terça-feira, 5 de novembro de 2024

"Brasil quer ser o 'xerife' da América Latina ao vetar a Venezuela no BRICS”, critica Breno Altman

O veto do Brasil à entrada da Venezuela no BRICS levantou sérias controvérsias e fragilizou as relações com o governo venezuelano de Nicolás Maduro, tradicional aliado latino-americano, segundo apontou o analista político Breno Altman no programa 20 Minutos Análise, do Opera Mundi. Altman defende que a decisão do governo Lula, tomada durante a recente cúpula do BRICS em Kazan, Rússia, representa uma "quebra de confiança" e marca uma postura inédita de interferência na política interna de um país vizinho.

"Ao vetar a Venezuela, o Brasil adota uma postura de 'xerife' da América Latina, papel que historicamente sempre repudiamos e criticamos nos Estados Unidos," argumenta Altman. Para ele, a exclusão da Venezuela é um movimento que compromete o espírito do BRICS e fere a tradição anti-imperialista que sempre foi cara ao PT e aos governos de esquerda na região.

Durante a reunião em Kazan, o chanceler brasileiro Mauro Vieira havia garantido à vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, que não haveria veto, o que tornou o posicionamento brasileiro uma surpresa desconcertante. Altman destacou que, embora o governo brasileiro tenha alegado "quebra de confiança" pelo fato de Maduro não apresentar as atas desagregadas das eleições venezuelanas de julho, essa justificativa não se sustentaria, já que o pacto de Barbados, firmado entre o governo e a oposição da Venezuela, não incluiu a submissão da soberania eleitoral venezuelana ao julgamento de outros países.

Segundo Altman, a decisão também aponta para uma possível pressão dos Estados Unidos sobre o Brasil, especialmente diante da aproximação de Lula com a China e das recentes negociações sobre a Nova Rota da Seda. Altman observa que os Estados Unidos expressaram abertamente desconforto com a ideia de um pacto Brasil-China, o que pode ter influenciado a decisão de Brasília. Para o analista, essa posição pendular do Brasil pode resultar em um enfraquecimento de sua política externa, colocando em risco a liderança brasileira na região.

Em resposta ao veto, o presidente russo Vladimir Putin mencionou a "divergência" com o Brasil e apelou para que os dois países restabeleçam relações amistosas. Altman critica a atitude do Brasil como "imperdoável" e questiona os rumos da política externa do governo atual, ao considerar que o veto à Venezuela não contribui para os objetivos estratégicos de integração latino-americana e multipolaridade, sendo uma "traição à luta anti-imperialista."

Para o analista, ao colocar os interesses internos e externos dos Estados Unidos à frente da integração e solidariedade latino-americanas, o Brasil "quebra a confiança de aliados históricos" e deixa de lado um país que "esteve ao lado do PT durante os momentos mais difíceis", incluindo o golpe de 2016 e a prisão de Lula.

<><> Venezuela intensifica ataques a Lula e ao Itamaraty

A agência de notícias estatal da Venezuela divulgou, neste domingo (3), uma charge insinuando um suposto envolvimento obscuro do Ministério das Relações Exteriores do Brasil com a embaixada dos Estados Unidos no país. O ataque surge em meio à intensificação da crise entre o governo brasileiro e o regime de Nicolás Maduro e está acompanhada de ataques ao Itamaraty.

Segundo o Metrópoles, o artista Vicman, responsável pela charge, utilizou o termo "Itamaraty pitiyankee", uma expressão jocosa que faz referência aos americanos e que tem origem na maneira como os britânicos costumavam se referir aos colonos dos Estados Unidos. A provocação coincide com o descontentamento da Venezuela após a divulgação da lista de convidados para o bloco BRICS, onde o país não foi incluído.

Nas charges, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é retratado dentro de um cavalo de Tróia, uma alegoria que sugere manipulação, insinuando que Lula se disfarça de aliado da Venezuela enquanto, na verdade, atende a interesses estadunidenses. Vicman descreve a situação com a frase “nada que surpreenda”.

Ainda de acordo com a reportagem, em outra ilustração, Lula emerge de um armário, vestido com um terno estampado nas cores da bandeira dos EUA, com Vicman comentando: “Que nojento esse velho é, mas pelo menos ele saiu do armário”. Em uma terceira charge, o presidente observa Maduro e o presidente russo Vladimir Putin, ambos se cumprimentando, enquanto usa um chapéu simbólico dos Estados Unidos.

A quarta e última charge apresenta Lula ao lado dos presidentes da Argentina, Javier Milei, e do Chile,  Gabriel Boric, todos retratados como cachorros de estimação de uma figura envolta na bandeira americana, com Vicman se referindo a eles como "a ninhada pitiyankee". Apesar de suas diferenças ideológicas, Milei e Boric são críticos do regime de Maduro.

