O Brasil ainda é um dos países mais desiguais do mundo, apesar do orgulho por se encontrar entre as 08 maiores economias mundiais, caminhando para ser a 5ª.
Apesar da gritante desigualdade que impera, reconhecemos que esta tem reduzido, de forma muito lenta, mas tem ocorrido, em função dos aumentos dos ganhos reais do salário mínimo, da geração de empregos formais e das transferências governamentais para programas sociais.
Mas, mesmo tendo ocorrido esta redução nos últimos anos, porém, devem todos não só entender, mas reconhecer que no Brasil a desigualdade é ainda muito elevada, se comparamos as demais economias.
Um dos fatores responsáveis pela elevada desigualdade social em nosso país é o acesso à educação de qualidade.Mas, mesmo tendo ocorrido esta redução nos últimos anos, porém, devem todos não só entender, mas reconhecer que no Brasil a desigualdade é ainda muito elevada, se comparamos as demais economias.
Para que entendamos o quanto a situação da educação neste País é responsável pelo quadro que hoje impera de forma hedionda, vejamos dados de algumas pesquisas publicadas.
Segundo publicações, cujos dados foram pesquisados por organismos preocupados com a situação da população brasileira, a chance de um filho cujos pais tenham menos de um ano de estudo, ter a mesma escolaridade deles é de 34%. Muito alto não acha? A pesquisa nos mostra ainda que, a probabilidade desta criança fazer o ensino superior é de apenas 1%. Já na outra ponta da pesquisa, a criança cujos pais tenham o ensino superior, tem 60% de probabilidade de também fazer um curso superior.
Analisando as duas pontas da pesquisa, conclui-se que aqueles que têm melhores condições financeiras, passam a ter muito mais vantagens em relação à classe pobre, em função do acesso a melhor educação e da maior escolaridade, com isto passa a ter mais oportunidades no mercado de trabalho, perpetuando assim, a desigualdade social.
E esta desigualdade é especialmente grave em um país que insiste em pagar um custo elevado em razão da baixa escolaridade. Sabe-se que um ano a mais de escolaridade representa um acréscimo salarial, em média, de 15%.
A desigualdade existente oriunda principalmente da falta de acesso a escola de qualidade, se observa não apenas em relação aos ganhos salariais, mas também em relação à empregabilidade. Segundo o DIEESE, nas Regiões Metropolitanas onde o órgão realiza a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), a taxa média de desemprego do trabalhador com apenas o ensino fundamental completo gira em torno de 19,4%, enquanto que para o trabalhador com ensino superior completo esta taxa está em 5,8%. Este dado demonstra que há uma forte correlação entre o nível educacional de uma população e a geração de emprego, com o crescimento do país.
Ora, nos dias atuais, onde todo e qualquer tipo de trabalho está a exigir algum conhecimento intelectual, seja em virtude da tecnologia empregada ou pela necessidade de melhor se comunicar, assim, quanto mais escolarizado o trabalhador se encontrar, maior facilidade ele terá para absorver e assimilar as novas tecnologias, fator indutor e base do crescimento econômico em todos os segmentos.
Não devemos ver as vantagens de uma maior e melhor educação, apenas circunscrita ao campo econômico, mas ter uma visão mais abrangente e ampliada dos benefícios que uma população melhor escolarizada pode obter.
Logicamente que, quanto mais o ser humano estiver preparado educacionalmente, maior estará capacitado para o exercício pleno dos seus direitos políticos e da sua cidadania. Somado a este preparo em relação aos seus direitos, estudos tem comprovado, que nações onde a escolarização é elevada os indicadores de violência são significativamente reduzidos e a probabilidade do jovem cometer crime contra as pessoas e o patrimônio são reduzidas, porque sabem das conseqüências que poderão advir.
Outro dado alarmante, é que a maioria dos desempregados em nosso País é constituido de jovens que estão entre 16 e 24 anos, e que este fenômeno ocorre por motivos diversos, sendo os principais a falta de experiência profissional e baixa a escolaridade.
Ora, diante dos fatos, não é necessário ser técnico no assunto para concluir que, o maior acesso à educação ao jovem situado na classe pobre ou menos favorecido, irá capacitá-lo, tornando menos injusta à disputa por um espaço no mercado de trabalho, já que os dados comprovam a existência de uma relação direta entre escolaridade e capacidade de obter e ou se manter empregado.
Portanto, na medida em que seja dada oportunidade para que o jovem de origem pobre ou menos favorecido financeiramente possa obter uma escolaridade mais qualificada, através de uma educação pública de qualidade, estaremos sinalizando para esses jovens que, ao melhorar a sua capacidade intelectual estaremos lhes abrindo as portas e oferecendo oportunidades para que possa obter um emprego mais qualificado e de poder desenvolver um trabalho mais sofisticado, dando todas as condições de absorver as inovações tecnológicas modernas, que é o segredo da produção com qualidade nos dias atuais.
