OTAN coloca mundo à beira da guerra mundial
se escondendo com slogans sem sentido, diz especialista
A Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN) está levando o mundo à beira de uma guerra
mundial e se esconde atrás de slogans sem sentido sobre o "direito de
autodefesa" da Ucrânia, disse Glenn Diesen, professor da Universidade do
Sudeste da Noruega.
Recentemente, o
presidente russo Vladimir Putin disse que ataques com mísseis de longo alcance
ocidentais ao interior do território russo significarão o envolvimento direto
da OTAN no conflito na Ucrânia, já que somente os militares da OTAN, não os
ucranianos, têm a capacidade de operar essas armas.
Segundo Diesen, a
discussão "desonesta" que circula entre líderes ocidentais sobre a
permissão à Ucrânia de atacar em profundidade a Rússia aumenta a escalada de
forma tão imprudente que até é preocupante, já que uma guerra nuclear
"está em jogo".
"Enquanto a OTAN
leva o mundo à beira de uma guerra mundial, não deveríamos pelo menos ter uma
discussão sensata sobre o que está acontecendo, em vez de nos escondermos atrás
de slogans sem sentido, como 'a Ucrânia tem o direito de se defender'?",
escreveu Diesen em seu artigo na plataforma on-line Substack.
O especialista
observou que o argumento de Vladimir Putin de que os ataques ucranianos com
armas ocidentais ao território russo envolvem diretamente a OTAN no conflito é
razoável e merece uma discussão séria.
Entretanto, como
enfatizou Diesen, "não há mais discussões razoáveis" no Ocidente,
pois qualquer simpatia ou compreensão da posição da Rússia é considerada
traição.
Diesen também
questionou até que ponto a OTAN poderia se envolver no conflito antes que a
"linha tênue" entre um conflito por procuração com a Rússia e um
confronto direto fosse ultrapassada.
O presidente dos EUA
Joe Biden disse anteriormente que a questão de permitir que a Ucrânia use os
mísseis fornecidos pelos países da OTAN para ataques nas profundezas da Rússia
estava sendo discutida.
Após as negociações
entre Biden e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, a Casa Branca não
informou sobre a decisão de autorizar ataques de longo alcance das Forças
Armadas ucranianas com mísseis ocidentais no interior do território russo.
¨ Guerra ao terror, após o 11 de setembro, remodelou o Oriente
Médio em favor de Israel, diz Pepe Escobar
Em uma análise
publicada em seu canal no YouTube, o jornalista e analista geopolítico Pepe
Escobar afirmou que a "guerra ao terror", promovida pelos Estados
Unidos após os atentados de 11 de setembro de 2001, foi uma estratégia para
remodelar o Oriente Médio em favor de Israel. Segundo Escobar, a narrativa foi
construída pelos neoconservadores e sionistas conservadores americanos, que
articularam um plano de longo prazo para desestabilizar a região, promovendo
uma série de intervenções militares sob a justificativa de combate ao
terrorismo.
De acordo com Escobar,
os ataques de 11 de setembro serviram como o "novo Pearl Harbor",
conforme desejado pelos arquitetos do Projeto para o Novo Século Americano
(PNAC), um documento estratégico elaborado antes do fim do milênio. Este
projeto visava garantir a hegemonia dos Estados Unidos no cenário global,
principalmente no Oriente Médio. No contexto da guerra ao terror, os EUA
lançaram uma série de ofensivas militares, começando pelo Afeganistão em 2001
e, em seguida, pelo Iraque em 2003.
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O papel de Israel e o redesenho geopolítico
Escobar destacou que,
por trás dessas intervenções, o verdadeiro objetivo era enfraquecer as nações
islâmicas da região e garantir a segurança e a supremacia de Israel no Oriente
Médio. A guerra ao terror foi, na prática, uma guerra contra o Islã, com o propósito
de desestabilizar governos hostis à presença de Israel e abrir caminho para uma
nova ordem regional favorável aos interesses israelenses. Países como o Iraque,
a Síria e a Líbia foram diretamente afetados por essas intervenções, com
regimes sendo derrubados ou enfraquecidos.