A escalada na crise diplomática entre os dois países se intensificou após Maduro convocar o embaixador Manuel Vadell a retornar a Caracas, após o Brasil vetar a entrada da Venezuela no BRICS. No mesmo dia, o governo venezuelano emitiu um comunicado que condenava as recentes posturas do Brasil e criticava o ex-chanceler Celso Amorim, que, segundo o texto, “comporta-se mais como um mensageiro do imperialismo norte-americano”.

Amorim, considerado um dos principais assessores do presidente Lula em política externa, declarou em uma reunião da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados que a Venezuela não atende aos critérios necessários para a inclusão no bloco.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil respondeu às críticas venezuelanas, afirmando ter recebido com “surpresa” o tom “ofensivo” das declarações. O governo brasileiro ressaltou que a opção por “ataques pessoais e escaladas retóricas” não reflete a maneira respeitosa como o Brasil se relaciona com a Venezuela e seu povo.

 

¨      Brasil à procura de um novo posto na política mundial. Por Alexandre Busch

Por estes dias, a diplomacia brasileira terá muito o que fazer: no prazo de um mês, transcorrem diversos encontros importantes, nos quais o país terá que definir sua posição futura na política mundial.

Os eventos são de alto gabarito, a começar pela recente cúpula do Brics+ na Rússia, a primeira desde a ampliação da aliança internacional. O fórum da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), no Peru (de 10 a 16 de novembro), é importante para a integração do Brasil na América do Sul e no mercado asiático. O país ainda é o anfitrião da cúpula do G20 no Rio de Janeiro (em 18 e 19 de novembro); e, imediatamente após, o chefe de Estado da ChinaXi Jinping, estará de visita, por ocasião do 50º aniversário das relações sino-brasileiras.

Parte-se do princípio que nessas ocasiões o Brasil procurará demonstrar uma posição neutra do ponto de vista geopolítico, comparável ao papel de um país não alinhado a um bloco. Perante o agravamento dos confrontos mundiais, a empreitada será difícil, e decepcionará muitos que esperam do governo de Luiz Inácio Lula da Silva um posicionamento político claro no âmbito internacional.

Assim, ao tomar o partido da Rússia, Venezuela e dos palestinos, ele perdeu simpatias nos Estados Unidos e na União Europeia. O "plano de paz" para a Ucrânia apresentado conjuntamente por Brasília e Pequim, que acima de tudo leva em consideração os interesses russos, reforçou as dúvidas do Ocidente democrático.

Ao mesmo tempo, porém, o Brasil tem resistido às tentativas da China de abraçá-lo. Esta pressiona pela assinatura de um acordo para a Nova Rota da Seda, a fim de facilitar o acesso de investidores chineses; enquanto Brasília deseja acesso à tecnologia e compromissos de investimento confiáveis – que até agora Pequim nem ofereceu, nem quer garantir.

Além disso, o país está negociando com a potência asiática a partir de uma posição de força: apesar de ser a maior parceira comercial do Brasil, justamente devido a sua confrontação com os EUA, a China depende de importar alimentos e petróleo brasileiro.

Até que ponto o Brasil conseguirá se manter "neutro" no futuro, não é algo que se decida só em Brasília, mas também junto com os desdobramentos políticos, por exemplo das eleições presidenciais americanas ou do decorrer da crise econômica chinesa.

<><> Governo Lula quer ser realmente neutro?

A neutralidade brasileira poderá se tornar importante se o cabo-de-guerra entre novas e antigas potências se acirrar: o país quer e deve continuar realizando negócios e mantendo o diálogo com todo o mundo. E, apesar de, nos últimos dez anos, ter perdido relevância na economia mundial, ele ganhará peso como exportador.

Enquanto produtora e fornecedora global de alimentos, matérias-primas industriais, e energia convencional e sustentável, a economia brasileira deve recuperar importância – certamente como exportadora, possivelmente também como locação para empresas estrangeiras à busca de sítios neutros para seus investimentos em todo o mundo.

Entretanto existe o risco de que o governo Lula não deseje realmente permanecer neutro. Quem viu a ex-presidente Dilma Rousseff brincando animadamente com Vladimir Putin na cúpula russa do Brics+, pode se perguntar se, no fim das contas, Brasília não se sente muito melhor na ala "anti-imperialista" do que no Ocidente democrático.

Precisamente devido a esse posicionamento antiocidental, Dilma está no seu elemento, como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco do Brics. Isso ficou confirmado quando, recentemente, ela recebeu a mais alta distinção da China. Tais gestos da ex-mandatária não transpiram neutralidade.

