Em tempos de uma
“sociedade desmantelada”, a escola precisa resistir como ambiente de humanidade
e democracia
Quando
a violência invade o espaço da escola, é sinal de que a sociedade está doente.
É nessa linha que vai a reflexão da psicanalista Vera Iaconelli. Ela alerta,
porém, que não devemos culpabilizar a própria escola em que um aluno invade
salas com uma faca, mata uma professora e fere outras cinco pessoas. “A escola
não tem como resolver os problemas da humanidade, ela é uma célula lá dentro
que deve ser mantida e protegida”, observa, na entrevista concedida por
WhatsApp com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU. E acrescenta: “diante do
impossível, vemos o que é possível. E o que é possível para a escola é manter
esse espaço aberto de diálogo com as outras pessoas que estão chegando”.
Vera
quer chamar atenção para o “desmantelamento” da sociedade em que vivemos. “Digo
que a sociedade está desmantelada para fazer um contraponto com a ideia de
rede. Imagine a rede, é uma figura topológica em que os pontos estão ligados.
E, na verdade, o que vimos foi que as redes acabaram permitindo que alguns
pontos fossem ligados, reforçando alguns comportamentos, e os demais fossem
cancelados”, explica.
Enquanto
isso, a escola se apresenta como um espaço de saber onde todos são aceitos,
acolhidos e se ampliam visões de mundos justamente a partir dos contatos e
diálogos com os diferentes. “A escola é um dos últimos espaços horizontais e
democráticos da nossa sociedade. É preciso defender que haja escola, que haja
esse espaço em que os diferentes se encontram e troquem ideias, toleram as
diferenças, respeitam essas diferenças e dialoguem. Essas práticas são as que
menos temos em nossa sociedade, hoje, e as que mais precisamos”, aponta.
Assim,
ao voltarmos para o trágico caso da Thomazia Montoro, vemos que “chegamos a um
certo fracasso nas possibilidades de diálogo e outras formas de expressão das
animosidades e contrariedades que são próprias das situações humanas. (…)
Quando partimos para uma situação que conjuga aluno, professor, escola e
assassinato, está se dizendo que o lugar que tem por prerrogativa a
possibilidade de diálogo, possibilidade de lidar com as diferenças, está mais
ameaçado do que nunca”, diz a psicanalista.
Por
isso, ela defende a preservação da escola como esse lugar de democracia e
humanidade, um caminho que uma reflexão sobre os usos e o peso que as redes
sociais têm assumido em nosso tempo. “As redes são capazes de afetar as
democracias nos países do mundo todo. Não dá para dizer que não sabemos, já
sabemos. Temos de encontrar formas de lidar com isso. Somos a primeira geração
que recolhe dados estatísticos com estudos mostrando os efeitos nefastos do mau
uso das redes sociais”, indica.
Vera
Iaconelli é psicanalista, mestre e doutora em Psicologia pela Universidade de
São Paulo – USP, membro do Instituto Sedes Sapientiae, que é um centro
multidisciplinar sem fins lucrativos reconhecido como um grande polo do estudo
sobre saúde mental em São Paulo. Também participa da Escola do Fórum do Campo
Lacaniano. É pesquisadora da constituição da parentalidade e temas que envolvem
gestação, adoção, família, gênero e costumes. Entre seus livros, destacamos:
Mal-estar na maternidade: do infanticídio à função materna (Zagodoni, 2020) e
Criar filhos no século XXI (Contexto, 2020). É, ainda, organizadora da Coleção
Psicanálise & Parentalidade (Autêntica/Cult, 2020; 5 volumes), colunista da
Folha de S.Paulo e diretora do Instituto Gerar de Psicanálise.
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Confira a entrevista.
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IHU
– O que o ataque de um aluno que deixou uma professora morta e cinco feridos na
Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, em São Paulo, revela sobre
nosso tempo?
Vera
Iaconelli – Revela que chegamos a um certo fracasso nas possibilidades de
diálogo e outras formas de expressão das animosidades e contrariedades que são
próprias das situações humanas. Quando partimos para uma situação que conjuga
aluno, professor, escola e assassinato, está se dizendo que o lugar que tem por
prerrogativa a possibilidade de diálogo, possibilidade de lidar com as
diferenças, está mais ameaçado do que nunca.
E
revela também um entorno do qual parte esse tipo de violência. Se a escola é o
reflexo de uma sociedade, se revela as contradições de uma sociedade. Estamos
também vendo que a escola, de certa forma, está sucumbindo a essas
contradições.
·
Um
relatório apresentado durante os trabalhos de transição do governo federal, em
dezembro passado, indica que 35 estudantes e professores tinham sido mortos em
ataques a escolas no Brasil desde o início dos anos 2000. Como a senhora
interpreta esses números?
