sexta-feira, 28 de abril de 2023

Com 105 esposas, norte-americano foi o maior bígamo de todos os tempos

Enquanto em algumas culturas a bigamia é permitida, em outros, como Estados Unidos e o Brasil, casar-se com outro parceiro ainda mantendo o primeiro matrimônio é considerado um crime. Contudo, isso não foi suficiente para impedir que Giovanni Vigliotto tivesse mais de 100 esposas simultaneamente ao longo de sua vida. O feito, ainda que criminoso, rendeu ao homem um lugar no "Livro dos Recordes".

Entre 1949 e 1981, o norte-americano se casou com 105 mulheres em 27 estados dos EUA e em outros 14 países, sem nunca se divorciar. A motivação principal, no entanto, não era simplesmente o amor, e sim uma tática para roubos e fraudes. Ele conquistava as vítimas e as pedia em casamento, e depois ia embora levando dinheiro e pertences de suas esposas.

A maioria das mulheres nunca chegaram a conhecê-lo, pois antes que isso ocorresse, ele já as abandonava. Para cada casamento, ele usou uma identidade falsa diferente, e Giovanni Vigliotto foi uma delas. O criminoso estava usando esse nome quando se casou com sua penúltima esposa, Sharon Clark. Mas não foi o único, segundo apurado pelo Guinness World Records: Vigliotto usou cerca de 50 pseudônimos, entre eles Frederick Jipp, John Mendoza e John Briccione.

O bígamo dizia às mulheres que morava longe e pedia para que elas empacotassem todos os seus pertences para se juntarem a ele. Depois que elas faziam as malas, Vigliotto levava tudo em um caminhão de mudança, para nunca mais ser visto. Ele vendia os itens roubados em bazares de rua, onde simultaneamente procurava novas vítimas em potencial. Apesar de várias denúncias às autoridades, o homem nunca era pego.

Os golpes tiveram um fim quando Sharon Clark, gerente de um bazar e penúltima esposa do trapaceiro, decidiu encontrá-lo por conta própria. Ela o localizou na Flórida, seis meses depois do casamento, onde as autoridades o prenderam em 28 de dezembro de 1981. Nessa época ele já havia encontrado outra vítima, Patrician Ann Gardiner, com quem já estava casado.

·         Romance perigoso

Vigliotto foi detido no Arizona por um ano, antes de ser levado a julgamento. Um mês antes de sua primeira aparição no tribunal, ele foi visitado e entrevistado na prisão por Tom Fitzpatrick, repórter vencedor do Prêmio Pulitzer.

Na conversa, o criminoso se defende dizendo que, na maioria dos casos, as mulheres faziam os pedidos de casamento — e que, diferentemente dos outros homens, ele era mais romântico e cortês, daí o motivo das inúmeras conquistas.

"Se o resto dos homens nos Estados Unidos não tratam as mulheres dessa maneira, sinto muito pelas mulheres deste país. Não é de admirar que tantas delas estivessem ansiosas para se casar comigo", disse ele.

O julgamento começou em janeiro de 1983. Na época, Vigliotto (ou Fred Jipp, como o promotor do caso apontou como o nome verdadeiro do réu) tinha 45 anos. Segundo Fitzpatrick, todo o processo foi como uma grande peça teatral, com direito a choro por parte do réu e momentos de fúria.

As pessoas chegavam ao tribunal cerca de três horas antes das sessões para pegar um bom lugar. Durante o julgamento, Vigliotto elaborou uma lista dos pseudônimos usados e uma tabela listando os nomes de 105 esposas, seus endereços e as datas em que se casou com elas.

·         Esposas e vítimas

Patricia Ann Gardiner casou-se com Vigliotto após um namoro de oito dias e foi abandonada duas semanas após o casamento. Ela testemunhou ter sido roubada em US$ 25 mil em bens e US$ 11 mil na venda de sua casa, que ela vendeu abaixo do valor de mercado após ser pressionada pelo golpista. Ele a convenceu de que era rico e disse que eles se mudariam para a casa dele no Havaí.

Sharon Clark, a esposa que rastreou Vigliotto, também testemunhou no julgamento. Ela se casou com ele em 13 de junho de 1981, mas foi abandonada três semanas depois, no Canadá. Vigliotto fugiu com US$ 49 mil em antiguidades e outras mercadorias.

Joan Bacarella, de Nova Jersey, falou sobre a qualidade hipnótica do olhar de Vigliotto e disse que planejava se casar com ele assim que seu divórcio fosse oficializado. Porém, nesse caso, o vigarista nem esperou pelo casamento: ele roubou itens no valor de US$ 40 mil da loja dela e rapidamente seguiu em frente.

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O julgamento foi concluído em 28 de março de 1983. O júri deliberou por apenas 24 minutos antes de decidir que ele era culpado de todas as 34 acusações de bigamia e fraude pelas quais fora acusado.

Vigliotto foi condenado a 34 anos de prisão (28 por fraude e seis por bigamia). Ele também foi multado em US$ 336 mil. O homem passou os oito anos restantes de sua vida na Prisão Estadual do Arizona, falecendo em 1991, aos 61 anos, devido a uma hemorragia cerebral.

 

Fonte: Revista Galileu

 

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