Centrão
bolsonarista se preocupa com a CPMI
Aliados
do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) considerados mais “moderados” estão
preocupados com a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito). O grupo
avalia que os bolsonaristas radicais perderam a mão ao cobrarem para que a
comissão seja aberta.
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Inicialmente,
o Centrão que segue fiel ao ex-presidente considerou a estratégia de cobrar a
CPMI válida, porque não acreditava que a situação mudaria de ideia, não
permitindo que o processo fosse aberto. No entanto, com a narrativa
bolsonarista ganhando espaço nas redes sociais, a situação mudou de opinião.
Na
semana passada, com o vídeo vazado pela CNN Brasil, no qual o ex-ministro do
GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Gonçalves Dias, é flagrado
circulando no dia 8 de janeiro ao lado de invasores no Palácio do Planalto, o
governo Lula resolveu apoiar a abertura da CPMI.
Agora
os bolsonaristas mais moderados têm certeza que a maioria na comissão será da
base governista, ou seja, a narrativa que irá ser colocada é do Planalto, o que
prejudicará o ex-presidente Bolsonaro.
O
grupo tem convicção que ex-ministros terão suas reputações massacradas, tendo o
apoio de boa parte da imprensa. O entendimento é que bolsonaristas invadiram o
Palácio do Planalto, ou seja, não será difícil para os governistas levar a
narrativa ao seu favor.
• Medo do judiciário
Outro
medo do Centrão bolsonarista é com a reação do judiciário. Ao tentar culpar
Lula de ser o responsável pelo 8 de janeiro, o grupo que apoia Bolsonaro também
colocava em xeque a atuação do Supremo no episódio.
Com
a CPMI, a tendência é que os ministros da Corte usem as informações
conquistadas pelo Congresso para pressionar ainda mais os políticos
bolsonaristas. Há senadores e deputados que apontam que alguns parlamentares só
seguem apoiando Bolsonaro por voto. Caso eles percebam que estão sendo
prejudicados, não pensarão duas vezes para sair da oposição e pular para o lado
da “independência” ou até mesmo da base governista.
Agora
o grupo tem trabalhado para diminuir o prejuízo. Bolsonaro pediu que seus
filhos sejam colocados na comissão. O ex-presidente tem dito que ninguém
conseguirá defender os interesses do bolsonarismo como Eduardo e Flávio.
• Governo escolhe dois inimigos como alvos
na CPMI
A
base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já escolheu dois
inimigos para serem alvos na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito). A
situação irá investigar os generais Heleno e Braga Netto , ex-ministros da
gestão de Jair Bolsonaro (PL-RJ).
Na
avaliação do Planalto, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres não pode ser o
único responsável pelas atitudes do governo anterior. O entendimento é que
Braga Netto e, principalmente, Heleno tiveram muita responsabilidade com o ato
terrorista de 8 de janeiro em Brasília.
Os
governistas apontam que há indícios de que Braga Netto tenha ajudado os
golpistas na logística, já que ele foi ministro da Defesa e também da Casa
Civil. O entendimento é que, se o general não ajudou, ele foi omisso, porque
dificilmente não saberia do planejamento feito pelos apoiadores do
ex-presidente Bolsonaro.
Já
Heleno é apontado como responsável pela “contaminação” do GSI (Gabinete de
Segurança Institucional). O ex-ministro será investigado para saber até que ponto
a pasta foi usada para o plano de tentativa de golpe.
O
Planalto já sabe que terá maioria na CPMI por parte do Senado. Agora há grande
articulação para que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), dê mais
espaço para a situação. Se isso ocorrer, Heleno e Braga Netto deverão ser
bombardeados.
• Governo faz articulação com Lira
Lira
afirmou para aliados que pretende equilibrar o colegiado para que as
investigações sejam “isentas” e todos os fatos sejam esclarecidos.
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No
entanto, a base governista tem argumentado ao presidente da Câmara que a
oposição tentará emplacar uma narrativa de que Lula e aliados foram os
responsáveis pelo ato de 8 de janeiro e que isso vai desagradar a Polícia
Federal e também o judiciário.
“Eles
vão espalhar mentiras, como já estão fazendo. E isso vai colocar em xeque o
trabalho feito pela Polícia Federal e também pelo Supremo. É mais instabilidade
e os ministros da Corte vão ficar irritados. É isso que o presidente [da
Câmara] precisa pesar”, declarou um deputado da base governista.