Todos estão cansados de saber, ler e ouvir que a desigualdade e a pobreza andam de braços dados e que são os nossos maiores problemas sociais na atualidade.
Ora, ninguém desconhece que a pobreza é um mal que se alastra por todos os países, porém, nos níveis do Brasil, a quinta economia mundial, é um fenômeno que não se justifica, exceto por uma política econômica concentradora, onde as benesses das riquezas produzidas correm unicamente para as mãos de uma minoria que predomina desde o seu descobrimento.
Só assim, se pode justificar tanta miséria e tanta desigualdade.
E a miséria que hoje se assiste é o resultado final das desigualdades sociais, transmitido ao brasileiro menos favorecido através da falta de oportunidades, da baixa escolaridade, da renda, de gênero, etc.
No entanto, a desigualdade mais visível para a sociedade é a econômica, que tem como uma das suas origens a baixa escolaridade de nosso povo, principalmente para aqueles que não nasceram sobre o manto ou o guarda chuva das classes dominantes.
Este tem sido o nosso cartão de visitas para o mundo, o de um dos países mais desiguais entre os demais.
Enquanto nos encontramos no patamar das 5 maiores economias do mundo, estamos classificados entre os 8 países mais desiguais, o que significa dizer, que as benesses geradas pela economia, não estão sendo distribuídas igualitariamente.
E não venham culpar os nossos antepassados por este quadro que aí está e que hoje colhemos. O que se pode observar é que esta situação de miséria é decorrência do processo de modernização que tomou o País a partir do início do sec. XIX, sem que o sistema educacional nacional tivesse acompanhado no mesmo grau, e diante da falta de oportunidades que o pobre se viu submetido, vimos crescer o analfabetismo, o desemprego, a miséria e a violência. Essa é a expressão resumida do grau a que chegou às desigualdades sociais no Brasil.
É triste a gente ser obrigado a concluir que os jovens oriundos de famílias modestas ou pobres, têm menos probabilidade de obter um bom nível de instrução, porque os governos sucessivos abandonaram a educação pública ao seu próprio destino.
Enfim, sucateou a educação voltada para os menos favorecidos.
É triste a gente ter que reconhecer que os jovens pobres, por falta de investimentos públicos na sua educação, estão impedidos de obter uma boa escolaridade, com isto, tem menos probabilidade de melhorar ou de chegar a um status social elevado, de exercer profissão de prestígio e ser bem remunerado.
Enquanto o combate à desigualdade não passar a ser uma prioridade e responsabilidade nacional e sair dos discursos oficiais e passar para ações práticas, continuaremos a conviver com a pobreza miséria que hoje assistimos em todas as regiões deste País.
E este combate passa pelo ENSINO PÚBLICO DE QUALIDADE.
Não podemos continuar aceitando afirmativas como as de Hélio Jaguaribe, em seu artigo NO LIMIAR DO SEC. 21, que diz textualmente: “Num país com 190 milhões de habitantes, um terço da população dispõe de condições de educação e vida comparáveis às de um país europeu. Outro terço, entretanto, se situa num nível extremamente modesto, comparáveis aos mais pobres padrões afro-asiáticos. O terço intermediário se aproxima mais do inferior que do superior”. Bem como é triste termos que aceitar afirmativas como a de Barros e Henriques, 2001, que: “o Brasil é o terceiro país com maior desigualdade de renda no mundo, estando atrás apenas de Malavi e África do Sul”.
Diante destas afirmativas podemos afirmar que há dois Brasis, no mesmo território nacional.
De um lado, a elite e aqueles que secularmente sempre se mantiveram sob o manto de proteção do Poder, obtendo dele todas as benesses e do outro termos um contingente significativo da população à margem e excluída da sociedade brasileira, onde milhões de pessoas não possuem sequer uma certidão de nascimento, sem endereço residencial e carteira de trabalho, não pagam impostos, muito menos conta em banco, não sabem ler ou não entendem o que leem e que dificilmente conseguirão entrar no mercado de trabalho, cada vez mais exigente e cobrando daqueles que nele querem entrar mais.
Este é um outro Brasil, conhecido, mas sem ser devidamente olhado, cuja realidade fica escondida pelas estatísticas oficiais.
Ninguém procura saber a quantidade de pobres, onde estão e quais as suas causas e conseqüências.
Só os procuram na época de eleições.
7 comentários:
OBRIGADO PELO TEXTO, VOU SALVA-LO.
