O que explica possível aumento de apoio a
Trump entre eleitores negros e latinos
Diferentes pesquisas
indicam que o ex-presidente americano Donald Trump poderá se tornar nestas
eleições o candidato republicano com o melhor desempenho entre eleitores negros
e latinos nas últimas
décadas.
Nos Estados Unidos, a
maioria desses eleitores historicamente vota no Partido Democrata, e isso deve
se repetir no pleito de 5 de novembro. No entanto, sondagens sugerem que a
margem de vantagem dos democratas nesses grupos poderá diminuir.
Segundo o instituto de
pesquisas Pew Research Center, em 2020 o democrata Joe Biden venceu a eleição
com o voto de 92% dos eleitores negros e 59% dos latinos. Trump, que concorria à reeleição e perdeu, levou 8% dos votos
de eleitores negros e 38% dos latinos.
Neste ano, Trump é
novamente candidato e enfrenta a vice-presidente democrata, Kamala Harris, que
poderá ser a primeira mulher negra eleita presidente nos Estados Unidos.
Ambos estão
praticamente empatados nas pesquisas gerais, mas há expectativa de que Trump
possa superar seu desempenho de 2020 entre eleitores não brancos.
Uma pesquisa do Siena
College encomendada pelo jornal The New York Times e divulgada em 25 de outubro
mostra Harris com preferência de 81% dos eleitores negros e 52% dos latinos,
enquanto Trump tem 12% e 42% respectivamente.
Sondagem da Suffolk
University para o jornal USA Today, que incluiu cinco candidatos, mostra Harris
com 72% entre eleitores negros, e Trump com 17%. Essa pesquisa dá vantagem a
Trump entre os latinos, com 49%, acima dos 38% de Harris.
Há sondagens que dão
margem menor ao republicano, como a ABC News/Ipsos, que mostra Harris com 90%
dos eleitores negros e 64% dos latinos, e Trump com 7% e 34%. Pesquisa YouGov
para a CBS News dá a Harris 87% dos eleitores negros e 62% dos latinos, e Trump
12% e 36%, respectivamente.
O último candidato
presidencial republicano a obter mais de 10% do voto de eleitores negros foi
George W. Bush, em 2004.
Muitos analistas
minimizam o significado dessas pesquisas, lembrando que várias têm amostras
pequenas, o que poderia distorcer os resultados, e ressaltando que a ampla
maioria desses eleitores continua fiel ao Partido Democrata.
Outros, porém, afirmam
que esse movimento em direção ao Partido Republicano não é repentino e já
ocorre há algum tempo, e questionam se os números atuais não apontariam para um
realinhamento racial mais profundo na política americana.
·
Homens jovens
Os supostos ganhos de
Trump nessas fatias do eleitorado parecem ser mais pronunciados entre homens e,
especialmente, entre homens jovens. Pesquisa do New York Times mostra Trump com
27% dos homens negros e 55% dos latinos na faixa etária até 45 anos.
Segundo sondagem
Reuters/Ipsos, Harris tem a preferência de 46% dos homens latinos, apenas dois
pontos à frente de Trump e abaixo dos 19 pontos de vantagem de Biden em 2020. A
mesma pesquisa dá a Trump 18% dos votos de homens negros.
No entanto, outras
pesquisas mostram que, à medida que a eleição se aproxima, a vantagem de Trump
pode estar caindo. Harris entrou na disputa apenas em julho, quando Biden
desistiu de concorrer à reeleição.
“Acho que alguns dos
números que surgiram recentemente em termos de pesquisas com homens negros são
um pouco exagerados”, diz o cientista político Michael Fauntroy, professor da
Universidade George Mason, na Virgínia.
Em um painel sobre a
participação de eleitores negros nas eleições, organizado pelo think tank
Brookings Institution, Fauntroy lembrou que levantamentos recentes, como um
realizado pela Universidade Howard, mostram o apoio dessa fatia se aproximando
“das normas históricas”.
Segundo a Associação
Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês), uma
das principais organizações de direitos civis do país, entre agosto e outubro,
o apoio a Trump entre homens negros na faixa abaixo de 50 anos caiu de 27% para
21%, enquanto a preferência por Harris saltou de 51% para 59%.
O cientista político
Fredrick Harris, professor da Universidade Columbia, em Nova York, também
participou do painel do Brookings e lembrou que “homens negros têm votado nos
republicanos em (percentuais de) cerca de 15% desde a era Reagan, se não antes”
e que a disparidade de gênero é maior em outros grupos demográficos.
A própria Harris já
descreveu em entrevistas sua suposta perda de apoio entre homens negros como
uma “narrativa da mídia”. Mas, em uma eleição que será decidida por margem
apertada, o tema tem provocado reações entre líderes democratas nesta reta
final.
