A nova Santa Aliança e seus objetivos opacos
Como um
bom quarentão adentrando sua crise de meia-idade, Mark Zuckerberg surgiu em
2025 renovado, assumindo os cachos loiros – nada mais Califórnia do que isso –
e usando uma correntinha dourada estrategicamente posicionada para fora da
camiseta escura, que dessa vez não trazia nenhum dizer. Nos últimos meses, ele
já vinha ostentando em suas vestimentas frases como “Pathei Mathos”, expressão
grega que pode ser traduzida por “aprendizado pelo sofrimento”. Deveríamos ter
interpretado isso como um sinal, pois o anúncio recente foi de um rompimento
com práticas de moderação de conteúdo por parte da Meta, as quais procuravam
justamente evitar o martírio de seus usuários, e passam agora a permitir o que
até então era considerado discurso de ódio. O líder da empresa comunicou também
o rompimento com as políticas de colaboração com as agências de checagem de
fatos, optando por um sistema semelhante ao adotado no X de Elon Musk, as
“notas da comunidade”.
A
relação entre a fala e o figurino não é fortuita. Ao mesmo tempo que Zuckerberg
abandona os famigerados sorry suits, os ternos e a cara assustada
por que ficou conhecido, ao depor no Congresso dos Estados Unidos, entra em
sintonia com o espírito tiozão bilionário macho alfa de seus companheiros de
Vale do Silício, que tomaram de assalto a Casa Branca após a eleição de Donald
Trump. Os líderes das Big Techs decididamente abandonaram a postura despojada
“don’t be evil”, como dizia o antigo mantra do Google, e agora calçam os
sapatos do mais perfeito herói randiano, obstinado em adequar o mundo à sua
visão. Os impactos concretos da mudança das políticas da Meta precisam ser
analisados em seus efeitos de curto, médio e longo prazos. Isso significa
entendê-las em referência à competição imediata com outras plataformas, mas
também em conjunto com uma visão de mundo comum entre os líderes das Big Techs
em seus projetos de reorganização da sociedade.
Tudo
indica que um dos fatores determinantes para as mudanças políticas da Meta foi
a eleição de Donald Trump. Na cerimônia de posse estavam todos lá: Zuckerberg,
da Meta; Jeff Bezos, da Amazon; Sundar Pichai, da Alphabet/Google; Tim Cook, da
Apple; Shou Zi Chew, do TikTok; e Sam Altman, da novata OpenAI. E, claro, Elon
Musk, da Tesla/Starlink/X, que além de tudo virou conselheiro sênior do
presidente. O Vale do Silício, que nos anos 1990-2000 dizia ter restrições
éticas para a aplicação de suas tecnologias para a guerra (Evangelista, 2018),
aprofundou suas relações como prestador de serviços aos diferentes níveis de
operação do Estado. O ápice dessa virada é a unidade ofertada a Musk, o Doge,
sigla que significa Departamento de Eficiência Governamental – ao mesmo tempo
que é um escárnio que faz referência à criptomoeda/memecoin de mesmo nome,
a dogecoin, promovida pelo empresário. Musk talvez seja o líder
mais caricato das Big Techs em fase Trump: extravagante, sem medo do ridículo
pessoal, de exercer e traficar influência, ou de fazer negócios no limite da
legalidade. Sua busca por tornar o Estado mais eficiente significa praticamente
destruí-lo por dentro.
·
Musk é referência para Zuckerberg (e X para a Meta)
Zuckerberg
citou diretamente o X em sua declaração, de alguma forma tomando-o modelo na
garantia da versão estadunidense da liberdade de expressão. Mas sua ação é
também um ajuste em que um competidor econômico se adequa ao outro. Quando o
Twitter foi comprado por Musk, se tornando o X, a Meta laçou o Threads,
plataforma que emula as funcionalidades do primeiro, porém integrado
diretamente ao Instagram. Foi um claro movimento de mercado em que se buscou
oferecer aos usuários um refúgio moderado frente ao avanço do extremismo no
Twitter. Este não só mudou suas políticas de monetização e de manejo dos
conteúdos, como passou por uma transformação simbólica ao se tornar um espaço
gerido por alguém que mais de uma vez amplificou ideias neonazistas (Beauchamp,
2025). Com o Threads, a Meta buscou também abocanhar uma fatia do uso público
do Twitter, talvez uma das plataformas mais utilizadas por políticos e
jornalistas e tida como central para os debates públicos.