Vera
Iaconelli – Os números têm sido cada vez mais alarmantes, e é importante
pensarmos nessa data-base, os anos 2000. É o período da entrada do smartphone,
ou seja, a entrada de um aparelho que deixa, ao alcance da mão de toda e
qualquer criança, um mundo sem mediação. Todos nós andamos, agora, para cima e
para baixo com um computador que nos dá acesso ao pior e ao melhor da
humanidade.
Só
que existe uma diferença entre você ter acesso a isso, tendo uma experiência de
vida e tendo tido até uma experiência de formação pré-smartphone, e as crianças
que já começam a ver o mundo mediado por esses aparelhos. A violência lá fora
que tentávamos peneirar para as crianças, pois essa é uma função dos pais,
mediar o mundo, passa a invadir nossos espaços pelas redes.
E
as crianças vão vendo o que se passa, as incoerências, as violências, as
intolerâncias dos adultos. Elas vão tendo um acesso direto a um tipo de
informação e imagem que as afeta tremendamente. Então, vamos vendo um crescente
de violências dentro do ambiente escolar e fora também, muito em função do mau
uso das redes.
·
Nos
Estados Unidos, é ainda mais comum haver ataques em escolas. Segundo o jornal
The Washington Post, até maio de 2022 foram contabilizadas 331 escolas atacadas
e 311 mil crianças afetadas pelos tiroteios ou expostas a violência armada no
país. Que relação podemos fazer entre a violência nas escolas nos Estados
Unidos e no Brasil, especialmente nos últimos tempos?
Vera
Iaconelli – Infelizmente, uma parte importante da nossa sociedade se espelha
muito nos Estados Unidos como um modelo de crenças, hábitos, formas de entender
a democracia. E quem se espelha, imita. Nos Estados Unidos, há uma questão
muito forte que é o lobby das armas, isso permite que os armamentos sejam
acessíveis de uma forma quase surreal para nós. Uma criança compra uma arma
facilmente, e não qualquer arma, armas pesadas.
Todo
mundo sabe como essa variável impacta os massacres recorrentes e epidêmicos dos
Estados Unidos, mas a sociedade civil não consegue demover porque é muito
pró-armamentista e, também, por causa do lobby que é muito forte. Ou seja, tem
uma questão cultural, mas tem uma questão política também muito forte.
O
Brasil imita isso. Observe que acabamos de sair de um governo que propunha
exatamente este modelo para nós. Temos, por exemplo, crimes que aconteceram em
escolas usando armas brancas, no caso a faca. Imagine se fosse uma arma de
fogo? Teríamos um número bem maior de assassinatos. Esse é um risco muito
grande.
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Sociedade da imagem e das celebridades
Além
disso, há a questão das imagens. Muitos desses ataques nos Estados Unidos são
gravados em imagens que são transmitidas logo que acontecem. Todo mundo fica
vendo as cenas, crianças ficam vendo as cenas, e isso dá ideia, estimula.
Temos
uma questão que acho muito pouco comentada e que é importante: as crianças e os
adultos que cometem esses crimes se tornam famosos. São celebridades negativas,
mas, ainda assim, celebridades e estamos vivendo uma época em que ser famoso é
mais importante do que o motivo pelo qual alguém vira famoso. Tanto que há
pessoas que filmam seus próprios crimes, criando eles mesmos provas contra si,
porque é importante mostrar aos outros o que está sendo feito, mesmo que seja
uma coisa horrorosa.
E,
assim, vamos vendo que, se juntarmos esses elementos e uma tendência a
acreditar que não vale a pena tentar resolver as questões, que é preciso
eliminar o outro – que também é um discurso que tem sido propagado por Trump e
outras figuras célebres vindas dos Estados Unidos –, teremos um caldo de
cultura norte-americano chegando para nós da pior forma possível.
·
Em
artigo publicado na Folha de S.Paulo, a senhora diz que “a escola é para a nova
geração o tubo de ensaio das relações sociais”. Como a escola de hoje tem
lidado com esses “experimentos” dos jovens? Ela está sendo capaz de captar os
anseios, os “recados”, que essa nova geração emite com violência?
Vera
Iaconelli – A questão da escola, como tudo no Brasil, é que não podemos falar
dela como uma questão homogênea. Temos as escolas particulares com alguns
níveis de excelência para algumas coisas; temos a escola pública e mesmo ela é
muito heterogênea. Vai depender de onde ela está instalada, os recursos
oferecidos ali por aquele município ou estado. Então, não temos homogeneidade
da escola brasileira.