“Ainda não vimos o
mesmo nível de energia e participação (…) como quando eu estava concorrendo”,
afirmou o ex-presidente Barack Obama no mês passado em visita a Pittsburgh,
cidade no Estado da Pensilvânia, um dos mais decisivos nestas eleições.
“E você está pensando
em ficar de fora?”, questionou o democrata, que em 2008 foi eleito o primeiro
presidente negro dos Estados Unidos com 95% dos votos de eleitores negros e 67%
dos hispânicos.
“Parte disso me faz
pensar — e estou falando diretamente com os homens — que você simplesmente não
está confortável com a ideia de ter uma mulher como presidente”, disse Obama.
A ex-primeira-dama
Michelle Obama tocou no assunto em Michigan, outro Estado decisivo. “Me perdoem
se estou um pouco frustrada pelo fato de alguns de nós estarem escolhendo
ignorar a incompetência grosseira de Donald Trump enquanto exigem que Kamala
nos deslumbre”, disse.
Harris reconheceu que
precisa se esforçar para conquistar os votos desse grupo, e sua campanha tem
focado mais nesses eleitores em vários eventos recentes.
·
Possíveis motivos
A possibilidade de
aumento do apoio a Trump nessa fatia do eleitorado surpreende, não apenas
porque tradicionalmente são parte importante da coalizão democrata, mas também
porque o republicano tem um histórico de declarações sobre esses grupos
consideradas ofensivas.
Críticos costumam
acusar Trump de racismo. No passado, o republicano já questionou se Obama era
realmente americano e se referiu a imigrantes mexicanos como
estupradores.
Nesta campanha, Trump
prometeu a maior operação de deportação de imigrantes ilegais já
feita e espalhou o boato infundado de que imigrantes haitianos estavam
sequestrando e comendo animais de estimação na cidade de Springfield, no Estado
de Ohio.
Em outubro, durante
comício de Trump em Nova York, o comediante Tony Hinchcliffe fez uma piada em
que descreveu o território americano de Porto Rico, onde a maioria da população
é de origem hispânica, como “uma ilha flutuante de lixo no meio do oceano”.
Essa declaração,
poucos dias antes da eleição, provocou condenações, inclusive por parte de
republicanos, e levou a campanha de Trump a se distanciar dos comentários.
Mas, apesar de a
maioria dos americanos negros e latinos votar no Partido Democrata, comumente
identificado com a promoção de diversidade e igualdade racial, esses são grupos
amplos e diversos, com diferentes opiniões políticas, onde nem todos rejeitam a
retórica ou as propostas de Trump.
Em levantamento do
jornal The New York Times em meados de outubro, antes dos comentários sobre Porto Rico,
20% dos eleitores negros e 40% dos latinos disseram que pessoas que se ofendem
com Trump “levam suas declarações muito a sério”.
Pesquisas indicam que,
entre os americanos considerados mais liberais, a maioria é branca e com alto
nível de escolaridade. Muitos eleitores negros e latinos são mais moderados ou
conservadores e também mais religiosos.
“Eu diria que homens
não brancos tendem a ser um tanto conservadores em questões sociais, e acho que
isso cria uma abertura para os republicanos”, diz à BBC News Brasil o cientista
político Todd Belt, professor da George Washington University, em Washington.
Segundo pesquisas, em
temas como religião, aborto ou imigração,
os democratas negros costumam ter opiniões mais conservadoras do que outros
grupos demográficos que apoiam o partido.
No caso da população
latina, o veterano em pesquisas políticas John Zogby ressalta que “40% se
identificam como conservadores, mas não têm necessariamente votado dessa
forma”.
“E a parcela de
eleitores latinos que mais cresce são evangélicos e ultraconservadores de
(países como) Venezuela, Nicarágua e Cuba”, ressalta Zogby, que participou de
um painel com jornalistas sobre as pesquisas nestas eleições.
·
Economia
Nesse contexto, parte
desses eleitores tem posições mais próximas do Partido Republicano do que da
agenda democrata em temas como aborto, segurança na fronteira ou aborto.
Mais de 40% dos
eleitores negros e latinos dizem apoiar a construção de um muro na fronteira
com o México e favorecer a deportação de imigrantes ilegais. E quase metade
considera a criminalidade nas grandes cidades um grande problema que está fora
de controle.
Há quase cem anos os
democratas começaram a ser identificados como o partido da classe trabalhadora,
categoria na qual se enquadram muitos americanos negros e latinos, que não têm
diploma universitário. As últimas décadas, porém, viram mudanças no eleitorado
dos dois partidos.
A parcela mais rica e
com maior escolaridade favorece cada vez mais os democratas, enquanto os
republicanos ganham terreno na classe trabalhadora. Isso ocorre ao mesmo tempo
em que, em vários países, eleitores da classe trabalhadora vêm rejeitando
políticos convencionais.
