quinta-feira, 27 de abril de 2023

PEGA NA MENTIRA: Michelle teria recebido segundo pacotes de joias sauditas

Michelle Bolsonaro recebeu em mãos, no fim do ano passado, enquanto ainda era primeira-dama, o segundo kit de joias enviado pelo governo da Arábia Saudita e que entrou ilegalmente no Brasil.

De acordo com informações do Estadão, o conjunto foi entregue a ela no dia 29 de novembro de 2022, no Palácio da Alvorada, residência oficial dos presidentes da República, e conferido pessoalmente pelo então presidente Jair Bolsonaro.

Uma funcionária do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) que atuava no setor durante a gestão Bolsonaro narrou os detalhes aos delegados. O GADH presta serviços ao Gabinete Pessoal da Presidência da República e é responsável pela recepção e triagem dos presentes oficiais.

Bento Albuquerque

Este segundo kit entrou ilegalmente no País pelas mãos da comitiva do então ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque, em outubro de 2021, burlando a Receita Federal.

O estojo contém um relógio da marca Chopard que custa cerca de R$ 800 mil. O modelo suíço, conhecido como L.U.C. Tourbillon Qualité Fleurier Fairmined, teve apenas 25 unidades produzidas em todo o mundo. As outras quatro joias são uma caneta, um anel, um par de abotoaduras e um rosário, todos em ouro cravejado de diamantes.

Estimativa iniciais apontam que o valor desse kit ultrapassa facilmente a cifra de R$ 1 milhão. À Polícia Federal, o Departamento de Documentação Histórica declarou que o conjunto, quando despachado para o Palácio da Alvorada, chegou a ser estimado em cerca de US$ 500 mil, o que equivale a R$ 2,5 milhões.

Michelle tem negado conhecimento sobre as joias presenteadas pelos sauditas desde que o caso veio à tona, em 3 de março. As revelações colocam a ex-primeira-dama diretamente dentro do caso e mostram que não era apenas Bolsonaro que tinha conhecimento dos presentes.

DEPOIMENTO DESMENTE MICHELLE

Depoimento de servidora põe em xeque versão de ex-primeira-dama de não ter conhecimento sobre presentes da Arábia Saudita. Michelle admite que peças foram recebidas no Alvorada.A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro teria recebido pessoalmente um segundo pacote de joias da Arábia Saudita trazido pela comitiva do então ministro de Minas e Energia, Bento Alburquerque, de acordo com o depoimento de uma funcionária do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) à Polícia Federal. A informação foi revelada pelo jornal O Estado de S.Paulo nesta terça-feira (25/04).

As joias teriam entrado ilegalmente no país em outubro de 2021 na bagagem de Bento Albuquerque. Um outro pacote com peças avaliadas em R$ 16,5 milhões foi, porém, apreendido pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos.

De acordo com o depoimento da então coordenadora do GADH Marjorie de Freitas Guedes, em meados de outubro de 2021, foi aberto um processo no sistema referente aos trâmites relacionados aos presentes. O cadastro, porém, foi aberto ainda antes da comitiva do Ministério de Minas e Energia ter retornado ao Brasil da Arábia Saudita.

O processo teria ficado parado até novembro de 2022, quando o então coordenador-geral do GDAH, Erick Moutinho Borges, informou que os presentes seriam recebidos pelo órgão e incluídos no cadastro aberto no ano anterior – algo que, segundo a testemunha, não era comum. As peças seriam incorporadas ao acervo de Jair Bolsonaro.

O chefe do GDAH na época, Marcelo Vieira, teria determinado que, pelo valor das joias, as peças deveriam ser entregues no Palácio do Alvorada. Posteriormente, um funcionário do Alvorada relatou à servidora que “a caixa com as joias já estava na posse da primeira-dama, Michelle Bolsonaro”. O estojo incluía cinco itens: relógio da marca Chopard, caneta, anel, par de abotoaduras e um rosário. Somente o relógio é avaliado em cerca de R$ 800 mil. O valor total do kit deve ultrapassar R$ 1 milhão.

