COMO SURGIRAM AS
MONARQUIAS E POR QUE A EUROPA É FAMOSA POR ISSO?
Em
20 de maio de 2018, o Daily Express divulgou um número
chocante: cerca de 1,9 bilhão de pessoas ao redor do mundo assistiram ao casamento real do príncipe
Harry e Meghan Markle, que havia acontecido no dia anterior, na emblemática
Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor, Inglaterra. Além disso, uma plateia
de 100 mil pessoas viu o casal desfilar em uma procissão por Windsor em um
Ascot Landau após o “sim” na capela, em frente a 2.640 pessoas convidadas.
Em
uma matéria para a revista Time, o Dr. Frank Farley, professor e
psicólogo da Temple University e ex-presidente da Associação Americana de
Psicologia, explicou o motivo de as pessoas serem obcecadas pela realeza:
"Nós somos animais sociais. Com figuras famosas na mídia, pessoas sobre as
quais aprendemos, celebridades etc., muitas vezes vivemos algumas de nossas
vidas através delas".
Segundo
Donna Rockwell, psicóloga clínica especializada na área de celebridades e fama, é reconfortante
para uma pessoa ver uma estrutura que parece criar uma aparência de ordem.
“Então, da mesma forma, eu acho que quando um adulto está sentindo uma sensação
de caos interior, é reconfortante, mesmo neurologicamente falando, conseguir
observar algo que tenha uma estrutura. Vemos isso e nos sentimos confortáveis”,
respondeu ela à Glamour.
Contudo,
apesar de as pessoas terem uma gama de entretenimento envolvendo a realeza,
descrevendo os conflitos e tramoias por trás de uma fachada de ordem, requinte
e tradição, poucas sabem como surgiram as monarquias.
·
O primeiro tirano
Antes
de saber como surgiu a monarquia, é importante
entender seu conceito. Nele, o poder executivo está nas mãos de um único
indivíduo e é passado de geração em geração de maneira hereditária. Esse
sistema de poder se opõe diretamente à democracia, que significa "governo
do povo", no qual leis, políticas, líderes e grandes empreendimentos
estatais são definidos direta ou indiretamente pelos cidadãos.
As
raízes da monarquia remetem ao período Neolítico, por volta de 9 mil anos a.C.,
perto do antigo Oriente Próximo, quando as pessoas passaram a cultivar
plantações, criar gado e viver em vilas e cidades, em vez de vagar livremente
como caçadores-coletores.
Para
alguns estudiosos, naquela época as sociedades neolíticas europeias eram
matriarcais, e o patriarcado, ou seja, uma sociedade dominada por homens, só
surgiu depois que as comunidades se tornaram mais ricas.
A
injustiça e os problemas que apresentam uma estrutura de poder monárquica já
apareciam na Epopeia de Gilgamesh, uma antiga história suméria de
2750 a.C., mostrando que os primeiros monarcas nem sempre eram justos. Na
história, o rei Gilgamesh, parte homem e parte deus, foi tão tirano com seu
povo que eles imploraram ajuda aos deuses.
Juntando-se
a essa história, a monarquia egípcia é configurada como uma das primeiras que
conhecemos, começando por volta de 3000 a.C., e governando até que o Egito
fosse absorvido pelo Império Romano. O termo faraó, que significa "grande
casa", surgiu no período do Império Antigo para se referir a um título
real, entrando em uso no início do primeiro milênio a.C., encontrado em
inscrições monumentais até o reinado de Sheshong III.
·
A moldura do sistema
O
fim do Império Romano trouxe as
invasões bárbaras na Europa que, em troca de proteção, forçou as pessoas a
abandonarem as cidades e fazerem um êxodo em massa para o campo. Foi então que
se ergueu a estrutura do feudalismo, responsável por ser a base da monarquia
moderna, em que a sociedade era dividida em estamentos, com pouca (ou quase
nenhuma) possibilidade de ascensão social. Assim, só existia o clero, a nobreza
e os vassalos.
Ao
longo dos mil anos que durou o feudalismo, uma série de elaboradas tradições e
rituais cresceu em torno a esse sistema. E se você está se perguntando por que
as monarquias são encontradas principalmente na Europa, sobretudo as mais
famosas, foi porque o continente era o único lugar que tinha um sistema
verdadeiramente feudal. Os xogunatos no Japão foram semelhantes ao feudalismo,
e é por isso que a nação tem um sistema imperial com características semelhantes
às monarquias europeias.
O
poder real começou a declinar a partir do século XVII, quando o republicanismo
começou a suplantar a monarquia tradicional em toda a Europa. Em alguns países,
como na Dinamarca, a transição para a democracia aconteceu lentamente, mas em
outros, como na França, foi de maneira repentina e violenta. Em alguns países,
porém, como a Inglaterra, o governo adotou um sistema constitucional para
amenizar a concentração de poder de um monarca e acabou se perpetuando até os
dias de hoje.
Fonte:
Mega Curioso
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