Depois
que todas as imagens do circuito interno do Planalto foram liberadas, aliados
de Lula no Congresso mudaram de posição e agora defendem a abertura da
comissão. A ideia é não deixar com que bolsonaristas emplaquem narrativas
mentirosas.
Cappelli usa versículo preferido de
Bolsonaro para detonar declaração de Augusto Heleno
No
comando interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Cappelli
tem dado mostras que não deve aliviar para o general Augusto Heleno,
ex-ministro da pasta na gestão Jair Bolsonaro (PL), a quem acusa de ser um dos
reponsáveis pela inação de agentes do órgão durante a invasão de terroristas ao
Palácio do Planalto.
Em
diversas entrevistas recentes, inclusive ao Fórum Onze e Meia, Cappelli tem
apontado a covardia e o sumiço de Heleno em meio às investigações sobre os atos
terroristas.
"O
general Heleno 'pilotou o carro' por 4 anos e entregou o 'veículo' avariado e
contaminado para o general G.Dias, que pilotou por apenas 6 dias. No 7° dia o
carro pifou. De quem é a culpa? Não é possível falsificar a história.
Conspiração não passa recibo", declarou ao Onze e Meia.
Nesta
terça-feira (25), ainda sumido, Heleno deu uma curta declaração a Mônica
Bergamo, da Folha de S.Paulo, para rebater o ministro interino do GSI: "A
verdade sempre aparece".
Nas
redes sociais, na manhã desta quarta-feira (26), Cappelli usou de ironia fina,
citando o versículo bíblico preferido de Bolsonaro para rebater Heleno.
"João
8:32 Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará", citou Cappelli,
que falou em "traidores da pátria" na indireta a Heleno.
"A
verdade sempre aparece, não adianta conspirar abertamente contra a democracia
achando que está acima da lei. Ninguém está. Traidores da pátria acertarão suas
contas com a justiça", emendou.
Augusto Heleno conspirou contra a
democracia no comando do GSI, diz Cappelli
O
ministro-chefe interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo
Cappelli, concedeu entrevista ao programa Fórum Onze e Meia desta segunda-feira
(24). Ele deu um panorama sobre a situação do órgão e sobre os esforços do
governo para combater o extremismo no seio do Palácio do Planalto.
Cappelli,
que originalmente era secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança
Pública, também foi o interventor na Segurança Pública do Distrito Federal após
o 8 de janeiro. Ele assumiu o GSI provisoriamente depois da demissão do general
Gonçalves Dias do cargo.
O
ministro interino não teme a instauração de uma CPMI sobre os atos de 8 de
janeiro no Congresso. "Não vi novidade nenhuma nas imagens divulgadas. O
país foi vítima de uma tentativa de golpe liderada por extremistas que se
recusam a aceitar o resultado democrático das urnas. As imagens confirmam isso.
Não é possível falsificar a história. Não é possível reescrever os fatos",
disse.
Ele
assegura a continuidade das investigações no âmbito da Polícia Federal e dentro
do Gabinete de Segurança Institucional. "Os inquéritos continuam abertos
pela Polícia Federal, há uma sindicância aberta aqui no GSI. Eu determinei a
apresentação do prazo final. As investigações seguem", disse. "A
CPMI, se instalada, vai apenas confirmar aquilo tudo que o Brasil já sabe, que
foi a tentativa inaceitável e inadmissível de golpe contra a democracia
brasileira", completou.
• Heleno conspirou
Após
o surgimento de debates e pressões pela extinção do órgão, Cappelli foi
enfático ao dizer que, mesmo com a reestruturação, não são todos os servidores
do GSI que tem aspirações golpistas.
"Não
podemos deixar que um elemento da conjuntura contamine um debate estratégico
para o país. São funções e atribuições que me parecem estratégicos, e
precisamos debatê-lo à luz dos interesses do Estado Brasileiro", disse.
Para
ele, uma chave para entender a conspiração contra a democracia está no antigo
chefe do órgão. "Quem esteve à frente do GSI conspirando abertamente
contra a democracia brasileira durante quatro anos foi o general Augusto
Heleno", disse. "Conspiração não passa recibo. Não é fácil constatar
a materialidade. Mas é de domínio público as declarações proferidas por ele e
por outros incentivando, na tentativa de deslegitimar o resultado das urnas e
incentivando levantes contra a democracia brasileira.", completou.