Os neoconservadores
americanos, segundo Escobar, lideraram a articulação dessa política, com nomes
como o então vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, sendo citados como atores
centrais na coordenação das operações militares que se seguiram aos ataques de
2001. A destruição do Iraque em 2003, por exemplo, é vista como um dos
principais marcos dessa estratégia, que pretendia desmantelar nações
consideradas inimigas de Israel.
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O Eixo da Resistência e a intervenção russa na Síria
No entanto, Escobar
também explicou que a partir de 2015 essa hegemonia começou a ser desafiada com
a intervenção da Rússia na guerra civil síria, em apoio ao governo de Bashar
al-Assad. A entrada da Rússia no conflito, com o objetivo de impedir a tomada
da Síria por grupos jihadistas, foi um ponto de virada que começou a
desarticular a estratégia ocidental na região.
Esse processo também
deu força ao que Escobar chamou de "Eixo da Resistência", um grupo de
países e movimentos que inclui o Hezbollah no Líbano, as Forças de Mobilização
Popular no Iraque, e o Irã, além do governo sírio. Esse eixo tem como objetivo
combater a influência ocidental e israelense no Oriente Médio, representando
uma contraposição ao projeto inicial delineado pelos neoconservadores
americanos.
¨ Roger Waters diz que mídia ocidental distorce a realidade em sua
cobertura sobre conflitos no Donbass e em Gaza
Roger Waters,
cofundador da icônica banda de rock britânica Pink Floyd, criticou duramente a
mídia ocidental, acusando-a de distorcer a realidade na cobertura dos conflitos
no Donbass, na Ucrânia, e na Faixa de Gaza. Em uma entrevista exclusiva
concedida à jovem jornalista Faina Savenkova, a qual foi compartilhada pelo
portal Sputnik, Waters
afirmou que a mídia ocidental escreve "o que lhe mandam escrever" e
não fornece informações reais ao público. Segundo ele, essa abordagem editorial
não tem como objetivo informar, mas sim criar uma narrativa conveniente aos
interesses do Ocidente.
O músico argumentou
que a ideia de direitos humanos universais não é bem aceita pelas potências
ocidentais, especialmente pelos Estados Unidos, o que, em sua opinião, resulta
em uma cobertura jornalística enviesada e seletiva. Waters afirmou que suas declarações
provavelmente nunca seriam publicadas nos principais veículos de comunicação
ocidentais, pois contrariam os interesses dessas potências, às quais ele se
refere como "Império Americano".
Além das críticas à
mídia, Waters também se posicionou contra o envio de armas ocidentais à
Ucrânia, defendendo uma resolução pacífica para o conflito no país. Em
fevereiro de 2023, durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, o
músico apelou para que os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, da Rússia,
Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, negociassem um cessar-fogo
imediato.
Durante a sua visita a
Lugansk, Waters foi convidado pelo vice-presidente do Conselho de Segurança da
Rússia, Dmitry Medvedev, para realizar um concerto na zona de operação militar
especial. O músico manifestou interesse em voltar a fazer shows tanto na Rússia
quanto na Ucrânia assim que sua agenda de turnês for retomada.
As declarações de
Waters acontecem em meio a um ambiente de intensas discussões globais sobre a
atuação da imprensa e o papel das grandes potências nos conflitos
internacionais, especialmente em áreas de crise humanitária como o Donbass e
Gaza.
¨ A ameaça de Putin caso Ucrânia passe a usar mísseis de longo
alcance contra a Rússia
A manchete do jornal
Kommersant desta manhã captura bem o drama.
"Vladimir Putin
traça seu limite."
O Ocidente vai
cruzá-lo? E, se isso acontecer, como a Rússia responderá?
Falando de São
Petersburgo, o presidente Putin enviou um aviso claro ao Ocidente: não permitam
que a Ucrânia use seus mísseis de longo alcance para atingir o território
russo.
Moscou, disse ele,
veria isso como a "participação direta" dos países da Otan na guerra
na Ucrânia.
"Isso mudaria
substancialmente a essência, a natureza do conflito", continuou o líder do
Kremlin.
