sábado, 21 de setembro de 2024

O uso de desinformação como arma na guerra híbrida da Rússia

Duas empresas ligadas ao Kremlin são suspeitas de desenvolver, de forma sistemática, amplas campanhas para desinformar eleitores nos Estados Unidos, na Alemanha, na França, na Ucrânia e em Israel. É o que mostram investigações conduzidas pelo FBI (a polícia federal americana) e por autoridades policiais do estado alemão da Baviera, além de uma série de reportagens investigativas.

Num relatório sobre a campanha de desinformação, o Departamento do Estado da Baviera para a Proteção da Constituição (BayLfV, o serviço de inteligência do estado, que vigia as ameaças à ordem democrática), sintetizou em agosto de 2024 os objetivos da estratégia: "A campanha em larga escala tem como objetivo semear dúvidas sobre os valores democráticos liberais, espalhando desinformação deliberada e narrativas pró-russas nas sociedades ocidentais".

·        Laços com o gabinete de Putin

O FBI americano, por sua vez, tem como alvo duas empresas: Structura e SDA. Aparentemente, ambas estão intimamente ligadas ao gabinete do líder russo Vladimir Putin. As empresas são consideradas responsáveis pela criação de vários sites propagandísticos. A estrutura e o design desses sites são deliberadamente semelhantes aos de veículos da mídia tradicional.

Os investigadores chamam essa abordagem de campanha "Doppelgänger" (sósia ou duplo em alemão). O conteúdo das páginas enganosas consiste em propaganda pró-Rússia e desinformação, que é disseminada por meio de bots e perfis especialmente criados nas redes sociais. Somente na Alemanha, a campanha teria alcançado cerca de 750 mil usuários.

Os investigadores começaram a seguir o rastro das empresas russas a partir de várias pistas. Por exemplo, o BayLfV notou que as contas usadas para espalhar propaganda permaneciam ativas durante o horário de expediente do fuso horário russo. Por outro lado, quase não havia atividade nos feriados russos. E os testes funcionais dos sites de desinformação eram realizados por meio de endereços IP de administradores russos.

Ao enviar dados em redes digitais, o endereço IP tem uma função semelhante à de um código postal. Ele faz com que o remetente e o destinatário dos dados sejam claramente identificáveis.

·        Campanhas com planejamento meticuloso

De acordo com o BayLfV, a Alemanha é o país mais afetado pela campanha de desinformação, com quase 7.983 campanhas criadas e distribuídas via Facebook ou X (ex-Twitter) ente maio de 2023 e julho de 2024. Quase 30% tiveram como alvo a Alemanha – quase o mesmo percentual da França, com os EUA aparecendo em terceiro lugar.

"As análises forenses do BayLfV revelaram que os responsáveis pelas campanhas estavam inicialmente ocupados com testes, variantes editoriais e adaptação de fluxos de trabalho", aponta o órgão em relatório. "A partir de outubro de 2023, o fluxo de trabalho havia sido totalmente estabelecido." Desde então, os números atingiram um novo patamar.

O objetivo central da campanha de desinformação é disseminar a falsa ideia que a Rússia não iniciou a guerra contra a Ucrânia, afirma Philipp Sälhoff, do think tank Polisphere. "Essa é uma narrativa muito central e muito presente", explica ele em entrevista à DW.

Sälhoff atua como diretor administrativo de uma rede de consultoria que há anos analisa as atividades de propaganda russa nas mídias sociais.

"A narrativa propagada é que a Rússia está, na verdade, apenas se defendendo, e que a Ucrânia ou o governo ucraniano, ou mesmo o povo ucraniano, são nazistas. Que a guerra é apenas uma guerra por procuração com um Estado fantoche dos EUA e do Ocidente.”

·        O objetivo: polarização social

De acordo com Sälhoff, as campanhas das empresas russas que miram a Alemanha também parecem abordar tópicos que tentam acirrar a polarização na sociedade alemã. "Por exemplo, ao vincular migração e terrorismo. Ou a narrativa de que a coalizão governamental federal formada social-democratas, verdes e liberais não se preocuparia com os interesses da população e, em alguns casos, até age ativamente contra eles.”

A propaganda pró-Kremlin aparentemente também tenta angariar apoio em particular a dois partidos extremamente controversos na Alemanha, afirma Sälhoff: "Há todo um ecossistema de contas pró-Kremlin. E já existe uma posição relativamente clara a favor da AfD [ultradireita] e agora também a favor da BSW [populista de esquerda]. Esses partidos são retratados muito especificamente como partidos solidários, pacifistas, que ouvem e protegem os interesses das pessoas".

As empresas russas também parecem ter definido metas específicas, segundo investigação do jornal Süddeutsche Zeitung e das emissoras alemãs WDR e NDR. Os três veículos tiveram acesso a informações sobre a atuação da empresa SDA por meio de um vazamento de dados. Os registros da empresa contêm "indicadores-chave de desempenho" (KPIs, na sigla em inglês), ou seja, metas de sucesso definidas.

·        Propaganda com objetivos definidos

A russa SDA define como uma de suas metas para a campanha "Doppelgänger" "aumentar a fatia de intenção de votos da AfD para 20%". Outro objetivo era "aumentar o indicador de medo do futuro para 55%". Também há indícios de que a SDA está monitorando eventos específicos, como manifestações, muito de perto. Mais de 35 protestos na Alemanha que ocorreram no outono de 2022 foram registrados em listas internas.

O partido Alternativa para a Alemanha (AfD) e a Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) têm sido criticados há meses por sua aparente simpatia em relação à Rússia. Vários políticos da AfD, em particular, chamaram a atenção devido a contatos controversos com veículos da propaganda russa.

