O combate a incêndios florestais frente à
mudança climática
As chamas devastam as
florestas há milhões de anos, mas os incêndios florestais que assolam o Brasil
e vários outros países do mundo são sem precedentes, queimando por mais tempo e
a temperaturas mais altas, em parte devido às mudanças climáticas.
A menor incidência de
chuvas e as secas mais prolongadas deixam as florestas tão ressecadas que a
simples queda de um raio pode gerar um pequeno foco, que rapidamente se
transforma em um inferno antes que equipes de combate ao fogo consigam conter
os danos.
O Brasil enfrenta
atualmente a maior seca da história, segundo o Centro Nacional de Monitoramento
de Desastres Naturais (Cemaden) divulgou no final de agosto. O número recorde
de focos de incêndio fez também com que a fumaça, oriunda principalmente do fogo
na Amazônia, encobrisse o céu em todo o país. Metereologistas acreditam que ela
possa chegar à Argentina e ao Uruguai. E o Brasil concentra atualmente 76% dos
incêndios em toda a América do Sul, com mais de 5 mil focos em todo o país.
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Incêndios no mundo
No início de agosto,
grandes incêndios consumiram florestas no oeste do Canadá e dos Estados Unidos,
forçando a retirada de dezenas de milhares de habitantes. Alimentado pelo vento
e o calor, o foco da Califórnia já é maior do que Los Angeles medindo mais de
1.200 quilômetros quadrados.
No Canadá, um incêndio
que se deslocou rapidamente devastou Jasper e o parque nacional circundante, na
província de Alberta, destruindo pelo menos um terço dos edifícios da cidade. O
parque é parte de uma área declarada Patrimônio Mundial pela Unesco, e conhecido
por suas Rocky Mountains.
"Qualquer
bombeiro vai lhe dizer que há pouco ou nada a fazer quando uma parede fogo como
essa está vindo na sua direção", afirma Mike Ellis, secretário de
Segurança Pública de Alberta. "Ninguém antecipou que o incêndio viria tão
rápido, tão grande assim."
Fogo alimentado pela
mudança climática já devastou o Canadá em 2023, consumindo cerca de 18,4
milhões de hectares de vegetação e lançando gigantescas nuvens de fumaça sobre
partes dos EUA. Em meados do mesmo ano, grandes incêndios irromperam igualmente
na Itália, Grécia e Espanha.
Do outro lado do
mundo, os megaincêndios na Austrália em 2019 e 2020 devastaram quase 24 milhões
de hectares, queimando também florestas que anteriormente eram capazes de
resistir ao fogo.
Enquanto continuarmos
a aquecer o planeta com a queima de combustíveis fósseis, a tendência é que a
ocorrência desses incêndios se agrave, colocando em risco vidas humanas e de
animais selvagens.
"Não estamos no
caminho certo para a redução de riscos", afirmava, em agosto de 2022,
Hamish Clarke, pesquisador da escola de ecossistemas e ciências florestais da
Universidade de Melbourne, na Austrália. "Precisamos urgentemente mudar de
rumo e reduzir de maneira séria as emissões de gases causadores do efeito
estufa."
Clarke é coautor de um
artigo sobre o risco de queimadas na Austrália, segundo o qual "as
mudanças climáticas excedem a capacidade de adaptação de nossos sistemas
ecológico e social". No texto, os autores afirmam que o gerenciamento de
incêndios florestais chegou a uma "encruzilhada".
Relacionamos abaixo
três áreas fundamentais nas quais o gerenciamento de incêndios tenta se adaptar
à nova realidade climática.
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Combater fogo com fogo
A queima controlada ou
"prescrita" da vegetação de florestas, realizada com maior frequência
nos meses mais frios do ano, ajuda a diminuir os danos dos incêndios florestais
no verão ao reduzir a quantidade disponível de lenha e gravetos capazes de dar
impulso ao fogo.
