Com 105 esposas,
norte-americano foi o maior bígamo de todos os tempos
Enquanto
em algumas culturas a bigamia é permitida, em outros, como Estados
Unidos e
o Brasil, casar-se com outro parceiro ainda mantendo o primeiro matrimônio é considerado um
crime. Contudo, isso não foi suficiente para impedir que Giovanni Vigliotto
tivesse mais de 100 esposas simultaneamente ao longo de sua vida. O feito,
ainda que criminoso, rendeu ao homem um lugar no "Livro dos
Recordes".
Entre
1949 e 1981, o norte-americano se casou com
105 mulheres em 27 estados dos EUA e em outros 14 países, sem nunca se
divorciar. A motivação principal, no entanto, não era simplesmente o amor, e sim uma tática
para roubos e fraudes. Ele conquistava as vítimas e as pedia em casamento, e
depois ia embora levando dinheiro e pertences de suas esposas.
A
maioria das mulheres nunca chegaram a conhecê-lo, pois antes que isso ocorresse,
ele já as abandonava. Para cada casamento, ele usou uma identidade falsa diferente, e
Giovanni Vigliotto foi uma delas. O criminoso estava usando esse nome quando se
casou com sua penúltima esposa, Sharon Clark. Mas não foi o único, segundo
apurado pelo Guinness World Records: Vigliotto usou cerca de 50 pseudônimos, entre eles
Frederick Jipp, John Mendoza e John Briccione.
O
bígamo dizia às mulheres que morava longe e pedia para que elas empacotassem
todos os seus pertences para se juntarem a ele. Depois que elas faziam as
malas, Vigliotto levava tudo em um caminhão de mudança, para nunca mais ser
visto. Ele vendia os itens
roubados em
bazares de rua, onde simultaneamente procurava novas vítimas em potencial.
Apesar de várias denúncias às autoridades, o homem nunca era pego.
Os
golpes tiveram um fim quando Sharon Clark, gerente de um bazar e penúltima
esposa do trapaceiro, decidiu encontrá-lo por conta própria. Ela o localizou
na Flórida, seis meses depois
do casamento, onde as autoridades o prenderam em 28 de dezembro de 1981. Nessa
época ele já havia encontrado outra vítima, Patrician Ann
Gardiner, com quem já estava casado.
·
Romance perigoso
Vigliotto
foi detido no Arizona por um ano, antes de ser levado a julgamento. Um mês
antes de sua primeira aparição no tribunal, ele foi visitado e entrevistado na
prisão por Tom Fitzpatrick, repórter vencedor do Prêmio Pulitzer.
Na
conversa, o criminoso se defende dizendo que, na maioria dos casos, as mulheres
faziam os pedidos de casamento — e que, diferentemente dos outros homens, ele
era mais romântico e cortês, daí o motivo das inúmeras conquistas.
"Se
o resto dos homens nos Estados Unidos não tratam as mulheres dessa maneira,
sinto muito pelas mulheres deste país. Não é de admirar que tantas delas
estivessem ansiosas para se casar comigo", disse ele.
O
julgamento começou em janeiro de 1983. Na época, Vigliotto (ou Fred Jipp, como
o promotor do caso apontou como o nome verdadeiro do réu) tinha 45 anos.
Segundo Fitzpatrick, todo o processo foi como uma grande peça
teatral,
com direito a choro por parte do réu e momentos de fúria.
As
pessoas chegavam ao tribunal cerca de três horas antes das sessões para pegar
um bom lugar. Durante o julgamento, Vigliotto elaborou uma lista dos
pseudônimos usados e uma tabela listando os nomes de 105 esposas, seus
endereços e as datas em que se casou com elas.
·
Esposas e vítimas
Patricia
Ann Gardiner casou-se com Vigliotto após um namoro de oito dias e foi
abandonada duas semanas após o casamento. Ela testemunhou ter sido roubada em
US$ 25 mil em bens e US$ 11 mil na venda de sua casa, que ela vendeu abaixo do
valor de mercado após ser pressionada pelo golpista. Ele a convenceu de que era
rico e disse que eles se mudariam para a casa dele no Havaí.
Sharon
Clark, a esposa que rastreou Vigliotto, também testemunhou no julgamento. Ela
se casou com ele em 13 de junho de 1981, mas foi abandonada três semanas
depois, no Canadá. Vigliotto fugiu com US$ 49 mil em antiguidades e outras
mercadorias.
Joan
Bacarella, de Nova Jersey, falou sobre a qualidade hipnótica do olhar de
Vigliotto e disse que planejava se casar com ele assim que seu divórcio fosse oficializado.
Porém, nesse caso, o vigarista nem esperou pelo casamento: ele roubou itens no
valor de US$ 40 mil da loja dela e rapidamente seguiu em frente.
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O
julgamento foi concluído em 28 de março de 1983. O júri deliberou por apenas 24
minutos antes de decidir que ele era culpado de todas as 34 acusações de
bigamia e fraude pelas quais fora acusado.
Vigliotto
foi condenado a 34 anos de prisão (28 por fraude e seis por bigamia). Ele
também foi multado em US$ 336 mil. O homem passou os oito anos restantes de sua
vida na Prisão Estadual do Arizona, falecendo em 1991, aos 61 anos, devido a
uma hemorragia
cerebral.
Fonte:
Revista Galileu
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