Alguns analistas veem
nesse movimento uma redução da polarização racial e um cenário no qual classe e
nível de escolaridade teriam mais peso do que identidade racial na decisão
sobre em quem votar.
Em março deste ano,
quando Biden ainda era o candidato presidencial, o colunista John Burn-Murdoch,
do jornal Financial Times, gerou debate ao publicar uma análise sobre as perdas
dos democratas entre eleitores não brancos, principalmente jovens e da classe
trabalhadora, que descreveu como um “realinhamento racial”.
Pesquisas indicam que
latinos e negros que apoiam Trump dão menos importância à sua identidade étnica
e racial do que os que apoiam Harris. Em sua campanha, o republicano costuma
enfatizar a identidade desses eleitores como cidadãos americanos.
Outro fator às vezes
citado é que muitos dos eleitores negros mais jovens cresceram depois do
movimento dos direitos civis dos anos 1960, época em que seus pais e avós
consolidaram sua lealdade ao Partido Democrata.
Alguns eram bebês
quando Obama foi eleito com a promessa de mudança e esperança. Quase duas
décadas depois, pesquisas sugerem que há entre parte desses jovens o sentimento
de que as políticas do Partido Democrata não resolveram seus problemas.
Na sondagem do New
York Times no mês passado, somente 63% dos entrevistados negros e 47% dos
latinos disseram que o Partido Democrata é o melhor em termos de “cumprir suas
promessas”.
“A economia é sempre a
questão número um”, diz à BBC News Brasil Todd Belt, da George Washington
University.
“Se você perguntar a
alguns desses homens não brancos por que estão votando em Donald Trump,
geralmente citam sua experiência empresarial e acham que ele será melhor na
economia”, afirma. “E não acham que o Partido Democrata deva continuar a
considerar seu voto como garantido.”
Os preços altos,
principalmente de alimentos e moradia, estão no topo da lista de preocupações
dos americanos neste ano. No caso dos eleitores negros, há ainda o agravante de
disparidades históricas de salário, taxa de desemprego e acumulação de riqueza.
·
Indecisos
De acordo com as
pesquisas, muitos eleitores negros e latinos ainda estão indecisos, e um dos
riscos é o de que simplesmente resolvam não votar. John Zogby, o especialista
em pesquisas, salienta que “tudo pode acontecer” nesta reta final.
“Duas ou três semanas
atrás, eu diria que Trump tinha um desempenho superior entre eleitores latinos,
particularmente da classe trabalhadora”, afirma. “Também diria que Harris
precisaria estar particularmente preocupada com (o voto de) homens negros, especialmente
os jovens.”
No entanto, segundo
Zogby, pesquisas mais recentes parecem sinalizar que Harris está obtendo “o
desempenho que precisa entre latinos, em torno de 60%”. No caso dos eleitores
negros, ele lembra que, há alguns meses, Trump chegava a ter 32% na faixa de 18
a 34 anos, mas o percentual caiu.
“Ele se sai melhor
entre homens negros jovens do que entre mulheres negras jovens, mas agora caiu
para cerca de 17% a 19%, ressalta. “Supera em muito o que outros candidatos
(republicanos) conseguiram. Mas não tenho certeza de que haja algum tipo de
realinhamento.”
Mesmo que Trump tenha
desempenho melhor do que candidatos republicanos anteriores nessa fatia do
eleitorado, a maioria deve continuar votando nos democratas. Assim, as razões
por trás dos possíveis ganhos de Trump se aplicariam somente à minoria desses eleitores.
“É um equívoco pensar
que, porque os homens negros estão se desviando ligeiramente do apoio aos
democratas, há algo acontecendo, algo está errado”, diz a cientista política
Nadia Brown, professora da Universidade de Georgetown, em Washington.
Brown, que também
participou do debate organizado pelo Brookings, diz que não vê uma lacuna tão
grande entre o voto de homens e mulheres negras, e ressalta que ambos ainda
representam a maior porcentagem de eleitores em qualquer grupo demográfico que
vota nos democratas.
“Será uma surpresa se
Donald Trump obtiver, digamos, 20% dos votos dos homens negros”, prevê. “E isso
significaria que 80% deles ainda estão votando nos democratas.”
Fauntroy, da
Universidade George Mason, diz que os esforços finais da campanha de Harris
para motivar eleitores negros nesses dias às vésperas da votação podem fazer
diferença.
“Embora o desempenho
passado nem sempre seja um indicador de resultados futuros, a história nos diz
que (no dia da eleição) provavelmente estaremos onde sempre estivemos (em
termos do apoio dos eleitores negros aos democratas)”, afirma Fauntroy.