•        Escândalo revelado após apreensão de joias para Michelle

Essa é a segunda vez que Michelle é citada no escândalo envolvendo a entrada ilegal de joias da Arábia Saudita no país. Uma reportagem do jornal O Estado de S.Paulo expôs o caso, e novas revelações envolvendo os supostos presentes sauditas ao ex-presidente e à sua esposa surgiram desde a publicação da primeira notícia, em 3 de março.

De acordo com a reportagem que revelou o caso, as joias foram apreendidas quando uma comitiva do governo Bolsonaro retornava ao Brasil após uma viagem oficial à Arábia Saudita, em outubro de 2021. As peças estariam na mochila de um militar que era assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Segundo o documento da Receita Federal sobre o ocorrido no aeroporto de Guarulhos, o militar da comitiva de Bolsonaro disse não ter nada a declarar, mas, ao passar pela alfândega, um fiscal solicitou que ele colocasse sua mochila no raio-x, onde “observou-se a provável existência de joias”. A bagagem então foi revistada, e os agentes encontraram um par de brincos, um anel, um colar e um relógio com diamantes. Avaliados em R$ 16,5 milhões, os objetos foram apreendidos.

De acordo com o documento, o militar informou o ocorrido ao ministro Bento Alburquerque, que tentou liberar as peças alegando se tratar de um presente para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro. A Receita, porém, manteve a apreensão.

Durante o restante do mandato de Bolsonaro, o governo fez várias tentativas para rever as joias apreendidas, porém, sem cumprir os ritos para regularizá-las. Depois da revelação do caso, a Polícia Federal abriu uma investigação para apurar se houve crime no caso.

•        Depois de fazer piada, Michelle admite ter conhecimento das joias

Logo após a publicação da reportagem no início de março, a primeira reação de Michelle foi fazer piada sobre o caso e negar ter conhecimento da existência das peças. Em redes sociais, a ex-primeira-dama disse estar “rindo da falta de cabimento dessa imprensa vexatória”.

Nesta quinta-feira, depois da revelação do depoimento que contesta a até então narrativa de Michelle de não ter conhecimento do caso, a ex-primeira-dama admitiu pela primeira vez saber da existência das peças. A jornalistas, Michelle disse que as joias foram recebidas no Alvorada, porém, negou que as tenha recebido em mãos. Ela disse ainda que “foi tudo feito pelo trâmite administrativo”.

Michelle alegou que, quando disse desconhecer as joias, se referia apenas aos itens femininos avaliados em cerca de R$ 16,5 milhões e que ficaram retidos em Guarulhos em março e não a “joias masculinas”.

“Essas joias que chegaram no Alvorada foram joias masculinas. Então, estão me associando ao primeiro caso, quando eu falei que não sabia, e não sei mesmo, tanto que essas joias continuam apreendidas, e essa, do Alvorada, está na Caixa Econômica Federal. O que que eu tenho a ver com isso?”, questionou Michelle.

 

       Michelle Bolsonaro trata jornalistas com cinismo ao falar sobre joias: “que eu tenho a ver com isso?”

 

A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, deu show de cinismo e tratou jornalistas com escárnio nesta terça-feira (26), ao ser perguntada sobre o kit de joias masculinas que entrou ilegalmente no Brasil e ela confessou ter recebido no Palácio da Alvorada.

“Tem que noticiar corretamente, né? Essas joias que chegaram no Alvorada foram as joias masculinas. Então estão me associando ao primeiro caso, quando eu falei que não que não sabia e não sei mesmo. Tanto que essas joias continuam apreendidas e essa do Alvorada tá na Caixa Econômica Federal (Sic). O que eu tenho a ver com isso?”, pergunta de maneira cínica.

Perguntada se essas joias não teriam chegado ao país de forma irregular, Michelle afirmou: “não, não, aí vocês... gente, foi tudo feito pelo trâmite administrativo. Eu não recebi, ela estava no Alvorada. Ela é passada pela administração. La estava no Alvorada, eu morava onde? No Alvorada. Não é verdade?”