Em nações propensas a
incêndios como Estados Unidos, Canadá, Austrália, França, Portugal, Espanha e
África do Sul, essa estratégia de gerenciamento do fogo vem sendo testada e
utilizada há décadas.
Também chamada de
redução de danos, a técnica é "bastante eficiente em diminuir a
intensidade e a gravidade dos incêndios", afirma Víctor Resco de Dios,
professor de engenharia florestal da Universidade de Lleida, na Espanha.
Mas, para que possa
ser um antídoto eficaz, a queima controlada sob temperaturas amenas deve ser
feita em uma "escala espacial bastante grande", afirma o engenheiro
florestal.
Na Europa, onde
especialmente os países da região do Mar Mediterrâneo, como a Grécia, sofrem
incêndios florestais bastante graves durante o verão na região, Resco de Dios
sugere que uma redução substancial dos riscos exigiria uma queima controlada em
uma área de 1,5 milhão de hectares.
Contudo, um problema
atual da queima controlada é o aumento dos riscos em razão dos efeitos gerados
pelas mudanças climáticas.
Após uma operação de
queima controlada do Novo México, em maio de 2022, ter se transformado num dos
piores incêndios florestais da história do estado americano, o Serviço
Florestal dos EUA anunciou a suspensão dessas operações nas florestas nacionais
em todo o país, mesmo que aquele tenha sido um caso raro.
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Queima de baixa intensidade pelos povos originários
Durante milhares de
anos, antes das invasões europeias, os povos originários dos EUA e da Austrália
utilizavam uma forma de queimada controlada para reduzir a vegetação
inflamável.
Eles praticavam uma
"queima de baixa intensidade" nos meses mais frios para reduzir a
ameaça de incêndios que criava um terreno com um tipo de cobertura de grama
amadeirada, semelhante a um parque, que também preservava a biodiversidade.
Isso foi descrito
pelos autores de um artigo de 2022, que também destacaram o "risco
catastrófico gerado pelo gerenciamento não indígena de controle de
queimadas", no qual o fogo é suprimido em vez de ser gerenciado.
A negação das técnicas
indígenas significa que "as florestas australianas possuem mais material
inflamável do que antes da invasão britânica", disseram os pesquisadores.
Desde que retomaram a
posse de suas terras nativas nos anos 1990, os povos aborígenes vem praticando
com sucesso o gerenciamento de incêndios na região de Kimberly, no norte da
Austrália, durante a estação de tempo frio e seco.
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Vigilância com satélites e drones
Ainda que o melhor
seja a prevenção, a tecnologia se torna cada vez mais importante no combate aos
megaincêndios.
Satélites
administrados por agências como a Nasa ajudam as equipes de bombeiros a se
manterem atualizadas em relação à movimentação das chamas ao redor do planeta.
Mais recentemente, os drones se tornaram uma importante ferramenta de combate
ao fogo.
Um projeto em
andamento na Finlândia, onde 75% da superfície é coberta por florestas, vem
tornando mais fácil rastrear os incêndios em fase inicial.
"Desenvolvemos
uma tecnologia de drones através da inteligência artificial para detectar com
rapidez os incêndios florestais e possibilitar o conhecimento da situação no
combate às chamas", explica a professora do Instituto de Pesquisa Geoespacial
(NLS) da Finlândia, Eija Honkavaara, que integra o grupo de pesquisa do projeto
chamado de Consórcio FireMan.
Após a queima de 400
mil hectares de floresta na Europa em 2019, foi registrado um aumento de 25% no
ano seguinte. Víctor Resco de Dios calcula que a região da Europa Central, mais
quente e seca, "começará a vivenciar megaincêndios nas próximas décadas".
"Os drones podem
nos ajudar a fornecer informações em tempo real sobre como a linha de fogo
progride e o quão altas são as chamas", afirma Honkavaara.
Ao mesmo tempo em que
os drones fornecer informações em tempo real, também são equipados com sensores
que podem enxergar através da fumaça para detectar a dimensão exata de um
incêndio. O único obstáculo é a necessidade de uma conexão sólida de internet móvel
em áreas remotas.
