sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Movimento é prevenção: como o exercício pode combater o câncer de próstata

A obesidade e o excesso de peso são a segunda maior causa de câncer de próstata, depois do tabagismo. Sendo assim, vários estudos sugerem que os homens que praticam atividade física regular têm menos probabilidades de desenvolver o câncer, pois o exercício influencia a redução do peso e da composição da gordura corporal, melhorando significativamente o estado inflamatório do corpo.

Estudos associaram a obesidade a formas particularmente agressivas de câncer da próstata, e outras pesquisas também associaram o ganho de peso a um risco aumentado de recorrência em homens que já foram tratados. Além disso, a obesidade também pode interferir nas ferramentas de rastreio do câncer, tornando mais difícil a detecção precoce da doença.

Outros estudos destacaram que, além do excesso de gordura corporal aumentar o risco, existe também o câncer metastático ou avançado, que é o câncer que começou na próstata e se espalhou para outras partes do corpo. Dessa forma, manter um peso saudável pode ajudá-lo a se sentir melhor e a reduzir o risco de outros problemas, como doenças cardíacas.

Não é novidade que, como sempre digo, para alcançar um estilo de vida saudável devemos optar por uma alimentação saudável e praticar exercício físico. Pensando nas pessoas acometidas pelo câncer e em tratamento, é sempre necessária uma abordagem integrada, visando orientação interdisciplinar, pois pode ser difícil pensar em fazer mudanças na alimentação ou em se tornar mais ativo.

Uma revisão realizada em 2022 com homens diagnosticados e tratados com câncer de próstata –que sofrem graves efeitos adversos na qualidade de vida (QV) e na saúde metabólica – podem se beneficiar da supervisão de um Profissional de Educação Física para planejar sua prática esportiva já que alguns desses benefícios podem ser evitáveis ou reversíveis com exercícios.

Todos os resultados foram estratificados em exercício aeróbico, de resistência e uma combinação de ambos. A revisão identificou 33 ensaios clínicos randomizados (2.567 participantes), sendo que o exercício teve um efeito positivo na qualidade de vida específica de homens com câncer e um efeito moderado na aptidão cardiovascular sendo o exercício aeróbico a modalidade superior. Um efeito significativo foi observado na força da parte inferior do corpo, melhorias na composição corporal de gordura, na saúde mental e na pressão arterial. Concluindo que o exercício é eficaz na melhoria da saúde metabólica, especialmente em homens com diagnóstico de câncer de próstata.

Ser ativo é seguro e possível para muitas pessoas com câncer, incluindo câncer de próstata, sendo positivo durante e após o tratamento, enfatizando que, homens diagnosticados e que praticam exercícios vivem mais do que aqueles que não o fazem. Assim, mesmo uma pequena quantidade de atividade física moderada ou vigorosa —como caminhada rápida, corrida, pedalar, praticar tênis ou natação — todas as semanas pode ajudar.

>>> Algumas dicas são:

•        Peça orientação ao seu médico e conte com a supervisão de um profissional de Educação Física;

•        Comece devagar se você estiver inativo;

•        Reduza o tempo que você passa sentado;

•        Levante-se regularmente e caminhe;

•        No trabalho, vá ver um colega em sua mesa em vez de enviar um e-mail ou ligar;

•        Desça do ônibus 1 ponto antes do seu destino;

•        Troque os elevadores pelas escadas;

•        Tente incluir até 30 minutos de atividade física 5 vezes por semana.

Não subestime o poder de se movimentar e se manter ativo, pois isso pode fazer toda a diferença na sua jornada.

 

       Entenda importância do rastreamento do câncer de próstata

 

O câncer de próstata representa uma das doenças com maior impacto na saúde dos homens depois dos 45 anos. Já que, em exceção ao câncer de pele, é a neoplasia maligna mais diagnosticada e dessa forma apresenta elevada prevalência na população masculina. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca); a estimativa anual de casos em 2023 será de cerca de 71 mil novos casos.

Quando se fala no número de mortes relacionadas ao câncer de próstata, os números mais recentes mostram que em 2020, no Brasil, cerca de 15.800 homens morreram devido essa doença. O principal fator de risco para o câncer de próstata é a idade, com o risco aumentando à medida que os homens envelhecem. Além disso, a hereditariedade desempenha um papel significativo, especialmente em famílias que apresentam alterações no gene BRCA, associado também ao câncer de mama.

Conforme André Lopes Salazar, urologista e professor da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG), o rastreamento sistemático do câncer de próstata na população masculina é a estratégia mais eficaz para o tratamento. Ele destaca a importância de consultas periódicas com um urologista a partir dos 45 anos para todos os homens.

•        Exames e estratégias para rastrear o câncer de próstata

Atualmente, existem diversos exames e estratégias para rastrear e detectar precocemente a doença. O toque retal e o exame sanguíneo para medir o  pProstate specific antigen (PSA) são parte dessas ferramentas. O aumento do PSA no sangue sugere alterações na próstata, incluindo o câncer.

André Lopes Salazar também menciona o papel das técnicas de imagem, como a Ressonância Magnética Multi Paramétrica (RNM-MP), que se tornaram fundamentais para detectar tumores em próstatas com alterações nos exames de toque e PSA: "quando há suspeita de alterações, o urologista pode solicitar uma biópsia da próstata, geralmente auxiliada por ultrassom. Com base nos resultados da biópsia, o médico pode confirmar ou descartar a presença de câncer na próstata.

Salazar explica que a escolha do tratamento depende de várias variáveis, incluindo os resultados da biópsia, PSA e exame de toque. Se detectado precocemente, as taxas de cura para o câncer de próstata são superiores a 90%. O rastreamento do câncer de próstata é justificado pela alta prevalência na população masculina, pela possibilidade de detecção precoce e pelos excelentes resultados dos tratamentos. Atualmente, o tratamento se modernizou em diversas frentes, incluindo cirurgia, radioterapia e tratamento baseado na observação do tumor. A cirurgia, com o auxílio robótico, oferece um refinamento na técnica cirúrgica. A radioterapia agora utiliza técnicas de localização do tumor para fornecer radiação direcionada à próstata, reduzindo os efeitos colaterais.

O urologista destaca que a observação ativa é uma opção para tumores iniciais e de baixo risco, permitindo que os pacientes adiem o tratamento ativo e evitem efeitos colaterais indesejados: "Esta modalidade de tratamento se destina a tumores iniciais e de baixo risco que foram detectados no rastreamento. Caso o paciente se encaixe nesta categoria, e concorde com a indicação, ele será colocado em um protocolo de observação com consultas e exames periódicos que permitem manter o tumor sem necessidade de cirurgia ou radioterapia. Ficando sempre claro que a possibilidade de tratamento ativo pode ocorrer em qualquer momento da observação".

Diante de todos os dados descritos anteriormente, nunca foi tão importante falar sobre o câncer de próstata. Sabemos que é uma doença frequente nos homens depois dos 45-50 anos e passível de um tratamento eficaz que cada vez mais tem menos impacto de efeitos colaterais.

 

Fonte: IstoÉ Bem Estar/Correio Braziliense

 

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