Pirâmide de corrupção: por que 'o czar da
eletricidade' da Ucrânia foi realmente demitido?
O conselho de
supervisão da Ukrenergo, operadora estatal do sistema de transmissão de
eletricidade da Ucrânia, demitiu seu chefe Vladimir Kudritsky, por quatro votos
a dois, na noite de segunda-feira (2) para destituí-lo e substituí-lo pelo
vice-presidente Aleksei Brekht. A Sputnik explica.
Nem o gabinete de
Vladimir Zelensky nem o Ministério da Energia comentaram a demissão. No
entanto, a mídia ucraniana, os legisladores e os doadores estrangeiros de Kiev
expressaram uma série de opiniões em relação à mudança.
Em uma carta ao
primeiro-ministro Denis Shmygal vista pela mídia, os doadores estrangeiros da
Ucrânia, incluindo a União Europeia (UE), o Banco Europeu para Reconstrução e
Desenvolvimento e a Corporação Financeira Internacional expressaram
"profunda preocupação" com a demissão de Kudritsky, alertando que
"tal evento poderia comprometer nossa capacidade coletiva de apoiar a
Ukrenergo e outras medidas prioritárias da segurança energética vital da
Ucrânia".
O aviso veio logo após
um anúncio do ministro da Economia da Ucrânia no sábado (31) de que Kiev espera
um "pacote de financiamento para o setor de energia" de US$ 800
milhões (cerca de R$ 4,4 bilhões) dos EUA.
Oficialmente,
Kudritsky foi demitido "por não proteger as instalações de energia em meio
a ataques russos intensificados", com uma fonte dizendo à mídia ucraniana
que ele foi "acusado de implementar indevidamente decisões anteriores da
sede do comandante-chefe supremo e de proteção precária das instalações da
Ukrenergo".
Kudritsky está sob
investigação por suposta lavagem de dinheiro, corrupção e abuso de poder, e
pode pegar de cinco a oito anos de prisão e confisco de propriedade se for
condenado.
O serviço de registros
de compras eletrônicas do governo ProZorro mostra que, sob a supervisão de
Kudritsky, a Ukrenergo aprovou 63 contratos sem licitação no final de 2023, no
valor de US$ 1,6 milhão (aproximadamente R$ 8,9 milhões) cada, para a instalação
de estruturas de proteção em transformadores, com a conclusão da construção
adiada de fevereiro para abril, depois para junho de 2024, e nenhum dos
projetos concluído até 1º de setembro.
·
Golpe de poder?
O legislador ucraniano
Yaroslav Zheleznyak alega que as acusações contra Kudritsky são forjadas e que
a Ukrenergo tem sido a única entidade realmente tentando construir estruturas
de proteção e estocar equipamentos de reparo em tempo hábil no país.
"Galuschenko-Shurma-Mironyuk
queria se livrar dele há muito tempo", escreveu Zheleznyak em uma postagem
nas redes sociais, referindo-se ao ministro da Energia da Ucrânia, vice-chefe
do gabinete do presidente e vice-chefe do Serviço de Emergência Estatal da
Ucrânia. "O verdadeiro motivo é o desejo animal de sentar-se em todos os
fluxos financeiros, incluindo 100 bilhões de grívnias [cerca de R$ 13,4
bilhões] anualmente e € 1,5 bilhão [mais de R$ 9,2 bilhões] em linhas de
crédito. A Comissão Nacional de Regulamentação Estatal de Energia e Serviços
Públicos foi capturada e, com a adição da Ukrenergo, a construção da pirâmide
da corrupção pode ser considerada completa", escreveu Zheleznyak.
O legislador Andrei
Zhupanin alertou que a demissão de Kudritsky não seria uma "solução para
os problemas", mas apenas o começo.
O chefe do Comitê para
Questões Energéticas da Suprema Rada (parlamento ucraniano), Andrei Gerus,
classificou a demissão de Kudritsky como infundada, alegando que a Ukrenergo
construiu abrigos em 36 subestações, "mais do que todas as empresas de energia
construíram juntas", e atraiu € 1,5 bilhão mencionado acima para obras de
reparo.