O
problema de a Meta se aproximar da filosofia do X/Twitter é que, embora as
elites conversem por meio da empresa de Musk, são as plataformas da Zuckerberg
as de maior penetração e influência direta no mundo todo. Não bastasse a Meta
ter o Facebook, ainda a maior rede social do planeta, ela é a dona do
Instagram, que nasce como uma plataforma de fotos, mas gradualmente se torna
também uma plataforma de vídeos curtos, além de ter se tornado lugar de
referência para a divulgação de bares, restaurantes e eventos culturais. Mais
importante ainda, a Meta controla o WhatsApp, aplicativo de mensagens que se
tornou essencial na comunicação interpessoal, fonte de acesso a serviços de
governo e principal fonte de informações para os brasileiros (Valente, 2019),
ultrapassando a televisão.
As
novas políticas da Meta afetam diretamente a dinâmica social de plataformas
como Facebook, Instagram e Threads e apontam para uma virada na estratégia de
oferecimento de refúgios mais seguros. Essas mudanças de 2025 devem ser
analisadas em seu conjunto e, ao lado do abandono das agências de checagem e da
permissividade ao discurso de ódio, está a retomada da recomendação de
conteúdos claramente políticos. Isso significa que a plataforma procurará
estimular o espalhamento desse tipo de material, buscando o engajamento em
torno deles.
Mesmo
quando não seguir o político A ou B é possível que o usuário seja exposto a
esses conteúdos em sua linha do tempo. É inclusive algo coerente com as
denúncias feitas pela ex-funcionária do Facebook, Frances Haugen, ainda em
2021, que revelou como a rede social estava ciente dos efeitos deletérios de
mudanças em seus algoritmos de distribuição de conteúdos e optou por não fazer
nada para não prejudicar os lucros. Em 2018, o Facebook implementou um
algoritmo a partir do conceito de “Interações Sociais Significativas” (do
inglês, Meaningful Social Interactions (MSI)).
O
objetivo declarado dessa mudança era priorizar conteúdos que fomentassem
interações mais profundas entre amigos e familiares. Para isso, o algoritmo
passou a valorizar mais as postagens que geravam comentários, compartilhamentos
e reações, o engajamento ativo. Conteúdos de meios de comunicação tiveram sua
visibilidade reduzida. A própria equipe do Facebook alertou que isso levou ao
aumento da disseminação de conteúdos polarizadores, já que o engajamento foi
usado como critério principal. A empresa optou por engavetar o problema. (The
Facebook […], 2021).
·
Máquina de radicalização política
O
WhatsApp não será afetado diretamente pelas mudanças, mas as plataformas de
redes sociais precisam ser analisadas como um ecossistema complexo, em que os
efeitos das novas regras se espalham e contaminam os diferentes ambientes. Em
pesquisa que realizei durante as eleições de 2018, com Fernanda Bruno
(Evangelista; Bruno, 2019), discutimos o papel do WhatsApp na eleição de
Bolsonaro. Ali, mostramos como a função dos grupos do WhatsApp foi utilizada
como estratégia de marketing eleitoral. Milhares de grupos de discussão, com
diferentes nomes – muitos dos quais, em tese, serviriam para discutir assuntos
não eleitorais ou mesmo não políticos –, se tornaram uma rede social paralela.
Pessoas ligadas à então campanha de Jair Bolsonaro acompanhavam e controlavam o
conteúdo desses grupos, os quais são fechados, portanto de difícil visualização
e estudo por jornalistas e pesquisadores. Não à toa surgiram, à época,
iniciativas como o Monitor do WhatsApp da UnB (Melo et al., 2019), buscando
trazer à luz pelo menos parte desses conteúdos compartilhados. Ao estarem
presentes em diversos desses grupos, os marqueteiros bolsonaristas formaram uma
rede paralela e invisível de vigilância sobre a comunicação dos membros dos
grupos.
