quarta-feira, 8 de maio de 2024

Em cúpula islâmica, chanceler do Irã convoca países muçulmanos a romperem relações com Israel

Em discurso, Hossein Amir-Abdollahian exortou países islâmicos que mantêm relações econômicas e diplomáticas com Tel Aviv a romperem esses laços para forçar Israel a "cessar o genocídio" na Faixa de Gaza.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, convocou países muçulmanos que têm relações diplomáticas e econômicas com Israel a romperem esses laços e promoverem um boicote comercial e relativo à venda de armas para o país.

As declarações do chanceler foram dadas em discurso na 15ª edição da cúpula da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), realizada no sábado (4), em Banjul, capital da Gâmbia, e replicadas na íntegra neste domingo (5) pela agência iraniana Tasnim.

Segundo Abdollahian, o objetivo é forçar Tel Aviv a cessar os crimes cometidos na ofensiva na Faixa de Gaza.

"Gostaria de sublinhar a necessidade de reforçar a unidade e a solidariedade dos países islâmicos mais do que nunca para cessar o genocídio, vários tipos de crimes do regime sionista e a necessidade de enviar ajuda humanitária imediata, suficiente e sem entraves para Gaza", disse o chanceler.

Ele afirmou que o papel desempenhado pelos governos islâmicos nesse momento de crise "ficará registrado na história" e destacou que o corte de relações diplomáticas é uma ferramenta importante para pressionar países.

"Não há dúvida de que o corte das relações diplomáticas e econômicas e o embargo de armas e comércio é uma ferramenta importante para pôr termo ao genocídio de Israel em Gaza e aos seus crimes na Cisjordânia e em Al-Quds Al-Sharif [termo utilizado para designar a cidade de Jerusalém]. Agradecemos sinceramente aos governos e países muçulmanos e amantes da liberdade que tomaram medidas nesse sentido", disse o chanceler.

Além do total cessar-fogo em Gaza, Abdollahian listou como objetivo do boicote a retirada imediata, completa e incondicional de todas as forças militares de Israel e seus equipamentos de Gaza e uma garantia internacional para o regresso seguro das pessoas residentes do enclave.

"Para concluir, gostaria de sublinhar que o ataque terrorista levado a cabo pelo regime sionista contra a Embaixada da República Islâmica do Irã em Damasco revelou mais uma vez a verdadeira face do regime terrorista de Israel. A República Islâmica do Irã teve de recorrer ao exercício do seu direito de defesa legítima e, depois de ficar decepcionada com o papel do Conselho de Segurança da ONU como elemento de dissuasão, no sábado, 13 de abril, deu uma resposta militar mínima e limitada a Israel", afirmou Abdollahian.

"É claro que advertimos em voz alta que, no caso de qualquer novo aventureirismo por parte do regime israelense contra os nossos interesses dentro ou fora do Irã, a nossa próxima reação contra Israel será ao nível máximo, imediata e fará com que o regime se arrependa completamente das suas desventuras. Essa é uma decisão irreversivelmente imutável", complementou.

¨      Militares de Israel instam palestinos a iniciar evacuação de Rafah, diz mídia israelense

Segundo a Army Radio, as tropas israelenses estão encorajando os palestinos de Rafah a se deslocar para Khan Yunis e Al-Mawasi em preparação para um ataque militar.

As Forças Armadas de Israel começaram a evacuar os civis palestinos da cidade de Rafah ante ameaça de ataque à cidade no sul de Gaza, relatou na segunda-feira (6) a Rádio do Exército israelense.

Os militares israelenses pediram aos palestinos nas partes orientais de Rafah que se mudassem para uma "área humanitária" próxima. Segundo a rádio, as evacuações estavam concentradas em alguns distritos periféricos de Rafah, de onde as pessoas seriam levadas para zonas de tendas nas proximidades de Khan Yunis e Al-Mawasi.

Em um comunicado, os militares disseram que cartazes, mensagens de texto, telefonemas e anúncios na mídia seriam usados para "incentivar [...] o movimento gradual de civis nas áreas especificadas".

Israel, que desenvolve uma ação militar na Faixa de Gaza desde outubro de 2023, após um ataque inicial do Hamas, afirma que Rafah abriga milhares de combatentes do movimento palestino e que a vitória é impossível sem tomar a cidade.

No entanto, com mais de um milhão de palestinos desalojados refugiados em Rafah, além de mais de 30.000 mortos e quase 80.000 feridos no total, organizações internacionais e até vários países ocidentais têm expressado preocupação com as consequências de tal operação militar.

<><> EUA suspendem a venda de armas a Israel; decisão preocupa gestão Netanyahu

Segundo o portal Axios, autoridades do governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, estão tentando entender por que o carregamento de armas foi retido por Washignton.

Os Estados Unidos suspenderam o fornecimento de munições a Israel pela primeira vez desde o ataque do grupo palestino Hamas a Israel em 7 de outubro. A informação foi veiculada pelo portal Axios, que citou como fonte duas autoridades israelenses não identificadas.

"Autoridades israelenses disseram que o fornecimento de munição a Israel foi interrompido na semana passada", informou o portal.

