quinta-feira, 28 de novembro de 2024

A mineração controlada por gangues na África do Sul: 'A vida debaixo da terra é cruel'

Junto de outros 600 homens, Ndumiso vive e trabalha numa pequena "cidade" controlada por gangues — o local tem até mercados e um distrito de prostituição — que cresceu nas profundezas de uma mina de ouro sul-africana desativada. Ndumiso disse à BBC que, após ser despedido por uma grande empresa da área de mineração, decidiu juntar-se à gangue no mundo subterrâneo para se tornar o que é conhecido como "zama zama", termo que descreve um mineiro ilegal. Ele procura o metal precioso e sobe à superfície aproximadamente a cada três meses para vendê-lo no mercado paralelo, com enormes lucros. Atualmente, ele ganha mais do que antes, quando trabalhava para a empresa, embora os riscos sejam muito maiores.

"A vida clandestina é cruel. Muitos não saem vivos", diz o homem de 52 anos, que falou à BBC com a condição de que seu nome verdadeiro não fosse divulgado por medo de represálias. "Em um nível do poço, há cadáveres e esqueletos. Chamamos essa parte de cemitério de zama zama." Mas, para aqueles que sobrevivem, como é o caso de Ndumiso, o trabalho pode ser lucrativo.

Enquanto ele dorme em sacos de areia após dias exaustivos no subsolo, sua família mora em uma casa que ele comprou na cidade de Joanesburgo. Ele pagou cerca de US$ 7 mil (cerca de R$ 40 mil) em dinheiro pela casa de um quarto, que ampliou para incluir mais três cômodos, descreve ele.

Mineiro ilegal há cerca de oito anos, Ndumiso conseguiu enviar os três filhos para escolas particulares. Um deles agora está na universidade. "Tenho que sustentar minha mulher e meus filhos, e esta é a única forma que conheço", diz ele. Ndumiso argumenta que prefere trabalhar na clandestinidade em vez de contribuir para a elevada taxa de criminalidade do país, ao tornar-se ladrão de carros ou assaltante, após passar muitos anos tentando encontrar um emprego legítimo.

O trabalho atual de Ndumiso acontece numa mina na pequena cidade de Stilfontein, a cerca de 145 km a sudoeste de Joanesburgo. O local está no centro das atenções globais depois de um ministro do governo, Khumbudzo Ntshavheni, ter prometido forçar os mineiros a sair do subsolo, com as forças de segurança impedindo o fornecimento de alimentos e água. "Não devemos ajudar criminosos. Os criminosos devem ser perseguidos", declarou Ntshavheni. A Sociedade para a Proteção da Nossa Constituição, um grupo ativista sul-africano, iniciou procedimentos legais para exigir acesso ao poço, que a polícia diz ter cerca de 2 km de profundidade. Um tribunal emitiu uma decisão provisória estabelecendo que alimentos e outros itens essenciais podem ser entregues aos mineiros.

·        Trabalho lucrativo em pequena escala

Ndumiso subiu à superfície no mês passado, antes do atual impasse com o governo. Ele agora aguarda para ver como a situação vai evoluir, antes de decidir se retornará.

A polêmica está relacionada às dificuldades do governo reprimir uma indústria que saiu de controle, e hoje é comandada por gangues mafiosas. "O país tem lidado com o flagelo da mineração ilegal há muitos anos, e as comunidades mineiras suportaram o peso de atividades criminosas periféricas, como estupro, roubo e danos à infraestrutura pública, entre outras coisas", afirmou Mikateko Mahlaule, presidente da Comissão de Recursos Minerais do parlamento sul-africano. O presidente do país, Cyril Ramaphosa, disse que as minas são "cenas de crime", mas que a polícia vai negociar com os mineiros para dar um fim ao impasse, em vez de descer para os prender.

Ndumiso é um entre centenas de milhares de trabalhadores — que vêm não apenas da África do Sul, mas também de países vizinhos, como o Lesoto — que foram demitidos por causa do declínio da indústria mineira sul-africana nas últimas três décadas. Muitos deles tornaram-se "zama zamas" nas minas abandonadas.

David van Wyk, da Fundação Benchmark, sediada na África do Sul, estudou o setor de mineração e afirma que existem cerca de 6 mil minas abandonadas no país. "Embora elas não sejam rentáveis ​​para a mineração industrial em grande escala, são lucrativas ​​para a mineração em pequena escala", afirmou ele em entrevista ao podcast Focus on Africa, da BBC.

