Inicio este nosso diálogo com uma questão, que sempre é discutida em qualquer roda de conversa que você se encontre: porque será que os políticos brasileiros não cumprem as promessas de campanha? Essa é sem dúvida uma pergunta que mereceria uma resposta, até para demonstrar o mínimo de consideração à pessoa humana.
Da mesma forma que sempre ficamos estarrecidos quando ouvimos discursos inflamados de políticos de oposição ao denunciar daqueles que estão no poder, de utilizar órgãos públicos e programas, principalmente sociais, como forma de aliciamento
de votos, como se ele quando se encontra na situação não fizesse o mesmo.
Apenas para ilustrar o fato, vou narrar o ocorrido em uma Casa Legislativa (omitirei os nomes para não criar algum dissabor), quando o político foi a Tribuna e em um discurso bem elaborado fazia críticas a políticos que estavam utilizando do Programa Minha Casa Minha Vida para fins eleitores, e bradou ameaças que estaria se documentando para denunciar ao Ministério Público, dá os nomes aos bois, que iria criar um disque denúncia e por aí foi. Aí, alguém ao meu lado lembrou o quanto de incoerência estava ouvindo e sendo falado, pois, segundo o eleitor, enquanto o político tecia aquelas críticas, ele mesmo estaria apoiando um pré – candidato que como aqueles que ele estava acusando, estaria se utilizando de um órgão público, do qual foi chefe por algum tempo, com cerca de 600 cargos de livre indicação e todos passíveis de demissão a qualquer hora, pois não são concursados, para ter a sua candidatura alavancada.
Logo nos veio à mente, tudo isso faz parte da encenação e do jogo político.
Mas, voltando a pergunta inicial, tal qual aquela denuncia da tribuna, todos sabem que não há interesse do político em cumprir as promessas, pois se assim o fizer, não terá o que prometer nas próximas campanhas.
Observe que as promessas são sempre as mesmas, quer esteja na oposição ou com o Poder na mão, sempre repetidas exaustivamente, em sua grande maioria as mesmas feitas no passado e ele no Poder ou fora dele, nunca as cumpriu e não será agora que cumprirá.
E porque não as cumpre? Porque são promessas difíceis de serem realizada já que em sua grande maioria não dependem única e exclusivamente da sua vontade. É como dizia um antigo cacique político, nada é mais trabalhoso do que inventar uma promessa, por isso a sua repetição, fica menos cansativa.
Vamos entrar em um novo período eleitoral e já antecipo as promessas principais de todos os nossos candidatos: POR UMA EDUCAÇÃO PÚBLICA DE QUALIDADE: SAUDE PÚBLICA PARA TODOS; MAIS SEGURANÇA PÚBLICA; GERAÇÃO DE MILHARES DE EMPREGOS; ACABAR COM A MISÉRIA E A FOME; CUIDAR DO DINHEIRO PÚBLICO E NÃO DEIXAR ROUBAR (esta é a primeira promessa que esquecem), entre outras.
Agora pare e pense, estas promessas para se concretizarem dependem unicamente deles, ou exigirá envolvimento de diversos outros segmentos e da própria sociedade que deveria está organizada?
Ora, seria bom que nós os eleitores deixássemos de sofrer da conhecida amnésia pós – eleitoral, já que esta doença é típica e faz parte do caráter de nossos políticos e, que as promessas feitas fossem cobradas diuturnamente, e não aceitássemos passivamente que ela só dure o tempo da campanha, permitindo que passada as eleições suma feito fumaça, levando-nos ao esquecimento.
Poderíamos até querer entender que os “coitadinhos de nossos políticos” fossem tomados de uma amnésia repentina, tendo em vista, a forte pressão porque passam para ser eleitos ou reeleitos, e diante disso, os sintomas da doença se façam aparecer
após as eleições.
Poderíamos até entender que os efeitos da doença lhe acometa após a campanha e siga até a véspera da reeleição, onde eles humildemente nos relembrem as promessas feitas, quando justificam que 04 anos foram poucos para poder cumprir o prometido.
Mas não dá para entender é porque nenhuma promessa ele pode cumprir.
Não dá para compreender é porque ao assumir o mandato faz exatamente tudo o contrário do prometido.
Será que só sobrou tempo para cumprir aquilo que estava fora do seu
caderno de promessas?
Aliás, o mais comum é executar as promessas a pedidos daqueles que nada contribuíram para o sua eleição, muito pelo contrário, tudo fizeram para derrota-lo.
Como não dá para entender o discurso moralizante feito na Tribuna, criticando os adversários, quando está convivendo com correligionários que estão utilizando as mesmas práticas dos acusados, se locupletando nos cargos assumidos e fazendo
dos órgãos públicos a muleta de amparo de suas candidaturas. Ou o pau que dá em Chico não dá em Francisco?
Aí é que ninguém consegue entender.
Mas para acabar com este mal que grassa na política nacional, só nós eleitores temos o antídoto para a cura dessa doença: o VOTO.
Se soubermos prescrever o remédio na dosagem certa, se votarmos com consciência e passarmos a exigir que o paciente
de tempos em tempos realize os exames periódicos de praxe, se cobrar regularmente que preste conta dos seus atos e o que tem feito para concretizar as promessas, estará fiscalizando com rigor este nosso paciente, exigindo respeito e que sejamos tratados com a mesma atenção que era dedicada no período eleitoral.