Francklin Sá, concordo com seu artigo na sua totalidade. Fico imensamente preocupada com a pouca preocupação que o povo brasileiro expressa através de quem elege com o péssimo padrão educacional no Brasil. Outro dia ouvi na Radio CBN uma educadora que estava fazendo um curso de aperfeiçoamento na California contar que nós estammos muito atrasados em relação a outros países no que diz respeito ao preparo técnico dos professores em formação. Disse ela que existe uma enorme "ideologização" nesta formação, com muita ênfase em matérias como Sociologia, que enfatiza sempre o baixo nível de Educação como forma de opressão do povo etc....mas não provê nada que os prepare efetivamente para saber como oferecer um ensino mais eficiente a seus alunos. Por exemplo,não se dedicam a pesquisas relativas a teorias do conhecimento, não buscam aprofundar o estudo de metodologias que coloquem os educandos em condições de melhor aprendizagem, enfim, tudo isso provocando um imenso atraso do Brasil em relação a outros países. Se naõ mudarmos logo essa mentalidade de que os cursos são espaços meramente doutrinários ao invés de aprofundamento e melhoria do conhecimento das áreas de Educação, então podemos perder as esperanças de que o Brasil venha a ter a médio prazo um nível melhor de Educação e portanto um IDH mais alto. Além disso, vai-se perpetuando a desigualdade social, com uma elite com padrão internacional mas pouco preocupada com seu país e uma outra enorme parcela da população à serviço dessa elite, com uma renda melhor, porém sem condições de um progresso sustentável. Parabéns pelo seu artigo então e que ele possa ser lido por mais pessoas, interessadas no verdadeiro desenvolvimento do país, não confundindo aumento de renda com uma real melhoria de qualidade de vida do povo.
Abraços,
Eliana França Leme
Texto legal. Apenas faltou dizer que os professores das nossas escolas públicas, são em sua maioria profissionais altamente preparados, o que lhes falta é estimulo e condições de trabalho.
Mas, qual político vai lhes dar condições mínimas de trabalhos se os filhos deles estudam nas melhores escolas privadas, pagas com o dinheiro roubado?
Jorge Sanfilho, é preciso saber o que significa um professor altamente preparado. Concordo que os professores de escolas públicas, em sua maioria, têm uma enorme boa vontade e desejo de oferecer o melhor para seus alunos e são uns heróis. Mas, sinceramente, os cursos nas faculdades de Educação não privilegiam a pesquisa sobre teorias do conhecimento, aprendizagem significativa, experiências educacionais no resto do mundo, enfim, pesquisas e mais pesquisas, sobretudo sobre qual seria um curriculo adequado para a diversidade cultural que temos no Brasil. Falta muito para termos cursos que promovam uma excelência na formação de professores. Então, algo está errado. A sociedade como um todo precisa exigir, só para começar, que os investimentos sejam muito maiores. Para se ter uma idéia, foram investidos apenas 4,5% do PIB em Educação, quando o proposto é de 7%, ou seja, muito pouco em vista das necessidades. Nos USA onde alunos brasileiros estão fazendo na California um curso de aperfeiçoamento, as condições oferecidas nos cursos são muito melhores, segundo a pesquisadora que está fazendo parte deste estudo. Não vamos tapar o sol com a peneira. Se quisermos ter um país desenvolvido de verdade, vamos ter que investir na Educação como única forma de libertar o povo de suas condições de pobreza e fazer com que consigam se apropriar de seus próprios recursos e habilidades pessoais para que possam construir um futuro muito melhor para si. Isso implica num projeto amplo de Educação que passa, óbvio, pela valorização da carreira do professor, melhores salários e cursos de melhor qualidadde.
Eliana França Leme
Eliana,
entendo a sua preocupação. Porém, com todo os defeitos na formação dos nossos professores, cuja orientação é a de difundir os valores que interessam as elites, por isso não se investe na pesquisa e nem dá uma formação voltada para esta área, mas temos devemos reconhecer que diante das condições e dos salários que recebem, nossos professores em sua maioria são preparados, mesmo que dentro da ótica secular de difusão da dominação.
Olá,
sempre soube que a Escola Pública brasileira exsite aprenas com o objetivo de reproduzir os conceitos das classes dominantes.
Na verdade, a nossa Escola ela não foi e não está preparada para formar cabeças pensantes, pesquisadores e pensadores.
como formar estudantes para pesquisar e questionar em escolas que sequer possuem bibliotecas?
O que os nossos governantes querem e isso fazem de forma bem feita, é fingir que dão educação para o povo.
Se você quer não ser rico, pergunte-me como!
Estimadíssimos amigos, eis que estou aqui, pasmo! Um estudo da Universidade de Berkeley demonstrou o que muitos suspeitavam e não ousavam dizer, para não serem pegos em um ato de preconceito contra a sofrida classe dos ricos e muito ricos. Os ricos são ricos porque são mais egoístas e capazes de qualquer coisa por dinheiro, e não por serem particularmente melhores ou mais bem preparados para vencer na base da inteligência, sensibilidade ou talento!
No estudo, que você pode ler aqui, em inglês ( http://www.latimes.com/news/science/la-sci-0228-greed-20120228,0,5965885.story ), comprovam.
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