Nas próximas semanas, o governo brasileiro e sua diplomacia têm que mostrar de que lado estão, politicamente. Perante tal quadro, torna-se ainda mais importante uma conclusão do acordo de livre-comércio Mercosul-União Europeia, pois ambos os lados sairiam ganhando: com a criação da maior comunidade econômica do mundo, elevariam sensivelmente seu peso geopolítico.

Isso é no interesse tanto da América do Sul quanto da Europa, já que nos últimos tempos essas duas regiões perderam significado geopolítico. Juntas poderão ter mais força.

 

¨      O veto do Brasil à Venezuela (e ao Brics+): irracionalidade e atavismo políticos. Por Roberto Numeriano

O Brasil ainda não é uma nação, se aplicarmos o devido rigor conceitual, nos  termos da Teoria Geral do Estado, ao significado do vocábulo. É apenas um país, noção semanticamente mais aberta, fluída e, por isso mesmo, melhor aplicável à condição  brasileira. Historicamente, considero ter existido no país um projeto de nação durante o  Império, sob D. Pedro II, e durante a era Vargas, mediante as quais houve uma concepção,  esboçaram-se projetos e, até certos limites, foram realizadas agendas reformistas /  revolucionárias profundas. 

A referida asserção é sustentável já a partir do caráter político-ideológico  dominante da sua elite, profundamente reacionário à identidade social e antropológica da  formação brasileira. Se houver algum atavismo (quase, por assim dizer, uma marca  filogenética), para explicar o comportamento dessa elite, creio ser possível identificá-lo  em a) sua submissão a poderes políticos externos objetivamente adversários dos  interesses geopolíticos e geoeconômicos nacionais; b) seu racismo em face da massiva  miscigenação entre os três grandes vetores étnico-raciais; c) sua síndrome do que  denomino de “vergonha das origens”, relativamente à colonização portuguesa  (supostamente negativa se comparada ao que seria à exploração (expropriação) “ideal”,  pois calvinista e anglo-saxã); d) seu arraigado preconceito à cultura e religiosidade  populares, sobretudo se expressão de fontes negras, índias e brancas, menos ou mais  sincréticas no imaginário e prática sociais; e e) sua repulsa / nojo às classes assalariadas,  “horda” de preguiçosos, estúpidos e bastardos sociais que representariam a razão do  “atraso” brasileiro ancestral. 

Peço desculpas pelo intróito talvez longo, mas, como cientista que tenta explicar fenômenos focando na racionalidade do ator político, considero que a decisão do  presidente Luiz Inácio em vetar a integração da Venezuela e da Nicarágua ao Brics+,  durante a cúpula de Kazan, só pode ser analisada nos termos daquela conjunção de fatores atávicos personificados na elite brasileira. De fato, algumas delas (senão todas), explicariam, no caso, a profunda irracionalidade dos vetos, os quais são, a rigor, um veto  ao Brics+ como bloco e, subliminarmente, um veto à Rússia, à China e ao Irã. 

Se não é possível, imediatamente, discernir os efeitos mais importantes da decisão  (a referência àquelas três potências energéticas / petrolíferas e bélicas não é casual),  podemos especular suas causas, pois também por meio da Ciência Política (assim como  pela Psicologia) é possível deduzir as “razões da loucura” dos dirigentes de Estado.  Sempre como suposição, vou considerar quatro causas incidentes nos vetos, a saber: a)  um "conselho” / acordo advindos, provavelmente, da Casa Branca**; b) uma  “demonstração de força” na escalada das tensões entre os dois Estados; c) um ato de  vaidade política onipotente e arrogante; e d) um sinal ao eleitorado reacionário e à elite  integrante da frente de governança que o Executivo se dispõe a aplicar e prova, na prática,  sua adesão às agendas não apenas econômicas, mas também político-ideológicas da  direita / extrema-direita. 

Essas causas não se excluem, entre si. E arriscaria considerar, aqui, que elas  convergiram in totum para um ponto de virada, fatal e irreversível, na história da  “esquerda” petista e na história política de Luiz Inácio; virada a qual desnudou realeza e  reinado nos limites de um perjúrio ideológico que não é difícil vislumbrar na ascensão do  PT ao poder. Não é defensável, sob qualquer hipótese, o veto à Venezuela, à Nicarágua e  ao Brics+. Nas linhas a seguir, ao resenhar as referidas causas, vou tentar demonstrar a  dimensão radicalmente irracional da decisão, e como, per se, ela se conecta ao  comportamento histórico da elite do país. Elite contra a qual, diga-se de passagem, o  antigo operário Lula construiu, com pregações até radicais, sua carreira de profissional  da política.

