quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A QUESTÃO DA COMPETÊNCIA

O maior desafio dos gestores públicos brasileiros, é a dificuldade para alcançar um maior o equilíbrio nas ações e políticas públicas que objetivem atender as demandas da sociedade. 
Esta tem sido uma tarefa difícil de ser alcançada, diante do atual modelo de gestão, que visa atender prioritariamente as demandas políticas, em lugar de atender as necessidades da população, cujo modelo foi construído ao longo dos anos e efetivamente executado pelo governo Lula, cuja cartilha continua sendo seguida pela sua sucessora,  onde se prioriza políticas públicas voltadas unicamente para o ambiente privado e ou político. 
Este tem sido um modelo onde a ineficiência governamental tem sido muito grande,  colocando o Estado a serviço do capital privado, e jamais voltado em administrar o bem público para o público. 
O que a sociedade tem observado é a dificuldade do governo em encontrar uma solução que vise atender as demandas e aos interesses da população, principalmente a mais carente. 
Entretanto, toda essa dificuldade traz como conseqüência, uma clara sinalização para maiores reflexões acerca dos instrumentos necessários que sinalizem para dotar a população de condições para encontrar o melhor caminho para alcançar o seu bem estar. 
E este desafio para ser enfrentado começa por oferecer as condições técnicas e materiais para dotar a engrenagem estatal de velocidade apropriada para atender com eficiência os anseios da população, e que sejam capazes de produzir os serviços demandados no tempo e no volume pedido. 
Seria importante que o serviço público estivesse se utilizando de ferramentas e tecnologias de gestão de vanguarda, de forma que pudesse contribuir e ser agente indutor capaz de poder acelerar o desenvolvimento econômico e social, propiciando a sociedade condições para que possa vir a conquistar um melhor patamar de vida para a população. 
Desta forma, utilizar do que há de mais moderno em termo de modelo de gestão é uma oportunidade que se abre para o gestor de diminuir o vácuo gerencial em que o país está inserido, cujo vácuo se dá pela não adoção de um padrão de gestão de excelência. 
 Em comentários anteriores abordamos que a questão da gestão do Estado brasileiro é uma questão de competência.
E afinal o que seria competência? 
Claro que ao tentarmos responder esta indagação estaremos correndo o risco de atender as expectativas de uns e frustrar de outros, pois temos plena consciência ser este um terreno onde ocorre uma diversidade enorme de interpretações e de interesses que está em jogo. E discutir competência, principalmente quando se trata da gestão pública, que envolve pessoas e interesses de toda ordem, desde as mais simples necessidades aos escusos interesses do jogo político, não é tarefa fácil. 
Neste jogo estariam os interesses dos servidores, sempre desprestigiados quanto aos aspectos nebulosos sobre a gestão de pessoas, tais como: carreira profissional; desenvolvimento de carreira; achatamento salarial e da estrutura organizacional; análise de desempenho e potencial; eqüidade salarial; dimensionamento de quadro; ingerência política; entre tantos outros. 
Porém, resumindo, competência seria o conjunto de qualificações ou características preconizáveis que permitem a alguma pessoa ter desempenho superior em certo trabalho ou situação. A competência pode ser prevista ou estruturada, de modo que se estabeleça um conjunto qualificador ideal, para que a pessoa apresente uma realização superior em seu trabalho. Esta seria a definição mais aceita desenvolvida por alguns estudiosos, na sua maioria de origem americana e desenvolveram seus trabalhos durante os anos 70 e 80, tendo como principais expoentes McClelland e Dailey (1972), Boyatzis (1982) e Spencer e Spencer (1993). 
Portanto, em frente desta abordagem, podemos afirmar que diante do quadro atual da gestão de pessoal do setor público, este resumo de conceito de competência fica comprometido a partir dos fatores externos a administração pública e dos ruídos internos causados pela ingerência de outros interesses que não o bem estar da população. 