Em uma entrevista à
mídia ocidental na semana passada, Kudritsky previu um inverno difícil para a
Ucrânia no contexto dos problemas enfrentados pelo setor energético do país,
mas prometeu evitar "algum tipo de cenário apocalíptico", como apagões,
aparentemente em resposta às preocupações expressas no Financial Times (FT) no
mês passado, sugerindo que "o risco de uma catástrofe humanitária é
alto".
A Ucrânia perdeu cerca
de 40% de sua capacidade de geração de energia hidrelétrica e cerca de 80% de
sua capacidade de energia térmica sob a supervisão de Kudritsky. Ele foi
nomeado para seu cargo em 2020 após um escândalo de corrupção contra seus
antecessores e veio do setor privado, trabalhando anteriormente para a empresa
de serviços profissionais sediada no Reino Unido, Grant Thornton, para
aconselhar e reestruturar empresas estatais ucranianas, incluindo Naftogaz e
Yuzhmash, depois que elas passaram por tempos difíceis.
ENTENDA O CASO
<><>
Ucrânia demite vice-diretor de agência por vazamento de informações; chefe da
energia perde cargo
O Escritório Nacional
Anticorrupção da Ucrânia (NABU, na sigla em ucraniano) disse nesta terça-feira
(3) que demitiu seu primeiro vice-diretor, Gizo Uglava, devido a um suposto
caso de vazamento dentro do órgão que lidera os esforços do país para combater
a corrupção.
O NABU informou no
aplicativo de mensagens Telegram que sua comissão disciplinar concluiu que
Uglava havia cometido ações "visando desacreditar pessoal e
profissionalmente um funcionário do departamento que apresentou uma nota sobre
possíveis fatos de vazamento de informações", segundo a Bloomberg.
A agência não forneceu
mais detalhes e não nomeou a pessoa. Gizo Uglava está listado em seu site como
ocupante do cargo, e em seguida postou uma declaração no Facebook (plataforma
proibida na Rússia por extremismo) negando qualquer irregularidade.
"O próximo passo
para provar minha inocência nos processos contra mim será ir ao tribunal",
disse Uglava, citado pela Reuters.
Anastasia Radina,
chefe do comitê parlamentar anticorrupção, disse nas redes sociais que o
funcionário havia sido demitido por pressionar um denunciante que havia
relatado um possível vazamento de informações.
Uma fonte policial
afirmou em maio que o vazamento havia comprometido uma investigação de alto
nível sobre um projeto de construção de estradas envolvendo dinheiro do
governo.
Outra demissão
ocorrida na segunda-feira (2) foi a do chefe da Ukrenergo, da rede de
transmissão de energia da Ucrânia, segundo fontes citadas pela mídia ucraniana,
sob alegações de falha na proteção de instalações de energia.
Vladimir Kudritsky foi
demitido por uma votação de 4 a 2 pelo Conselho de Supervisão da empresa. Ele
disse que seria substituído por Aleksei Brekht.
De acordo com a
Reuters, os meios de comunicação ucranianos, antes da reunião do conselho,
publicaram uma carta de organizações ocidentais ativas na Ucrânia, incluindo a
União Europeia (UE), expressando "profunda preocupação" ao
primeiro-ministro Denis Shmygal sobre os relatos da iminente demissão de
Kudritsky.
Erradicar a corrupção
oficial é uma das principais condições para a Ucrânia em sua busca pela
filiação à UE. Pesquisas de opinião mostram que os ucranianos, cansados pelo longo conflito, têm cada vez menos tolerância à impunidade
entre autoridades estatais, escreve a agência britânica.
¨ Criminosos ucranianos culpados de crimes internacionais graves
serão levados à Justiça, diz Moscou
Criminosos ucranianos
culpados de crimes internacionais graves contra seus cidadãos e cidadãos da
Rússia serão levados à Justiça, disse a representante oficial do Ministério das
Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, à Sputnik nesta terça-feira (3).