¨
Estratégia se
concentra nas redes sociais e nos influenciadores para atrair eleitorado jovem
Eleições nos Estados
Unidos: um desafio para os candidatos em
campanha é atrair o eleitorado jovem. Para isso, a estratégia se concentra nas
redes sociais e nos influenciadores.
Foi com um post nas
redes sociais que o rumo da eleição americana de 2024 mudou: 21 de julho,
13h46. Naquele momento, acabava a campanha de Joe Biden à reeleição. Nos bastidores, correria.
A equipe à frente da
candidatura de Joe Biden à reeleição tinha contratado quase 200 funcionários
familiarizados com a linguagem e os algoritmos das redes sociais para um plano
ambicioso: transformar um homem de 81 anos em meme. Mas o plano não deu certo.
Com Kamala Harris foi
diferente. O primeiro sinal de que a campanha democrata online mudaria de
rumo também veio em um post – naquela mesma tarde. As três palavras funcionaram
como uma espécie de batismo da vice-presidente para a geração Z: “Kamala é
brat”.
A mensagem curta foi
publicada pela cantora pop inglesa Charli XCX, que em 2024 lançou um disco com
o nome “Brat”. A palavra é uma gíria em inglês que significa “pirralha”. Mas,
recentemente, se tornou sinônimo de “abrace suas imperfeições e seja do seu próprio
jeito”.
A cópia dessa mensagem
foi o primeiro post da conta rebatizada com o nome de Kamala Harris no TikTok – a rede social mais usada nos Estados Unidos. Em
poucos dias, o número de seguidores do perfil dobrou e ultrapassou a marca de 1
milhão. Hoje, são quase 5 milhões de seguidores.
"Aquele momento é
fundamental e mostra também para a campanha democrata como ter investimento e
ter capacidade de investimento é importante, mas é importante também você ter
candidatos que conseguem mais facilmente carregar essa agenda”, afirma Tiago
Ventura, professor de Ciência Social Computacional na Universidade Georgetown.
A campanha de Kamala
na internet é feita de memes. Vídeos dela dançando e rindo, usados pelos
oponentes republicanos para atacá-la, se transformaram em armas a favor da
candidata.
Enquanto a campanha
democrata investiu US$ 400 milhões em anúncios nas plataformas
digitais, a de Donald
Trump gastou um terço desse valor e tem
focado na rede social X, de Elon Musk. O bilionário é um apoiador declarado de Trump.
Transformar “likes” em
resultado nas urnas é um desafio para estrategistas políticos no mundo todo.
Nos Estados Unidos, o desafio é duplo. É preciso motivar o eleitor a sair de
casa para votar, já que o voto não é obrigatório. Em uma disputa tão acirrada
como a de 2024, o candidato que pretende ocupar a Casa Branca não pode abrir
mão de nenhum eleitor.
E, no terreno digital,
eles estão de olho em um grupo bem específico: a geração Z. São as
pessoas que hoje têm entre 12 e 27 anos: 41 milhões de americanos desse grupo
estão aptos a votar. Em uma pesquisa da Universidade de Harvard, 34% dos
entrevistados da geração Z disseram que os memes de Kamala Harris afetaram
positivamente a forma como viam a candidata. Em relação a Donald Trump, 13%
disseram o mesmo.
Em agosto, durante a
convenção que oficializou a candidatura de Kamala Harris, o Partido Democrata
fez algo inédito: credenciou 200 influenciadores digitais para que produzissem
conteúdo. Os influencers não receberam por isso e tiveram que arcar com os
custos da viagem. Tinham à disposição uma sala de criação exclusiva, com comida
e bebida liberadas, além de estrutura para gravação de vídeos.
Blair Imani é da
Califórnia. A influenciadora é registrada como eleitora do Partido Democrata,
tem mais de 818 mil seguidores nas redes sociais.
“Foi uma experiência
incrível. Fico emocionada e honrada. Meus pais estão super animados. Minha avó
faleceu recentemente e ela cresceu em uma época em que as mulheres negras não
tinham o direito de votar, não tinham acesso a espaços como este”, diz Blair
Imani.
Os marketeiros da
campanha democrata avaliaram que o material produzido pelos influenciadores
gerou uma exposição que teria custado US$ 800 milhões em propaganda digital.
"A cada eleição,
as campanhas estão tentando entender tecnologias novas. E se na campanha de
Obama foi basicamente esse o uso de dados sociais - e-mail, SMS, mensagens mais
personalizadas -, na campanha de Trump foi basicamente o uso do Twitter para
quebrar o monopólio dos grandes meios de comunicação. A campanha democrata
deste ano é sobre o TikTok e essa é a nova tecnologia. Acho que as campanhas
estão tentando entender e usar para conseguir o objetivo final, que é ganhar a
eleição”, opina Tiago Ventura, professor de Ciência Sociail Computacional na
Universidade de Georgetown.
Fonte: BBC News Mundo
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