O eurodeputado da AfD Maximilian Krah chegou a ser questionado pelo FBI dos EUA sobre pagamentos por ativistas pró-russos, entre outras coisas. E o político da AfD Petr Bystron é acusado de ter recebido dinheiro de uma plataforma de propaganda russa.

¨      Rússia multiplicou produção de armas em demanda no âmbito da operação militar especial, diz Putin

A Rússia multiplicou a produção de armas de grande importância nas condições da operação militar especial e aprimorou características delas com base na experiência de combate, disse o presidente russo Vladimir Putin.

O anúncio foi feito na reunião da Comissão Militar-Industrial sobre o Desenvolvimento de Sistemas de Aeronaves não Tripuladas Especiais da Rússia.

Segundo Putin, a questão dos sistemas de aeronaves não tripuladas é importante e eles estão em demanda, o que ficou claro em todo o mundo.

"Hoje em dia, as empresas do complexo militar-industrial [russo] estão trabalhando de forma rítmica e precisa, fazendo tudo o que é necessário para fornecer às tropas envolvidas na operação militar especial armas modernas, equipamentos, munições", disse.

Putin declarou que a eficácia do uso multifuncional de sistemas não tripulados no campo de batalha foi confirmada durante a operação militar especial, afirmando que a Rússia amplia a gama desses sistemas.

Em 2023, cerca de 140 mil veículos não tripulados de vários tipos foram entregues às Forças Armadas russas, e este ano a produção de drones está planejada para aumentar dez vezes.

O país planeja também criar 48 centros de desenvolvimento e produção de veículos não tripulados até 2030.

 

¨      Brasil e Rússia discutem ampliar cooperação e investimentos no setor de gás natural e energia

Autoridades dos dois países tiveram um encontro no Ministério de Minas e Energia (MME), em Brasília. Pasta destacou a importância do fortalecimento das relações entre os membros do BRICS para a integração energética e econômica.

Para aprofundar a cooperação entre Brasil e Rússia no setor de gás natural e energia, o embaixador russo Alexey Labetskiy se reuniu com o secretário Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, Pietro Mendes, em meio à agenda de desenvolvimento econômico e sustentabilidade dos dois países, que fazem parte do BRICS.

"Durante a reunião, foram abordadas oportunidades de colaboração e investimento em infraestrutura e troca de tecnologias para otimização de recursos energéticos", informou a pasta.

O secretário brasileiro acrescentou ainda que as recentes políticas públicas lançadas pelo Brasil no setor de energia podem ajudar ainda mais a estreitar a relação entre os dois parceiros. "O Gás Para Empregar vem para atuar justamente no sentido de aumentar a oferta de gás no Brasil, além de estimular importações estratégicas para o setor", adiantou Mendes.

Brasil e Rússia estão entre os maiores produtores de energia do mundo. O ministério lembrou ainda que o fortalecimento das relações entre os dois países é crucial para a maior integração energética e econômica dos países que fazem parte do BRICS.

"O governo liderado pelo presidente Lula colocou o Brasil de volta ao seu lugar, que é um lugar de diálogo com outros países e de liderança no que se refere à mitigação das mudanças climáticas. Nesse contexto, o Brasil tem procurado estreitar laços com outras nações, promovendo iniciativas conjuntas que visam a implementação de práticas sustentáveis e inovadoras no setor energético", afirmou anteriormente o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Por fim, a pasta lembrou que o encontro foi uma continuidade da reunião realizada com o chefe da Representação Comercial da Rússia no Brasil, Viktor Sheremetker, que ocorreu em agosto. "Na ocasião, foram discutidos temas como as oportunidades de investimento em infraestrutura energética, a troca de tecnologias para a otimização de recursos naturais, além de avanços nos setores de gás natural e fertilizantes", informou.

¨      Bruxelas alerta contra guerra comercial com China: é importante evitar um confronto, diz comissária

Bruxelas considera importante evitar uma guerra comercial entre a União Europeia e a China à luz da imposição de direitos compensatórios provisórios sobre as importações comunitárias de veículos elétricos chineses, declarou a vice-presidente e comissária para a Transição Competitiva da Comissão Europeia (CE), Teresa Ribeira.

"É importante evitar um confronto, uma guerra comercial [...]. É necessário determinar quais as ferramentas mais adequadas para desenvolver a indústria automobilística na Europa, mas também devem ser eficazes para evitar uma guerra comercial", comentou Ribera ao Financial Times (FT).

O vice-presidente sublinhou que Bruxelas deve garantir que as regras comerciais na Europa sejam devidamente respeitadas, evitando ao mesmo tempo conflitos com outros países deste setor.

Em meados de setembro, foi anunciado que o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, viajaria a Bruxelas nesta quinta-feira (19) para discutir a questão das tarifas da União Europeia (UE) sobre as importações de veículos elétricos (VE) chineses.

No dia 4 de julho, a CE impôs tarifas compensatórias provisórias temporárias sobre as importações de VEs da China. A decisão foi tomada após a investigação que Bruxelas realizou em junho sobre os subsídios aos fabricantes deste setor, qualificando-os como injustos.

No final de agosto, a comissão anunciou ter enviado a todos os interessados um projeto de decisão final sobre a imposição de tarifas às importações de VEs provenientes da China, que, dependendo do fabricante, vão oscilar entre 17% e 36,3%, enquanto uma tarifa de 9% corresponderá aos veículos da Tesla.

Pequim expressou preocupação com a investigação de Bruxelas sobre os VEs chineses, indicando que se trata de um ato de protecionismo.

 

Fonte: DW Brasil/Sputnik Brasil

 

 

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