Segundo a publicação, a decisão despertou sérias preocupações dentro do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e autoridades vêm tentando entender por que o carregamento foi retido.

O artigo lembra que o presidente dos EUA, Joe Biden, enfrenta duras críticas dentro de seu país por conta do apoio a Israel em sua ofensiva na Faixa de Gaza. Em fevereiro, Washington pediu a Tel Aviv garantias de que as armas fornecidas pelos EUA estariam sendo utilizadas no enclave em consonância com as leis de direito internacional. Em março, o governo israelense enviou uma carta de garantias ao governo americano.

O texto também enfatiza que a gestão Biden está "altamente preocupada" com os planos de Netanyahu para lançar uma ofensiva contra a cidade de Rafah, no sul de Gaza, onde se encontram abrigados pelo menos 1,4 milhão de palestinos deslocados pela ofensiva.

Neste domingo, em discurso por ocasião do Dia em Memória ao Holocausto, Netanyahu alfinetou o governo dos EUA, sem citar nomes diretamente.

"No terrível Holocausto, houve grandes líderes mundiais que permaneceram de braços cruzados; portanto, a primeira lição do Holocausto é: se não nos defendermos, ninguém nos defenderá. E se precisarmos ficar sozinhos, ficaremos sozinhos", disse Netanyahu.

De acordo com o portal Axios, citando as duas fontes israelenses, na quarta-feira passada (1º), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, visitou Israel e teve uma conversa "difícil" com Netanyahu sobre a possível operação israelense em Rafah.

"Blinken disse a Netanyahu durante a reunião que uma grande operação militar em Rafah levaria os EUA a se oporem publicamente e teria um impacto negativo nas relações EUA-Israel", diz a publlicação.

<><> FDI atacam complexo da ONU na Palestina

As Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram, neste domingo (5), que atacaram um complexo da Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para os Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA, na sigla em inglês) no centro de Gaza.

Segundo as FDI, o que motivou a investida foi que, supostamente, o local abrigaria um centro de comando e controle do Hamas usado para atacar as forças israelenses, segundo declaração publicada na plataforma de mídia social X (antigo Twitter).

"Um centro de comando e controle do Hamas localizado no centro de Gaza, em um local ativo da UNRWA, foi precisamente atingido por caças da FAI [Força Aérea de Israel]. O local serviu como palco para vários ataques às tropas das FDI e a esforços de distribuição de ajuda humanitária, bem como uma instalação de fornecimento de armas para terroristas do Hamas. O Hamas posicionou intencionalmente o centro de comando e controle nesse local para colocar em risco os civis de Gaza que ali se refugiavam", disse o comunicado israelense.

·        Ataque do Hamas provoca baixas em Israel

Pelo menos três soldados israelenses foram mortos e outros nove ficaram feridos no domingo em um ataque de morteiro do Hamas, disse o Exército israelense.

As FDI informaram, via comunicado, que cerca de dez morteiros foram disparados da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, na passagem Kerem Shalom, entre o enclave palestino e Israel. O Hamas assumiu a responsabilidade pelo ataque. Segundo o comunicado, aviões de guerra israelenses, em retaliação, atingiram o lançador de onde os projéteis foram disparados e uma estrutura militar localizada na área.

¨      Polícia israelense confisca equipamentos da Al Jazeera

Ao anunciar a medida, Benjamin Netanyahu chama a emissora de "canal de incitação". Al Jazeera repudia ação e diz que a supressão da imprensa livre "constitui uma violação ao direito internacional e humanitário".

O governo israelense baniu neste domingo (5) a transmissão da emissora catari Al Jazeera no país. O anúncio foi dado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em postagem na rede social X (antigo Twitter), na qual classificou a emissora como um "canal de incitação".

"Meu governo decidiu por unanimidade: o canal de incitação Al Jazeera será fechado em Israel", esceveu Netanyahu.

As medidas aprovadas pelo governo israelense incluem o fechamento dos escritórios do canal em Israel, o confisco de equipamentos de transmissão, o bloqueio da transmissão das reportagens do canal, a remoção do canal da televisão a cabo e via satélite e o bloqueio dos sites da emissora.

Após o anúncio, a polícia israelense fez buscas no escritório da Al Jazeera em Jerusalém e confiscou equipamentos.

A Al Jazeera repudiou a decisão do governo Netanyahu, afirmando que o fechamento é um "ato criminoso" e alertando que a supressão da imprensa livre no país "constitui uma violação ao direito internacional e humanitário".

"A Al Jazeera Media Network condena e denuncia veementemente esse ato criminoso que viola os direitos humanos e o direito básico de acesso à informação. A Al Jazeera afirma o seu direito de continuar a fornecer notícias e informações ao seu público global tal como garantido pelas convenções internacionais", afirmou a rede em comunicado.

"A supressão da imprensa livre por Israel para encobrir os seus crimes, matando e prendendo jornalistas, não nos impedirá de cumprir o nosso dever", acrecentou o comunicado, citando também o número de jornalistas mortos na Faixa de Gaza, que ultrapassou 140.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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