Vemos
esforços louváveis de pessoas que estão aí, buscando oferecer medidas de
treinamentos para profissionais, professores para aprenderem a lidar com
mediações de conflitos, também oferecer escuta dos professores diante do
estresse que eles vivem na escola. Existem escolas mais bem protegidas, nas
quais a comunidade de ensino trabalha junto pelo bem comum. Também há escolas
nas quais a pessoa só se interessa pelo filho dela, então, é como se pensasse:
“Vamos lá e vamos procurar privilégios lá dentro”. Tem escolas muito mais
preocupadas com o que os pais pensam do que com o bem das crianças. Portanto,
temos uma miríade de situações, mas eu diria que o brasileiro valoriza a
escola. Porém, nem sempre ele tem condições de fazer valer essa valorização,
por conta de políticas públicas e do sucateamento do lugar do professor em
nossa sociedade.
Observe
uma situação contraditória: recentemente na pandemia vimos que os professores
foram mais valorizados do que normalmente são os bombeiros, que é considerada a
profissão mais valorizada socialmente. Mas é valorizado no sentido de gratidão,
de achar que é um profissional especial, o que não se revela no salário, por
exemplo, dos professores ou mesmo nas condições de trabalho. As pessoas veem
muito como se fosse uma missão, como se não fosse uma profissão e com todas as
suas questões. É uma missão e quase se chega à ideia de que nem deveria ser pago,
algo visto quase como um sacerdócio. Temos que repensar o que pensamos sobre a
escola, sobre o lugar do professor e como, de fato, valorizar em atos aquilo
que consideramos tão importante.
·
Como
os regimes autoritários podem impactar a vida na escola? Quais as consequências
dessa interferência?
Vera
Iaconelli – A escola deve ser vista como espaço de reflexão, como espaço de
transmissão de conhecimento a partir da possibilidade de discussão. E quando
falamos em transmissão de conhecimento, falamos de formas diferentes de ver o
mesmo fenômeno, de encarar esse mesmo fenômeno, de transmitir esse mesmo
fenômeno. A escola é, então, também um espaço de pesquisa, mesmo que seja uma
escola de crianças pequenas, está sempre ali em andamento algum tipo de possibilidade
do contraditório, de rever aquela posição, etc.
Tudo
isso vai na contramão do autoritarismo. O autoritarismo se pauta numa ideia de
hierarquia onde um sabe e o outro, se tiver juízo, obedece. Está presente uma
ideia muito mais militar, muito mais vertical de relações do que a escola como
a gente entende dentro de uma sociedade democrática na qual existe, sim, uma
hierarquia entre professores e alunos, mas isso não fere o que é de âmbito
democrático, pois esse aluno também tem a possibilidade de falar o que ele
pensa, de trazer sua contribuição, de trazer o que é diferente da parte dele.
Temos,
assim, um chão comum na escola, um espaço baseado na democracia e na
humanidade, que são os valores de nossa ética, e especialmente voltada à
humanidade. Tudo isso vai na contramão do que é autoritário. O autoritário
parte do pressuposto de que um sabe e outro obedece.
Em
certo sentido, toda escola tem um “quê” de subversivo e assustador para regimes
autoritários e pessoas autoritárias.
·
Qual
é o lugar da escola na sociedade de hoje? E como a sociedade vê a escola?
Vera
Iaconelli – Considero que a escola é hoje uma das instituições mais importantes
que nós temos, não só pela transmissão de um saber – que, aliás, falta para
nossa população, pois temos desde analfabetos, semianalfabetos, até pessoas que
não têm qualificação para fazer trabalhos mais bem remunerados –, mas também
por ser fundamental para diminuir as diferenças de classes, de gênero e de
outras questões que temos visto e que precisam ser abarcadas pela escola.
E
não só isso: a escola é um dos últimos espaços horizontais e democráticos da
nossa sociedade. A própria lógica da escola, como destaquei há pouco, precisa
ser defendida. É preciso defender que haja escola, que haja esse espaço em que
os diferentes se encontram e troquem ideias, toleram as diferenças, respeitam
essas diferenças e dialoguem. Essas práticas são as que menos temos em nossa
sociedade, hoje, e as que mais precisamos.
Então,
a escola acabou se tornando um lugar quase utópico para nós, pois não vemos
fora desse espaço essas regras e práticas sendo observadas. Hoje, afirmo que a
escola nunca foi tão importante e tão necessária como nos tempos atuais.
·
No
mesmo artigo da Folha de S.Paulo, a senhora aponta que vivemos numa “sociedade
desmantelada”. Como nos desmantelamos?