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Proteger as florestas dos efeitos do clima
"Incêndios
florestais ocorrem na Terra há 420 milhões de anos, a vegetação está adaptada a
eles", sublinha Victor Resco de Dios. Mesmo assim, as propriedades
regenerativas das florestas podem não ser mais suficientes.
Especialistas avaliam
que os ecossistemas de florestas recém-vulneráveis precisam ser adaptados aos
incêndios frequentes através do plantio de espécies mais resistentes ao clima e
à seca.
"Devemos levar em
conta o clima no futuro e plantar espécies de locais mais secos", aponta
Resco de Dios. "Isso quer dizer que não devemos plantar espécies nativas,
mas aquelas que crescem em regiões mais quentes, que conseguirão se adaptar ao
clima das próximas décadas."
Após um inquérito
sobre os incêndios no verão de 2019-2020 na Austrália, pesquisadores concluíram
que a "regeneração efetiva" de mais de 250 espécies de plantas se
tornou menos provável devido à maior frequência de incêndios florestais em seus
habitats.
"Devemos
considerar que, até a virada do século, o clima se tornará inadequado para
muitas espécies que crescem atualmente, e temos que começar a nos planejar para
isso", destaca Resco de Dios.
Isso deve exigir um
monitoramento da regeneração das florestas décadas após elas queimarem.
"Se apenas plantarmos árvores e nos esquecermos delas, estaremos plantando
futuros incêndios florestais", alerta.
¨ Seca e ribeirinhos revelam fósseis de gigantes na Amazônia
Debaixo de um
limoeiro, uma peça rara aguarda seu destino. É um pedaço das vértebras de um
Purussaurus, o maior jacaré que pisou no planeta e viveu na Amazônia há mais de 10
milhões de anos. Gerimar do Nascimento guardou a relíquia a poucos metros de
sua casa, às margens do rio Purus, no sul do Amazonas. Ela estava à mostra num
barranco quando foi avistada pelo ribeirinho do seu barco durante um trajeto corriqueiro
que percorre sempre quando vai para Boca do Acre, cidade mais próxima.
"Eu vi aquela
parte de osso e sabia que não era do nosso tempo", conta Geri, como é
conhecido na região.
No quintal de sua
casa, ele acompanha atentamente a explicação de tudo o que a ciência feita na
Amazônia já registrou sobre aquela espécie. Quem relata as descobertas
científicas é Carlos D'Apólito, professor do Centro de Ciências Biológicas e da
Natureza da Universidade Federal do Acre (Ufac), que fez questão de ir até a
comunidade resgatar o fóssil e compartilhar o conhecimento.
"São três
vértebras articuladas. Não é comum achá-las assim, uma do lado da outra",
diz D'Apólito sob o pé carregado de limão. "Isso pode ajudar a ciência a
entender melhor a anatomia da espécie, entender em que parte da coluna
vertebral ela estaria", continua.
Dali, a peça será
transportada até o Laboratório de Pesquisas Paleontológicas da Ufac, em Rio
Branco, será estudada minuciosamente e pode ajudar no avanço do conhecimento. O
nome de Geri agora vai aparecer junto com aquela parte do Purussaurus. Esse é
um dos raros casos em que a identidade de quem localizou um fóssil é conhecida
e documentada, diz o pesquisador.
"Existe uma
parcela do trabalho de campo que acaba sendo feito por pessoas que não são
formalmente paleontólogos, que ficam como invisíveis, e que, às vezes, não
aparecem nem nos agradecimentos", afirma D'Apólito.
Feliz com o
reconhecimento e especialista na navegação daquele trecho do Purus, Geri diz
ter certeza de que há mais para ser revelado de onde ele retirou aquelas
vértebras.
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Fósseis nas barrancas
Perto do local, um
grupo de sete pesquisadores concentra as buscas por vestígios de vidas
passadas. Eles fazem parte da expedição liderada por D'Apólito e se surpreendem
a cada remexida na terra.