Ndumiso trabalhou como perfurador para uma empresa de mineração de ouro e ganhava menos de US$ 220 (R$ 1.280, na cotação atual) por mês, até ser demitido em 1996. Depois de lutar durante as duas décadas seguintes para encontrar um trabalho em tempo integral, ele decidiu se tornar um mineiro ilegal. Existem dezenas de milhares de mineiros ilegais na África do Sul. Segundo Van Wyk, 36 mil indivíduos atuam nesse setor só na província de Gauteng, o coração econômico do país, onde o ouro foi descoberto pela primeira vez no século 19. "Os 'zama zama's muitas vezes passam meses no subsolo sem vir à superfície e são altamente dependentes de ajuda externa para alimentação e outras necessidades. É um trabalho árduo e perigoso", detalha um relatório da Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional.

"Alguns carregam pistolas, espingardas e armas semiautomáticas para se protegerem de gangues rivais de mineração", acrescenta o relatório.

Ndumiso disse à BBC que possuía uma arma, mas que também pagava a uma gangue uma "taxa de proteção" mensal de cerca de 8 dólares (R$ 46). Os guardas fortemente armados da organização criminosa defendem os trabalhadores das ameaças, especialmente de gangues do Lesoto, que têm a reputação de terem um poder de fogo mais letal, segundo Ndumiso.

¨      Mineiro 'com sorte'

Sob a proteção permanente do grupo, Ndumiso relata que usou dinamite para explodir pedras e se vale de ferramentas rudimentares, como uma picareta, uma pá e um cinzel, para encontrar ouro. A maior parte do que ele encontra vai direto para o líder da gangue, que paga um salário mínimo de US$ 1.100 (R$ 6.400) a cada duas semanas. Ele diz que pode ficar com uma parte do ouro, que vende no mercado paralelo para complementar a renda. Ele é um dos mineiros "com sorte" que chegaram a um acordo com a gangue. Mas outros indivíduos são sequestrados e levados para a mina para trabalhar como escravos, sem receber qualquer pagamento ou parte do ouro.

Ndumiso disse que normalmente permanece no subsolo durante cerca de três meses seguidos. Depois, ele sobe à superfície durante duas a quatro semanas para passar tempo com a família e vender o ouro, antes de regressar aos poços profundos. "Estou ansioso para dormir na minha cama e comer comida caseira. Respirar ar fresco é uma sensação incrivelmente poderosa", diz ele.

Ndumiso não sobe com mais frequência para não perder o seu ponto de escavação, mas depois de três meses de trabalho contínuo ele precisa sair do subsolo. Ele lembra que, certa vez, quando chegou à superfície, ficou "tão cego pela luz do sol" que pensou "que tinha perdido a visão". A pele dele também ficou tão pálida que a esposa o levou para uma avaliação de saúde: "Fui honesto com o médico sobre onde morava. Ele não disse nada para mim e apenas me tratou. Ele me deu vitaminas." Na superfície, Ndumiso não só descansa. Ele também trabalha com outros mineradores ilegais na detonação e na trituração de rochas que contém minério. O grupo então "lava" esse material em um local improvisado, onde acontece a separação do ouro com o uso de produtos químicos perigosos, como mercúrio e cianeto de sódio.

Ndumiso explica que depois vende sua parte de ouro: um grama custa 55 dólares (R$ 320), que está abaixo do preço oficial, de cerca de 77 dólares (R$ 449). Ele diz que tem contato com um comprador, com quem entra em contato via WhatsApp. "A primeira vez que o encontrei não confiei nele, então disse para nos reunirmos no estacionamento de uma delegacia. Eu sabia que estaria seguro lá. Agora nos vemos em qualquer estacionamento. Temos uma balança. Pesamos o ouro no local. Eu dou [o ouro] e ele me paga em dinheiro", explica Ndumiso Nessas transações, ele ganha entre US$ 3,8 mil (R$ 22 mil) e US$ 5,5 mil (R$ 32 mil). Ele recebe esse valor a cada três meses, o que significa que sua renda média anual varia entre US$ 15.500 (R$ 90,4 mil) e US$ 22.000 (R$ 128 mil) — muito mais do que os US$ 2.700 (R$ 15,7 mil) que ganhava como minerador legalmente contratado.

Ndumiso afirmou que os líderes das gangues ganham muito mais, mas ele não sabe precisar quanto. Em relação ao comprador do ouro, Ndumiso afirma que não sabe nada sobre ele. Ele apenas diz que trata-se de um homem branco numa indústria ilegal que envolve pessoas de diferentes raças e classes. Isso, aliás, torna difícil reprimir as redes criminosas. Van Wyk avalia que o governo tem como alvo os mineiros, mas não os "chefões que vivem nos subúrbios arborizados de Joanesburgo e da Cidade do Cabo".

Uma cidade embaixo da terra

O presidente Ramaphosa disse que a mineração ilegal custa "à economia milhares de milhões de rands [moeda da África do Sul] em perdas de receitas de exportação, royalties e impostos" e que o governo continuaria a trabalhar com as empresas mineiras "para garantir que elas assumam a responsabilidade de reabilitar ou fechar essas minas".