A seguir, outra jornalista pergunta onde estão as joias neste momento. A ex-primeira-dama afirma: “ô, gente, vocês são muito mal informados. Não tá na Caixa Econômica Federal? É o lote que é da cor ouro-rosê. É masculina, mas é ouro-rosê. Um terço, um relógio, abotoaduras, uma caneta, vocês já sabem disso, uai, assim, é questão de interpretação, né?”.

•        Esquecidas na cozinha

Ao mesmo tempo, em uma operação combinada, o ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Fabio Wajngarten, afirmou em entrevista à CNN Brasil que o kit de joias masculinas "presenteado" pelos sauditas foi esquecido por Michelle Bolsonaro durante dias na “cozinha” do Alvorada.

“Ela não sabia do que e tratava, uma asssessora recebe o kit masculino, é de presente, e fica na cozinha de passagem. Quando alguém percebe que era um presente valioso, de lá ela retira”, afirma Wajngarten.

Veja abaixo:

<<< A confissão de Michelle; entenda

Michelle Bolsonaro confessou nesta terça-feira (25) que recebeu um dos conjuntos de joias supostamente dados ao seu marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pelo governo da Arábia Saudita. Ela teria recebido o pacote no próprio Palácio do Alvorada, onde morava até Jair tornar-se o primeiro presidente a não conseguir se reeleger desde que a reeleição é possível.

O conjunto de joias em questão é avaliado em R$ 2,5 milhões e contém caneta, anel, relógio, um par de abotoaduras e um rosário árabe, conhecido como ‘mashbala’, todos da marca de luxo Chopard. É justamente o segundo pacote trazido pelo ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque: aquele que passou despercebido e não declarado para a Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. O pacote ficou guardado entre outubro de 2021 e novembro de 2022 no cofre do MME, até ser entregue a Michelle no Alvorada. No mês passado, o pacote foi devolvido ao Estado brasileiro após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) e em meio a um inquérito da Polícia Federal.

De acordo com depoimento de uma funcionária do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) do Palácio Planalto, Michelle recebeu o pacote em 29 de novembro de 2022, ao contrário do que a própria ex-primeira-dama havia dito anteriormente, desde o início de março, logo que o escândalo veio a público. Ainda segundo a servidora, Jair Bolsonaro também teve contato com as joias após a entrega.

Ao jornal O Globo, Michelle tentou se explicar. “Essas joias que chegaram no Alvorada foram as joias masculinas. Estão associando ao primeiro caso, quando eu falei que não sabia [refere-se do primeiro pacote, com joias femininas avaliadas em R$ 16,5 milhões, que ficou apreendido na Receita] e não sei mesmo. Tanto que as primeiras estão apreendidas e essas do Alvorada estão na Caixa Econômica Federal [após terem sido devolvidas, no mês passado]. O que eu tenho a ver com isso? Tudo foi feito pelo trâmite administrativo. Trata-se de um lote da cor ‘ouro rosé’, um lote masculino”, disse aos jornalistas após sair de reunião com liderança do PL na Câmara dos Deputados.

Ao dar entrada no Palácio do Alvorada, o pacote foi registrado como um valor que girava em torno de R$ 500 mil. No entanto, após a devolução da mesma e posterior análise, ficou constatado que as joias são, de fato, avaliadas em R$ 2,5 milhões. Se somarmos este pacote, com o primeiro e um terceiro que continha um relógio Rolex de ouro de diamantes, o valor total das joias sauditas chega a quase R$ 20 milhões.

 

       Joias milionárias: Ofício iria descrever como "presente pessoal" a Bolsonaro, mas "deu zica"

 

Na operação montada às vésperas da fuga de Jair Bolsonaro (PL) aos EUA para não passar a faixa presidencial a Lula, assessores do Planalto deixaram tudo montado para caso as joias no valor de R$ 16,5 milhões dadas pelo governo da Arábia Saudita fossem retiradas da alfândega no aeroporto de Guarulhos fossem imediatamente incorporadas ao "acervo presidente" como "presente pessoal" do ex-presidente.

