Desde que o governo Federal anunciou o Programa Mais Médicos,
que temos lidos diversos artigos e manifestos a favor e contra o programa, cada
um com seus pontos de vistas, tentam apresentar argumentos à sociedade, que
justifiquem suas posições.
As críticas maiores daqueles que são contra o programa,
principalmente as entidades representativas da classe médica nacional, esta
fundamentada em dois pilares básicos: na questão da revalidação do diploma e na
criação da carreira de estado para o médico.
Em
meio à disputa entre o Ministério da Saúde e as entidades corporativas dos
médicos brasileiros em torno do questionado programa, está a população pobre e
carente das periferias e dos municípios pobres e distantes dos grandes centros,
necessitados de profissionais, brasileiros ou não, para atuarem na atenção
básica, haja vista que, como todos sabem, que mesmo em pleno século XXI,
existem ainda locais que jamais receberam um profissional para atender a sua população.
Logo,
a iniciativa do governo, independente da sua formatação tem que ser considerada
louvável e vista de forma positiva, pois só sabem dos problemas aqueles que com
eles convivem diariamente.
E a
polêmica aumentou ainda mais quando o governo federal anunciou um acordo com a
Organização Pan-americana de Saúde (Opas) para trazer ao país até 4 mil
profissionais cubanos ainda neste ano.
A
gritaria tem sido intensa, ao extremo de entidades quererem proibir médicos
brasileiros de atender brasileiros que porventura tenham tido um atendimento
incorreto por parte daqueles médicos. Como se os nossos médicos não errassem e
outros não tivessem que remediar o erro.
Cito
o exemplo de um fato ocorrido comigo. Tive um problema, diagnosticado depois
como neurológico, mas, quando procurei atendimento no pronto socorro o plantonista,
que não era formado em Cuba, mas nas nossas faculdades de medicina,
diagnosticou como problemas de próstata, apesar dos argumentos e mostrado
exames de cerca de 03 dias. E outros exemplos
poderiam serem citados e que ocorreram comigo. Nem por isso o outro médico
procurado deixou de nos atender.
Ora. Todos
sabem como existem os bons alunos há também os maus, assim também ocorrem nas
profissões.
Não
adianta as entidades de classe querer afirmar que temos médicos suficientes,
pois o que sabe é que ninguém quer ir para cidades distantes e pobres. Esta é a
lógica da nossa medicina mercantilista.
Valdevir
Both, do Centro de Educação e Assessoramento Popular (Ceap), relata haver uma carência enorme de atendimento básico no sul do país – e a falta de
estrutura não é o motivo. “No Rio Grande do Sul tem municípios que chegam a
oferecer R$ 20 mil por mês de salário, com estrutura adequada, com ambulância
equipada para os encaminhamentos necessários, e mesmo assim não encontram
interessados. Alguns municípios optaram em pagar o curso de medicina para seus
estudantes a fim de futuramente garantir atenção médica aos seus habitantes”,
afirma.
Esta
é a nossa realidade. Agora imaginem no Norte e Nordeste, regiões bem mãos pobres.
Sem
entrar no mérito, mas temos que reconhecer que o Mais Médicos trouxe o problema
da saúde pública para discussão da ordem do dia e que finalmente o Estado brasileiro assumiu a
responsabilidade de sua omissão ao longo desses anos.
Plagiando
Valdemir, “o que tem acontecido até agora é a categoria médica regulando o
mercado da medicina, num corporativismo cujas consequências hoje são visíveis
na ausência de profissionais interessados em trabalhar no Sistema Público” ou
se deslocarem para as periferias ou localidades mais pobres e sem conforto.
O que
o Estado fez, foi criar mecanismos para
atender essa demanda e não será mais a corporação que irá condenar milhares de
cidadãos à falta de atendimento médico”.
Não
queremos daqui afirmar que as entidades médicas estão erradas. Mas se realmente
temos médicos suficientes e dispostos a trabalharem nessas regiões hoje
desprovidas de assistência, por que então, os Conselhos não apresentam um plano
de deslocamento e a relação dos médicos que estariam dispostos? Ora, quem tá sofrendo
o problema não são as elites ou pessoas que residem em bairros da classe média
e alta. Quem está sofrendo o problema são os pobres que vivem nas
periferias e ou nos municípios pobres e
distantes.
Ah! E
o que sugerem eles? A criação da função de Estado para a medicina.
E aí
fica a pergunta: Será que um médico se sujeitaria a exercer a profissão como
função de Estado, onde estaria impedindo de exercer a profissão médica particular,
de ter seu consultório, de poder ter uma clientela em hospitais fora do
sistema, para sobreviver com o salário de carreira. Digamos a de um juiz pouco
mais de 15 mil?
Não sou
adivinho. Mas se assim ocorrer, aposto que poucos se submeterão e aqueles que
se submeterem, logo abandonarão.
Temos que acabar é com esta demagogia e corporativismo
barato. No mundo todo, médicos, sejam cubanos ou de outros países são recebidos
por outras nações, se unindo aos existentes, como forma de complementar o
atendimento para quem necessita. O que se
quer é isso.
Se o Mais Médico não é a solução, então aqueles que são
contra apresentem uma saída que atenda a todos, principalmente aos pobres que
residem nas periferias e a população que estão distante, em municípios carentes.
Como está é que não dá mais para ficar.
Uma
coisa é a revalidação dos diplomas. Outra é o programa federal. Se o país possui
ainda municípios, e não são poucos, que necessitam de médicos, se há lugares onde não há
profissionais, onde estaria a injustiça?