Com semelhante tratamento dado pelos gestores, seria exigir do servidor, que este, diante do quadro de ingerência e de interferência aliado a insegurança funcional por viver sob constante ameaça do Poder Político, consiga demonstrar competência como esta de fato requer, ou seja, um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionados, que possam afetar ou interferir de forma positiva em alguma tarefa, papel ou responsabilidade por ele assumida, e que possam ser aferidos, já que tais predicados são susceptíveis de melhor capacitação pelo treinamento e desenvolvimento, que dificilmente obtém ou lhes é oferecido. 
Por incrível que pareça, a situação chegou a tal ponto que o Estado capacita os servidores chamados de cargo de confiança, que são cargos temporários e de vida curta no serviço público, pois ali estão por indicação política, em detrimento àqueles servidores efetivados. 
Desta forma, o que esperar do futuro do Estado brasileiro? 
Portanto quando falamos em competência, estamos querendo que este parâmetro chegue a todo o corpo de servidores, tanto federal, como estadual e municipal, para que assim a população possa ser bem servida e ter um atendimento a altura da escorcha tributária a que está submetida. 
Quando se exige competência do servidor, esta deve incluir valores como traços de personalidades e estilos pessoais; habilidades para o exercício da função e que sejam estabelecidos programas pelos setores de recursos humanos, se é que existem no serviço público, que apontem a necessidade de focar o desempenho e não insistir em mudar a personalidade das pessoas, já que todos sabem que embora elas influenciem, porém, não são susceptíveis de serem desenvolvidas através de treinamento. Seria importante que todos estivessem conscientizados que competência é a condição dada da pessoa colocar em prática o que se sabe ou o que aprendeu, cujo aprendizado pode ter se dado nos bancos escolares, na academia ou em um determinado contexto, marcado geralmente pelas relações de trabalho, cultura da organização, imprevistos, limitações de tempo e recursos, etc. 
Porém, diante do quadro que hoje se assiste da administração pública brasileira, cada dia fica mais difícil ao servidor de carreira poder demonstrar ou agir com competência, já que convive em um ambiente de confronto profissional, entre o que é certo e o que deve agradar ao político “dono” da área, ficando muitas vezes não só limitados, mais impedidos de usarem seus pontos fortes diante das constantes ameaças a que estão submetidos. 
Ora, todos sabem que o ser humano reage quando está sob ameaça. E ninguém vive com a cabeça sob a guilhotina como o servidor público, a maioria desrespeitada em relação à ascensão a níveis mais altos de carreiras, pois estes estão reservados para os apadrinhados políticos, o que desqualifica enormemente a gestão pública, pois os escolhidos são sempre os mais despreparados para a função, porém os mais preparados para servir de capacho para o chefe político e de intermediário para as falcatruas, superfaturamento de obras e desvio dos recursos públicos. 
Nisto eles são mestres, coisa que o competente não conseguiu desenvolver. 
Ao desvincular a competência, o amadurecimento profissional, o conhecimento e a compreensão do serviço público como essencial para a sociedade, como parâmetros para a ascensão profissional e assumir os cargos de comando, o gestor público estará dando a sua contribuição para cada vez mais desqualificar este serviço tão essencial à comunidade e, como conseqüência levar para o servidor o sentimento de arrependimento, de mal – estar, de desequilíbrio na tomada de posições, provocando ainda um quadro de ansiedade medo e perplexidade além da sensação de aborrecimento, frustração e decepção. 
Diante disto o que se pode esperar de um quadro de pessoal que tem no gestor uma pessoa que a todo o momento o desqualifica e não cumpre o mínimo que lhe foi prometido? Assim, torna-se difícil exigir competência, quando o gestor não está interessado em medir a competência do apadrinhado político.

2 comentários:

Nelson Prior disse...

Quando metade da população entende a idéia de que não precisa
trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando
esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para
sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma
nação.

Jorge Ferreeira disse...

Não podemos achar que a condenação da arraia miuda satisfaça nossa sede por
> justiça, o principal responsável pela tragédia que se abateu sobre o Brasil
> não pode ficar impune, Lula tem que ser julgado e condenado, não basta ser
> julgado tem de ser condenado pelo mal que fez ao país e pelo mal que ainda
> estar por chegar, o aumento escandaloso da divida interna que levará esse
> país a falência