RELÍQUIAS SAGRADAS:
OS RESTOS MORTAIS DE SANTOS ACUMULADOS PELA IGREJA
A Igreja Católica guarda restos mortais de
santos, as denominadas "relíquias sagradas", porque nunca
enxergou um corpo morto como ele é, ainda mais se tratando de um santo. Essa prática de
preservar ou consagrar restos mortais de santos e heróis, além de outros itens
associados à sua vida ou morte, remonta à era pré-cristã na Europa.
Esses
restos foram categorizados como "relíquias sagradas" e se tornaram
uma parte essencial do ritual ecumênico cristão durante a Idade Média. As
relíquias associadas a Jesus Cristo e a Virgem Maria se tornaram
tão valorizadas que, no auge do período medieval, já existia um mercado
clandestino para o comércio desses restos que foram roubados ou coletados de
maneira ilegal.
Foi
sob os auspícios de toda uma indústria que o turismo se desenvolveu a partir
dos milhares de peregrinos que cruzavam distâncias para visitar os santuários
contendo os santos venerados, para que pudessem se sentir minimamente próximos
daquela energia que, segundo os cristãos, permanecia mesmo após a morte.
·
As "relíquias" da Igreja
O
mundo medieval cristão comercializou tudo o que pôde desses santos, de
mortalhas, línguas e dedos até olhos e prepúcios. Esses itens não eram só
exclusivos, forçando o turismo na região e arrebanhando, consequentemente, mais
fiéis, mas também eram vendidos, negociados, comprados, roubados ou anunciados.
Nada
disso parecia impróprio no auge do século VIII. Hoje é considerado um crime que
civis possuam esses itens, mas a Igreja os mantém como uma tradição sagrada. Na
Catedral de São Pedro Apóstolo, no Kansas (EUA), existe um relicário com
centenas de pedaços de santos em recipientes em conserva atrás do altar-mor.
Os
vasos chegaram depois que o bispo Donelly, fundador da arquidiocese da região,
escreveu à Roma pedindo algumas relíquias para enriquecer o novo "chão de
Deus", e o Vaticano assim o fez. Tudo o que foi entregue à arquidiocese
acompanha um certificado de autenticidade escrito em latim, como partes do
cadáver do Papa Pio V, falecido em 1572.
Muito
embora não dê para saber quantas igrejas, capelas, paróquias ou arquidioceses
pelo mundo contenham essas relíquias, é certo que muitas delas tenham pelo
menos alguma.
Acredita-se
que a prática tenha começado com o Segundo Concílio de Niceia, em 787, quando
foi decidido que, por uma questão de continuidade e respeito com a memória dos
antepassados cristãos, cada igreja deveria ter uma instalação de relíquias.
·
Sob o controle do Vaticano
O
Vaticano nunca declarou oficialmente uma relíquia como genuína, apesar de seus
certificados de autenticidade que, facilmente, podem ser apenas uma maneira de
evitar que o mercado ilegal da Idade Média se repita.
Ainda
que essa prática seja meio controversa, a ideia da Igreja em reconhecer o significado
dessas relíquias como lembranças é considerada válida, afinal, também instrui
as pessoas a valorizarem itens que não são religiosos.
Atualmente,
a importância de uma relíquia para o Vaticano está classificada em primeira
classe, em que são categorizados os pedaços de santos, como cabelos e olhos;
segunda classe, onde estão os itens pessoais, como roupas e livros; e terceira
classe, objetos que já entraram em contato com as coisas da primeira e da
segunda classe ou com seus donos, como um grampo de cabelo.
É
por essa gama variada que o Vaticano sustenta um depósito imenso para guardar
suas relíquias sagradas enquanto esperam para serem distribuídas às igrejas ao
redor do mundo.
Dada
essa amplitude, talvez o Vaticano realmente tenha um depósito gigante de
relíquias guardadas esperando para serem distribuídas às igrejas. Muito embora
a compra e venda dessas relíquias seja considerada ilegal, os católicos podem
resgatar uma se ela aparecer em vendas de garagem ou pela internet.
Fonte:
Mega Curioso
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