupa, desde a quinta-feira (12) a presidência da República. A
lista de horrores contra o país e o povo parece não acabar. Este curto espaço
de tempo foi marcado por uma combinação estapafúrdia de autoritarismo, opção
pelos ricos e abandono de políticas públicas e programas voltados para os mais
pobres.
O
mais visível desses atos antidemocráticos foi o desmonte do Ministério da
Cultura, transformado em uma secretaria para a qual um conjunto de mulheres
notáveis – Bruna Lombardi, Cláudia Leitão, Daniela Mercury, Eliane Costa e
Marília Gabriela – disse sucessivos nãos às tentativas de nomeá-las. Na mesma
linha, demitiu o presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Ricardo
Melo, para possibilitar aos golpistas o controle completo da comunicação
pública.
Provocou,
por assim dizer, desconforto entre os industriais ao nomear Marcos Pereira para
o ministério da Indústria e Comércio, que é estranho aos assuntos da pasta.
Para os trabalhadores, as notícias iniciais foram ruins - e a pior delas, a
projetada reforma da Previdência, provocou reações imediatas no próprio campo
golpista. Foi também contra o povo a revogação da medida da presidenta Dilma
Rousseff que autorizou a construção de 11.250 unidades do Minha Casa Minha
Vida.
Outro
fiasco ameaçador, para o povo, foi a investida contra o Sistema Único de Saúde
(SUS) feita pelo ocupante do ministério da Saúde, o privatista Ricardo Barros,
sob a costumeira alegação conservadora de que o brasileiro não tem dinheiro
para aplicar na universalização do atendimento de saúde – embora tenha para
pagar juros escorchantes aos rentistas e especuladores!
Prevendo
a reação que enfrentará, o ilegítimo Michel Temer nomeou para ocupar o
ministério da Justiça, Alexandre de Moraes, que chamou os protestos contra o
golpe de “atos de guerrilha”. A orientação adotada na política externa, como o
notório golpista José Serra à frente, reflete a vexatória “lei Chico Buarque”:
rosnar contra os fracos e pequenos, como os vizinhos da Américas do Sul, e
afinar a voz o imperialismo, o norte-americano sobretudo.
Na
área decisiva da economia e das finanças, a mudança de rumo abandona os
interesses populares e nacionais para atender os interesses dos rentistas e
especuladores. Revela assim a natureza e a face verdadeira deste governo
ilegítimo – o poder dos banqueiros e daqueles que vivem de abocanhar as
finanças públicas. Henrique Meireles se cercou de sócios e propagandistas da
especulação rentista, entre eles Ilan Goldfajn, escalado para ser o presidente
do Banco Central. É um neoliberal extremamente conservador, ligado ao Itaú
Unibanco, que quer mais desemprego para baixar o salário mínimo e, dessa forma
conservadora, combater a inflação!
A
ação de Michel Temer tem a desenvoltura de um novo governo, mas a fonte de seus
problemas é a flagrante ilegitimidade de sua presença na presidência da
República. Ilegitimidade cujo reconhecimento cresce no Brasil no exterior -
como ocorreu com a manifestação feita durante o festival de Cannes, onde a
equipe do filme brasileiro “Aquarius” demonstrou ao mundo sua indignação frente
ao golpe ocorrido no Brasil.
Editorial do site
Vermelho
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