RELEMBRE:
• Heleno quebra o silêncio sobre golpismo
no GSI após Cappelli perguntar onde está "o valentão"
O
general Augusto Heleno, que chefiou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
durante todo o governo Bolsonaro, decidiu se pronunciar sobre as acusações de
estar por trás dos atos golpistas de 8 de janeiro promovidos por bolsonaristas
contra o governo Lula.
A
declaração brevíssima de Heleno foi feita à jornalista Mônica Bergamo, da Folha
de S. Paulo, após ele ser questionado sobre as recentes falas do chefe interino
do GSI, Ricardo Cappelli, que vem colocando no general parte da responsabilidade
pela anuência de integrantes do órgão durante a invasão golpista ao Palácio do
Planalto.
"A
verdade sempre aparece", disse Heleno, sem comentar nada sobre a atuação
dos agentes do GSI que compunham sua equipe e que foram complacentes com os
golpistas que invadiram a sede da presidência da República.
A
fala de Heleno vem após uma série de declarações de Cappelli, nomeado
interinamente como chefe da GSI após a demissão do general Gonçalves Dias,
dando conta de que o ex-ministro de Bolsonaro estaria envolvido com o levante
antidemocrático.
"Ele
[Augusto Heleno] desapareceu. Acho que quem se esconde teme a verdade, essa é
minha opinião. O general Heleno está escondido. Onde? Quem consegue falar com
ele? (...) Me chama atenção o fato de o valente, o valentão, que vivia aí
incitando ataques às instituições da República, estar desaparecido há quatro
meses. Cadê ele?", questionou Cappelli em entrevista recente ao site
Congresso em Foco.
Em
entrevista à Fórum, Cappelli reforçou as acusações.
"Quem
esteve à frente do GSI conspirando abertamente contra a democracia brasileira
durante quatro anos foi o general Augusto Heleno (...) Conspiração não passa
recibo. Não é fácil constatar a materialidade. Mas é de domínio público as
declarações proferidas por ele e por outros incentivando, na tentativa de
deslegitimar o resultado das urnas e incentivando levantes contra a democracia
brasileira".
Sobre
a postura dos agentes do GSI compactuando com o golpismo de bolsonaristas na
invasão ao Palácio do Planalto, Cappelli também envolveu Heleno em postagem nas
redes sociais.
"O
general Heleno 'pilotou o carro' por 4 anos e entregou o 'veículo' avariado e
contaminado para o general G.Dias, que pilotou por apenas 6 dias. No 7° dia o
carro pifou. De quem é a culpa? Não é possível falsificar a história.
Conspiração não passa recibo", declarou, se referindo à equipe do GSI que
atuou em 8 de janeiro, composta majoritariamente por nomes remanescentes da
equipe de Heleno.
• Membros remanescentes do GSI de Heleno
no 8 de janeiro
Em
comunicado oficial divulgado na última quarta-feira (19), a Secretaria de
Comunicação da Presidência da República (Secom) informou que, no dia dos atos
golpistas, o GSI ainda contava com membros remanescentes da gestão Bolsonaro. O
posicionamento vai de encontro ao relatado pelo servidor da Polícia Federal
lotado na Presidência, fonte da Fórum, dando conta de que os agentes que
aparecem nas imagens vazadas da invasão ao Palácio do Planalto são membros da
equipe que era liderada pelo antigo chefe do GSI, o general Augusto Heleno.
"A
violência terrorista que se instalou no dia 8 de janeiro contra os Três Poderes
da República alcançou um governo recém-empossado, portanto, com muitas equipes
ainda remanescentes da gestão anterior, inclusive no Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), que foram afastados nos dias subsequentes ao
episódio", diz a nota da Secom de Lula.
"Dessa
forma, todos os militares envolvidos no dia 8 de janeiro já estão sendo
identificados e investigados no âmbito do referido inquérito. Já foram ouvidos
81 militares, inclusive do GSI", prossegue o comunicado da presidência.
Desde
12 de dezembro de 2022, quando bolsonaristas promoveram uma "noite de
terror" em Brasília queimando carros e ônibus, a Fórum vem reportando o
suposto envolvimento do GSI de Heleno com os atos golpistas a partir de relatos
de uma fonte da Polícia Federal lotada no gabinete da presidência da República.
Fonte:
iG/Fórum
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