Van Wyk afirmou ao podcast Focus on Africa da BBC que o governo pioraria a crise econômica da África do Sul se reprimisse os "zama zamas". "Deveria haver uma política para descriminalizar as operações, organizá-las melhor e regulamentá-las", acrescentou.

Quando Ndumiso regressa ao trabalho clandestino, leva consigo comida enlatada para evitar pagar os preços exorbitantes dos "mercados" que existem no subterrâneo. Além de alimentos, esses locais vendem itens básicos — como cigarros, lanternas, pilhas — e ferramentas de mineração, detalha ele. A existência de uma estrutura dessas sugere que uma comunidade — ou uma pequena cidade — se desenvolveu clandestinamente ao longo dos anos.

Ndumiso afirma que existe até um bairro de prostituição, com trabalhadoras do sexo levadas à clandestinidade pelas gangues.

Ndumiso explicou que a mina onde trabalha está dividida em vários níveis e um labirinto de túneis interconectados. "São como rodovias, com placas pintadas que indicam como chegar aos diferentes locais e níveis, como o nível que usamos como banheiro, ou o nível que chamamos de cemitério zama zama", diz. "Alguns morrem nas mãos de membros de gangues rivais; outros se acidentam em quedas de rochas e são esmagados por pedras enormes.""Perdi um amigo quando o ouro que ele encontrou foi roubado e ele levou um tiro na cabeça." Embora a vida subterrânea seja perigosa, esse é um risco que milhares de mineiros como Ndumiso estão dispostos a correr. A alternativa, dizem eles, é viver e morrer pobre numa nação onde a taxa de desemprego excede os 30%.

 

¨      Não conseguia mais ver matarem pessoas sem que nada fosse feito: o homem que luta contra a caça às bruxas na Nigéria

O ativista Leo Igwe está na linha de frente dos esforços para ajudar pessoas acusadas de bruxaria na Nigéria, que muitas vezes correm o risco de serem linchadas. "Eu não podia mais suportar isso. Você sabe, ficar por aí e ver as pessoas sendo mortas aleatoriamente", diz Igwe à BBC.  Depois de concluir seu doutorado em estudos religiosos em 2017, ele estava inquieto. Havia escrito muito sobre bruxaria e estava frustrado porque o mundo acadêmico não lhe permitia desafiar essa prática de forma direta. A BBC viu evidências de pastores pentecostais na Nigéria realizando cultos direcionados a supostas bruxas, uma prática que, segundo Igwe, não é incomum em um país onde muitos acreditam no sobrenatural.

Por isso, Igwe criou a Advocacy For Alleged Witches (que em português seria “Defesa das Supostas Bruxas”), uma organização focada em “usar a compaixão, a razão e a ciência para salvar as vidas das pessoas afetadas pela superstição”. O trabalho de prevenção de Igwe se estende a Gana, Quênia, Malaui, Zimbábue e além.

Uma das pessoas que a organização ajudou na Nigéria é Jude, de 33 anos. Em agosto, eles intervieram quando Jude foi acusado e agredido no estado de Benué. Jude, um vidraceiro que também trabalha meio período em um banco, conta que estava a caminho do trabalho uma manhã quando encontrou uma criança carregando dois jarros pesados de água, o que o levou a fazer um comentário sobre a agilidade física do menino. A criança não recebeu bem suas palavras, mas seguiu seu caminho.

Mais tarde, Jude foi seguido por uma multidão de cerca de 15 pessoas que jogaram pedras nele. Entre elas estava o menino que ele havia cumprimentado anteriormente.

"Os jovens começaram a brigar comigo, tentando me incendiar", afirma Jude. Ele foi acusado de causar o desaparecimento do pênis do menino por meio de bruxaria, algo que é falso e o surpreendeu. As denúncias de desaparecimento de pênis em homens são frequentes em algumas partes da África Ocidental. Essas acusações têm sido associadas ao síndrome de Koro, uma doença mental também conhecida como síndrome de retração genital. Trata-se de um transtorno psiquiátrico caracterizado por um medo intenso e irracional de que os órgãos genitais desapareçam ou se retraiam para dentro do corpo da vítima.

A provação de Jude

Jude perdeu seu emprego no banco por causa do estigma em torno da acusação de bruxaria, diz Igwe. Um vídeo da violenta altercação que ele sofreu também começou a circular no Facebook, e foi quando Igwe e sua equipe perceberam e começaram a investigar. "Ele [Jude] foi levado nu, você sabe, brutalizado", diz Igwe. "A primeira coisa que fizemos foi localizar o problema: onde isso está acontecendo?" No WhatsApp, Igwe é uma espécie de influenciador.