A temporada seca na
Amazônia é a época em que os paleontólogos deixam os laboratórios e saem para a
coleta com boas chances de localizarem fósseis nas margens expostas. O nível do
Purus nesta temporada está bem abaixo da média, dizem os barqueiros que transportavam
a equipe durante os três dias de campo. O Brasil enfrenta atualmente a maior
seca da história, segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres
Naturais (Cemaden).
Outras partes do
jacaré gigante estão por ali: vértebras isoladas, crânio, dentes. A espécie,
chamada de Purussaurus brasiliensis, o "réptil brasileiro do
rio Purus", foi batizada pelo botânico João Barbosa Rodrigues, em 1892.
Ele fez a descrição a partir de um pedaço de mandíbula encontrado nas
barrancas, mas, até hoje, não se sabe bem em que circunstâncias o fóssil foi
encontrado e sua localidade exata.
Os pesquisadores desta
expedição sabem bem onde estão. As buscas acontecem perto de uma faixa de terra
reivindicada pelo povo Apurinã. Acostumados a ver fósseis ali quando o rio
baixa, os indígenas acreditam que são ossadas antigas despejadas por uma cobra
gigante que devora animais e que se esconde no Purus.
Sentado no barranco,
Edson Guilherme, professor da Ufac, se espanta com o que acaba de desenterrar.
É o crânio de uma tartaruga com duas órbitas oculares, narina e mandíbula
associada – uma espécie ainda desconhecida da ciência. "Somos os primeiros
seres humanos a ver o crânio desta espécie no mundo. Isso é emocionante",
diz Guilherme, embalando o fóssil com cuidado para que resista ao transporte.
Camila Inara Silva,
aluna de mestrado da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), é a estreante da
turma. As aulas em campo com os mais experientes fazem ela ter certeza de que a
paleontologia é o caminho que quer seguir.
<>< Portal
para o tempo
O veterano Alceu Ranzi
também se impressiona com o crânio inédito encontrado. Aposentado depois de
atuar mais de trinta anos na UFAC, ele acompanha o grupo que reúne várias
gerações de paleontólogos dedicados a decifrar as espécies extintas e
soterradas debaixo da Floresta Amazônica.
O local onde Ranzi
caminha é um afloramento de uma deposição do Mioceno, período geológico que a
Terra viveu entre 23 milhões e 5 milhões de anos atrás. O planeta estava mais
quente e esta região amazônica era um grande pantanal, com lagos imensos que abrigavam
Purussaurus e outros gigantes. Com fragmentos fósseis na mão, Ranzi imagina o
cenário em que esses animais conviviam – ou competiam. "Estamos caminhando
no fundo de um grande lago. Aqui tinha uma fauna riquíssima: jacarés,
tartarugas, preguiças, roedores, todos gigantes", diz Ranzi.
No Mioceno, os dinossauros tinham sido
extintos há cerca de 40 milhões de anos. Os seres humanos ainda não existiam.
Os crocodilos, que dividiram o terreno com os dinossauros e são parentes do
Purussaurus, se adaptaram e sobreviveram, assim como os grandes mamíferos. A
Floresta Amazônica exuberante, possivelmente, ainda não existia.
"Quando esta água
dos grandes lagos drenou e os rios se formaram, se encaminharam descendo dos
Andes até o Atlântico, esta área perdeu a umidade e a floresta cobriu tudo. Só
ficou o caminho dos rios atuais", explica Ranzi.
Ele segura agora parte
do fêmur de uma preguiça gigante. Ela pesava várias toneladas, caminhava pelo
chão e era herbívora. Diversas espécies desses animais terrícolas gigantes
existiram por milhões de anos, inclusive na época do Purussaurus.
"Ela
possivelmente veio tomar água neste lago e um Purussaurus estava à espreita e a
devorou. É por isso que aparecem fossilizadas dentro de um lago – porque esse
não é o ambiente delas. Elas foram trazidas ou predadas aqui", imagina
Ranzi.
