O fenômeno e a tragédia da seca dentre tantas falcatruas, tem servido para encobrir interesses escusos daqueles com influência política, os famosos coronéis (tipo Sarney, ACM, Renan Calheiro, Jader Barbalho, entre outros) ou os economicamente poderosos, que procuram impedir que ações eficazes sejam adotadas, de forma a eternizar o problema.
Para estes, a seca é fonte de riqueza, obtidos através da corrupção e desvio dos recursos públicos. A seca que é um fenômeno natural, proporcionou para eles o surgimento do fenômeno político: a indústria da seca. Para o sertanejo ou o homem do campo, só ocorre prejuízos,como perda de plantações e animais, e baixa produtividade provocada pela seca, trazendo a fome e levando o agricultor a migrar.
Os grandes latifundiários e os coronéis, utilizando-se dos sempre aliados políticos, não só interferem nas decisões tomadas, nos níveis federal, estadual e ou municipal em busca de soluções, como desviam a maioria dos recursos e dos investimentos em proveito próprio. Tudo é voltado para a manuteção do seu status quo, o povo que se lixe. Beneficiam-se dos investimentos realizados e dos créditos bancários concedidos.
Muito comumente, desviam para outras atividades e ou outros setores que não o agrícola,os recursos loberados e que deveriam ser aplicados no campo. Tudo isto fazem apoiados pelos aliados políticos e aproveitam-se da situação para não pagarem as dívidas contraídas. O que se tem observado, é que passado o fenômeno da seca, os grupos dominantes saem ainda mais fortalecidos.
Enquanto isto, as soluções para os problemas sociais e de oferta de trabalho às populações pobres é protelada. Os trabalhadores, assalariados, parceiros, arrendatários, posseiros são os mais vulneráveis à seca. São os primeiros a serem despedidos ou a terem os acordos desfeitos.
Por questões naturais, todos sabem ser impossível se eliminar com o fenômeno da seca. Ela continuará a existir. Mas, também para aqueles que com ela convive ou para estudiosos da seca é possível conviver com o problema. O Nordeste é viável e tem saída.
Os maiores problemas existentes no nordeste não são as provenientes da seca e sim os causados pelo homem, provenientes da ação e ou omissão dos dirigentes, aliada a uma concepção de sociedade oligárquica implantada, que tem ocasionado prejuízos para a maioria da população sertaneja, maior vítima.
Soluções existem, o MST tem comprovado, porém implicam em a adoção de uma política oficial para a região,respeitando a sua realidade,suas peculiaridades, especificidades e condições de vida do nordestino, dando-lhes principalmente condições de acesso a terra e ao trabalho.
Portanto, são necessárias que medidas estruturadoras e concretas sejam elaboradas e executadas, para que o problema da seca deixe de serem vivenciados todos os anos. Que os investimentos realizados, pelos governos federal, estadual e ou municipal deixem de atender a uma minoria e sejam voltados para a maioria da população e para quem realmente necessite.
Diferente dos investimentos realizados nos últimos anos, que necessitam por parte dos governantes, passados e atuais, prestarem contas do que aconteceu com os investimentos realizados, onde foram aplicados. Pois sabe todo e qualquer nordestino que estes atenderam unicamente aos interesses de uma minoria, apoiados pelos aliados políticos incrustados no centro do Poder, se apropriaram ilicitamente das verbas ou as utilizaram em beneficio próprio.
Portanto, a montagem da "indústria da seca" só tem beneficiado uma minoria e aumentado ainda mais as disparidades entre proprietários e trabalhadores rurais. É essa “indústria” que tem servido de modelo e de suporte preservar o coronelismo e cada vez reforçar o clientelismo político.
Não interessa as elites, aos políticos e aos "coronéis" que sejam encontradas soluções definitivas, cabendo a elas ações com o objetivo de bloquear qualquer solução, pois se assim ocorrer, verão ameaçada o seu o statu quo.
Soluções existem, mas para que elas possam ocorrer profundas transformações socioeconômicas tem que ocorrer.
Assim, para que o Nordeste seja viável, não será a transposição do rio São Francisco a solução, e sim medidas profundas e corajosas sejam tomadas, tais como: transformar a atual estrutura agrária, concentradora de terra e renda, por meio de uma Reforma Agrária que faça justiça social ao trabalhador rural; estabelecer um programa de irrigação adotando tecnologias adaptadas à realidade do nordeste e de fácil acesso aos trabalhadores rurais, principalmente nas áreas onde houver disponibilidade de água; desenvolver a agricultura seca, de plantas que resistem à falta de água e de ciclo vegetativo curto; estabelecer uma Política de Industrialização, com a implantação de indústrias que beneficiem matérias-primas locais, reduzindo os custos com transporte e de produção, além de oferecer oportunidades de trabalho à mão-de-obra da região; proporcionar e permitir o acesso ao uso da água, com o aproveitamento da água acumulada nas grandes represas, açudes e barreiros, perfuração de poços, construção de barragens subterrâneas, de cisternas rurais, por parte da população atualmente excluída; corrigir as práticas de ocupação do solo, no que se refere à produção, proibir a queima de pastos e de áreas agricultáveis, que destrói a matéria orgânica existente; não permitir o desmatamento, por conta da venda de madeira e lenha; estimular o uso racional da vegetação nativa (caatinga) para carvão e comercialização racional de madeira-de-lei; implantar o Projeto de Transposição das Águas do Rio São Francisco para outras bacias hidrográficas do semi-árido regional, perenizando os seus rios.
O semi-árido é uma região propícia para a agricultura irrigada e a pecuária. Precisa apenas de um tratamento racional. Em áreas mais áridas que as do sertão nordestino, como em Israel, a população local consegue produzir e desfrutar de um bom padrão de vida.
O Nordeste tem solução. Só os políticos e os "coronéis" não querem encontra-la.