"Isso significará
que os países da Otan, os EUA e os Estados europeus, estão lutando contra a
Rússia."
Ele afirmou que, para
lançar mísseis na Rússia, a Ucrânia precisaria de dados de satélites ocidentais
e que apenas funcionários de Estados-membros da Otan seriam capazes de
"inserir missões de voo nesses sistemas de mísseis".
A Rússia já
estabeleceu limites antes. E já viu eles serem cruzados também.
Em 24 de fevereiro de
2022, quando anunciou o início de sua "operação militar especial" — a
invasão em larga escala da Ucrânia — o presidente Putin emitiu um aviso para
"aqueles que podem ser tentados a interferir de fora".
"Não importa quem
tente entrar em nosso caminho ou criar ameaças para nosso país e nosso povo,
eles devem saber que a Rússia responderá imediatamente", declarou o líder
do Kremlin.
"E as
consequências serão como nunca se viu em toda a história."
Os líderes ocidentais
ignoraram o que foi amplamente interpretado na época como ameaças nucleares.
Desde então, o Ocidente forneceu à Ucrânia tanques, sistemas de mísseis
avançados e, mais recentemente, caças americanos F-16.
Este ano, a Rússia já
acusou a Ucrânia de usar mísseis americanos ATACMS, de longo alcance, para
atingir a Crimeia, a península ucraniana anexada pela Rússia.
Além disso, nos
últimos dois anos, autoridades russas e a mídia estatal acusaram o Ocidente por
diversas vezes de "lutar contra a Rússia" ou de lançar "uma
guerra" contra a Rússia. Embora tenha sido a Rússia que invadiu a Ucrânia.
Mas pelo tom das falas
mais recentes do presidente Putin, fica claro que ele considera que atacar
território internacionalmente reconhecido como russo com sistemas de mísseis
ocidentais levaria o conflito a um novo nível.
O que ele não deixou
claro ontem é como Moscou responderia.
"Tomaremos
decisões adequadas com base nas ameaças que nos serão criadas", disse
Vladimir Putin.
Na sexta-feira, a
Rússia revogou as credenciais de seis diplomatas britânicos, acusando-os
de"atividades subversivas" e de ameaçar a segurança da Rússia.
Mas a resposta em
potencial de Putin seria muito maior. Ele deu algumas pistas em junho.
Em uma reunião com os
chefes de agências de notícias internacionais, ele foi questionado: como a
Rússia reagiria se a Ucrânia fosse capaz de atingir alvos em território russo
com armas fornecidas pela Europa?
“Primeiro, é claro,
melhoraremos nossos sistemas de defesa aérea. Destruiremos esses mísseis”,
respondeu o presidente Putin.
“Segundo, acreditamos
que se alguém está achando que é possível fornecer tais armas a uma zona de
guerra para atacar nosso território e criar problemas para nós, por que nós não
podemos fornecer nossas armas do mesmo nível para as regiões do mundo que atingirão
instalações sensíveis dos países que estão fazendo isso com a Rússia?”
Em outras palavras,
armar adversários ocidentais para atacar alvos ocidentais no exterior é algo
que Moscou tem considerado.
No início deste mês, o
vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, anunciou que a
Rússia estava pronta para revisar sua doutrina nuclear, o documento que
estabelece sob quais circunstâncias Moscou pode considerar o uso de armas nucleares.
Ele sugeriu que a
decisão de revisar a doutrina estava “conectada com a rota de escalada dos
adversários ocidentais (da Rússia)”.
Enquanto isso, o
primeiro-ministro britânico, Keir Starmer está em Washington para conversas com
o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Entre as questões que os dois
líderes devem discutir estão a Ucrânia e os mísseis de longo alcance.
“A Rússia deu início a
esse conflito. A Rússia invadiu a Ucrânia ilegalmente ”, disse Starmer a
caminho de Washington. “A Rússia pode acabar com esse conflito imediatamente.”
Os líderes ocidentais
precisarão decidir o que consideram maior: o risco de escalada do conflito ou a
necessidade de suspender as restrições ao uso de mísseis ocidentais pela
Ucrânia.
Fonte: Sputnik Brasil/BBC
News Brasil
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