Ao longo da história da educação brasileira, dá para notar que os trabalhadores sejam do campo ou da cidade, jamais teve dos poderes públicos, qualquer interesse de lhes conceder de forma contínua um dos direitos básicos do indivíduo e que está bem claro em nossa Constituição: educação pública de qualidade.
O que foi construído ao longo o tempo no Estado brasileiro, foi um modelo de educação que produz exclusão social da maioria da população, tratados como seres de segunda categoria, ao passo que para as elites são oferecidas todas as
condições de acesso às melhores instituições de ensino, como forma de manter o
Poder e passar a imagem que só eles estão “preparados” para continuar dirigindo
o país, causado por um projeto educacional que a cada ano que passa se
consolida ainda mais.
Para mudar este quadro devemos constituir uma agenda positiva de discussão, mesmo que de forma tardia, onde a melhoria significativa da qualidade do ensino público em todos os níveis, urbana ou rural, seja a prioridade, já que da forma que hoje está concebida, reflete a
precariedade e fragilidade da educação, onde não é dada a devida prioridade dos
investimentos para o setor.
A educação pública deve ser tratada não como números estatísticos, mas como de interesse de desenvolvimento nacional, colocando a escola a serviço da modernização do processo educativo e não pela lógica do processo produtivo, que busca unicamente a consolidação do sistema capitalista.
O sistema educacional público não pode ser tratado unicamente pela ótica das pressões econômicas das elites visando apenas acumular capital, mas tem que ser vista como elemento fundamental para organizar e orientar as lutas dos
trabalhadores e da sociedade lhes oferecendo mais dignidade e melhores perspectivas
de vida.
A escola não pode ser vista como alternativa para acomodar os conflitos sociais e sim de vetor de transformações das estruturas de poder da sociedade de classes.
Assim a educação pública brasileira ao longo dos anos tem sido fortemente marcada pelo projeto hegemônico capitalista.
O que se quer é um modelo educacional público que objetive a socialização do indivíduo para que possa viver de forma harmoniosa no meio social e natural, formando, acima de tudo, pessoas capazes de pensar e de elaborar argumentos lógicos e propositivos.
O que não se deseja é a transformação da educação pública em mais um pacote voltado para o assistencialismo, como hoje é praticado.
Portanto, devemos trazer para o debate nacional não só a urgente necessidade da melhoria da educação publica nacional, bem como trazer para o centro das discussões o porquê dos trabalhadores brasileiros terem negados os direitos a uma educação pública de qualidade de forma tão evidente.
O que está claro é que o desmantelamento sistemático de nosso sistema educacional vem de longe, com isto não estamos apenas dando um tiro no pé, mas dando uma rajada de metralhadora no corpo inteiro.
Com milhões de crianças fora da escola e padrões de ensino muito ruins, o Brasil no futuro terá muita dificuldade para se manter entre as maiores e mais prósperas economias mundiais, diante de competidores empenhados em investir seriamente educação de qualidade, ciência e tecnologia.
Para aqueles que utilizam o sistema público de ensino, que são dezenas de milhões de pessoas, a má qualidade da escola pública e o atraso educacional serão fatores limitadores do acesso a empregos modernos e a padrões de bem-estar comparáveis com aqueles alcançados de há muito nas sociedades mais desenvolvidas.
Mesmo a criação de novas vagas será dificultada, pois perderão espaços para indústrias mais eficientes, melhores equipadas, mais enxutas, com tecnologia de ponta e operadas por pessoal qualificado.
Portanto, é preciso que a sociedade entenda que más políticas para a educação condenam os indivíduos, por seu despreparo, a uma cidadania muito rudimentar, primárias.
Não dá para ser otimista, onde dados assustadores são obtidos, marcados por prioridades erradas e orientadas por interesses populistas.
Tem o governo federal dado ênfase à criação de faculdades e à ampliação do acesso ao chamado ensino superior e a formação técnica, em contrapartida tem negligenciado e menosprezado a formação básica das crianças e jovens.
Não tem a visão clara que os nossos maiores problemas estão nos níveis fundamental e médio.
A progressão dos estudantes já se afunila antes do acesso às faculdades. O quadro é constrangedor. É
excludente.
E não há grandes perspectivas de melhora, por falta de compromisso dos nossos gestores.
Possuímos uma legislação voltada para o ensino médio desastrosa, que alarga ainda mais o fosso que existe entre as elites brasileiras e o mundo das pessoas que dependem de suas decisões.
Diante desse quadro, as inovações propostas pelo governo que mais parecem piada de mau gosto, como a distribuição de tablets aos professores, por exemplo, são equipamentos que até podem ser muito úteis, mas nenhuma dessas tecnologias ou engenhocas pode produzir o milagre de tornar eficiente um sistema fundamentalmente mal concebido e pessimamente orientado.