Porém,
ao circular nesses ambientes, os conteúdos ganham tração e acabam sendo
impulsionados em outras redes sociais. Os algoritmos dessas outras plataformas
identificam que determinado conteúdo está tendo um acesso considerável e o
impulsionam ainda mais. Para as redes sociais do Vale do Silício, não importa
se aquele material é desinformação ou não, se é discurso de ódio ou não, o que
vale é acelerar aquilo que demonstra alto potencial de viralização.
A
dissertação de Jane Mesquita, intitulada A máquina política e a política da
máquina: um olhar sobre a direita no YouTube (2024), mostra como produtores de
conteúdos em vídeo para o YouTube identificam o discurso da extrema-direita e a
rede de compartilhamento bolsonarista como uma oportunidade de negócio. Canais
do YouTube se alinham a certos temas da política para obter mais visualizações.
Trata-se de uma sinergia entre o modelo de negócios desregulamentado das
plataformas e os temas emocionais e sensacionalistas da extrema-direita. As já
frágeis regras de moderação, aplicadas tibiamente, são propositalmente lentas e
ineficazes na derrubada de conteúdos nocivos. As mudanças nas regras da Meta
vão piorar a situação no Facebook, no Threads e no Instagram, mas devem afetar
todo o ecossistema informacional.
·
Modelo de negócios une atenção, vigilância informacional
e lucros
Os
achados de Mesquita (2024) ilustram bem o modo que as principais empresas de
tecnologia arrumaram para conseguir lucros, sendo esse modo um elemento
essencial para a epidemia da desinformação. Os dados de campo da pesquisadora
atravessam o período da pandemia, no qual a desinformação, o discurso
antivacinas – por meio do negacionismo – e a promoção de falsas soluções
mágicas, associados ao oportunismo político, produziram consequências trágicas.
Explorar algoritmicamente o sensacionalismo favorece os lucros das empresas,
sem que elas sejam responsabilizadas, pública e civilmente, pela autoria dos
conteúdos. Mas as Big Techs não são intermediárias neutras: elas são as
responsáveis pelos estímulos econômicos que também sustentam a produção desses
conteúdos, além de comandarem os algoritmos que valorizam as visualizações a
qualquer custo em detrimento da qualidade.
A
atenção sempre esteve no cerne do modelo de negócio ligado à indústria da
comunicação em geral. Atrair o olhar ou escutar o público é historicamente
estratégico para as empresas de mídia, seja o jornal impresso com seus
anúncios, sejam a TV e o rádio com seus intervalos comerciais. Para que esse
processo não seja um vale-tudo, surgiram tanto medidas regulatórias por parte
do Estado quanto regras da própria indústria, por meio das sociedades de classe
(Evangelista, 2023). Regras semelhantes às que o Vale do Silício vem combatendo
via lobby legislativo, sempre se escorando na ideia de liberdade de expressão
acima de tudo.
Tal
defesa de ideais na verdade se conjuga muito à sustentação de um modelo de
negócio. A economia da atenção e o capitalismo de vigilância não apenas
compartilham suas lógicas, mas estão estruturalmente interligados (Bentes,
2021). O modelo de negócios das grandes plataformas digitais, como os produtos
da Meta (Facebook e Instagram, em especial) e do Google, não se limita à venda
de publicidade baseada na atenção dos usuários, mas, sim, à extração em massa
de dados comportamentais, os quais são processados por algoritmos em busca da
predição e modificação de ações humanas futuras.
A
atenção dos indivíduos funciona como um elemento fundamental envolvido na
extração e monetização dos dados, dando sustentação à capacidade das empresas
de não apenas prever, mas também influenciar escolhas e comportamentos. Como
aponta Shoshana Zuboff (2021), o capitalismo de vigilância prospera ao criar
mercados preditivos, nos quais o conhecimento antecipado das ações dos usuários
e a possibilidade de influenciá-las se tornam ativos valiosos para empresas e
anunciantes. Assim, a lógica da captação da atenção se desdobra em mecanismos
de controle e gestão da conduta, configurando uma economia na qual a vigilância
não é um efeito colateral, mas sim um pilar essencial da acumulação de capital.