Numa perspectiva puramente hipotética, não é exagero afirmar que o duplo veto  brasileiro se articula com os interesses estratégicos dos Estados Unidos na região:  bloqueia a ascensão política e econômica da Venezuela ao Brics+ e seu fortalecimento na  própria América do Sul e Central; golpeia o Presidente Nicolás Maduro, enfraquecendo 

o perante a oposição de direita / extrema-direita, no país e no exterior; e demonstraria  que, abaixo da Linha do Equador e dos Estados Unidos, a única subpotência regional é (e  só poderá ser) o Brasil. Ora, sob qualquer desses aspectos o veto seria irracional, dado  que enfraquece a confiabilidade do Brasil no interior do bloco, desmoraliza o PT como  partido progressista e o presidente Luiz Inácio como líder solidário e de “esquerda” no  contexto do Sul global e das agendas anti-imperialistas.

Se na guerra é sempre aconselhável deixar ao inimigo uma via de escape para suas  tropas baterem em retirada, cercar e massacrar politicamente o governo venezuelano – é  disso que se trata, ao fim e ao cabo, para além de teorias à “esquerda” que tentam salvar  as aparências –, é apostar na sua capitulação absoluta, sem mediações de armistício. A  elite bolivariana nunca se rendeu ou temeu aos Estados Unidos. Por que se renderia à elite  brasileira, em geral tosca, predatória, pró-imperialista e essencialmente reacionária /  fascista? Acuado, denunciando traição à luta anti-imperialista e os ataques à soberania do  país, o governo venezuelano saiu em contra-ataque. Já há um grande derrotado nessa  escalada que o governo brasileiro / Casa Branca decidiram bancar. E não é o Presidente  Nicolás Maduro. Nem o Departamento de Estado norte-americano. 

Outra consideração pertinente para tentar avaliar a irracionalidade do veto se  circunscreve à dimensão da persona do ator político. Maquiavel, fundamentalmente,  discorreu em suas análises sobre a dimensão da vaidade do “Príncipe”, para além das  razões de Estado, como variável poderosa a guiar (ou desviar) a decisão política. Daí ser  necessário contemplá-la, sem falsos pudores, no exame do veto amplo, geral e irrestrito  ao Brics+ e à Venezuela / Nicarágua. Na crítica do sábio florentino ao perigo da arrogância / onipotência do “Príncipe”  está implícito um conselho: se o homem de Estado cede à paixão / hybris da sua natureza  humana, ele tende a julgar / decidir como se estivesse acima do bem e do mal. Em  momentos assim (e a dedução, agora, é exclusivamente minha), seu pensamento será  sempre irracional, ainda que o resultado da decisão lhe seja benéfico. Não é necessário  qualquer exame mais profundo para perceber essa dimensão pessoal, terra a terra, como  um fator igualmente forte para submeter e humilhar politicamente a Maduro / Venezuela.  O ato enfraquece a potencial projeção de poder do Brics+ na região, manieta a Venezuela,  rebaixa a influência do Brasil como subpotência, levanta suspeitas sobre o real papel  político de Luiz Inácio no processo multipolar e fortalece os Estados Unidos em termos  geopolíticos, econômicos e ideológicos na sua cruzada para barrar o Brics+ no Atlântico  Sul. Diante disso tudo, só o fanatismo político mais radical e beócio poderá ver na decisão  do “Príncipe”, mito infalível e preclaro, um golpe de maestria política.

No limite, a decisão só se explicaria racionalmente em cotejo com o item (d).  Tratar-se-ia, a rigor, de um sinal / prova de que o Executivo está disposto a transigir sobre  qualquer agenda (à exceção, é claro, dos sacrossantos “princípios identitaristas”, únicas  cláusulas pétreas da gestão). Em outras palavras, derrotar o movimento bolivariano e “encoleirar” o Brics+ no espaço geopolítico e geoeconômico sul e centro-americano só é  racional no âmbito estreito das alianças para dentro do governo de “frente ampla”. Para a  elite ideológica hegemônica na direção do PT e na condução do Executivo, esse seria o  jogo possível e pragmático. A agenda econômica neoliberal de Haddad / Luiz Inácio  assim o demonstra, desde sempre. 

Nos dois anos que restam ao governo, não há outro caminho senão aprofundar o  ponto de virada, a despeito do choro e ranger de dentes dos iludidos com o programa da  chapa presidencial de 2022. Pelos sinais das urnas nas eleições de 2024, não haverá  presidência petista no dia 1º de janeiro de 2027. Mas haverá Nicolás Maduro no governo  da Venezuela, encaminhando-se ao Brics+ (se a Casa Branca não derrubá-lo via golpe de  Estado, enquanto a gestão Luiz Inácio pede a recontagem dos votos). Putin e Xi Jinping  não são amadores. Façam suas apostas. 

 

Fonte: Brasil 247/DW Brasil

 

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