"Criminosos
ucranianos culpados de crimes internacionais graves contra seus próprios
cidadãos e cidadãos russos, bem como seus capangas, serão levados à Justiça e
serão punidos como merecem", disse Zakharova.
Kiev quer retirar seus
cidadãos da jurisdição do Tribunal Penal Internacional (TPI), mas manter o
processo criminal de cidadãos estrangeiros, disse Maria Zakharova.
"Na verdade, eles
querem retirar seus cidadãos da jurisdição até mesmo deste tribunal [TPI], que
é o mais leal a eles possível, mas ao mesmo tempo reservar o direito de
processo criminal em Haia de cidadãos de outros países por acusações inventadas
pela própria Kiev", disse Zakharova.
As palavras de Kiev
sobre a ratificação do Estatuto de Roma com condições mostram sua verdadeira
atitude em relação ao direito internacional humanitário, acrescentou a
representante.
"Tal passo não
pode ser considerado senão uma intenção indisfarçável de dar carta branca aos
seus militares para cometerem crimes de guerra graves", acrescentou
Zakharova.
Nem a Ucrânia nem o
TPI têm nada a ver com lei e justiça, disse Zakharova.
"A reputação
tanto do regime de Kiev quanto do TPI é bem conhecida. Nenhum deles é
independente e tem algo a ver com lei ou justiça", disse Zakharova.
No dia 24 de agosto, o
líder ucraniano Vladimir Zelensky, hoje sem mandato presidencial, assinou uma
lei para ratificar o Estatuto de Roma, o tratado fundador do TPI. A Ucrânia não
reconhecerá a jurisdição do TPI sobre seus cidadãos por sete anos após a adoção
do projeto de lei.
¨ Israel é acusado de publicar anúncios falsos no Google para
bloquear doações à UNRWA
Vários países
ocidentais suspenderam o financiamento da Agência das Nações Unidas de
Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA, na sigla em
inglês) depois de Israel ter publicado anúncios falsos no Google para bloquear
doações e tentar descredibilizar a agência, informou a mídia norte-americana.
No ano passado, depois
da guerra que Israel lançou contra o Hamas, a UNRWA conseguiu angariar mais de
US$ 32 milhões (R$ 179,73 milhões) para esforços humanitários, relata o diretor
da agência, Philippe Lazzarini.
Segundo informações
destacadas pela Wired, o governo israelense direciona os usuários para um site
diferente, alegando que a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) não
declarou se empregar membros do Hamas viola ou não sua neutralidade e que a agência
não investiga suas instalações em busca de abusos cometidos por extremistas,
algo que a agência rechaçou firmemente.
Quase ao mesmo tempo
em que Mara Kronenfeld, diretora-executiva da UNRWA, descobriu o anúncio,
Israel acusou 12 funcionários da agência de terem participado no ataque do ano
passado, em 7 de outubro, executado pelo Hamas.
A Agência das Nações
Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio emprega 30
mil pessoas no total, tornando-se o segundo maior empregador em Gaza, depois do
Hamas.
Como resultado das
acusações, vários países ocidentais suspenderam o financiamento à UNRWA. A ONU
declarou no início de agosto que demitiu funcionários da agência depois que uma
investigação interna descobriu que eles poderiam estar envolvidos no ataque.
Ao todo, a agência
despediu 13 funcionários este ano, incluindo nove que um órgão de supervisão
determinou que podem estar envolvidos no ataque. Após a decisão, todos os
países doadores, exceto os Estados Unidos, retomaram o financiamento à agência.
Entretanto, a
reportagem conta que a UNRWA "exige independência dos interesses
militares" e acrescenta que uma revisão externa encontrou "evidências
de inspeções de instalações", sendo essas verificações realizadas com
frequência.
"Há uma campanha
incrivelmente poderosa para desmantelar a UNRWA", observou Kronenfeld.