·
Ideologia californiana e o poder instrumentário
Zuboff,
que desenvolveu a ideia da vigilância como elemento fundamental do modelo de
negócio das redes sociais, é autora de A era do capitalismo de vigilância: a
luta por um futuro humano na nova fronteira do poder (2019). O livro, no
entanto, vai além da historicização de como as empresas aprenderam a ganhar
dinheiro de verdade com a internet – o que nenhuma delas vinha conseguindo até
então – e foi essa descoberta que levou à emergência das Big Techs. Quando
discute o que chama de poder instrumentário, Zuboff mergulha nas distopias do
Vale do Silício, o que nos dá pistas para entender os efeitos sociais
profundos, de impacto global, e o motivo de as Big Techs estarem tão próximas
ao governo Trump. Nos últimos anos, têm surgido barreiras regulatórias para a
ação dessas empresas, e estar no centro do poder é uma maneira de derrubar
essas barreiras e, se for possível, de corroer o Estado por dentro também.
Os
estudos sobre o Vale do Silício em seus aspectos ideológicos datam desde, pelo
menos, o final do século XX. A crítica mais pungente partiu dos ingleses
Richard Barbrook e Andy Cameron, que em 1995 escreveram um ensaio intitulado
The Californian ideology (1996). Segundo essa perspectiva, a ideologia da
Califórnia combina elementos da contracultura dos anos 1960-1970, como o
idealismo hippie, com o empreendedorismo individualista dos yuppies dos anos
1980. Essa fusão gerou uma visão otimista e tecnodeterminista na qual a
tecnologia digital é vista como uma força de emancipação social, ao mesmo tempo
que reforça uma lógica neoliberal e de mercado. A ideologia rejeitou as versões
mais à esquerda, que viam a internet como uma possibilidade de superação do capitalismo
(Evangelista, 2018) e, ao contrário, consagrou-a como apoteose de um
neoliberalismo digital.
Com uma
abordagem mais historiográfica, Fred Turner (2006) detalha como se deu a
relação entre a contracultura e a cibercultura, explorando as divisões
políticas entre os hippies e a nova esquerda dos anos 1960, assim como entre os
setores mais técnicos, ativistas e amadores, que passaram a explorar as
possibilidades da microcomputação.
A
vitória contemporânea desse neoliberalismo digital se dá pela ascensão das Big
Techs, que passam a explorar os dados que trafegam na rede, e toda forma de
rastros digitais que deixamos ao sermos interpelados pelos dispositivos
cibernéticos, como insumo para o capitalismo. Zuboff aponta como o capitalismo
de vigilância está lidando com o social tornando-o o mais previsível e
influenciável possível. O poder instrumentário operaria sem necessidade de
coerção explícita, modulando silenciosamente o comportamento humano em larga
escala por meio de mecanismos digitais automatizados. Mas, ao mesmo tempo que é
um projeto de domínio de mercado, o poder instrumentário tem uma base
filosófica que, quando aplicada, segundo a autora, “refaz a natureza humana”
(Zuboff, 2019, p. 352).
Nesse
contexto, a subjetividade e a reflexão humana são progressivamente diminuídas
em favor de um regime de previsibilidade comportamental no qual a liberdade não
é diretamente suprimida, mas debilitada de maneira imperceptível para servir a
uma arquitetura invisível de controle e lucro. Para entender os fundamentos
dessa nova forma de poder, Zuboff recupera os escritos utópicos e filosóficos
de B. F. Skinner, pai do behaviorismo radical, e de acadêmicos/empreendedores
contemporâneos como Alex Pentland, autor do conceito de “mineração da
realidade”, no qual dados passivos dos usuários (como localização, padrões de
movimento, chamadas telefônicas e interações on-line) se transformam em modelos
preditivos do comportamento humano.