Nos últimos anos, ele criou e organizou grupos do WhatsApp para diferentes estados da Nigéria. Esses grupos estão cheios de dezenas de cidadãos preocupados que ele chama de "defensores". Eles compartilham vídeos e fotos virais de acusações de bruxaria e tentam intervir quando uma acusação é feita em seu território. "Entramos em contato com ele [Jude]. Enviamos um pouco de dinheiro para que ele pudesse cuidar de seus ferimentos. Nós o reabilitamos socialmente", relata Igwe. O grupo também se comprometeu a pagar a universidade de Jude, o que esperam que lhe proporcione um novo começo.

Muitos na Nigéria, o país mais populoso da África, acreditam em bruxas e vivem com medo delas e dos poderes diabólicos que supostamente possuem. Problemas financeiros, doenças ou infertilidade são frequentemente atribuídos à bruxaria. Os acusados costumam ser vulneráveis. Na maioria das vezes, são muito jovens ou muito idosos, às vezes possuem deficiências mentais ou físicas e, frequentemente, vivem na pobreza.

·        O problema da ignorância

De acordo com o Nigeria Watch, um site que monitora a violência no país por meio de relatos da mídia, houve oito mortes decorrentes diretamente de acusações de bruxaria em 2024. A BBC não verificou esses números de forma independente, mas já relatou anteriormente agressões e assassinatos de pessoas acusadas de bruxaria na Nigéria e em outros lugares.

A Advocacy For Alleged Witches organizou seminários públicos em agosto para marcar o Dia Mundial de Combate à Caça às Bruxas. "A crença na bruxaria ou no sobrenatural na Nigéria é cultural", diz Olaleye Kayode, professor sênior de Religiões Indígenas Africanas na Universidade de Ibadan. "A crença é de que as bruxas são um dos seres sobrenaturais criados por Deus para agitar os assuntos da terra", acrescenta ele, afirmando que é a ignorância que faz com que as pessoas promovam a caça às bruxas. Kayode atribui a caça às bruxas na Nigéria principalmente à pregação de "religiões estrangeiras", como o cristianismo e o islamismo, mas reconhece que as religiões tradicionais também "travam uma guerra" contra as bruxas.

<><> "Essa bruxa precisa morrer"

Igwe afirma que alguns dos muitos pastores cristãos pentecostais influentes do país reforçam as superstições sobre bruxaria e a ideia de que "qualquer suposta bruxa é perigosa para a sociedade, não merece misericórdia e deve ser morta". Embora alguns desses eventos religiosos sejam promovidos como serviços de libertação, em agosto um deles foi anunciado com o slogan "Essa bruxa deve morrer". A igreja responsável pelo evento o promoveu amplamente entre seus 20.000 seguidores nas mídias sociais. Quando Igwe viu um outdoor no estado de Imo anunciando o evento, ele escreveu várias petições para as autoridades locais, bem como vários artigos para a mídia local, tentando cancelar o evento.

O evento foi realizado de qualquer forma, embora a Advocacy For Alleged Witches tenha enviado observadores e continue a fazer lobby contra eventos semelhantes.

A igreja responsável não respondeu à solicitação da BBC para obter sua versão. Ninguém morreu no evento, mas a retórica "as bruxas devem morrer" que vem das igrejas pode levar ao ódio e à violência, diz Igwe.

·        Uma interpretação errônea

Muitas igrejas nigerianas são contra essas atitudes.

"Expulsar demônios e não matar os endemoniados foi a razão pela qual conhecemos o ministério de Jesus", diz Julius Osimen, pastor sênior da The Global Citizens Church em Lagos. Osimen descreve qualquer pregação que incentive a caça às bruxas como uma interpretação errônea dos versículos bíblicos. "Quando Jesus veio, ele veio com um entendimento melhor. Você não mata pessoas possuídas ou oprimidas por demônios, você simplesmente expulsa os demônios", diz ele.

O trabalho de Igwe teve um custo pessoal. Ele diz que foi espancado três vezes por intervir em favor dos acusados de bruxaria e reconhece que sua esposa e filhos expressaram preocupação com sua segurança. Mas o ativista diz que nada o impedirá de intervir: "Percebi que tenho que dar um passo à frente e tentar oferecer liderança.

Na Nigéria, acusar ou ameaçar acusar alguém de ser uma bruxa ou de ter o poder da bruxaria é um crime.A pena máxima é de dois anos de prisão. No entanto, os processos e as condenações são raros.

Em 2021, o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução condenando as violações de direitos humanos associadas à bruxaria, mas tais acusações persistem em grande parte da África, bem como na Índia e em Papua Nova Guiné. "Tentar acabar com a caça às bruxas é um desafio e não devemos romantizá-la de forma alguma, tentando dizer: 'Ah, isso faz parte da nossa cultura'", diz Igwe. "Matar nossos pais não faz parte de nossa cultura. Matar pessoas inocentes não faz parte de nossa cultura", ele argumenta.

 

Fonte: BBC News

 

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