sexta-feira, 21 de maio de 2010

RELIGIÃO: Uma opção de cada um


Desde que o mundo passou a ser habitado pelo homem, raça que se diz racional, as religiões sempre ocuparam importante papel político, social e cultural na vida das pessoas, contribuindo e influenciando os seus seguidores, na formação e visão de mundo e maneiras de ser e agir na sociedade.
Por ser considerada como um direito humano, as religiões encontram proteção na Carta Magna do Brasil, convivendo lada a lado com o Estado laico, cabendo a este a obrigação de proteger indivíduos e grupos para o exercício da fé e de suas crenças.
Porém, apesar das garantias constitucionais e de vivermos em um Estado laico, temos que reconhecer que a intolerância religiosa vem se alastrando pelo País afora, o que poderá ser muito perigoso para a liberdade.
O fundamentalismo religioso tem ocorrido e crescido principalmente a partir de igrejas neopentecostais, justo no momento que a Igreja Católica se desmorona num amontoado de crimes e num papado eivado de equívocos, sendo portanto este um dos segmentos que mais tem favorecido o crescimento da intolerância religiosa no Brasil. A intolerância ocorre principalmente em relação às religiões de origem africana, cujo racismo tem produzido uma noção e tentativas de lhes dar um caráter de inferioridade, tendo como base teórica a desigualdade social, a discriminação racial e de gênero, aliado ao preconceito de classe e da homofobia.
Como prova, recentemente foi bastante comentado pela imprensa o comportamento de atletas do Santos F. C., especificamente no período das comemorações da Semana Santa, capitaneados pelo jogador Robinho e alguns outros que se dizem "evangélicos" de instigarem companheiros a não entrar numa casa de amparo a crianças sob a alegação que a entidade era mantida por um Centro Espírita.
O fato, presenciado por diversos jornalistas, que chegaram a testemunhar Robinho falar que em “casa que tem macumba”, só freqüenta preto e pobre.
A manifestação por si só demonstra o nível do preconceito que traz em seu bojo.
O exemplo citado está sendo utilizado pela relevância do atleta que assim agiu, porém, diariamente temos sido presenteados com diversos outros tipos de preconceitos muitos ressuscitados por grupos religiosos radicais. Ocupam canais de tevê, emissoras de rádio, cooptam figuras com certo destaque em suas atividades profissionais, pregam a intolerância, depreciam religiões que não sejam as suas. Ofendem e fazem campanhas homofóbicas contra homossexuais e lésbicas, aliado a casos de pastores que molestam “fiéis, nem sempre em busca de dinheiro e sim de práticas escusas; de crimes, ameaças, sonegação fiscal, desvio de recursos da igreja em benefício próprios e uma série outra de falcatruas. Mas a eles tudo é permitido, até lotear o céu.
Professar ou não uma religião, é questão de foro íntimo e um direito legítimo consagrado na Constituição. Portanto ser ou não ser espírita, umbandista, budista, católico, batista, pentecostal, etc., é uma decisão de cada um. A intolerância, o cinismo e o deboche são inaceitáveis, são crimes e ameaçam lançar o Brasil numa Idade Média que em um prazo curto, sem dúvida nenhuma, trará momentos de embates e enfrentamentos religiosos.
Apesar da história relatar no passado a ocorrência de fatos de intolerância religiosa, porém os maus exemplos não serviram de lição, e assiste-se ainda nos dias atuais, em pleno século XXI, exemplos vivos de intolerância e desrespeito principalmente àqueles que professam religião de origem africana e ou espirituais.
Importante esclarecer que os casos de desrespeito e de intolerância religiosa, é uma afronta a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Constituição Brasileira, cujas Cartas garantem plenamente o exercício da prática religiosa e a liberdade de crença.
Desta forma, é interessante que se mantenha atualizada agenda daqueles não só que defendem, mas no seu dia a dia trava luta contra o racismo e a intolerância religiosa merecendo de todos atenção especial, principalmente se considerarmos que recentemente o País acabou de discutir e preparar o III Plano Nacional de Direitos Humanos e o Estatuto Racial
Assim, todos devem contribuir para que a atual realidade seja transformada, se unir em torno do compromisso maior, que é a construção de uma sociedade em pilares sólidos de valores que venham fortalecer o respeito à diversidade religiosa, aos direitos humanos e a uma cultura de paz. Esta união não deve ser apenas da população isoladamente, mas de todas e todos, governos, segmentos religiosos e sociedade civil.
Já não se aceita mais os argumentos ditados pelos colonizadores que para justificar a escravidão, afirmavam que os negros não tinham alma e tampouco possuíam religião diante deste argumento, não mereciam ser respeitados e assim deveriam ser escravizados. Diante disto, o negro se viu obrigado a abrir mão de sua religião, dos seus costumes,valores, de sua visão de mundo, de sociedade e de Estado para enfrentar a realidade: a perseguição a que eram submetidos no Brasil, tendo como ideólogos os religiosos dos diversos matizes que aqui aportaram.
Nesse contexto, é importante que todos nos unamos para que se possa sobreviver à intolerância. seja religiosa, racial ou de gênero, e lutar pela convivência pacífica e tolerante entre as religiões, fazendo vigorar plenamente a conquistas e os direitos apregoados pela Constituição Federal, que assegura a liberdade de crença, o exercício dos cultos religiosos e a proteção do Estado às manifestações das culturas populares dos índios,dos afro- religiosos e de outros grupos que fazem parte do processo de civilização do Brasil

Um comentário:

Palacio disse...

seria muito bom se o senhor fizesse determinados comentarios com base no que diz a biblia ( pis e muito facil abrir um jornal).procure conhecer um pouco(ou muito se tiver tempo)so existe um Deus. todos os homens falharam sem exessao e com certeza nao ia ser diferente em nosso tempo. mas o que esta acontecendo por ai e a ausencia de Deus.

grato

cleber palacio