Zuckerberg
e Larry Page, do Google, são citados por Zuboff – e poderíamos adicionar Musk –
como “executivos da utopística aplicada”, ou seja, estão imbuídos de
implementarem as visões de sociedade de Skinner e Pentland. Walden II: uma
sociedade do futuro, romance utópico de Skinner, escrito em 1948, ilustra as
relações de poder inerentes a esse sonho tecnológico: um mundo gerenciado por
técnicos, responsáveis pela engenharia de comportamentos sociais, sem conflitos
e profundamente eficiente, pois as vontades de indivíduos, grupos e classes
foram suprimidas por uma força de modulação comportamental cientificamente
informada.
É a
anulação da política democrática em favor de um poder que controla o outro como
se fosse uma espécie incapaz. Sustentado em uma economia de mercado, o poder
instrumentário opera para o consumo incessante, a extração veloz de recursos
naturais, a exploração máxima do trabalho e as instabilidades políticas que
evitam obstáculos à privatização.
·
Alternativas insubmissas
Pressionados
pela sociedade civil, os governos tentam frear o poder das Big Techs. Leis como
a GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados) europeia e a Lei Geral de
Proteção de Dados Pessoais (LGPD) brasileira foram tentativas iniciais de dar
algum regramento e justiça à coleta indiscriminada de dados. Mas são
regulamentações com efeitos tímidos, que apostaram demais na autonomia dos
indivíduos para dizer ‘não’ ao uso de seus dados e de quebra acabaram legitimar
algumas práticas. No caso brasileiro, some-se ainda a fragilidade institucional
e financeira da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), entidade
responsável por fazer valer a lei. Mais recentemente, a Europa fez alguns
avanços com o Digital Markets Act (DMA) e com o Digital Services Act (DSA),
direção que o Brasil esboça seguir com discussões ainda iniciais por parte do
Ministério da Fazenda, para regulamentar o mercado, e com o PL 2630/2020, a lei
das fake news, alvejada em praça pública pelo lobby das Big Techs.
Nenhuma
dessas iniciativas, no entanto, parece enfrentar o problema em si, em sua
dimensão correta. Pelo contrário, ainda que recentemente o governo federal
tenha adotado ideias como “soberania digital” como slogan – assim como governos
estaduais e municipais –, é perceptível e crescente a sua dependência das
estruturas das Big Techs por meio de programas ingênuos de “transformação
digital”. Sem uma política digital consistente e ampla, os serviços estatais
vão sendo digitalizados por meio de hardwares e softwares do Vale do Silício,
com órgãos nacionais muitas vezes atuando como brokers, revendedores de
serviços de nuvem (onde estão os dados) estrangeiros.
Nenhuma
política regulatória conseguirá ser aprovada ou se tornará eficaz enquanto o
Estado e a sociedade estiverem à mercê de Big Techs capazes de chantageá-los.
Há alternativas, tanto em termos de softwares – como as redes sociais federadas
e descentralizadas licenciadas como softwares livres e abertos –, quanto em
termos de hardware. O Brasil tem excelência na formação de desenvolvedores e
analistas de sistemas, que poderiam ser empregados na adaptação e na melhoria
de softwares disponíveis (livres). Com o DeepSeek, a Inteligência Artificial
(IA) chinesa, ficou claro que é possível superar a limitação de hardwares
caros, cuja produção é controlada pelos países centrais, em favor de soluções
mais baratas exploradas criativamente.
Os
avanços em IA, especialmente no que se refere aos Grandes Modelos de Linguagem
(LLM), ligaram um alerta na sociedade com relação a um aprofundamento da
distância entre aqueles que produzem e os que consomem tecnologia. O governo
brasileiro respondeu de forma particularmente rápida, apontando para R$23
milhões em investimento entre 2024 e 2028 com o Plano Brasileiro de
Inteligência Artificial (PBIA). Com menos investimento, mas com forte
coordenação e planejamento, seria possível minimizar uma dependência
tecnológica que não está no futuro, mas no agora, trata-se de uma possibilidade
real hoje, com consequências muito concretas para a democracia brasileira. Ou
ficaremos à mercê dos rompantes erráticos de Musk e das crises de meia-idade de
Zuckerberg.
Fonte: Por Rafael Evangelista, em Outras
Palavras
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