Em depoimento à Polícia Federal, o 2º tenente do Exército Cleiton Henrique Holzschuk, subordinado ao tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid na Ajudância de Ordens do Gabinete Pessoal do Presidente da República, corroborou a versão que consta em conversas de WhatsApp entre os dias 28 e 29 de dezembro de 2022, que foram incorporadas ao inquérito.

Holzschuk foi incumbido por Cid de armar a operação para resgate das joias e enviou o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva para a sede da Receita Federal no aeroporto de Guarulhos às vésperas da viagem de Bolsonaro para buscar o conjunto que havia sido apreendido mais de um ano antes.

"Que (...) foi falado pelo tenente-coronel Cid durante as conversas de WhatsApp relatadas que as joias iriam para o acervo pessoal do presidente da República", diz um dos trechos do depoimento de Holzschuk à PF.

Enquanto o sargento da Marinha estava a caminho de Guarulhos, Holzschuk pediu à secretária da Ajudância de Ordens, a militar da Aeronáutica Priscilla Esteves das Chagas de Lima, para preparar a documentação para concluir o trâmite do recebimento de um presente pelo presidente.

Em depoimento à PF, Priscilla confirmou que recebeu a ordem e preparou um ofício que seria incluído no sistema federal antes mesmo que a União tivesse, oficialmente, acesso às joias.

Após ordens superiores, ela montou o documento que relatava que o conjunto de joias havia sido transferido para a "posse do Presidente da República, como presente pessoal e não institucional".

Após a operação fracassada de resgate das joias, Holzschuk enviou áudio à secretaria mandando apagar o documento porque "deu um zica".

"Com relação àquele ofício que a gente fez hoje, sobre esses presentes do PR [Presidente da República], ainda bem que eu não assinei! Porque deu uma 'zica' lá e o Jairo [Jairo Moreira da Silva – sargento da Marinha] não conseguiu pegar esse material, tá certo?", diz ele na mensagem.

"Então, ele [Jairo] tá voltando hoje à noite sem o material, beleza? Aí, na segunda-feira, a gente tem que ver aí como é que faz pra excluir aí o ofício, excluir a documentação que a gente fez com relação ao recebimento desse material, beleza?", emendou, recebendo a resposta da secretaria: "Eita. Eu excluo é tranquilo (SIC). Como não tramitou eu mesmo excluo". "Blz", respondeu ele.

 

       Joias e presentes de Bolsonaro foram levados à fazenda de Nélson Piquet por militares de confiança

 

Dois militares de confiança máxima se incumbiram de transferir e armazenar na fazenda do ex-piloto Nélson Piquet os mais de oito mil itens recebidos de presente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A operação começou dez dias antes de terminar seu mandato. Bolsonaro responsabilizou o coronel e ex-assessor parlamentar do comando do Exército, Marcelo Câmara, para atuar diretamente na mudança dos presentes.

Câmara, que é segurança do ex-presidente, contou com a ajuda do subtenente do Exército Osmar Crivelatti, que também atua como assessor do Bolsonaro. Foi o subtenente quem entregou as joias e armas recebidas pelos regimes árabes, após os casos serem revelados e levarem à determinação de devolução dos itens pelo Tribunal de Contas da União.

Uma funcionária do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), que atuava no setor durante a gestão Bolsonaro, confirmou à Polícia Federal (PF) a atuação direta de Marcelo Câmara e Osmar Crivelatti no trâmite.

Foi essa funcionária que declarou, em depoimento à Polícia Federal, que a então primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu em mãos, no fim do ano passado, o segundo kit de joias enviado pelo regime da Arábia Saudita e que entrou ilegalmente no Brasil.

 

Fonte: Revista Planeta/Fórum

 

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