Vera
Iaconelli – Digo que a sociedade está desmantelada para fazer um contraponto
com a ideia de rede. Imagine a rede, é uma figura topológica em que os pontos
estão ligados. E, na verdade, o que vimos foi que as redes acabaram permitindo
que alguns pontos fossem ligados, reforçando alguns comportamentos, e os demais
fossem cancelados. O que temos é que aquela pessoa que tinha uma visão radical,
autoritária, antidemocrática que se encontrava no meio de outras pessoas que
defendiam a democracia, consegue hoje, num clique, se associar a uma outra
pessoal radical, antidemocrática, racista do outro lado do planeta.
Assim,
os pontinhos vão se juntando e vão se criando verdadeiras facções dentro das
redes e poucos espaços de diálogo aberto, de diálogo produtivo. Ao mesmo tempo
que temos a rede, temos o desmantelamento do laço social, da possibilidade
narrativa, discursiva do encontro com o outro. É um paradoxo, pois imaginávamos
o contrário. Em muitos momentos, unem-se sujeitos em prol da democracia, temos
movimentos importantes vindo das redes sociais; mas também existe esse efeito
iatrogênico, de muito perigo.
Temos
de encontrar formas de lidar com isso. Somos a primeira geração que recolhe
dados estatísticos com estudos mostrando os efeitos nefastos do mau uso das
redes sociais. Somos aquela geração que descobriu que o cigarro mata, que não
dá mais para ter cigarro na novela das oito, na propaganda, vender cigarro para
criança. Precisamos dar o mesmo salto com as redes. Somos advertidos dos
problemas das redes sociais e elas têm, diferentemente do cigarro, que é o
exemplo que uso, efeito mundiais. As redes são capazes de afetar as democracias
nos países do mundo todo. Não dá para dizer que não sabemos, já sabemos. Agora,
temos que tomar medidas importantes e sérias para que esse uso não seja tão
nefasto.
·
E
se a “escola não tem como resolver uma sociedade desmantelada”, quem tem?
Vera
Iaconelli – A escola não tem como resolver os problemas da humanidade, ela é
uma célula lá dentro que deve ser mantida e protegida. Quando digo que ela não
tem poder de resolver os problemas da sociedade, é para que a escola se renove
potente. Porque se ela achar que vai resolver os problemas da sociedade, ela
irá se colocar num lugar impotente. Ou seja, diante do impossível, nada pode
ser feito. Não é isso.
Diante
do impossível, vemos o que é possível. E o que é possível para a escola é
manter esse espaço aberto de diálogo com as outras pessoas que estão chegando.
A escola não vai resolver tudo e, se ela se puser neste lugar, acabará
sobrecarregada ainda mais, irá exaurir os recursos que possui, que são os
recursos dos funcionários, professores e direção, que não é necessariamente o
espaço físico, mas dessas pessoas que estão lá fazendo o que é possível.
·
O
que mais marcou nesse caso da escola Thomazia Montoro? E o que podemos aprender
com essa experiência duríssima?
Vera
Iaconelli – Me marcaram, no caso da Escola Estadual Thomazia Montoro, os
alertas que não foram ouvidos e acho que não podemos nos apressar em culpar a
Escola. Quantos alertas não estão sendo ouvidos hoje em todas as escolas do
Brasil? Todas as semanas acontecem coisas. É fácil falar de uma situação depois
que ela acontece. Mas como não sabemos ainda?
Chama
muito a atenção as pessoas que estavam lá para defender a escola, as crianças
que, ao invés de correr do assassino, da criança que estava com a faca, foram
acudir a professora atacada. Ali vimos gestos que contradizem a violência,
gestos heroicos, nos quais as pessoas se puseram em risco pelo bem do outro.
Que esses gestos sirvam mais de exemplo do que qualquer coisa.
Agora
que veremos como essa comunidade de ensino consegue se organizar diante da
tragédia, para se curar e elaborar esse luto e essa perda irreparável.
·
No último dia 15 de março, contrários ao Novo
Ensino Médio, alunos e toda a comunidade escolar tomaram as ruas para pedir a
revogação dessa reforma no ensino. Como a senhora lê esse ato? O que nos
revela?
Vera
Iaconelli – Entendo que manifestações em prol da escola, em prol de discussões
sobre o que seria melhor para a escola, manifestações que visam o bem comum, as
defesas das prerrogativas da escola são bem-vindas. Mesmo que elas possam
encontrar respostas negativas, mesmo que existam grupos que pensam diferente, é
importante que as pessoas se manifestem e, por vezes, é fundamental irmos às
ruas, como foi no tsunami da educação, quando saiu uma quantidade enorme de
pessoas em defesa da educação em nosso país.
Isso
mostra que a escola ainda é viva, que ainda tem seus defensores, ela cumpre uma
função fundamental na sociedade e que precisamos lutar por ela sempre.
Fonte:
Entrevista com Vera Iaconelli, por João Vitor Santos, em IHU
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