"Quero que o público saiba o que está acontecendo e a natureza insidiosa
disso, especialmente em um momento em que vidas civis estão sob ataque em Gaza."
Lazzarini, por sua
vez, publicou na rede social X (antigo Twitter) que os anúncios difamatórios
feitos por Israel continuam a ser usados como "arma de guerra".
A reportagem destacou
que vários ex-funcionários e atuais do Google falaram com a mídia
norte-americana e afirmaram que a campanha contra a UNRWA é apenas uma das
várias campanhas publicitárias que Israel desenvolveu nos últimos meses que
atraíram críticas tanto dentro como fora da empresa. No final de agosto, os
anúncios difamatórios ainda estavam no Google, revelou outra reportagem.
De acordo com a
revista Wired, entre maio e julho, quando os internautas pesquisaram 300 termos
relacionados à agência, os anúncios de Israel apareceram 44% das vezes, em
comparação com os anúncios da própria UNRWA, que apareceram apenas 34% das
vezes.
A UNRWA foi criada em
1949, apenas um ano após a "Nakba" (catástrofe, em árabe) devido à
Guerra Árabe-Israelense de 1948, em que 750 mil palestinos foram forçados a
abandonar suas casas, criando uma crise de refugiados ainda não resolvida. Os apoiadores
da agência alegaram que Israel não quer que a agência preserve o estatuto de
refugiado dos palestinos, porque isso lhes daria melhor oportunidade de um dia
recuperar as terras ocupadas.
A agência fornece
cuidados de saúde, educação e ajuda humanitária aos palestinos em Gaza, na
Cisjordânia, na Jordânia, na Síria e no Líbano.
<><> Starlink
cumpre ordem judicial e bloqueia acesso à rede social X no Brasil
A Starlink, empresa do
bilionário Elon Musk que oferece internet via satélite, anunciou nesta
terça-feira (3) que cumpriu a ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) Alexandre de Moraes e bloqueou o acesso à rede social X em todo o país.
Até então, a companhia havia desafiado a determinação dada pela Justiça no
último fim de semana.
"Aos nossos
usuários no Brasil (que talvez não possam ler isso devido ao bloqueio do X por
Alexandre): após a ordem da semana passada de Alexandre para congelar as
finanças da Starlink e impedir que realize transações financeiras no Brasil
[...], apesar do tratamento ilegal em relação à Starlink [...] estamos
cumprindo a ordem de bloquear o acesso ao X no Brasil", disse a empresa no
X (a reportagem teve acesso ao conteúdo do post através de uma fonte no
exterior.
A Starlink acrescentou
que realiza o possível para manter seus usuários conectados e já tomou todas as
vias legais para demonstrar que as ordens do ministro do Supremo violam a
Constituição brasileira.
Alexandre de Moraes
suspendeu no dia 30 de agosto a rede social X no país, diante da negativa de
Musk em nomear um novo representante legal para a plataforma. Na sequência,
determinou também o congelamento das contas da Starlink no Brasil, também
propriedade de Musk, para garantir o pagamento das multas aplicadas pela
Justiça à rede social — conforme o STF, o valor supera R$ 18 milhões.
Já Musk afirmou que X
e Starlink são entidades legalmente separadas e, portanto, considera
"ilegal" a decisão do tribunal brasileiro sobre a empresa fornecedora
de serviços de internet via satélite.
O confronto entre o
ministro e o magnata ocorre desde que o magistrado determinou à rede social o
bloqueio contas de usuários por atentarem contra o Estado Democrático de
Direito.
O magnata recusou-se
repetidamente a cumprir as determinações judiciais, alegando que a medida era
uma "censura" e qualificou o ministro de "delinquente". A
rede social de Musk anunciou o fechamento de sua representação legal no Brasil
há algumas semanas, após o Supremo decidir aplicar multas diárias de mais de R$
1 milhão por descumprimento das suas decisões.
Fonte: Sputnik Brasil
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