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"Uau"
De todas as preguiças
conhecidas, a Eremotherium laurillardi foi a maior. Ela pesava
cerca de cinco toneladas e media aproximadamente seis metros de comprimento. Em
pé, alcançava quase cinco metros de altura. Essa espécie viveu num período mais
"recente" da história da Terra, entre 2,6 milhões e 10 mil anos
atrás.
São partes desse
animal que D'Apólito recebe em caixas de papelão em Boca do Acre durante a
expedição. Elas foram localizadas por um casal de idosos na comunidade de
Maracaju 2, a cinco horas de barco da cidade na época seca. Eles encaminharam
os fósseis para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMbio), que guardou as peças até a chegada dos pesquisadores.
A tíbia bem conservada
da Eremotherium laurillardi impressiona e intriga os moradores
da cidade que assistem à cena da entrega às margens do Purus. D'Apólito explica
à plateia curiosa que aquela preguiça gigante andou por ali e chegou a conviver
com seres humanos. A reação em coro é: "Uau".
Desta vez, o
pesquisador não consegue visitar os coletores desses fragmentos devido à
distância, mas responde à curiosidade dos ribeirinhos. "É uma preguiça que
estava aqui por volta de 20, 15, 10 mil anos atrás. E eles eram grandes, muito
grandes. Muito obrigado pelos fósseis, pela coleta, nós recebemos o
material", diz a mensagem de voz enviada ao casal ribeirinho.
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Passado esclarecido para entender o futuro
Foram doações como
essa que iniciaram a coleção que o laboratório da Ufac mantém desde meados dos
anos de 1970. Muitas das atuais 10 mil peças foram recebidas por Jonas Pereira
de Souza Filho, paleontólogo aposentado e ex-reitor da universidade.
Aluno de Ranzi, Souza
Filho fez seu primeiro trabalho de campo em 1986 na fronteira com o Peru e teve
uma grande estreia: encontrou o crânio de Purussaurus mais completo que se
conhecia. O fóssil, hoje exposto no museu da universidade, foi retirado com ajuda
das marteladas de Marinho, como o grupo chamava o barqueiro local que guiava a
expedição.
"Até então, os
fósseis na Amazônia eram explorados apenas por pessoas que vinham de
fora, levavam as peças e
não deixavam registros no local. Nós começamos a colocar a paleontologia da
Amazônia no mapa do Brasil e do mundo", avalia o acreano Souza Filho,
lembrando o trabalho pioneiro do professor Ranzi.
Na ânsia de decifrar a
história da vida na Amazônia, os pesquisadores também conseguem compreender melhor o presente e
até projetar o futuro. A ciência mostra, por exemplo, que mudanças climáticas ocorreram
antes da presença do homem no planeta, mas nada se compara ao que tem
acontecido na Terra desde a era industrial. A temperatura média global subiu
1,4 °C nos últimos 200 anos e o clima está se alterando rápido demais.
"Não dá tempo de
a natureza acompanhar a evolução e ir se adaptando. Aconteceu algo no tempo dos
dinossauros tão grave que eles não conseguiram se adaptar. A mudança hoje é tão
grande que tudo está sucumbindo. O perigo é de levar à extinção, e não à
adaptação. E o que foi extinto não retorna mais", pontua Ranzi.
Em sua comunidade às
margens do Purus, Geri se preocupa ao ver o rio tão seco, o calor excessivo e a
fumaça constante das queimadas. Ele diz que a descoberta do fóssil do
Purussaurus reacendeu nele o antigo desejo de estudar para entender como este
passado se relaciona com o momento atual.
"É um sonho.
Preciso fazer uma faculdade para me especializar na área. Terminei o ensino
médio com mais de 30 anos e me sentia velho para fazer uma faculdade. Mas esse
encontro fez eu voltar a ter esperanças", diz à DW.
Fonte: Deutsche Welle
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