Gana e Brasil
aprovam novas vacinas contra doenças infecciosas
Gana,
na África Ocidental, tornou-se o primeiro país a aprovar o uso de uma nova vacina
contra a malária.
Desenvolvido pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, o imunizante R21
alcançou a eficácia de 75% recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
e deverá ser usado em crianças com idade entre 5 e 36 meses, as mais afetadas
pela doença na região — ainda não se sabe quando o composto começará a ser
aplicado em larga escala.
A
aprovação da nova vacina se deu antes da conclusão dos ensaios clínicos de fase
3, feitos com grande número de pessoas para avaliar sua eficácia. A R21 havia
sido testada em 450 crianças com idade entre 5 e 17 meses em Burkina Faso,
também na África. Resultados
preliminares indicaram
uma eficácia de até 77%, quando administrada em três doses iniciais e uma de
reforço um ano depois.
O
composto foi então submetido a um estudo maior, com quase 5 mil crianças. Os
resultados finais ainda não foram publicados, mas foram compartilhados com
alguns cientistas e órgãos governamentais de outros países na África, entre
eles a agência sanitária de Gana, que, com base nessas informações, decidiu
aprovar o uso do imunizante.
“É
a primeira vez que uma vacina dessa importância é aprovada em um país africano
antes dos Estados Unidos ou de nações europeias”, disse Adrian Hill, diretor do
Instituto Jenner da Universidade de Oxford, responsável pelo desenvolvimento do
novo composto, à agência de notícias
Reuters.
Segundo
ele, a universidade britânica tem um acordo com o Instituto Serum, na Índia,
para produzir até 200 milhões de doses do imunizante anualmente. O Serum também
se comprometeu a fazer a transferência de tecnologia da vacina. Esse processo
deverá começar com a construção de uma fábrica para sua produção em Acra,
capital de Gana. Estima-se que a fabricação de cada dose custe aproximadamente
US$ 3.
O
imunizante desenvolvido em Oxford é o segundo contra a malária aprovado nos
últimos anos. A OMS já havia liberado em outubro de 2021 o uso da vacina
mosquirix, da farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK), que age
contra Plasmodium falciparum, o mais letal dos cinco parasitas que
causam a malária.
A
mosquirix foi testada em um programa-piloto com mais de 800 mil crianças em
Gana, no Quênia e no Malaui desde 2019. A imunização ocorre com a aplicação de
quatro doses: a primeira aos 5 meses de vida, a segunda aos 8 meses, a terceira
aos 11 meses e a quarta dose, de reforço, aos 18 meses. Os resultados dos
testes indicaram uma proteção de 39% contra o aparecimento de novos casos de
malária e de 30% contra as ocorrências graves.
Estima-se
que 619 mil pessoas tenham morrido de malária em 2021, a maioria das vítimas
crianças de até 5 anos na África Subsaariana, segundo a OMS. Em Gana, onde a
doença é endêmica, foram registrados 5,3 milhões de casos e 12,5 mil mortes no
período.
Os
impactos da R21 e da mosquirix nos esforços de combate à malária no Brasil,
porém, deverão ser pequenos, uma vez que cerca de 90% dos casos da doença no
país são causados por outro parasita: Plasmodium vivax, para o qual
essas vacinas têm baixa eficácia.
Impacto
maior deverá ter a Qdenga, nova vacina contra o
vírus da dengue aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
em março.
O
imunizante foi desenvolvido pela farmacêutica japonesa Takeda a partir de uma
das variedades do vírus, a DENV-2, modificada para apresentar as proteínas de
superfície dos quatro sorotipos. Ela reduziu em cerca de 80% o risco de desenvolver
dengue na população geral e em 75% nas pessoas nunca expostas ao vírus, de
acordo com artigo publicado em novembro de 2019 no New England Journal
of Medicine.
Em
dezembro de 2022, a Comissão Europeia aprovou a comercialização da vacina,
administrada em duas doses, nos países do bloco para ser aplicada em pessoas a
partir de 4 anos de idade. No Brasil, o imunizante poderá ser usado em
indivíduos entre 4 e 60 anos.
O
país bateu o recorde de mortes por dengue em 2022: 1.016, maior número desde
2015, segundo dados divulgados este ano no Boletim Epidemiológico do Ministério
da Saúde.
Fonte:
Ipea.gov
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